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Front Cover Index Index 1 Page 1 Page 2 Main Page 3 Page 4 Page 5 Page 6 Page 7 Page 8 Page 9 Page 10 Page 11 Page 12 Page 13 Page 14 Page 15 Page 16 Page 17 Page 18 Page 19 Page 20 Page 21 Page 22 Page 23 Page 24 Page 25 Page 26 Page 27 Page 28 Page 29 Page 30 Page 31 Page 32 Page 33 Page 34 Page 35 Page 36 Page 37 Page 38 Page 39 Page 40 Page 41 Page 42 Page 43 Page 44 Page 45 Page 46 Page 47 Page 48 Page 49 Page 50 Page 51 Page 52 Page 53 Page 54 Page 55 Page 56 Page 57 Page 58 Page 59 Page 60 Page 61 Page 62 Page 63 Page 64 Back Matter Back Matter Back Cover Back Cover |
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II II - I1- II - 11 11l '1 1 La revisla bimensual sobre cooperation rre o y relaciones enIre A4rica - Caribe - Pacilico y la Union Europea J K II " Turku, Finlandia lExplosion cultural ACP Transporte Las arandes obras Indice EL CORREO, N.22 NUEVA EDICION (N.E) Consejo de Redacci6n Copresidentes Mohamed Ibn Chambas, Secretario General Secretaria del Grupo de Estados de Africa, el Caribe y el Pacifico www.acp.int Fokion Fotiadis, Director General de la DG EuropeAid Comisi6n Europea ec.europa.eu/europeaid/indexen.htm Personal principal Redactor jefe Hegel Goutier Periodistas Marie-Martine Buckens (Subredactora jefe).) Debra Percival Ayudante de redacci6n y producci6n Anna Bates Ayudante de producci6n Telm Borras Colaboradores en este nimero Anna Patton,Anna Bates, Souleymane Maazou,Anne Marie Mouridian, Charles Visser, Bernard Babb, Dev Nadkarni, Philippe Lamotte, Sandra Frederici,Andrea Marchesini, Eugenio Orsi, Sylvia Arthur, Cherelle Jackson Director de proyectos Gerda Van Biervliet Coordinaci6n artistic Gregorie Desmons Diseho grafico Ldic Gaume Relaciones publicas Andrea Marchesini Reggiani Distribuci6n Viva Xpress Logistics - ww.vxlnet.be Agencia fotografica Reporters - www.reporters.be Portada Reflexi6n, Jartum, Sudan �Marie Martine Buckens Contacto El Correo 45, Rue de Treves 1040 Bruselas Belgica (UE) info@acp-eucourier.info www.acp eucourier.info Tel: +32 2 2345061 Fax: +32 2 280 1912 Revista publicada cada dos meses en espahol, frances, ingles y portugues. Para informaci6n sobre suscripciones: Visite nuestra pagina web www.acp-eucourier.info o dirijase a la direcci6n info@acp-eucourier.info Responsable de edici6n Hegel Goutier Consorcio Gopa-Cartermill -Grand Angle Lai-momo "Las opinions expresadas son las de sus autores y no representan la opinion official de la Comisi6n Europea o de los paises ACP. Ni la Comisi6n Europea ni los paises ACP, o cualquier persona que actue en su nombre, podran ser considerados responsables del uso que pueda atribuirse a la informaci6n contenida en la present publicaci6n, o de cualquier error que pueda aparecer, a pesar de la preparaci6n cuidadosa y de la verificaci6n." DOSSIER 16 COMERCIO 24 EDITORIAL PERFIL Secretario General del Foro de las Islas del Pacifico, Tuiloma Neroni Slade Nicholas Westcott, el nuevo "Mister Africa" de la Uni6n Europea SIN RODEOS Entrevista com Paavo Matti Viyrynen, Ministro do Com&rcio Externo e do Desenvolvimento da Finlandia PANORAMA Luchar contra los "fondos carrofieros": Entrevista con Mamoudou Deme Nuevo marco UE-Pacifico en el horizonte Los grandes obstaculos a los que se enfrentan las candidates electorales en Niger La UE reduce parcialmente las medidas restrictivas contra Zimbabue Apoyo al "impuesto Robin Hood" El apoyo presupuestario de la UE no alcanza su pleno potential (Apaciguamiento en Costa de Marfil? Michel Martelly, nuevo Presidente de Haiti DOSSIER ACP: Transporte Un continent que lucha por romper su aislamiento La UE y los grandes proyectos de transportes africanos El Transnet surafricano y chino El precio elevado del transport aereo frena el mercado 6nico del Caribe La tirania de la distancia en el Pacifico COMERCIO Nueva ofensiva en defense del algod6n africano Un modelo para la inversion en Africa: la experiencia de Tuninvest / Africinvest Cerreo DESCOBERTA DA EUROPA 28 EM FOCO 36 A SOCIEDADE CIVIL EM AQQAO 44 REPORTAGEM 46 NOSSA TERRA Quando a investigator ganha p6! DESCOBERTA DA EUROPA Turku - Finldndia Turku: tradigio e reinvengco Criar um legado como Capital Europeia da Cultura 2011 Cagarolas, sandilias e uma tenda Navios, design e ciencias da vida Da Tanzania para Turku EM FOCO Modelo em missao INTERACQOES Reforgo de uma diplomacia de mat&rias-primas O turismo das Caraibas a procura do apoio da UE Tecnologia m6vel: salvar vidas quando a catistrofe atingir Samoa A Guin& Equatorial assume a lideranga da Uniao Africana CRIATIVIDADE 26 Premios dos festivals de cinema africanos FESPACO e Academia Africana de Cinema Direitos de autor e mobilidade de artists no cenirio cultural do ACP Entrevista com o autor de banda desenhada congoles 28 Pat Masioni PARA JOVENS LEITORES Dia de eleig6es nas escolas CORREIO DO LEITOR/AGENDA A SOCIEDADE CIVIL EM AQQAO Program da UE para impedir a cegueira nas Caraibas 44 Ridio Democracia Africa Austral expande-se 45 REPORTAGEM Suddo Sudao, reflexes sobre a separacao 46 Uma hist6ria breve 47 Entrevista com S.E. Carlo De Filippi, Chefe da Delegacao da UE no Sudao 49 Um testemunho privilegiado 50 As mulheres sudanesas, centro da renovacao 51 Empresas privadas combativas procuram reconhecimento e mercados 52 0 desafio do Sudao do Sul 53 Combater a corrupcao endemica 55 Petr6leo, terra e agua 56 Rashid Diab: "A arte deve orientar a reflexao de um pais" 57 0 Darfur, visto pelos olhos do artist Issam Abdel-Hafez 58 N.� 22 N.E. - MARQO ABRIL 2011 r Cerreio Africa esta no bom caminho. Desde que consiga vencer a corrente! brimos que Africa, que viveu uma "inversao espacial" nos tempos coloniais, nos quais os portos costeiros funcionavam como capitals, com o 6nico objective de explorer os recur- sos naturais para exportagio, esta agora a articular-se de um modo diferente. Estio a ser desenvolvidas virias redes de transport multimodal entire paises, corn o apoio da UE e de outros doadores, atraves dos seus acordos de desenvolvimento. A China tam- bem se esta a envolver de um ponto de vista puramente commercial. Por seu lado, os estados do Pacifico, que sao vitimas da tirania da distancia e, por conse- guinte, enfrentam dificuldades na expedigio dos seus produtos, criaram recentemente uma empresa especifica de expedigio que estabelece ligag6es corn o resto do mundo, atraves da Australia e da Nova Zelandia. As Caraibas estio a debater-se com dificulda- des, depois de terem assistido ao encerra- mento de duas companhias areas, devido aos elevados precos do transport aereo. Uma companhia irlandesa prepara-se para se instalar nas Caraibas. O desenvolvimento do transport em Africa relaciona-se com o artigo acerca da "diplomacia de materias-primas" na nossa secoo "Interacy6es". Por vezes, um inico pais fornece uma grande proporgio de um produto indispensivel para um sector da ind6stria global. Este e o caso da Rep6blica Democritica do Congo (RDC), que fornece 40% da proviso mundial de cobalto e de Africa do Sul, responsivel pela produgco de 80% da platina mundial. Os paises consumidores, em particular a Uniio Europeia (UE), estio a exigir igual acesso a materias-primas critics para a pro- dugco industrial e desenvolvimento econd- mico. A UE esta a solicitar uma reform em terms de tributacgo e transparencia aos paises que fornecem materias-primas. Os investigadores das ONG e europeus, por sua vez, responded "E quem garante a transpa- rencia das empresas de paises desenvolvidos que utilizam estes produtos de Africa e quern control os pregos?". Alguns paises em desenvolvimento, espe- cialmente em Africa, sao vitimas de "vul- ture funds" fundsds abutre") que atacam um pais assim que este demonstra sinais de recuperagio econdmica, muitas vezes ap6s o perdio da divida. Um pais atacado por estas "aves" tem pouca capacidade de nego- ciagio para a venda dos seus produtos ou troca dos seus produtos pela construgyo das tio necessirias estradas. No entanto, foram delineados meios para conceder esta capa- cidade de negociagio pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), numa inicia- tiva conhecida como ALSF (Mecanismo de Apoio Juridico Africano) para apoiar os paises ameagados por estes funds. O pri- meiro pais beneficiario e a RDC. Mas os funds a disposigio do ALSF sao relativa- mente insignificantes para o apoio de todas as vitimas dos gananciosos "vulture funds". Esta edigio tambem chama a atengyo para os recentes acontecimentos na Costa do Marfim e no Haiti, dois dos muitos pai- ses do Sul onde os acontecimentos estao a precipitar-se a um ritmo alucinante. Por um lado, ha um Presidente constitucio- nalmente eleito ha virios meses, mas que se viu obrigado a tomar armas para tentar assumir o seu cargo. Chegou efectivamente ao poder, como Presidente do pais, no dia 11 de Abril, gragas a acGyo armada das suas tropas e a intervenogo military da ONU e das forgas francesas, infelizmente sem o apoio das forgas da Unigo Africana. Por outro lado, um candidate improvivel e atipico subiu ao poder no Haiti, pais que e o foco da nossa edigio especial suplementar, ap6s um process um tanto ca6tico de eleig6es anteci- padas, com uma enorme faixa de apoio, pela primeira vez, dos bairros de Port-au-Prince e do grande vizinho Americano. Tambem relatamos nesta edicao a hist6ria do Sudio, anteriormente o maior pais de Africa, agora reduzido com a independencia da sua regiio sul. O pais esta no bom caminho para conceder ao seu povo o direito a escolher o seu pr6prio destino. Os primeiros passes do Sudio do Sul sao mais reconfortantes do que aquilo que se temera. Foram expresses preocupay6es com o impact das convulses revolucionirias do Norte de Africa na Africa subsariana. O novo Sr. Africa da diplomacia europeia, na nossa secgio Perfil, acolhe com satisfagio os sinais de eleic6es democriticas em Conakry, na Guine, e a chegada ao poder da oposigio na Nigeria. Na sua opiniio, a ligio que devemos retirar do tumulto do Norte de Africa e que a opcio pelo desenvolvimento econdmico sem progress politico esta inevitavelmente condenada ao fracasso. Hegel Goutier Editor-Chefe N.� 22 N.E. - MARCO ABRIL 2011 Debra Percival O cidadio samoano, Tuiloma Neroni Slade, tornou-se, em Agosto de 2008, Secretario-Geral do Secretariado do F6rum das Ilhas do Pacifico (FIP)1, que reine 16 nay6es. Anteriormente juiz no Tribunal Penal Internacional (TPI) em Haia, Paises Baixos, foi tambem Embaixador do seu pais em varios locais, Procurador-Geral de Samoa e consultor juridico de alto nivel no Secretariado da Commonwealth em Londres. Apesar de o Pacifico estar geograficamente distant da Europa, ele senate que ha espago para maiores relag6es comerciais e actuagio sobre quest6es em comum entire as duas regi6es, como por exemplo a question das alterag6es climaticas, conforme explica numa entrevista concedida a 0 Correio: "Um dos principals desafios para os paises das Ilhas do Pacifico e a diversificaygo da sua base de exportag6es e, onde possivel, a garantia de que uma dependencia excessive num ou dois parceiros principals nio torne os seus paises mais vulneraveis em tempos de crise, como vimos durante a Crise Econ6mica Global". Durante a recent recessao, um menor ntimero de oportunidades de emprego na Nova Zelandia e Australia afectaram negativamente as economies da regiio, em particular as que dependem fortemente de remessas, tais como as de Samoa e Tonga. "Alguns paises, incluindo Tuvalu e Kiribati, possuem funds fiduciarios investidos em titulos internacionais, utilizando as receitas destes funds para ajudar a financial os orgamentos nacionais. A queda dos mercados accionistas globais resultou em menores receitas para estes paises, numa altura em que as comunidades necessitavam de assistencia adicional", diz o Sr. Slade. Mas ele acredita que ha boas oportunidades de exportagyo no mercado da Uniao Europeia (UE), particularmente para peixarias e processamento de peixe, produtos cosmeticos, aguas minerals e agriculture tropical organic de elevada qualidade, a espera de serem exploradas sob um eventual Acordo de Parceria Econ6mica extensive a toda a region -um acordo de comercio livre -com a UE. Ate a data, apenas a Papuasia-Nova Guine (PNG) e as Fiji assinaram um APE provis6rio "exclusivamente sobre mercadorias" com a UE.2 Ao abrigo deste, a PNG esta a beneficiary particularmente de uma alteraogo de regras de origem, resultando num aumento do fabric de conservas de peixe, o que criou mais postos de trabalho. Apesar de o FIP nao se encontrar na mesa de negociag6es do APE, este oferece consultoria aos seus Estados-Membros para as conversag6es comerciais em curso. Oportunidades do APE "Mesmo paises pequenos podem eventualmente estabelecer possibilidades de congelamento e fumeiros de peixe. Para que o APE verdadeiramente melhore o desenvolvimento, e extremamente important que conceda Regras de Origem concessionarias ao peixe fresco e congelado" diz o Secretario-Geral. "O acordo s6 beneficiary os paises do Pacifico, caso o sector privado consiga tirar proveito do novo acesso ao mercado. O trabalho para melhorar sistemas de gestao aduaneira, desenvolver indtistrias agricolas de valor acrescentado e promover o comercio com a Europa esta a ser apoiado pela UE e sera essencial para que o acordo consiga aumentar as transacy6es com o Pacifico", acrescenta ele. Sublinhando a importancia da ajuda da UE para o comercio, o Sr. Slade tambem chama a atengao para o recem- elaborado Memorando de Entendimento com a UE para promover o dialogo acerca das alteray6es climaticas. A regiao sul do Pacifico e particularmente vulneravel a subidas do nivel do mar induzidas por alterag6es climiticas. E tambem necessaria uma maior assistencia international atraves de donativos para a educaogo, satide e infra- estruturas basicas para que a regiao atinja os Objectivos de Desenvolvimento do Milenio (ODM), diz ele. O FIP estabeleceu um "Forum Compact on Strengthening Development Assistance" (Acordo do F6rum acerca do Reforgo da Assistencia para o Desenvolvimento), que e um dialogo com os doadores, incluindo a UE, para melhorar a coordenaogo e a eficicia da ajuda por toda a region. Os membros do FIP sao: Australia, Ilhas Cook, Estados Federados da Micronesia, Kiribati, Nauru, Nova Zelindia, Niue, Palau, PNG, Rep6blica das Ilhas Marshall, Samoa, Ilhas Salomao, Tonga, Tuvalu e Vanuatu. A participagao das Fiji esta actualmente suspense (desde 2 de Maio de 2009) devido & incapacidade do Comodoro Bainimarama de abordar de modo construtivo, a 1 de Maio de 2009, o regresso do pais A governagao democratic dentro de um period de tempo aceitavel para o FIP. 2As Fiji e a PNG iniciaram um APE provis6rio (de liberalizagao do comercio de mercadorias exclusivamente) com a UE em 2007. A PNG assinou em Julho de 2009 e as Fiji em Dezembro de 2009. Podera aceder A versao integral da entrevista com o Secretario-geral no website d'O Correio: www.acp-eucourier.info Cerreio Anne-Marie Mouradian Alto Comissario britanico no Gana e Embaixador na Costa do Marfim, Burquina Faso, Niger e Togo at& Janeiro, e tendo estado colocado anteriormente na Tanzania, Nick Westcott & agora o "senhor Africa" da diplomacia europeia. Como Director-Geral do Servigo Europeu de Acgyo Externa, responsivel pela political europeia na Africa subsariana e pelas relag6es com a Uniao Africana (UA), tem vasta experiencia do continent. "Interesso-me por Africa desde 1976", frisa Nick Westcott que fala fluentemente frances e tem bons conhecimentos de suaili. "A minha tese de doutoramento em Cambridge versou sobre os problems politicos na Africa Oriental durante a era colonial, incluindo a march para a independencia, a questao dos nacionalismos e o desenvolvimento econ6mico." Adquiriu ainda s6lida experiencia em assuntos europeus como diplomat britanico em Bruxelas nos anos 1980. O novo Director-Geral toma posse num period particularmente volitil. Embora a Libia seja da competencia do seu colega Hugues Mingarelli, Director Administrative para o Medio Oriente e a Vizinhanga Sul, Nick Westcott & responsivel pelas relag6es com a UA e pela situagio humanitaria de centenas de milhares de migrants africanos que trabalham na Libia. "Estamos a assegurar o seu regresso aos paises de origem, em coordenagco com o ECHO- o departamento da Comissao Europeia de Ajuda Humanitaria-, as Nag6es Unidas e a Organizaygo International para as Migrag6es (OIM)." Os seus servigos estio a pesar as eventuais implicay6es das revoltas na Africa do Norte para a Africa subsariana. "Ha que ponderar tris elementss, observou. "O primeiro, o contigio director. Havera risco de desestabilizagyo nos paises vizinhos, na Africa Ocidental ou no Sudao, por exemplo? Depois, vem a coordenagco da comunidade international. Ela & primordial. Por fim, o que pode fazer a UE para ajudar os outros paises africanos frigeis?" "Importa colher ensinamentos da situacgo na Africa do Norte. O descontentamento popular deve-se ao facto de estes paises entreverem o desenvolvimento econ6mico mas sem um sistema politico que salvaguarde os interesses de todos os seus cidadios", concluiu. "Devemos ajudar os paises subsarianos mais frigeis, como o Sudao, a Rep6blica Democritica do Congo e a Costa do Marfim, que vivem uma autentica tragedia." "Os Estados do Sael nao parecem afectados de moment. Ha mesmo indicios encorajadores com as recentes eleig6es democriticas na Guin&- Conacri e no Niger onde o lider da oposiygo se tornou o novo president eleito. O process democritico esta a funcionar apesar da dificil situacgo de seguranga na regiao e do facto de estes se contarem entire os mais pobres paises do mundo." A UE tera de estabelecer uma estrategia para o Sael que alie a 16gica de desenvolvimento a de seguranya, "porque nao podemos garantir seguranga sem trabalho para os jovens". Assistir o quase independent Sudao do Sul a satisfazer as necessidades da populaogo e a resolver as quest6es pendentes com o Norte & outro important desafio para a UE que reclama a atengyo de Nick Westcott. "E complicado", diz ele, "mas ha um verdadeiro trabalho a fazer aqui. Temos uma grande oportunidade para ajudar. E por isso que eu vim." N.� 22 N.E. - MARCO ABRIL 2011 Regresso aos principios de desenvolvimento do Rio Entrevista com Paavo Matti Vayrynen, Ministro do Comercio Externo e do Desenvolvimento da Finlindia Debra Percival o ministry expos os seus pontos de vista sobre o future da political de desenvolvi- mento da UE a luz do debate em curso. D esde 2007, Paavo Matti Quais sdo as prioridades de desen- Viyrynen, membro do Partido volvimento da Finldndia? do Centro, & Ministro A UE 6 um gigante na cena O nosso principal do Comercio Externo e mundial em trs areas objective e a redugao do Desenvolvimento no da pobreza atrav6s governor da Primeira- political de desenvolvimento, do desenvolvimento Ministra Mari commercial e ambiental, que, sustentivel. 0 cres- Kiviniemi. Tamb6m alias, estdo interligadas. cimento econ6mico foi antigo ministry dos - a sustentabilidade Neg6cios Estrangeiros Esobre estes pilares que econ6mica -deve (1977-1982, 1983-1987 devemos construir o future caminhar de maos e 1991-1993) e depu- dadas com a susten- tado do Parlamento Europeu (1995- tabilidade social e ambiental. Naverdade, 2007). Aquando da nossa publicagio, as a Finlandia tem liderado o desenvolvi- eleicges parlamentares estavam prestes mento sustentivel. O nosso program a ter lugar na Finlandia em 17 de Abril. politico de desenvolvimento de 2007 Numa entrevista realizada em Helsinquia, (Nota da redaccao: este frisa o objective Cerreio Em dire da redugco da pobreza e o compromisso com os Objectivos de Desenvolvimento do Milenio (ODM), ao mesmo tempo que da prioridade ao desenvolvimento sustentivel econ6mico, social e ecol6gico) foi uma novidade na UE, porque ap6s a Cimeira da Terra realizada no Rio de Janeiro em 1992, os principios do desen- volvimento sustentivel foram olvidados. Creio que isto se deve em part a subse- quente introdugyo dos ODM. Embora a sustentabilidade ambiental esteja present (o setimo compromisso dos ODM), e difi- cil avalii-la e foi ignorada. A sustenta- bilidade social e econ6mica nem sequer figure nos ODM. Se queremos ser eficazes na reducgo da pobreza, o crescimento econ6mico deve nao s6 ser inclusive, mas tambem fazer-se acompanhar de programs de redugco da pobreza nesse pais. Temos ainda de prestar atenogo a sustentabilidade social paz e seguranga, estabilidade, democracia, boa governaogo, direitos humans e desenvolvimento do sector social -satde, educayao, etc. Metade da ajuda da EU e afectada atraves de apoio ornamental. Serd este o melhor instrument para mitigar a pobreza? Uma das consequencias da interpretagyo incorrect dos ODM e que os funds desti- nados i redugoo da pobreza tem sido cana- lizados directamente para o sector pfblico. Isto tem negligenciado o sector e a infra- -estrutura privada. Na Finlandia, tenho sido extremamente critic em relayao ao apoio ao orgamento geral. Para alguns paises, limitimos o montante de apoio ao oryamento que cada pais recebe a 25 por cento, embora utilizemos bastante o apoio ao oraamento sectorial. Na Tanzania, pas- simos do apoio ao oraamento geral para o sectorial. Mantenho, porem, um espirito aberto quanto ao apoio ao oraamento geral prestado pela UE. Entendo em parte o ponto de vista administrative: e muito mais ficil para a Comissao Europeia pagar avul- tados montantes de dinheiro ao pais do que implementar projects pr6prios. Por outro lado, o apoio ao oryamento geral acarreta maior risco de corrupcgo. A Comissao tem algumas ideias novas sobre o assunto que poderiam resultar na concessao de mais apoio ao oryamento geral dos paises de rendimentos medios. Mas temos de dar enfase ao desenvolvimento dos paises Tern uma opinido formada sobre a mais pobres. estrategia que a UE estd a delinear para o Sael? A Finldndia jd atingiu a meta de 0,7 por cento do rendimento national bruto (RNB) no orcamento da ajuda ao desenvolvimento? Somos um dos poucos paises na UE e no mundo que aumentou tanto o volume da ajuda quanto a percentage de RNB afectada ao desenvolvimento. No ano pas- sado, representou 0,55 Preocupa-me que a entrada em vigor do Tratado de Lisboa venha subordinar a political humanitaria e de desenvolvi- mento a political externa e de seguranga. Na region do Sael, a motivacao da UE para uma estrategia especial parece radi- car na "sua pr6pria seguranga". Temos de ser eficazes na reducgo da pobreza e promover a susten- por cento do RNB e no Na UE, parece have uma tabilidade social nos ano em curso ascen- paises do Sael. Temos dera a 0,58 por cento. tendencia para associar de la ir e dizer bem Creio que seremos seguranca e desenvolvimento alto: estamos interes- capazes de atingir os 0,7 por cento em 2015. Este ano, o Governo finlandes afectou mil milh6es de euros ao financiamento do desenvol- vimento. Temos oito parceiros principals, cinco dos quais em Africa, na Nicaragua, no Vietname e no Nepal. Tambem finan- ciamos parceiros pan-africanos e alguns programs regionais em Africa. Enquanto pais pequeno, poderd a Finldndia exercer influencia nas political de desenvolvimento inter- nacional? A political de desenvolvimento e muito mais do que cooperaqco para o desen- volvimento: e necessirio influenciar o desenvolvimento com base nos principios do Rio. No principio de 2009, tomei a ini- ciativa de criar uma parceria transatlan- tica para o desenvolvimento sustentivel. Colectivamente, os Estados Unidos e a UE prestam 80 por cento de toda a ajuda pfblica ao desenvolvimento (s6 a UE e aos seus Estados-Membros correspon- dem 60 por cento). Temos de actuar em estreita cooperagco para que as political de desenvolvimento sejam tio eficazes quanto possivel e respeitem os principios de desenvolvimento sustentivel. Tambem temos de influenciar novos intervenientes: China, India e Brasil, para que a redu- cao da pobreza seja uma realidade. A administragyo Obama esta especialmente empenhada em dar prioridade ao desen- volvimento, centrando-se nos 3 Ds; diplo- macia, defesa e desenvolvimento, com o desenvolvimento em pe de igualdade com a political externa. sados no vosso desen- volvimento, segundo os nossos valores e principios, e negociar um program integrado. Esta e a via para promover os nossos interesses de seguranga. Na UE, parece haver uma tendencia para associar seguranga e desenvolvimento. A UE elaborou a sua estrategia para o desenvolvimento sustentivel em 2001 e acrescentou-lhe uma dimensao externa em 2002 na sequencia da Cimeira Mundial para o Desenvolvimento Sustentivel, realizada em Joanesburgo. Esta foi actualizada em 2006 e devera se-lo se pretendemos que influence real- mente o resultado da Conferencia das NacSes Unidas sobre Desenvolvimento Sustentivel: Rio + 20 (4-6 de Junho de 2012). O Conselho da Uniao Europeia afirmou inequivocamente que o desenvol- vimento sustentivel devera ser o princi- pio geral subjacente a todas as political e estrategias da UE, estendendo-se is rela- c6es externas. Tem sido repetidamente dito que a UE e um gigante econ6mico e um ango politico, o que esta long da verdade. Os que procuram alargar a dimensao da defesa na nossa political recorrem a este tipo de argument. A UE e um gigante na cena mundial em tries areas: political de desenvolvimento, commercial e ambiental, que, alias, estao interligadas. E sobre estes pilares que devemos construir o future. 1 http://www.uncsd2012.org/rio20/index. php?menu=35 N.� 22 N.E. - MARQO ABRIL 2011 Combate aos "vulture funds" Marie-Martine Buckens de "vulture funds" fundsds abutre") ou com insuficientes meios legais para se defen- derem contra investidores estrangeiros So objective do Mecanismo de Apoio Juridico Africano (ALSF) criado pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD). Os "Vulture Funds" sao funds de cobertura ("hedge funds") que adqui- rem obrigag6es de paises mais pobres a pregos reduzidos, com a intengco de as vender posteriormente a um prego infla- cionado. Criado em 2009 (ver abaixo), o ALSF chegou a acordo com a Repiblica Democritica do Congo (RDC) e procura agora consolidar a sua posicgo. O Correio entrevistou o director, Mamoudou Deme, numa visit a Bruxelas em Janeiro. "0 objective da nossa visit a Bruxelas era duplo: reunir corn os representan- tes da Unigo Europeia, em particular os representantes da Direcco Geral de Desenvolvimento da Comissao Europeia, e tambem com as ONG que se ocupam Cerreio da divida de paises em desenvolvimento, especialmente o Centro Nacional belga de Cooperago para o Desenvolvimento (CNCD). Estas reunites serviram para expor o trabalho do ALSF e explorer as possibilidades de cooperagio", explicou Mamoudou Deme. Apesar de o Mecanismo do BAD ter sido criado apenas recentemente, "a idea, na verdade, remonta ao ano de 2005", sublinha o seu director. "Nessa altura, o Conselho de Ministros das Financas de Africa tinha emitido um apelo a cria- gio de um organismo, cuja fungao seria oferecer apoio t&cnico e legal aos esta- dos africanos em tres quest6es: divida, negociacgo de contratos comerciais de recursos naturais e capacidade de for- talecimento". Este apelo foi reiterado na Cimeira da Uniao Africana, em Addis Ababa, no ano de 2007. O Banco Africano de Desenvolvimento ponderou a ideia em 2008, tendo os 77 membros do seu Conselho de Governadores dado a auto- rizago para a criago do Mecanismo. Em 2009, foram langados o Conselho de Governadores e o Conselho de Administragio do Mecanismo. "O nosso trabalho consiste essencial- mente no recrutamento de advogados que possam apoiar estes paises, quando eles enfrentam litigios relatives a dividas ou contratos", prossegue Mamoudou Deme, "mas tambem organizamos e participa- mos em seminirios acerca da capacidade de fortalecimento com associag6es irmas". O primeiro destes seminirios, para os paises do Leste de Africa, teve lugar a 14 de Fevereiro em Kigali (Ruanda). Uma praga "Estes vulture funds sao uma praga, nao s6 para os paises em desenvolvimento, mas tamb6m para as nab9es ricas, pois estas sao as principals beneficiaries da redugao da divida", explica Renaud Vivien, um advogado do Comite para a AnulagIo da Divida do Terceiro Mundo (CADTM), uma rede international present em apro- ximadamente 30 paises, principalmente do Sul. Na Belgica, o CADTM 6 um mem- bro do CNCD. "Se ha uma liq5o a ser retirada dos anteriores ataques de vulture funds, 6 que eles aguardam at6 que as suas vitimas alcancem um pequeno alivio Quinze candidaturas + RDC Em Novembro de 2010, o Mecanismo concluiu a sua primeira transacoo, con- cedendo US$ 500.000 a RDC. Foram apresentadas cerca de 15 candidaturas, no total, ao Mecanismo do BAD. Nao estando disposto a entrar em pormeno- res, Mamoudou Deme explicou-nos que 14 delas diziam respeito a negociaco de contratos mineiros, agroindustriais ou relatives a infra-estruturas. O Mecanismo prepara-se para oferecer apoio a seis destas quinze candidaturas. Mas o problema 6: "0 nosso orgamento foi estabelecido nos 16 mil milh6es de d6lares e pretendemos mobilizar entire US$ 50 milh6es e US$ 100 milhoes at& 2012." Estas somas terao de ser cedidas pelos Estados Membros, bem como por doadores. financeiro, como uma ligeira redugco da divida, antes de atacarem nos tribunais", continue ele. Qual 6 entao a attitude dos credores no Norte, em particular dos 19 paises que constituem o Clube de Paris, ou de organizag9es como o Banco Mun- dial? "Por enquanto, estao satisfeitos com c6digos de boa conduta. Apenas a Belgica e a Gra-Bretanha tomaram medidas, mas estas estao long de serem suficientes. De facto, a legislagao belga adoptada em 2008 limita-se a proteger a sua ajuda ao desenvolvimento piblico, tornando- -a 'intransmissivel' e 'nao penhoravel'. Na Franga e nos Estados Unidos, foram delineadas algumas leis, mas ainda nao se concretizaram." N.� 22 N.E. - MARQO ABRIL 2011 O Banco Africano de Desenvolvimento tem 77 membros: 53 paises africanos independents (membros regionais) e 24 paises nao africanos (membros nao regionais), incluindo oito paises da UE e a maioria dos paises da OCDE. Alem do Mecanismo de Apoio Juridico, o BAD criou o Departamento de Agua e Saneamento (OWAS) em 2006, que trabalha para consolidar as suas acti- vidades no sector da agua na region. Um dos mais importantes organisms de decisao da estrutura institutional do BAD e o Conselho de Administragco. Este 6 composto por 18 membros, 12 dos quais sao eleitos pelos governor dos paises-membros regionais e seis dos quais sao eleitos pelos governor dos paises-membros nao regionais. Al- gumas das actividades de empr6stimo do BAD sao assumidas em conjunto com o Banco Europeu de Investimento (BEI). 1dIndIJUV IV IIII VadldeIVldlLIIIIJ IJUKU11 Perpeciv Pespctv Um novo enquadramento Pacifico-UE no horizonte Passar a outra velocidade Prev6-se que no proximo ano surja um novo enquadramento para a cooperacao Pacifico-UE. 0 objective e a adaptac o as alteracoes climaticas, mas tambem a ajuda ao desenvolvimento com "elevado impacto, anunciou o Comissario da UE para o Desenvolvimento, Andris Piebalgs, durante a sua recent visit a regiao. Debra Percival I " sto significa cimentar a nossa parceria mundial sobre as alte- ragOes climiticas, falar a uma s6 voz nos debates internacio- nais e incentivar os outros parceiros a juntar-se a n6s, tanto political como finan- ceiramente", disse o Comissirio falando na Conferencia Regional de Alto Nivel sobre AlteragOes Climiticas no Pacifico, que se realizou em Vanuatu, de 2 a 4 de Margo. Espera-se que estes novos pianos sejam ultimados durante a Presidencia Polaca da UE, a partir de 1 de Julho de 2011. por exemplo, pode tornar inabitiveis as ilhas de Quiribati e de Tuvalu. O Comissirio Piebalgs disse que a UE nao se vai limitar a eliminar as consequen- cias das alteragoes climiticas no Pacifico, tendo, por exemplo, utilizado o Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED) para reconstruir num terreno mais elevado o inico hospital de Tonga, destruido no tsu- nami de 2009. "A pr6pria abordagem da UE quanto ao financiamento do Pacifico tem de evoluir", referiu. Sugeriu que a UE e o Pacifico deviam "O f A pr6pria abordagem da procurar apoiar em Os efeitos das alte- conjunto nio apenas ragoes climiticas UE quanto ao financiamento solugoes puramente no Pacifico incluem do Pacifico tem de evoluir" tecnol6gicas para os a subida do nivel Andris Piebalgs problems das altera- das aguas do mar, o goes climiticas, mas aumento da erosgo tambem solugoes devido a maior intensidade das tempes- "mais verdes", queutilizem, por exemplo, tades e o risco de a agua salgada pene- conhecimentos tradicionais a que nao se trar nas reserves de agua potivel, efeitos presta atenogo. O Pacifico e aUEprecisam que colocarao um travao na realizacgo de trabalhar em programs de adapta- dos Objectivos de Desenvolvimento do go do clima para a agriculture, a agua e Milenio (ODM). o saneamento e em energies renoviveis, disse ainda. Em Dezembro de 2010, o Comissirio Piebalgs assinou um Memorando de Entendimento com o Secretirio-Geral do F6rum das Ilhas do Pacifico (FIP), Tuiloma Neroni Slade (ver o respective perfil nesta edigio). Trata-se de um apelo dirigido a todos os doadores para assegu- rarem a sua quota-parte do financiamento international para as alteragoes climiticas destinado aos paises do Pacifico. Vulnerabilidade Os paises das ilhas do Pacifico cor zonas costeiras pouco elevadas tem 10 milh6es de habitantes, mas cobrem um quinto da superficie do Globo e sao particularmente vulneriveis is alterai6es climiticas. A subida do nivel do mar pode levar mesmo algumas das ilhas a desaparecerem. Um aumento do nivel do mar de apenas 60 cm, Durante a visit do Comissirio foram anunciados programs da UE destinados a combater a pobreza e as consequencias das alteracges climiticas, num total de 89,4 milhoes de euros. Preve-se a seguir uma proposta de apoio de 11,4 milhoes de euros para os pequenos Estados insu- lares do Pacifico. O Comissirio Piebalgs sugeriu igualmente que a totalidade do reforgo resultante da revisio intercalar do 10.� Fundo Europeu de Desenvolvimento (2008-2013) destinado aos Estados ACP do Pacifico (16,6 milhoes de euros) seja utilizada para fazer face aos problems das alteragoes climiticas. Apelou para os paises ACP da regiio para apontarem projects que associem a adaptacgo is alteragoes climiticas com a realizagao dos Objectivos de Desenvolvimento do Milenio (ODM). I As turbines e6licas no oceano � Reporters Cerreio Enormes obstaculos enfrentados por mulheres que procuram ser eleitas no Niger Como primeira mulher candidate as eleic6es presidenciais no Niger, a Sr.a Bayard Mariama Gamatie obteve, em Janeiro de 2011, 0,38% dos votos. Um fraco resul- tado, na opiniao de experiences observadores do cenario politico no Niger, tendo em conta o peso demografico da populacao feminine. Souleymane Makzou E necessario ter amor a patria, ser democrat, possuir uma visgo poli- tica e, acima de tudo, ser impulsionado pelo desejo de sucesso", declarou a Sr.a Bayard Mariama Gamatie, candidate independent nas eleic6es pre- sidenciais de Janeiro de 2011. Esta militant de 50 anos de idade, active desde as primeiras agitaSes da sociedade civil nigerina, fundadora da Assembleia Democritica de Mulheres Nigerinas (RDFN) e ex-ministra da Quarta Repiiblica, tomou uma posigio arrojada ao tornar-se candidate presiden- cial num pais onde a political e dominada por homes. Unica mulher entire 10 candidates, Madame Bayard Mariama Gamatie obteve 0,38% dos votos. Com este resultado de 12.000 votos num universe de 3 milh6es de votos validamente expresses, esta can- didata ficou em decimo (e iltimo) lugar na corrida presidential que assinalou o regresso do Niger a democracia, apos o golpe de estado de 18 de Fevereiro de 2010, que depos o governor civil do President Tandja Mamadou. No entanto, as mulheres constituem mais de 52% da populagio nigerina, que se estima ser de 14 milh6es. "Apesar deste considerivel peso demogrffico e eleitoral, as mulheres no Niger tem dificuldades em vencer a marginalizagio de que sao alvo na sociedade", explica Fati Hassane, membro active da sociedade civil nige- rina, empenhado em defender as causes das mulheres. O Niger possui, no entanto, um arsenal legal complete concebido para garantir a promogio das mulheres. Em 1996, em resposta is desigualdades que as mulhe- res continuavam a enfrentar, o governor aprovou uma lei para a promogo das mulheres, seguida pela adopgio por part da Assembleia Nacional, em 2000, de uma lei que estabelecia uma quota minima de funcionirios de cada sexo na gestio dos assuntos pfblicos. "Ngo devemos ficar desencorajados. Temos de lutar dia e noite para acabar com a discriminago das mulheres", declara Hassana Aliou, political e duas vezes candidate nas eleiy6es locais. Esta mulher de 47 anos de idade nunca con- seguiu ser eleita. O soci6logo Almoustapha Boubacar acre- dita que os fracos resultados que as mulhe- res obtem nas diversas eleig6es nigerinas se devem ao clima politico duro para as mulheres no Niger. "Ate mesmo para as mais corajosas entire elas", acrescenta ele. As mulheres que procuram envolver-se na political no Niger enfrentam muitos -I.- -Ma Sra. Bayard Mariama Gamatie obsticulos. Ha dificuldades familiares aliadas a necessidade de ultrapassar obs- ticulos socioculturais e discriminacao dentro dos pr6prios partidos politicos. As elevadas taxas de iliteracia entire as mulheres (88%), os casamentos forgados, o desemprego, o abandon escolar prema- turo e a pobreza sGo obsticulos que vedam o caminho a mulheres para o sucesso na vida political nigerina. H elellora ulspuboa a uar o 8eu voWo numia asemIulela ue voUo eIm IIamey, capital uo IViger, segunda - feira, 31 de janeiro de 2011 � Reporters N.� 22 N.E. - MARCO ABRIL 2011 Perpeciv Pespctv A UE abranda as medidas restritivas contra o Zimbabue Foram retiradas trinta e cinco pessoas da lista da Uniao Europeia (UE) relative a proibicao de visto e ao congelamento de bens de nacionais do Zimbabue. A Alta Representante da UE, Catherine Ashton, anunciou este gesto para com o Zimbabue em meados de Fevereiro de 2011, aquando da revisio annual da poli- tica da UE em relacio a este pais, que inclui uma apreciacao aprofundada da sua situagio econ6mica, social e political. Foi salientado que foramm feitos esforgos significativos para enfrentar a crise econo- mica e melhorar a prestagio dos servigos sociais no Zimbabue". No entanto, a assistencia ao desenvolvi- mento a long prazo proporcionada ao pais no ambito do Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED) para os Estados de Africa, Caraibas e Pacifico (ACP) mantem-se suspense, por se considerar que o pais despreza o artigo 96.0 do Acordo de Cotonu entire a UE e os Estados ACP (2000-2020), relative ao respeito da demo- cracia, dos direitos humans e do Estado de direito. A mesma cliusula, contudo, mantem abertos os canais de comunicago da UE com qualquer Estado ACP que viole estas "clausulas essenciais" do Acordo, a fim de manter um diilogo sobre os passes a dar para normalizar as relag6es. "Gostaria de salientar que a UE conti- nua a querer alterar a sua decision a qualquer "Foram fei moment nos pr6xi- significativos mos doze meses, se ocorrerem outros e economic actos concretos. Em prestagao dos especial, consider ser no Zin extremamente impor- tante para o process Catherin democritico do pais Alta Repres um entendimento t C e LF' "kl I.. I | .-.- A publicagao Daily Newsfoi suspense ha sete anos por critical o governor, agora 6 distribuida novamente no Zimbabue, 18 de margo de 2011 � Associated Press / Reporters. canais governamentais. Desde a criago do Governo de Unidade Nacional no Zimbabue, em Fevereiro de 2009, a UE concede 365 milh6es de euros a partir de anteriores orgamentos FED e de rubri- cas do orgamento da UE para apoiar os sectors sociais, a seguranga alimentar e a promogio da gover- os esforos nagio", referiu a Alta ara enfrentar a Representante. *a e melhorar a "So necessirias ;ervigos sociais ainda mais reforms babu6" no que se refere ao respeito do Estado de SAshton, direito, dos direitos ntante da UE humans e da demo- cracia, elements comum entire as parties no Governo quanto essenciais para criar um ambiente favo- as medidas necessirias a adoptar no peri- ravel a realizagio de eleig6es crediveis", odo de preparago das eleig6es", afirmou acrescentou. No total existem ainda 163 a Alta Representante. pessoas e 31 empresas na lista de proibigGo de visto/congelamento de bens. Tambem "A UE continue a dar assistencia ao se mantem um embargo de armas contra Zimbabue e nao apenas atraves dos o Zimbabue. D.P. A UE acolhe com satisfagao a transigao democratic A Uniao Europeia acolheu corn satisfa- 9ao a eleigao do lider da oposigao de longa data, Mahamadou Issoufou, nas eleig6es presidenciais do Niger, a 15 de Margo. "Esta eleigao assinala uma etapa muito important no process de transig5o no sentido da democracia e urn pass essential no sentido de res- taurar a cooperagao total entire o Niger e a Uniao Europeia", afirmaram a Alta Representante da UE para os Neg6cios Estrangeiros, Catherine Ashton, e o Co- missario Europeu para o Desenvolvimen- to, Andris Piebalgs. O Presidente eleito era urn membro regular da Assembleia Parlamentar Paritaria ACP-UE. Cerreio --II "Taxa Robin dos Bosques" reune apoio um imposto sobre as transaco6es financeiras (FTT) por toda a UE, num relat6rio acerca de "finangas inova- doras", adoptado na sessio de Estrasburgo do Parlamento Europeu em Margo corn 529 votos a favor, 127 contra e 18 abs- teng6es. Elaborado pela socialist grega Membro do Parlamento Europeu (MPE), Anni Podimata, este estabelece que a introducao de uma taxa sobre as tran- sacq6es financeiras numa base unilateral reunira dinheiro para "bens pfiblicos", incluindo desenvolvimento ultramarino e alteray6es climiticas. As Organizac6es Nio Governamentais para o Desenvolvimento apoiam a taxa: "O Parlamento Europeu estabeleceu o padrio mundial, fazendo pressio para a criagco de um imposto Robin dos Bosques por toda a UE1. Estas sao 6ptimas noti- cias. S6 a UE poderia reunir dezenas de milhares de milh6es de euros para aju- dar milh6es de pessoas levadas a pobreza gragas a ganancia dos banqueiros", disse Elise Ford, chefe do gabinete Oxfam International na UE. "Corn a Franga a presidir ao grupo G20 neste ano, a Europa esta numa excelente posigio para concretizar o FTT Rogamos agora aos deputados que desafiem os seus governor a apoia-lo", disse ela. De acordo com um estudo do Dr. Stephan Schulmeister do Instituto Austriaco de Investigagio Econ6mica, uma taxa media de 0,05 nos 27 Estados-Membros da EU, recaindo sobre acc6es, operacges cam- biais e obrigag6es, poderia reunir 210 mil milh6es de euros por ano para gastar em "bens pCblicos", incluindo ajuda ao desenvolvimento. Mas qualquer decision, no final, estara nas mros dos estados- -membros da UE. Enquanto alguns encaram um FTT como part de uma estrategia econdmica europeia progres- siva, outros estio relutantes quanto a con- ceder qualquer tipo de poderes de criagio de impostos a instituig6es europeias. D.P. 0 Robin dos Bosques e uma figure her6ica do folclore medieval ingles, conhecido por roubar dos ricos para alimentar os pobres. N.� 22 N.E. - MARQO ABRIL 2011 Perpeciv Pespctv 0 apoio ornamental da UE nio alcanga o pleno potential "Ha aspects que podem ser melhorados", afirma a autoridade de vigilancia financeira da UE N a uiltima decada, a modali- dade de financiamento da ajuda externa preferida pela UE foi o apoio ornamental, correspondendo, em media, a 50 por cento de toda a ajuda gerida pelas institui96es da UE. Num relat6rio especial, a autoridade de vigilancia financeira da UE, o Tribunal de Contas Europeu (TCE), sedeado no Luxemburgo, afirma que "ha aspects que podem ser melhorados" na forma como e administrado. A sua avaliacgo vem contribuir para as sess6es internal de discussio criativa actualmente em curso na Comissao Europeia sobre a necessidade de introduzir altera- 9oes aos programs "E tamb6m n de apoio ornamental analise system financiados pela UE para a consecugco dos O apolo orar objectives de desen- pobl volvimento. Lars Tribunal de C Este tipo de ajuda envolve a transferencia de pagamentos directamente para os eririos p6blicos dos paises parceiros. Os criterios que devem ser preenchidos para desencadear a sua autorizagio sao determinados mediante diilogo politico entire a UE e os paises beneficiirios. Em terms de evolucgo positive, tais programs podem encora- jar a apropriagio pelo pais beneficiirio dos recursos de auxilio, reforgar os sis- temas contabilisticos nacionais e promo- ver mudangas de orientagio political para reduzir a pobreza. "Este tipo de ajuda apresenta vanta- gens no piano politico ja que pressup6e a transferencia de elevados montantes de auxilio de modo previsivel", declarou Lars Heikenstein, membro do Tribunal de Contas Europeu sedeado no Luxemburgo, no decurso do langamento, em Fevereiro, do relat6rio intitulado "The Commission's management of General Budget Support in African, Caribbean and Pacific, Latin American and Asian countries" (Gestao por part da Comissao do apoio ornamental geral nos paises ACP, da America Latina e da Asia) [N.R.: o apoio ornamental sectorial auxilio da UE a um sector especifico, por exemplo safide ou educacao, nao e abrangido pelo relat6rio do TCE]. Podem fazer melhor Mas as instituic6es da UE podem fazer melhor. "Os objectives sao excessivamente gerais e entravam a concepgco do program. Nao e claro onde e gerada grande part do valor acrescentado", disse Lars Heikenstein aos jornalistas. O objective do relat6rio, acrescentou, nao era pronunciar-se a favor ou contra o apoio ornamental mas anali- sar se este era coerente com os objectives estabelecidos. Segundo Lars Heikenstein, nao estavam a ser exploradas todas as potencialidades do diilogo politico e Ccessaria uma eram precisas orien- atica de como tag6es mais claras: "E tambem necessiria mental reduz a uma analise sistemi- eza." tica de como o apoio enstein, ornamental reduz ntas Europeu a pobreza." "Ha objectives macroeco- n6micos mas estes sao frequentemente muito gerais e entravam a concepgio do programa, disse Gerald Locatelli, chefe de unidade dos Fundos Europeus de Desenvolvimento do TCE. A Comissio Europeia esta ciente das cri- ticas ao apoio ornamental, afirmaram os representantes do TCE. Andris Piebalgs, Comissirio da UE responsivel pelo Desenvolvimento, lancou uma consult p6blica via Internet sobre o apoio orgamen- tal concluida no fim de Janeiro de 20111 para recolher opini6es sobre o assunto na sequencia da publicacgo do Livro Verde "0 future do apoio ornamental da UE aos paises terceiros".2 Preve-se que a Comissio formula recomendac6es sobre a material no period que antecede o 4� F6rum de Alto Nivel sobre a Eficicia da Ajuda que tera lugar em Busan, Coreia do Sul, de 29 de Novembro a 1 de Dezembro de 2011. "A UE deve respeitar o seu compromisso de transformar o apoio ornamental na sua modalidade de ajuda preferida e de alargar a utilizagio deste instrument de auxilio nos pr6ximos anos", faz notar a organi- zagio no governmental Oxfam, no sitio web da consult p6blica. Tambem espera que as instituic6es de auditoria, os par- ,I il. J PRO1SI Refugiados num novo IDP (deslocados internos), devido a confrontos tribais� Reporters lamentos e as organizac6es da sociedade civil promovam o reforco da eficiencia na utilizagio dos recursos orgamentais e preconiza a criagio de um registo p6blico dos acordos de apoio ornamental. Nick Roberts, Conselheiro de Apoio Ornamental no Ministerio das Finangas de Samoa, afirmou que uma das quest6es a resolver consistia nas acc6es a adop- tar se as reforms no pais beneficiirio fossem inadequadas. Podiam ser criados mecanismos para classificar o progress das reforms e emitir sinais de aviso ao governor sempre que o progress seja lento, ou inexistente, afirma no sitio web. Por sua vez, o Dr. Kwabena Duffuour, Ministro das Finangas e Economia do Gana, inseriu o seguinte comentirio: "Creio justificar-se a aplicago de criterios de elegibilidade menos rigorosos ao apoio ornamental sectorial, na media em que permitiria que a UE os distinguisse e facilitaria a utilizagio do apoio orgamen- tal sectorial enquanto instrumento" D.P. http://ec.europa.eu/europeaid/how/public- -consultations/5221 en.htm 2http://ec.europa.eu/development/icenter/ repository/greenpaperbudgetsupport thirdcountriesen.pdf Cerreio e o 'I 1 C ik Costa do Marfim - pacificagao? A hora de fecho da redacgio d'O Correio, o antigo president da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, tinha sido capturado pelas forcas leais ao seu rival e vencedor declarado das eleic6es presidenciais de Novembro de 2010, Alassane Ouattara, enquanto os tanques franceses, que apoiavam uma missao de paz das Nac6es Unidas na Costa do Marfim (ONUCI), estavam prontas a intervir. Este pass permit ao President eleito, Ouattara, ocupar o seu lugar como Presidente do seu pais. A comunidade international exer- ceu pressio diplomitica e eco- n6mica sobre Gbagbo. Desde 22 de Dezembro, a UE imple- mentou sang6es econ6micas, incluindo o congelamento do patrim6nio financeiro de 19 cidadios da Costa do Marfim, em particular o do Presidente em fung6es e da sua esposa. Entretanto, a Uniio Africana (UA) exor- tou Gbagbo a respeitar a vontade do povo e a ceder a presidencia ao seu rival politico. Uma posicio reforcada pela decision de Africa do Sul, e em particular de Angola, de se unirem a estes pedidos pelos seus pares africanos. O mesmo se aplica a Comunidade Econ6mica dos Estados da Africa Ocidental (CEDEAO), que solici- tou G ONU que interviesse militarmente na Costa do Marfim para travar as cres- centes hostilidades entire os dois campos -hostilidades que colocavam o pais em risco de uma Guerra Civil. A 4 de Abril, a Comissiria Europeia para Ajuda Humanitiria e Cooperaqco International, Kristalina Georgieva, expressou as suas preocupao6es com a magnitude da violencia e o crescente nfmero de pessoas que abandonam os seus lares. Mais de 120 000 refugiados inundaram os paises vizinhos, incluindo a Liberia; paises que estao, eles pr6prios, frequentemente no limiar da crise huma- nitaria. M.M.B. Michel Martelly eleito President do Haiti Uma estrat6gia inabalavel e eficaz Hegel Goutier O future president do Haiti, cuja tomada de posse esta progra- mada para 14 de Maio de 2011, e Michel Martelly, antigo can- tor pop, idolo dos habitantes dos bairros pobres de Port-au-Prince, apoiado tanto pela comunidade empresarial Haitiana, como pela comunidade international. Ao contririo do colega de profissao, Wyclef Jean, cujo nome surgiu no ini- cio da corrida presidential, o facto de Michel Martelly (conhecido pelo seu nome artistic surgido inicialmente, na verdade prote- geu-o dos ataques das elites do pais, que consideravam complicada a eleicgo de um President sem um titulo academico antes do seu nome. Como jovem artist, Martelly ja tinha criado fortes relac6es com politicos dos EUA, especialmente politicos do Partido Republicano. Na busca do poder, a sua estrategia foi como a de um mestre de xadrez, que pla- neia as suas pr6ximas jogadas com preci- sao. Fez uso das suas amizades dos EUA entire as duas voltas das eleig6es e estas prevalecerio, caso seja agora levantada qualquer acusagio de populismo contra ele, como por exemplo pelo apelo ao elei- torado do bairro, Cite Soleil, pelos seus votos na segunda volta. Desde o inicio, o pr6prio nome do seu partido, um apelo a ida is urnas de votaogo, num pais predominantemente rural. Os seus slogans, crioulo ou 'o careca,>, o �atrevido, e ate o as faixas etirias mais jovens. Entre as duas voltas, Martelly props a colaboragio com o candidate do partido 4Inite,, Jude Celestin, que desceu da 2." para a 3.' posiogo, e tambem reuniu o apoio de Jean-Claude Duvalier e Jean-Bertrand Aristide, cujos discursos cripticos pare- ciam apoiar a sua rival, Mirlande Manigat. Com a sua participaio num important debate eleitoral com esta iltima, ele apa- receu como um antigo cantor perante a Professora. Mas Martelly surpreendeu toda a gene com o seu descaramento e conhecimento das quest6es. No Facebook, ele reuniu 25 000 amigos contra os meros 5000 de Mirlande Mangiat. Os dados estavam langados. roster electoral ae viVlnel Iviartelly � Hegel Goutier. Os slogans da campanha: 'Martelly, Tet Kale' - "o careca", "o atrevido" e ate "o bad boy", foram um sucesso entire os jovens. N.� 22 N.E. - MARQO ABRIL 2011 Perpeciv Um continent a procura de acessibilidades Uma simples olhadela para um mapa transported pouco evoluiram desde ofim Marie-Martine Buckens de Africa permit compreender o dos colonialismos na maior parte dos enorme desafio com que o continent esta confrontado se quiser realizar um desenvolvimento endogeno. Estradas e caminhos-de-ferro que gravitam a volta de grandes portos destinados a exporter as materias-primas e as raras incursoes para o interior das terras vao dar muitas vezes a jazigos de minerios. Cor excep- cao notoria daAfrica do Sul, as redes de paises da Africa subsariana e estao muito pouco interligadas. Desde ha alguns anos que abundam pianos e projects para colmatar o defice de infra-estruturas em Africa. Sob a egide da UniaoAfricana (UA) e nomeadamente com o apoio da Uniao Europeia (ler artigo separado), mas tam- bem dos Estados Unidos. Sem esquecer a presence macica da China. N as Caraibas e no Pacifico, cujos paises sao ilhas ou coroas de ilhas, o desafio mais important & o trans- porte maritime, como se pode ler nas duas iltimas piginas do dossier. O transport aereo tambem - tal como no continent africano , um tema que ja foi abordado num dossier anterior de O Correio (ver o n.� 17, Maio-Junho de 2010). Cerreio de proximidade entire paises quando as ligag6es areas term de transitar por nds por vezes muito afastados?", interroga- -se a autora. E sQo tambem sistemas de exploracio dificeis de gerir, dada a sua posigio excentrica em relagio aos grandes cen- tros urbanos. O que explica, acrescenta Sylvie Brunel, "por que virios paises afri- canos se quiseram dotar, com enormes despesas, de novas capitals mais centrais: Abuja na Nigeria, Dodoma na Tanzania ou Yamusuk na Costa do Marfim". Actualmente, a densidade das redes de transportes em Africa -estrada e via- -f&rrea -continua a ser muito fraca. No que diz respeito as estradas e de 6,85 km por 100 km2, contra 12 por 100 km2 na Asia, 100 km em media na Europa (mais de 400 km por km2 na Belgica!). A den- sidade da rede ferroviaria africana nio ultrapassa os 3 km por 100 km2 contra 60 km por 100 km2 para a Europa. Estrada ou caminho-de-ferro? Considerado demasiado oneroso e mal gerido, o caminho-de-ferro foi durante muito tempo desprezado pelos grandes doadores, a frente dos quais o Banco Mundial, em proveito da estrada, que beneficiou nos 61timos 20 anos de uma redugyo do seu custo relative. No quadro das political de ajustamento estrutural, o caminho-de-ferro estava no colimador. Sendo empresas p6blicas, registavam defices atras de defices. Apartir de 2000 a orientagio mudou. A Uniio Europeia, seguida pelo Banco Mundial e por outros doadores, inscreveu nas suas priorida- des de cooperagio o desenvolvimento dos caminhos de ferro. Apesar disso os desafios continuam a ser enormes: custo elevado da colocago de novas linhas, bitolas diferentes das linhas, criagio de uma estrutura capaz de assegurar a gestio. Sobre este 61timo ponto, muitos doadores sao a favor de uma reestrutura- yao em cooperacio com o sector privado, recomendando a sua concessio, em vez da privatizagio complete. As estradas, ainda que sejam mais numerosas -assegurando no essencial as ligac6es com o mundo rural- no sio poupadas pela falta de financiamento e sofrem cronicamente de falta de manu- tengao. E isto sem esquecer, como se lera mais a frente, o papel vital dos portos, perto de uma centena, nas relag6es comerciais de Africa com o resto do mundo. Desordem dos espaaos Em Africa, virios projects - iun-. dos quais em vias de conclus';.. i..n- dem restabelecer ligag6es lh i,,I..' d il , pelas potencias coloniais. in -i i'.!' I as ligag6es Norte-Sul. Co:i- n. ,'. . i ge6grafa francesa Sylvie Brunel, no seu livro "Africa, um Continente em Reserva de Desenvolvimento", "a colonizaaio causou uma verdadeira desordem dos espagos africanos (...), consagrando a supremacia dos litorais, ao long dos quais se criam as cidades, no ponto em que se divide as cargas entire o mar e a terra. A grande maioria das capitals africanas sao portos, construidos no local onde chegam os caminhos-de-ferro que escoam os produtos do interior. E as redes" de transportes sao muitas vezes orien- tadas perpendicularmente aos litorais, o que coloca o problema das relag6es transversais". Como "realizar a integra- go regional quando nem se pode mesmo passar fisicamente de um pais para outro, por falta nio s6 de vias-f&rreas, mas mesmo de estradas transitiveis em todas as estag6es? Como criar ligag6es S. ' is N.� 22 N.E. - MARCO ABRIL 2011 IDose rir ;,~ IDose A UE e os grandes projects de transportes africanos 0 grave defice em mat6ria de transported a sul do Sara constitui um desafio que a UE e Africa procuram resolver em con- junto atraves da parceria em materia de infra-estruturas. Anne-Marie Mouradian sta parceria proporciona um qua- dro estrategico para melhorar a interconexio das redes de trans- portes atraves do continent corn o apoio do Fundo Fiduciirio UE-Africa para as infra-estruturas. Aparece ao lado de outros grandes programs com o PIDA (Programa de desen- volvimento das infra- Os chineses, -estruturas em Africa), oferecem-se iniciativa conjunta da Comissao da Unigo estradas em tl Direcco-Geral do Desenvolvimento e das Relag6es com os Estados ACP da Comissao Europeia. Trata-se de ligarregioes corn regioes, praises corn paises, a Africa corn o mundo. A CE central as suas intervenes nos corredores transafricanos e nofinanciamento dos elos quefaltam, que sao igualmente uma prioridade da Comissao da Uniao Africana. Apoia igualmente programs nacionais, quer por serem troops de corredores regionais, quer a pedido dos paises para reforcarem as suas redes locais e melhorarem a por seu lado, acessibilidade rodovia- ara construir ria em zonas rurais e a mobilidade urbana. oca do acesso Africana, da NEPAD aoS recursos petroliferos e A Comissio Europeia e do Banco Africano minerals. atribui por ano 600 de Desenvolvimento, o milh6es de euros de PTAS (Programa de political de transport donativos para o sector africano dos na Africa subsariana), que agrupa 35 paises transportes. Intervem, em cooperapgo africanos e as respectivas comunidades com o Fundo Fiduciirio UE-Africa para regionais, apoiado por 11 financiadores, ou as infra-estruturas, em vastos projects ainda o Cons6rcio para as infra-estruturas transfronteirigos, como o corredor da em Africa (CIA). Beira, a Grande Estrada do Leste, a reno- vagio do porto de Ponta Negra, o alarga- Os corredores, coluna mento do porto de Walvis Bay, a extensio vertebral do desenvolvimento do aeroporto international Kenyatta, o Program integrado de transportes para Os transported sao antes de mais uma questao a Namibia, etc. de conectividade, explica Paulus Geraedts, chefe do sector das infra-estruturas na A Grande Estrada do Leste, secgio zam- Cerreio p I: P biana do Corredor de Nacala, que liga o porto mogambicano de Nacala a Zambia atraves do Malavi, e um project que abrange 360 km, cor um custo de 250 milh6es de euros. E um belo exemplo de coordenacao europeia. Implica o BEI, a Agencia para o Desenvolvimento francesa, a Comissdo Europeia e a Delegacao da UE, que lidera o project no didlogo corn as autoridades zambianas, indica Juergen Kettner, especialista das political de transportes e infra-estruturas na DG do Desenvolvimento e das Relag6es corn os Estados ACP. Se e verdade que as autoridades nacio- nais - ministerios dos Transportes, das Financas ou das Obras Pfiblicas - so proprietirias dos projects, sobretudo para negociar com os financiadores, e important, lembra Paulus Geraedts, coordenar as political nacionais, regionais e continental. Apoiamos a UA nos seus esfor- fos para criar uma ideia de conjunto e uma visdo, para se dotar de programs estrate- gicos como o PIDA, atraves do qual visa exercer uma influencia a nivel continental e desempenhar um papel de coordenador dos corredores. De entire as decis6es recentes, o Acordo de Port Moresby, assinado em Dezembro entire a UE e a UA, devera financial a preparagco das acq6es prioritirias e os estudos de projects estrategicos, como os corredores de auto-estradas africanos, o caminho-de-ferro do oeste africano Cotonu-Niamei-Uagadugu, a ponte da Gambia, etc. Mas os recursos p~blicos sao insuficien- tes face a dimensio das necessidades. De acordo com as novas prioridades definidas no Livro Verde', a CE quer incentivar o sector privado, principal motor do crescimento, a tornar-se um parceiro do desenvolvimento. Os investi- dores privados estao interessados no mercado, mas tern medo dos riscos politicos, dos riscos de mudanea e dosproblemas de governacdo. Estamos a reflectir na forma de trabalhar corn eles, combinando, por exemplo, as nos- sas subventces corn os seus financiamentos para limitar os riscos comerciais, explica Paulus Geraedts. No future, o dialogo UE-Africa em materia de transportes devera incidir nao s6 na identificacgo Trata-se de ligi de projects finan- regi6es, praise ceiramente viiveis, a Afria socialmente respon- a Afrca co siveis e ecologicamente sustentiveis, mas tambem na forma de atrair os investido- res privados, melhorando a governagio e o ambiente empresarial. A presenga chinesa, um desafio para a UE e para Africa A Europa defronta-se com uma concor- rencia dificil per parte da China, que investiu milhares de milh6es de d6la- res em Africa. 0 relat6rio annual do Cons6rcio para as infra-estruturas em Africa indica investimentos chineses da ordem dos 5 a 6 mil milh6es de d6lares em 2010. Evidentemente que e um desafio. A Europa tern um pacote de ofertas, incluindo o didlogo politico e parcerias political, que acompanhan os donativos e os investimentos, sublinha Paulus Geraedts. Os chineses, por seu lado, oferecem-se para construir estradas em troca do acesso aos recursos petroliferos e minerals. Eaos africanos que cabe decidir, e tambem um desafiopara eles, conclui Paulus Geraedts. Alguns governor indicaram-nos por vezes que em relacao a determinados projects preferem trabalhar corn os chineses. Istofaz parte da vida. Mas as necessidades sao tao grades que hd lugar para todos. A Africa, a China e a UE deviam trabalhar em conjunto para identi- ficar um certo nimero de dominios onde seria pertinente uma cooperacgo trilateral, consider a Comissio Europeia, que se esforca por fazer com que este dialogo arranque. Na Zambia, por exenplo, jd ternos contacts corn os chine- r regi6es com ses, indica Juergen s com paises, Kettner. 0 desafio estd em levar os colegas n o mundo chineses a sentarem-se & volta de uma mesa para discutirem e nos pormos de acordo sobre prioridades comuns corn o governor e canalizar os financiamentos deforma adequada. Nao trabalhamos isola- damente, mas sim corn parceiros. A India, o Brasil e o Japao tambem estao presents. E uma epoca fascinante e os jogos ainda nao sao claros, salienta Paulus Geraedts. O G20 poderd desempenhar um papel interessante, reunindo os paises emer- gentes doadores, como a China ou outros paises BRIC, Africa e n6s pr6prios. O corredor de Nacala (Mogambique, Malavi e Zambia) e um exemplo desta parceria international, que implica nume- rosos intervenientes que financial as suas diferentes secy6es, entire os quais os japoneses (JICA Agencia de Cooperacao International japonesa), que intervem na part mogambicana do project. 1http://ec.europa.eu/europeaid/how/ public-consultations/5241 en.htm E (- N.� 22 N.E. - MARQO ABRIL 2011 IDose a IDose A Transnet da Africa do Sul e os Chineses Charles Visser* A Africa esta em movimento. Nao apenas politicamente como testemunham os recen- tes acontecimentos no Egipto, no Magrebe e no Sudao -mas tambem economicamente, o que pode anunciar simplesmente a verdadeira liberalizagco do continent, durante muito tempo impedida por disputes internal e por ma administracao. Ou podera anunciar uma nova era de colonizago... desta vez pelos Chineses? Seja como for, Africa esta em movimento e grande part deste movimento econ6- mico result de investimento chines e muitas das mercadorias sao transportados pela Transnet, a empresa de transpor- tes sul-africana. Embora esta sociedade pertenga totalmente ao governor sul-afri- cano, a Transnet nro e subsidiada e e uma empresa lucrative. De acordo com o Standard Bank da Africa do Sul, que em parceria com o Industrial and Commercial Bank of China (ICBC) tem uma forte presenga noutros 17 paises africanos, o investimento chines em Africa duplicara em 2015, passando para 36,8 mil milh6es de EUR, ao mesmo tempo que o comercio bilateral Africa-China passara dos actuais 110 mil milh6es para 220 mil milh6es de EUR. Preve-se que o PIB africano, actualmente com uma taxa de crescimento de 4,9%, aumente para 6% em 2015. Todo este aumento de actividade econo- mica coloca a questao de como transpor- tar todas as mercadorias que lhe estio associadas atraves das deficientes redes rodoviarias e ferroviarias de Africa. De acordo corn o seu porta-voz, Mike Asefovitz, a Transnet compreende 80% de toda a rede ferroviiria africana e esta ocupada a colocar "a casa em ordem na Africa do Sul, onde a procura excede a oferta". Asefovitz nao fez qualquer comentirio "a nivel estrategico" sobre se a Transnet tencionava associar-se ao desenvolvimento das infra-estruturas realizado pelos chineses no continent. (Salienta-se que o envolvimento da Transnet na SADC se limita a locaco financeira do material circulante e a manutengao das linhas ferroviirias e dos oleodutos.) Com a maior companhia ferroviiria, de oleodutos e de portos foraa de jogo' no que diz respeito ao desenvolvimento das infra-estruturas em Africa fora da Comunidade de Desenvolvimento da Africa Austral (SADC), fica aberto o 'caminho' para outros actors como a UE, os Estados Unidos e a China aproveitarem a brecha e chegarem as riquezas de Africa. * Charles Visser e um antigo jornalista e pensador independent que vive na Africa do Sul. Kaimans DPA � Reporters Cerreio 0 project AfricaRail e os outros Desde ha uma dezena de anosque flores- vias-ferreas existentes, permitira p6r fim Estao igualmente em estudo projects cem projects na Africa subsariana. A co- ao isolamento nao s6 dos paises abrangi- nacionais. Nomeadamente os 500 km megar pelo ambicioso project AfricaRail. dos, mas tambem dos paises limitrofes, ou de vias-ferreas que devem ligar o centro Com um comprimento de 2 000 km, deve seja, a Nigeria, o Mali, o Senegal, a Costa do Congo-Brazzaville ao porto de Ponta ligar quatro paises da Africa Ocidental do Marfim, o Gana e o Chade. Negra; os cerca de 2000 km de caminho- (Benim, Togo, Niger e Burquina Faso) e Tambem estao em estudo na Comunidade -de-ferro-custo: 11 mil milh6esded6lares e apoiado pelo Banco Africano de De- da Africa Oriental (CAO) varios projects - que devem ligar todas as provincias senvolvimento. 0 financiamento neces- de viastransnacionais. Foram adoptados de Mogambique. Sem contar o project sario, estimado actualmente em cerca quatro corredores, entire os quais uma de ponte-estrada-caminho-de-ferro que de 6 mil milh6es de d6lares, devera ser via que ligara as capitals do Quenia e do ligara as duas capitals mais pr6ximas do feito sob a forma de uma parceria pQblico- Uganda e outra que ligara a Tanzania, o mundo, Brazzaville e Kinshasa. M.M.B. -privada. Apoiando-se parcialmente nas Burundi e o Ruanda. Relangar o transport fluvial Os portos fluviais da Africa subsariana estao ainda long de poderem rivalizar com os seus portos maritimos. O porqud esta na falta de balizagem e na vetustez das infra-estruturas. Quase 97% do comercio international e feito via o transport maritime. A Africa conta mais de 80 portos maritimos im- portantes, mas sao relativamente poucos para um continent que conta 53 paises, dos quais seis sao insulares e 15 encrava- dos. Por outro lado, muitos destes portos enfrentam problems de equipamento, seguranga, poluigao e insufici&ncia de capacidade tecnica. Alem disso, 80% dos navios tnm mais de 15 anos de idade, contra uma media mundial de 15%. Tudo isto sao pontos fracos que caracte- rizam o transport fluvial. E verdade que ha grandes rios, como o Congo e o Nilo, que nao sao inteiramente navegaveis, mas onde o sao, representam um element de integragao econ6mica muito important, nomeadamente em regi6es afastadas. E u porto ae Mnsnasa c Iviare-viartne bucKens 'at W , Reparagao da estrada em mau estado � Reporters o caso da Republica Democratica do Con- go, onde a Uniao Europeia financial actu- almente um grande project de balizagem do rio Congo. Alem disso, o transport fluvial goza de vantagens econ6micas consideraveis: e seis vezes mais barato transportar contentores por barco do que por frete aereo e uma embarcacgo de 500 toneladas pode realizar um trajecto em duas vezes menos tempo do que um camiao de 14 toneladas. M.M.B. Reabilitar as estradas na RDC e noutros paises A estrada continue a ser a modalidade de transport dominant na Africa sub- sariana, representando perto de 90% do trafego de mercadorias interurbano e inter-Estados. Mas a sua densidade permanece a mais baixa (6,65 Km aos 100 km2) e o estado das estradas e ex- tremamente aleat6rio. Em media, 24,5% das estradas da Africa sao asfaltadas. Uma media que inclui a Africa do Norte, cuja percentage ascende a 64%, contra 4% na Africa Central, 9,5% na Africa de Leste, 20,7% na Africa Austral e 22,4% na Africa do Oeste. E uma rede que sofre de parca manuten- g5o (sao asseguradas, em media, 30% das necessidades de manutengao re- queridas), com a sobrecarga de cami6es a reduzir cada vez mais a longevidade das estradas. A Republica Democratica do Congo (RDC) e particularmente mal servida. Entre "os cinco estaleiros" anunciados em 2006, esta a construcgo ou reabilitacgo de cerca de 10 000 quil6metros de estradas e pontes. Em quatro anos, foram realizadas cerca de 5 000 quil6metros de obras. Mas houve pouco asfaltamento e a rede existente, construida na maior parte na epoca colonial, nao foi fundamentalmente alterada. A Uniao Europeia e o principal mutuante de funds, ao lado do Banco Mundial e do Banco Africano de Desen- volvimento, sem esquecer a China, cuja presenga e ainda relativamente limitada, exceptuando os trabalhos rodoviarios em- preendidos na capital Kinshasa. M.M.B. N.� 22 N.E. - MARQO ABRIL 2011 IDose IDose 0 elevado custo das viagens areas impede o mercado unico das Caraibas A maior parte dos visitantes das Caraibas fica admirada por custar tanto viajar de aviao entire estas ilhas tropicais como voar para a America do Norte. Existira alternative? Bernard Babb* nais das Caraibas tem ape- lado para uma melhoria das ligay6es entire as ilhas, uma redugco das taxas sobre as viagens e uma political bem informada sobre as viagens regionais por part dos governor do bloco commercial da CARICOM. Varios comentadores regionais afirmaram que um dos principals obsticulos a realiza- 9o do Mercado e Economia Unicos das Caraibas tem sido a falta de um sistema de transportes regionais viivel e que funcione. A ultima tentative Norman Smith, a "ayg" hL C colunista do Caraibas ocorre "Daily Nation" nos uma company Barbados, resumiu baixos custoS a ang6stia dos seus concidadios das empresaino Caraibas quando escreveu em Fevereiro (2011) que havia uma necessidade premente de reduzir as elevadas tarifas areas na regiio. Foi isto que Norman Smith escreveu: "Fiz recentemente uma investigation sobre viagens para Sio Vicente e Granada e deram-me estes precos: Barbados para Sao Vicente, $533 (US $266); Barbados para Granada, $637 (US $318); Barbados para Slo Vicente e para Granada $858,42 (US $427). Dantes, se voissemos na LIAT de Barbados para Granada via Sao Vicente, era-nos cobrada a tarifa para o destino mais distant. Agora dizem que sao dois destinos, por isso temos de pagar dois pregos. Estes pregos exorbitantes desen- corajam as pessoas de viajar. Nao se devia ter de pagar $858 para viajar apenas 100 milhas, quando se pode viajar para Miami, cerca de 16 vezes mais long, pelo mesmo prego ou menos." Queda da actividade Nos iltimos dois anos a situacgo agravou- -se com o aumento do custo dos combus- tiveis e os prejuizos de muitos milh6es de dolares, que ajudaram a acelerar a extin- O9o da Air Jamaica, enquanto a LIAT, a transportadora regional que lhe sucedeu, tem lutado contra a falta de rendibilidade, ao mesmo tempo que procura racionalizar as rotas e manter-se em actividade. A American Eagle, explorada pela American Airlines como transportadora das ilhas que faz a ligacgo entire Porto Rico e as Caraibas, tambem deixou de voar para virias ilhas, alegando falta de rendibili- dade. A queda nas viagens intra-regionais -30% nos iltimos cinco anos, afirma a Organizacio do Turismo das Caraibas (CTO) -devido a contracGo da econo- mia mundial, afectou negativamente as transportadoras areas a para melhorar da regiio. i-regionaisnas Com a c u com a Redjet, area a dii hia area de elevadas ta criada por dois existentes rem a vont irlandeses. jar, os esf aumentar apacidade minuir e as rifas areas a reduzi- ade de via- orcos para modos de transport alternatives por mar tambem falharam. Nos iltimos anos, uma serie de empresirios anunciaram pianos para expandir os servigos de ferrynas Caraibas Orientais, o que podia reduzir os custos de viagem em 60%. Mas uma ligagio por ferry viivel que sirva a grande zona das Caraibas ainda esta por se concretizar. Viajar por mar significaria combustivel mais barato e portanto bilhetes de pas- sageiros mais baratos, mas o trifego de passageiros tambem tem de concorrer com o transport de carga. Entretanto, a iltima tentative para melhorar as viagens intra-regionais nas Caraibas ocorreu com a Redjet, uma companhia area de baixos custos criada por dois empresirios irlandeses. Utilizam o modelo da Ryanair europeia e estio a aguardar ansiosamente a apro- vagio official do Governo de Barbados. 1Estados membros da Comunidade das Caraibas (CARICOM): Antigua e Barbuda, Baamas, Barbados, Belize, Dominica, Granada, Guiana, Haiti, Jamaica, Monserrate, Santa Lucia, Sao Crist6vao e Nevis, Sao Vicente e Granadinas, Suriname e Trindade e Tobago. *Jornalista estabelecido em Barbados Melville Hall Airport, Dominica � H. Goutier Cerreio I ~~Dose A tirania da distancia no Pacifico Iniciativas para melhorar as ligayges maritimas entire as ilhas Uma populacao escassa espalhada por vastas faixas do maior oceano do mundo, causando deficientes comunicac6es entire elas, tem refreado a circulacao dos bens e das pessoas da regiao e atrasado o desenvolvimento economic e o crescimento. Dev Nadkarni* O F6rum das Ilhas do Pacifico (FIP) reconheceu estes obs- ticulos ao desenvolvimento. Uma das primeiras acy6es do FIP foi a Pacific Forum Line, criada pelos governor do Pacifico em 1978, para dar resposta as suas exigencias de transport de carga por via maritima. Embora esta iniciativa de transport maritime - ao contririo de repetidas tentativas para criar uma verdadeira companhia area regio- nal, que nunca conseguiu arrancar -seja muitas vezes aclamada como uma hist6ria de sucesso no regionalismo das ilhas do Pacifico, o seu crescimento foi impedido pela falta de instalac6es portuirias e pelos elevados custos de combustivel. Ram Bajekal, Director Executivo do Grupo FMF (Flour Mills of Fiji), uma das maiores empresas industrials das ilhas Fiji, que produz bens alimentares para exportaogo em todo o Pacifico, incluindo a Australia e a Nova Zelandia, consider que embora o transport maritime e o transport aereo tenham mudado para melhor nos iltimos anos, ainda ha muito por fazer. "Gostariamos de basear as nossas estrate- gias de crescimento nas exporta6oes, que teriam de contar cor maior conectivi- dade entire as ilhas e a Australia e a Nova Zelandia", referee. Os baixos volumes de trifego e a falta de concorrencia fazem com que as pessoas aceitem horirios de barcos irregulares. Bajekal diz que a region precisa de melhorar urgentemente a logistica dos transportes de carga, no interesse do cres- cimento das empresas e do desenvolvi- mento econ6mico nas ilhas. "Os custos do transport de carga por via maritima reduziram-se marginalmente, mas ainda nao atingiram niveis que possam ser aceites como 'proporcionais' a distancia envolvida. Podiamos prestar um servigo muito melhor aos nossos clients nas ilhas, p Australia e Nova Zelandia se os transpor- tes maritimos fossem mais frequentes e mais ffiveis e pontuais", diz ele. Iniciativas recentes Algumas iniciativas recentes centraram-se na conectividade dos transportes entire ilhas, especialmente entire as ilhas mais pequenas. Ha dois anos, de uma reuniio dos ministros das pequenas ilhas respon- siveis pelo sector maritime surgiu uma proposta no sentido de as companhias locais de transport maritime, incluindo a Kiribati Shipping Services, uma empresa p6blica, explorarem ligac6es de Nauru, Tuvalu, Quiribati, Wallis e Futuna para Suva, nas Fiji - o porto de transbordo mais pr6ximo com ligac6es para o resto do mundo. Entretanto, empresas de transport maritime privadas, como a Pacific Direct Line, aumentaram as ligac6es existentes a volta das ilhas mais pequenas com uma plataforma de distribuicio estabelecida recentemente nas Fiji para servir melhor as ilhas, disse ao Correio Alan Foote, ges- pacificc Forum Line, "South of Lily, o navio de carga � Reporters tor commercial da empresa e resident na Nova Zelandia. Embora existam alguns incentives para organizer ligac6es na regiao, nos l6ti- mos meses as empresas de transportes maritimos foram confrontadas com o aumento do custo de combustivel. Mas os representantes das companhias mari- timas disseram ao Correio que as compa- nhias se estavam a esforcar por manter os pregos dos fretes tanto quanto possivel inalterados. Manickam Narain, Director- Geral da Carpenters Shipping, uma com- panhia sedeada nas Fiji, disse que embora os precos dos combustiveis estivessem voliteis, a companhia que serve as Fiji, a Papua-Nova Guine e os paises da bacia do Pacifico nao tinha procedido a qualquer revisio dos pregos. *Jornalista estabelecido na Nova Zelandia 1Os participants na Pacific Forum Line sao: Ilhas Cook, Fiji, Quiribati, Ilhas Marshall, Nauru, Nova Zelandia, Niue, Papua-Nova Guine, Samoa, Ilhas SalomAo, Tonga e Tuvalu. N.� 22 N.E. - MARQO ABRIL 2011 Nova ofensiva em defesa do algodao africano Anne-Marie Mouradian Em 15 de Marco, em Bruxelas, o President da Comissao da Uniio Econ6mica e Monetiria da Africa Ocidental (UEMOA) langou uma ofensiva destinada a dar um novo impulso por parte da Uniao Europeia e dos Estados Unidos para mobilizar apoio ao algodao africano. Esta accgo e liderada pela UEMOA e pelo C4, que represent os quatro pai- ses produtores (Burquina Faso, Benim, Mali e Chade), instigadores da primeira "iniciativa do algodao" apresentada a OMC em 2003. Nos iltimos anos nao se "Temos de imp verificaram quaisquer do algoddo progresses, salientou quisermosevita Soumala Ciss. rmosev que se pretend e a da experinn supressio dos subsi- do amendoim dios internos conce- Sene didos aos produtores A organizacgo da Africa Ocidental pre- tende aproveitar as oportunidades que a actual revisao da Politica Agricola Comum da UE e a preparago dos debates sobre o project de lei agricola dos Estados Unidos proporcionam. Dissociaaio A nivel europeu, o C4 solicita a dissocia- 9o de 100% das ajudas aos produtores de algodio na Grecia e em Espanha. Estes agricultores sao subsidiados por ajudas associadas ao rendimento, de acordo corn a area que cultivam. A ajuda e mais ele- vada para o algodio do que para a maior parte dos outros produtos agricolas. O algodio foi dissociado em 65%, em com- paracgo com 90% para os outros pro- dutos agricolas. Isto e edir o declinio insuficiente, afirmou africano se Soumaila Cisse, que u ma repetiaio apelou a que os res- tantes 35% fossem ia da bacia eliminados e declarou no Mali e no que nao havera solugco gal" para a ronda de Doha se nao houver solugco de algodao da UE e dos EUA, que causam para o algodao. desequilibrios no mercado mundial a custa dos produtores africanos. A UE e os EUA Aplicar as regras da OMC alegam que nao sao responsaveis, mas mantem um statu quo que vem aumentar O Presidente da Comissao da UEMOA o empobrecimento dos 15 milh6esdepro- dirigiu-se a Assembleia Parlamentar dutores de algodao da Africa Ocidental e Paritiria ACP-UE. A nova iniciativa do Central, salienta a UEMOA. algodao africano destina-se a conscienciali- zar os deputados europeus para a questao e a motivi-los para agir, tendo especialmente em conta o aumento do seu poder de co- -decisao, e a fazer com que iniciem legis- laogo introduzida pelo Tratado de Lisboa. O Co-Presidente da APP, Louis Michel, ja transmitiu esta mensagem. Numa pergunta parlamentar dirigida a Comissao Europeia, o deputado salientou que "os produtores de algodao africanos nao estgo a pedir um tratamento de favor, mas a aplicago das regras da OMC {...} e a supressao de medidas desequilibradas de apoio a producgo e a exportagio de algodio, com o objective de combater a pobreza atraves do reconhecimento do caricter estrategico do algodao para o seu desenvolvimento". A Comissao Europeia, por seu lado, salienta que a sua produgco represent apenas 2% da produgco mundial e que esta muito long da dos Estados Unidos, o terceiro maior produtor a seguir a China e a India. A UEMOA tambem pretend o apoio europeu para defender a sua causa nos Estados Unidos. A ind6stria africana do algodao tem um elevado potential de crescimento. "Temos de impedir o seu declinio", alerta Soumaila Cisse, "se quisermos evitar reviver a experiencia do colapso da bacia do amendoim no Mali e no Senegal, que obrigou os jovens da regiao a juntar-se ao fluxo de migrants para a Europa." Cerreio I r .=. D i H Um modelo de investimento em Africa: a experiencia do "Tuninvest/Africinvest" Andrea Marchesini Reggiani A ziz Mebarek e o socio fundador do "Tuninvest/Africinvest", um fundo de capital de risco independent fundado em 1994. Criado primeiro na Tunisia, o fundo expandiu-se inicialmente para abarcar a regiio do Magrebe e cobre agora as empresas da Africa Subsariana. 0 Grupo esta actualmente a investor a sua terceira gerago de funds, visando o crescimento e as pequenas e medias empresas (PME). Numa entrevista concedida ao Correio, explica a sua experiencia positive com o espirito empresarial na Africa Subsariana, onde acredita que combinado com aspec- tos sociais e ambientais, o empreende- dorismo pode ser nao s6 rendivel, mas tambem representar o future do desen- volvimento. Qual e a actividade fundamental da sua empresa? E apoiar as pequenas e medias empresas atraves de funds captados de investidores, mas tambem do Banco Mundial (BM) e do Banco Europeu de Investimento (BEI). Existem tries families de funds: os funds para investidores tunisinos ou marroqui- nos; os funds destinados a investidores internacionais para investor na regiio do Magrebe; e os funds para investi- dores internacionais a investor na Africa Subsariana. Administramos 650 milh6es de d6lares e agora estamos igualmente interessados no microfinanciamento. Como e que escolhem as empresas quefinanciam? Desde 2004 que temos um escrit6rio na Costa do Marfim para o investimento na Africa Ocidental franc6fona; um escri- t6rio em Lagos para a Africa Ocidental angl6fona; e um escrit6rio em Nairobi para a Africa Oriental. Em todas estas regiSes existed opor- tunidades. Tentamos encontri-las e transforma-las em projects concretos e produtivos. E important compreender os ambientes econ6micos e os mercados especificos em cada pais. Por exemplo, o nosso iltimo investimento no Quenia e numa escola privada, muito bem gerida e que e lucrative. No Senegal investimos numa empresa de producao de detergentes para lavagem, que actualmente tem um pequeno volume de neg6cios e fabric apenas alguns pro- dutos. Identificamos os pontos fracos e estamos a trabalhar no sentido de actuali- zar os seus metodos e meios de producao. Prevemos um volume de neg6cios de 4 a 5 milh6es de euros daqui a alguns anos. Corn o nosso pessoal, ou corn peritos externos contratados a curto prazo, tra- balhamos nos sistemas informaticos, no process de recrutamento de pessoal e no piano industrial. Nio se trata apenas de assegurar financiamento, mas tambem de interacgo, colaboragio e trabalho colec- tivo. Associamo-nos ao empresirio: se ganharmos, ganhamos juntos; se perder- mos, perdemos juntos. Normalmente nao temos a maioria do capital. Quantos investimentos ter na Africa Subsariana e em que sectors? Neste moment estamos a financial cerca de 25 empresas. No Norte de Africa finan- ciamos todo o tipo de empresas, except empresas de construcio, porque nio criam verdadeiro desenvolvimento e nao produzem bens exportmveis. Tambem ten- tamos evitar sectors nio saudiveis, como o tabaco, o ilcool e as empresas de jogo. As empresas em que investimos ficam vinculadas por um c6digo de conduta e por normas eticas, especialmente em terms de confidencialidade. Recentementefalou nasJornadas do Desenvolvimento da UE de 2010, em Bruxelas. 0 que e que retirou desta experiOncia? Foi interessante partilhar as nossas expe- riencias, explicar o que fazemos e mostrar que o desenvolvimento pode surgir do empreendedorismo. Ha pessoas cepticas quanto a abordagem motivada pelo lucro. No entanto, as empresas farmaceuticas lucrativas permitem que as pessoas nos paises mais desfavorecidos tenham acesso e possam comprar medicamentos mais baratos. 1~ Investidores a traba.. ar Reporters Investidores a trabalhar � Reporters N.� 22 N.E. - MARQO ABRIL 2011 ...... ...... ~~d Quando a investigagao ganha p6! As populagies da Africa do Oeste sao as mais expostas as particular des6rticas no mundo. Mas o inte- resse da investigaQgo cientifica por esta forma especifica de poluigao e praticamente inexistente. Uma equipa beninesa e europeia procura sensi- bilizar as instituigCes internacionais para este problema. Philippe Lamotte * A sa6de das populag6es africanas e, sem duvida, extremamente afectada pelas poeiras sarianas que, em determinadas estagies do ano, sobem a milhares de metros de altitude, vindo depois depositar-se nos solos europeu e americano, mas sobretudo na maioria dos paises da Africa do Oeste. E esta a hip6tese de uma equipa de inves- tigadores da Universidade de Parakou (Benim) e de duas universidades belgas, que acaba de publicar um artigo na litera- tura cientifica especializada (1), baseado na anilise sistemitica da literature inter- nacional consagrada a esta temitica nos iltimos dez anos. Sopradas pelo Harmattan A preocupacgo da equipa incide sobre estas imensas nuvens de poeira que, capa- zes de se deslocarem milhares de quilome- tros, se formal regularmente em virias regi6es do planet. Entre estas, o Sara e a primeira regiio, e de long, a contribuir com cerca de 50 a 58% para o total dessas Cerreio Um fen6meno nao tdo natural como parece... As PM 10 nao sao completamente "natu- rais". Muito embora sejam efectivamente fruto da erosao e6lica e postas em sus- pensao pelo vento, as quantidades ema- nadas sao igualmente influenciadas pela actividade humana: incdndios de matas, desflorestag9o, excess de pastoreio e praticas agricolas diversas. Pierre Ozer explica que "nalgumas regi6es, a mat6ria vegetal que os camponeses abandona- vam outrora no solo 6 hoje recuperada para diversas utilizag9es: alimentagao de gados, constituig9o de reserves de lenha miuda para o period entire as co- Iheitas, etc. O resultado 6 que os solos ficam completamente desnudados ap6s a epoca das colheitas, e isso favorece a emanaqgo de poeiras". Na sua tese de doutoramento, o Ge6grafo de Liege tinha demonstrado alem do mais que a erosao e6lica, na Africa do Oeste, aumentou globalmente de um factor 2 para 3 entire os anos 50 e os anos 80! N.� 22 N.E. - MARCO ABRIL 2011 poeiras. Na Africa do Oeste, estas parti- culas chamadas "PM 10" (com um dia- metro inferior a 10 micrones) sao postas em suspensao principalmente no Mali, na Mauritania e em redor do lago Chade. Sao sopradas pelo Harmattan (2), um vento seco que sopra de fins de Novembro ate Margo para o Golfo da Guine, passando pelo Benim, Nigeria, Togo, Gana, Costa do Marfim, etc. Intrigada pelo impact sanitario destas poeiras deserticas, a equipa universitiria passou a pente fino 231 artigos cienti- ficos consagrados ao impact das PM 10 Sem dado, sobre a qualidade do ar. Afectando as vias recolhidos rec respirat6rias superio- terreno, o cc res, estas particular, - e, dai, a pr compostas em grande populaq6es parte por quartzo, contribuem sensivel- progredir vat mente para afeiy6es nesta part( respirat6rias variadas: asma, pneumonias, obstrug6es cr6nicas, etc. Podem desempenhar um papel nas infecy6es respirat6rias que intervem at& 20% nas causes da mortalidade infantil nalgumas regi6es. E surpreendente que s6 tries estudos - ou seja 1,3% do conjunto total -se refiram a esta poluigio do ar no continent africano! No final de uma segunda andlise da lite- ratura, agora voltada essencialmente para palavras-chave de maior incidencia na "saide" (mortalidade, morbidade, asma, etc.), os investigadores chegaram a uma conclusio ainda mais edificante: dos 41 estudos identificados, nenhum deles tinha sido dedicado a Africa. "No interesse cientifico international atribuido a esta problemitica, ha clara- mente um desequilibrio regional", cons- tata Florence De Longueville, que prepare um doutoramento sobre gestio dos riscos naturais no Departamento de Geografia da Faculdade Universitaria Notre-Dame de la Paix, em Namur (FUNDP, Belgica). "Embora a Africa do Norte seja de long a regiao que produz mais poeiras deserticas, a literature continue praticamente muda sobre o assunto, enquanto que a Asia, grande produtora na regiio do desert Gobi (China/Mong6lia), & claramente mais estudada". E de igual modo estranho que, mesmo se apenas penetram na atmos- fera europeia 5 a 10% das poeiras sarianas, o efeito das PM 10 sarianas sobre a popu- lagio e melhor documentado na Espanha do que na Africa do Oeste. Em 2008, um estudo demonstrou que as incurs6es de poeiras deserticas em Barcelona esta- vam associadas a um aumento de 8,4% da mortalidade. Lacunas cientificas Este subinvestimento cientifico na Africa do Oeste pode-se explicar de diversas S 71 )r o 7; n e maneiras: falta de estacges meteorold- gicas e sin6pticas, lacunas de formagao e sensibilizagyo para este fen6meno no corpo medico e enfermeiro, fraqueza da rede hospitalar susceptivel de register os dados no terreno, falta de integraaio entire as disciplines cientificas envolvidas, etc. "A constatayao destas lacunas e ainda mais preocupante devido a populacgo afectada ser particularmente vulnerivel e ao facto da sua taxa de desnutrigio - que jai uma das mais elevadas do mundo - nio cessar de se agravar", aponta Pierre Ozer, Ge6grafo no Departamento da Ciencia e Gestgo do sanitarios Ambiente da ULg em Arlon (Belgica). "Ora, ularmente no subsistem in6meras nhecimento questoes sem res- tecpdo das posta: as exposic6es nao podera cronicas a pequenas doses terao efeitos tajosamente sensivelmente dife- da Africa. rentes das exposig6es macigas aquando das tempestades de areia? Como se conjugam estas nas cidades is poluig6es com PM 2,5, particular mais pequenas e que tem a particularidade de se incrustarem mesmo nos alveolos?" Voltando-se para a Organizacgo Meteorol6gica Mundial (OMM) e a Organizacgo Mundial da Saide (OMS), os cientistas benineses e belgas esperam des- pertar mais atengyo para estes fen6menos, tendo em conta as apreens6es crescentes sobre as alteracges climiticas e os seus efeitos sobre a saide p6blica. A melhoria continue dos metodos de observagio por satelite constitui ja um excelente trunfo para acompanhar os processes de levanta- mento e deslocagyo das poeiras. Mas, sem dados sanitarios recolhidos regularmente no terreno, o conhecimento - e, dai, a protecco das populac6es - nao podera progredir vantajosamente nesta part da Africa. * Jornalista freelance "'O que se sabe acerca dos efeitos das poeiras do desert na qualidade do ar e na saude humana na Africa do Oeste, em compa- racao com outras regi6es?" Science of the Total Environment, 2010, por Yvon-Carmen Hountondji (Parakou, Benim), Florence de Longueville e Sabine Henry (FUNDP, Belgica), Pierre Ozer (ULg, Belgica) 20 Harmattan pode escurecer a atmosfera durante varios dias, impedir os avi6es de descolarem e favorecer as epidemias de meningite, a fragilizagao das mucosas pelas particular em suspensao, facilitando a passa- gem do meningococo no sangue. NossaTerr * * -. -4 *�7. -� t4r* d*~iI i Turku: tradigao e reinvengao A energia natural da Capital Europeia da Cultura Debra Percival Turku, em tempos parte do Imperio Sueco e depois do Imperio Russo, e uma cidade cor 177.500 habitantes (300.000 na sua zona metropolitana, situada no Sudoeste da FinlAndia, que cresceu na margem do rio Aura e se tornou um grande e pr6spero centro cultural e de comercio. 0 reconheci- mento da sua importAncia nas artes foi o anOncio do estatuto de Capital Europeia da Cultura em 2011, junta- mente cor a capital da Est6nia,Tallin. OGrande Incendio de 1827, que destruiu tres quartos dos edificios, pode ter apagado alguma da hist6ria arqui- tect6nica da cidade, mas desencadeou o seu espirito de esperanga, como aparece numa brochure intitulada "Fogo, Fogo", que consta de uma exposi- gao na Capital da Cultura: "O fogo, corn toda destruicio que provoca, faz nascer algo novo." Outra citagio de origem mais incerta, inscrita na base de uma estitua modern situada na Antiga Grande Praga, condensa a identidade finlandesa de Turku: "Ja nio somos suecos; russos nunca sere- mos. Deixem-nos ser finlandeses." O espi- rito associado a tradigio, mas tambr m a facilidade de se reinventar, perpassa por toda a hist6ria da cidade. Criada na foz do rio Aura no s6culo XIII, sob o Imp&rio Sueco, ainda tem o sueco como lingua obrigat6ria nas escolas e a sinalizagio a volta da cidade esti escrita em finlandes e sueco (incluindo o nome sueco de Turku, "Abo", que significa "junto ao rio"). Cinco por cento da populagio tem como lingua materna o sueco. A zona de Turku manteve-se como parte da orla oriental do Reino da Su&cia at& ser cedida ao Imp&rio Russo em 1809, com a assina- tura do Tratado de Fredrikshamn, que p6s termo a Guerra da Finlandia. Permaneceu part do Grande Ducado Aut6nomo da Finlandia, sob a Russia, ate a Finlandia ter declarado a sua independencia em 1917. Cerreio Centro de comercio A cidade possui um rico legado como centro de comercio estivel e um centro cultural vibrant. Turku era um ponto de paragem para os mercadores da Liga Hanseitica no seculo XIII, quando este grupo de comerciantes do Norte da Europa, cujo centro era a cidade de Liibeck, no norte da Alemanha, domi- nava as rotas do Biltico ao Mar do Norte. Embora nessa altura Turku nao tivesse o estatuto official de capital, a zona a volta da cidade era conhecida como a "Finlandia propriamente dita" e os duques e governa- dores-gerais da Finlandia sob o dominion sueco estabeleciam aqui habitualmente a sua residencia, embora raramente se mantivessem nos cargos durante muito tempo. Cristina, Rainha da Suecia, criou a Universidade sueca de Turku em 1640, implantando assim a persistent reputagyo da cidade de excelencia academica. Dois dos edificios mais antigos que ainda permanecem de pe, embora reconstruidos ou restaurados virias vezes, sao a cathedral e o castelo. Consagrada em 1300, a cate- dral, que fica na Antiga Grande Praga, foi construida inicialmente em madeira. E a Igreja Matriz da igreja evangelica luterana (81% de finlandeses pertencem a esta igreja evangelica da Finlandia) e ate a data e a sede do Arcebispado da Finlandia. A construcgo do castelo de Turku comegou em 1280. Antigamente foi uma base military para os conquistadores suecos e um centro administrative das "Terras do Leste", como a Finlandia era conhecida durante o period do Imperio Sueco. Actualmente e utilizado sobretudo para recepg6es oficiais da cidade e recep- y6es privadas. Sob o Imperio Russo, o estatuto de Turku como capital do Ducado da Finlandia foi breve. m II "- 0 '- ' a ,.- ** i* *SS ai/ ^^* 1 I, a Ixit Castelo de Turku � D. Percival dente atraves do Golfo de Botnia, vendo a Suecia Oriental e a Europa Ocidental, e para leste, em direcgio a Rissia e a China (ver artigo sobre a economic nesta secogo). Passam anualmente pelo porto de Turku cerca de quatro milh6es de passageiros. Embora a construygo naval atravesse neste moment tempos dificeis, foram dados passes para adaptar as competencias dos construtores navais a novas ind6strias. Biotecnologia, tecnologias da informagio e da comunicaco, turismo e produgco alimentar sao sectors em ripido desen- volvimento da econo- O imperador russo "0 espirito associado a mia da cidade. Alexandre I achou tradigao, mas tambdm a que Turku ficava facilidade de se reinventar, actual desenho demasiado long da de Turku deve- Russia e muito perto perpassa por toda a hist6ria -se a Carl Ludwig da Suecia e transferiu da cidade." Engel, o arquitecto a capital do Ducado alemro nomeado para Helsinquia em 1812. O Grande pelo Imperador russo para elaborar um Incendio de Turku de 1827 tambem novo piano da cidade depois do Grande reduziu a influencia da cidade e trans- Incendio. Engel tambem deixou a sua formou para sempre o seu aspect. marca na capital da Finlandia, Helsinquia. Tal como Roma, Turku esta assente em Excelncia academica sete colinas. Algumas das antigas estru- turas de madeira que sobreviveram ao A Academia de Abo foi relangada como fogo, designadamente no bairro de Port a Universidade Sueca em 1918, a que se Arthur, sao agora procuradas para resi- seguiu a criayao na cidade da Universidade dencias e escrit6rios privados. As casas de Finlandesa em 1920. Turku possui granite de estilo art deco, pertencentes a ainda quatro universidades de Ciencias ricos comerciantes dos finals do seculo Aplicadas e outras instituig6es academi- XIX e inicio do seculo XX, que apresen- cas. Procurando continuamente novas tavam replicas da natureza gravadas na oportunidades, tem a sorte de se encontrar pedra, como raposas ou pinheiros, orlam na posigio estrategica de olhar para oci- as vastas avenidas cheias de irvores. Os cidadios tambem tem orgulho dos novos edificios da sua cidade, como a recent extensio da biblioteca, que no Inverno tem uma atmosfera de pequeno salgo paroquial, onde as pessoas se reinem para ler os jornais, navegar na Net ou simplesmente para beber cafe. Mas depois dos dias de longa escuridio do Inverno (em meados de Dezembro o sol nio nasce antes das 10 horas e p6e-se is 2 da tarde), toda a gene se langa ansiosa- mente para o exterior. Muitos habitantes da cidade possuem pequenas casas no arquipelago (ver caixa na pigina: n.�) ou correm, passeiam ou andam de bicicleta nos largos passeios pedestres na margem do rio Aura, que gela durante o Inverno. "As margens do Aura sao a nossa sala de estar no Verio", afirma Anu Salminen. Algumas das exposig6es da capital da cultural sergo colocadas, nos meses de Verio, no parque public central, onde no seculo XVIII os animals vagueavam livremente. A cidade esta a conquistar rapidamente uma reputagio de excelencia culiniria. Foi produzido para o ano da Capital da Cultura "Turku num prato", que reine receitas de dez dos melhores restaurants. Estio a ser instalados em espagos pfiblicos obras de arte que funcionam como aparelhos de exercicios e esta a ser feito o levantamento das ruas para pe6es apresentando algumas das peas de arte. A ideia e que para os habitantes de Turku, bem como para os visitantes, a cultural passe a fazer part da vida de todos os dias. N.� 22 N.E. - MARCO ABRIL 2011 Criar um legado como Capital Europeia da Cultura 2011 Promover o bem-estar cultural nas, teatros e pris6es de Turku, jovens e tambem menos jovens tomam part em events cul- turais tio diversificados como represen- tagies de 6pera e um festival de batatas novas. O objective visado e a "inclu- sgo", diz Cay Sev6n, Directora-Geral da Fundagco Turku 2011, o organismo responsivel pelos events da Capital Europeia da Cultura 2011. O program, com a duracao de um ano, foi lancado com uma exibicgo de fogo-de-artificio e uma festival de acrobacia area numa noite gelada, em 15 de Janeiro de 2011. Ao long dos iltimos meses de Inverno do ano incluiu mesmo uma celebragco da escuridao: '876 sombras de escuridWo'. Foram montadas choupanas -pequenos abrigos parecidos com tendas de virias formas -nalguns locais a volta da cidade, onde as pessoas se podiam sentar por moments para explorer a sua paz interior durante as horas de crepusculo. Uma 'galeria negra como breu' convidava os visitantes a sentirem, escutarem, chei- rarem e tocarem montagens de arte, em vez de as verem, e participantss de negro' forcavam as pessoas a usarem todos os sentidos menos a vista quando eram apre- sentados a outros frequentadores da festa! Legado A iniciativa political da UE de designer anualmente uma ou mais cidades como 'Cidades da Cultura' (desde 1999, como Um modelo da cidade de Turku a arder na exposigao "Fogo, Fogo", cafe Logomo � LehitkuvA Oy/ Reporters Cerreio i ____ Ii 0 design finlandes no program da "Capital Europeia da Cultura Ano". Cafe "Logomo, Turku � Capital Europeia da Cultura 'Capitais de Cultura') foi tomada pela 50 milh6es de EUR atribuidos pelo orga- antiga Ministra da Cultura grega, Melina mento da Fundacio Turku, 18 milh6es Mercouri. Diz-se que se encontrou em vem do municipio de Turku e outros 18 1984 com Jacques Lang, Ministro da milh6es do Estado finlandes e 10 milh6es Cultura frances, para discutir a ideia. No de EUR sao obtidos dos especticulos rea- ano seguinte, Atenas lizados, embora 70 foi a primeira Cidade % dos events sejam Europeia da Cultura, Objectivo global 6 construir gratuitos. Desde seguindo-seFlorenga pontes entire o artist e 2010, as cidades em 1986. Ao princi- pessoas de outras carreiras, capitals da cultural pio estes events da que se manterao quando tambem sio elegi- Cidade Europeia da vel para o 'Premio Cultura limitavam-se o ano terminar Melina Mercouri', a festivals de Verao (as no montante de 1,5 cidades escolhidas eram normalmente milh6es de EUR, que s6 e atribuido as de Estados-Membros da UE, embora cidades que organizam o program rea- Istambul, na Turquia, fosse Capital da lizando preparativos adequados. Cultura em 2010). Para Cay Sev6n, a viragem deu-se quando esta distincgo Grandes nomes foi atribuida a Glasgow em 1990. Nesse tempo era uma cidade em degradacgo, O program de Turku inclui alguns gran- com muitos problems sociais, mas des nomes, como a estrela da 6pera natu- ganhou uma nova vida depois desse ano ral da cidade, Karita Mattila, que dari na ribalta, tornando-se um destino na um especticulo em Agosto. A exposigyo moda e atraindo congresses e festivals ao long do ano do artist homoer6tico internacionais. Cay Sev6n diz que espera 'Tom of Finland', pseud6nimo de Touko que Turku tambem seja agora colocada no Laaksonen (1920-1991), pode ser visitada mapa international. A cidade ja foi citada no Centro Cultural de Logorno, em Turku, por numerosos jornalistas nas listas dos uma antiga oficina mecanica ferroviaria dez maiores sitios a nao perder em 2011. transformada em espago permanent de exposicges para o ano da Capital da Financiamento Cultura. Mas a singularidade do program de Turku reside no facto de a maior part Embora se trate de um program dirigido dos projects serem dirigidos localmente pela UE, desde 2010 as cidades nomeadas e terem sido seleccionados por concurso capitals da cultural tem de assumir elas p6blico. Assim, a Fundacgo assegurou pr6prias as despesas da organizaogo. Dos que a lista de events nao era demasiado eID I a�.. I, ?:. ', "il -i- * i'? N.� 22 N.E. - MARQO ABRIL 2011 II T o. .-- provinciana, incluindo events como 'The Detour', uma exposigio de dois arquitec- tos, Simon Brunel e Nicolas Pannetier, que represent uma 'viagem' atraves de tries cidades, com fotografias, videos e outros materials recolhidos em Turku, Sao Petersburgo e na hom6loga Capital da Cultura de 2011, Tallinn na Est6nia. Participam directamente nos events do ano cultural de Turku cerca de 14 000 pessoas; 11 000 sao da regiio, 2 000 de outras zonas da Finlandia e apenas menos de 1 000 vem de outras parties da Europa e pouco mais de 100 de outros continen- tes, diz Cay Sev6n. Estao a trabalhar tries mil pessoas, a titulo professional, em 155 projects e num total de 5 000 events, sendo a maior parte produtores e artists da area cultural. A Directora-Geral explica que o objective global e construir pontes entire o artist e pessoas de outras carreiras, que se manterao quando o ano terminar. Por exemplo, as vias do exercicio de levantamento cultural (ver artigo da pigina: to insert) demonstram que os artistss e os servings de desporto podem trabalhar em conjunto e esperamos que essa cooperagao continue", diz Cay Sev6n. Outro project precursor consist em perguntar a residents de lares de idosos quais sao as suas preferencias culturais: se o desenho, a misica ou artesanato. A seguir artists de virias disciplines visitam esses residents e tentam "transformar em rea- lidade os seus sonhos culturais". Outro project original e a emissao por medicos de um total de 5 500 "receitas culturais". Sao os medicos de Turku que passam estas receitas, que os pacientes trocam por bilhetes para um aconteci- mento cultural a sua escolha no centro de informagyo cultural da cidade. "A cul- tura nio s6 estimula o bem-estar mental, como alguns estudos sugerem que tam- bem promove o bem-estar fisico", diz Cay Sev6n. D.P. Para mais informagies consultar: www.turku2011.fi Program da Capital Europeia da Cultura: 'http://ec.europa.eu/culture/our-program- mes-and-actions/doc441 en.htm Cagarolas, sandalias e uma tenda Os refugiados deixam a sua marca na Capital Europeia da Cultura C acarolas usadas pelos refugiados para cozinhar e transformadas em tambores com peles de vaca e de rena vio ser montadas num reboque e tocadas em escolas e locais p6blicos. Sandilias na sua maior part chinelas usadas nos pes de refugiados de todo o mundo serio dispostas por Turku na forma de caminhos. Uma tenda feita de pedagos de tecido realizada por refu- giados assegurara um local para misica, teatro, poesia e debate. Este project de 'cacarolas, sandilias e uma tenda', um ponto alto da agenda da Primavera e do Verio da Capital da Cultura, pretend aumentar a sensibilizagio para a contri- buicio dos refugiados para a cultural e para a sociedade em Turku e em todo o mundo, explica a sua produtora, realiza- dora de documentaries, Kristiina Tuura. "Nio se pode realizar um ano cultural europeu sem a presence de refugiados. O project salienta a importancia dos refugiados, que contam as suas hist6- rias com as suas pr6prias palavras", diz Kristiina Tuura. Ela colabora estreita- mente na sua concepcgo com a I .u', - y, uma pequena ONG de mulheres soma- lianas na Finlandia. Esta actualmente em curso no pais um debate acalorado, afirma, sobre as quest6es de asilo, sendo a presenca de refugiados muitas vezes considerada negative. Nas instalag6es do project no centro de Turku, Annika Raittinen, produtora da 'Tenda', e Ida-Lotta Backman, direc- Nao se pod tora de teatro, esto ano cultural e ano cultural e a preparar-se para irem para o centro presenga dE de recepgio de refu- giados de Turku para as suas sess6es se trabalho semanais. Os refugiados estio a preparar as longas cadeias de missangas que irio enfeitar a tenda. Foi-lhes solici- tado que escolhessem missangas, explica Annika Raittinen, para simbolizar acon- tecimentos importantes nas suas vidas, tanto felizes como tristes. ContribuiV6es de todo o mundo Financiado em part pela Fundacgo Turku 2011, responsivel pela realizacio de Turku Capital Europeia da Cultura, o project reuniu um conjunto de ONG e personalidades e associac6es que traba- Tambores, feitos de potes � potssandalsandatent lham com refugiados em todo o mundo. O Conselho Finlandes para os Refugiados, por exemplo, esta a organizer e a reco- lher hist6rias e objects de refugiados na Finlandia, Uganda, Liberia, Serra Leoa e Tailandia. 'Bantu Beads', uma coopera- tiva de mulheres da Somalia estabelecida em San Diego, Calif6rnia, esta a tecer panos e a fazer peas de artesanato para a tenda, que tera seis metros de compri- mento por tries metros de altura e sera erigida em Turku e a realizar um volta de Turku a partir reuse a de Maio de 2011. uropeu sem a refugiados. As hist6rias dos refu- giados serio inseridas no sitio web do project. Incluem a de Moses Kambale, que fugiu da Rep6blica Democritica do Congo (RDC) para o Uganda quando tinha apenas 10 anos. Foi transferido pela Cruz Vermelha para um campo junto a fronteira, em Rukingiri: "Eu estava a viver num campo de refugia- dos. Deram-me esta cagarola no primeiro dia em Matanda. Nunca tinha cozinhado antes, mas tinha de comer. Foi fabuloso ter algo para comer depois de vir da flo- resta", conta Moses, fotografado com a sua cacarola. Os refugiados que dio as suas cacarolas recebem outras novas. Akim Color, um mestre de tambor do Benim que vive na Finlandia, acompa- Um jovem de projeto de troca de sandalias de cambio � potssandalsandatent nhara o carro dos tambores pelas escolas para ensinar a sua arte. "O project tambem langara um espago Internet onde os refugiados podem trocar hist6rias e tornar-se fAs do project ou escrever sobre as suas pr6prias experi- encias com o apoio de ONG locais", diz Kristiina Tuura. D.P. Para saber mais: www.potssandalstent.info e: www. turku2011.fi/pata-sandaali-ja-teltta Cerreio e .= Navios, design e ciencias da vida Olhando para o Ocidente e o Oriente A base alargada da economic de Turku explica que nao tenha sido tio abalada pela recent recessao econ6mica quanto algumas cidades da Uniao Europeia. E afamada pelas suas empresas de design, construgco naval e ind6strias biotecno- l6gicas em ripida expansion. Acresce que o turismo esta a viver um bom moment, sobretudo no seu arquipelago. Para Ocidente da Su&cia e para Oriente da R6ssia e da China, perfilam-se novos mercados no horizonte. A cidade comegou por desenvolver ind6s- trias de artesanato com profissionais a criar empresas no s&culo XVII. A fibrica de ceramica de Kupittaa remonta a 1750 e uma florescente ind6stria textil nasceu em Kestili, pr6ximo de Turku, no inicio do seculo XX. Uma empresa de fabricagyo de mobiliario, a Huonekalutehdas Korhonen, foi fundada em 1910, utilizando models do c6lebre designer e arquitecto finlandes, Alvar Aalto (1898-1976). Pessoas de toda a Finlandia deslocam-se a Turku para adquirir os produtos das empresas de design que serio apresentados no project "Turku Design Phenomenon" durante os events integrados na programacao da Capital Europeia da Cultura. Um outro project, "Dimensions on Wood", incidira sobre o crescimento da Huonekalutehdas Korhonen. Construtor naval de classes mundial A construcao naval tamb6m tem forte tra- diyao, datando do inicio do s&culo XVIII quando foram construidos os primeiros barcos de madeira na foz do rio Aura. Apesar de as encomendas terem diminu- ido nos 61timos anos, os estaleiros navais de Turku construiram alguns dos maiores navios a nivel mundial, nomeadamente para a frota de cruzeiros Royal Caribbean International. Enquanto aguarda novas encomendas, Aleksi Randell, Presidente da Camara Municipal de Turku, diz espe- rar que as actuais operac6es russas de perfuragio e exploracio de petr6leo na Lap6nia do Norte motive a procura de um tipo diferente de navio -os quebra- -gelos. As sempre inovadoras empresas de Turku, com a sua longa tradicio de construgco naval, procuram agora adap- tar as suas competencias a actividades terrestres como edificios flutuantes, explica Kalle Euro, Director do Plano de Desenvolvimento Empresarial da Camara Municipal de Turku. Esta previsto que representantes da empresa de tratamento de aguas residuais, Clewer, se desloquem a China em Margo 2011, anunciou, para prospectar novos clients e as empresas sedeadas em Turku, por sua vez, exporta- ram cabinas sanitarias p6blicas resistentes e inquebriveis para a Suiga e a Austria. As outras ind6strias presents na region de Turku incluem a construgco de veiculos el&ctricos e hibridos em Uusikauanki. As empresas de design industrial, Provoke e ED, tem colaborado com a Nokia, empresa fabricante de telem6veis, que tem uma unidade fabril em Salo, pr6ximo de Turku. Antes da recessao, o desemprego em Turku mantinha-se estivel em oito por cento embora actualmente tenha subido para 12 por cento, indica o Presidente da Camara Municipal, acrescentando que abundam novas oportunidades de mercado tanto na Rissia como na China. A cidade russa de Sampetersburgo esta situada a apenas cinco horas de com- boio de Turku. "Sabemos como fun- ciona o mercado russo", afirma Aleksi Randell. Segundo o Presidente da Camara Municipal, a cidade atrai cada vez mais turistas russos, que se dirigem princi- palmente para o incomparivel e idilico arquipelago de 20.000 ilhas onde alugam casas durante os longos dias de verio. Relaq5es com a Russia e a China A linha ferroviaria transiberiana parte de Turku e liga esta cidade a Vladivostoque para terminar em Pequim. Turku esta geminada com Tianjin na China, cidade com uma populacgo de 12 milh6es de habitantes. "Somos ffiveis e leais e, por isso, as pessoas voltam", diz Kalle Euro. "Os Chineses apreciam o envolvimento da administragco municipal de Turku no estabelecimento de contacts comerciais", acrescenta. Outras oportunidades favoriveis a Turku reside na bioimagiologia -a criagio de imagens tridimensionais, que mostram como progridem certas doengas, nomea- damente o cancro -e na cibersatide. Os investigadores de Turku foram precurso- res no estudo e na recolha de dados espe- cialmente sobre patologias hormonais. O Parque Cientifico de Turku, fundado ha 22 anos, funciona como um catalisador da inovagio. E um centroo de excelencia constituido por universidades, empresas privadas e organismos do sector p6blico", explica o seu Presidente do Conselho de Administracgo, Rikumatti Levomiki, reunindo sob o mesmo tecto a ciencia, a investigation e a tecnologia. Cre que se abrem janelas de oportunidade tanto na Russia como na China. "Nio podemos competir ao nivel dos pregos mas podemos faze-lo no atinente a inovagio e fornecendo o melhor equipamento possivel", disse. Consultores do Parque Cientifico de Turku trabalharam, em 2008, num estudo de viabilidade da criagio de uma plata- forma de inovacio similar na provincia de Gauteng na Africa do Sul, ao abrigo do program COFISA entire a Africa do Sul e a Finlandia com vista a reforyar o Sistema Nacional de Inovagio da Africa do Sul (SANSI). 0 Centro de Excelencia de Gauteng centra-se na investigation em telecomunicay6es, tecnologia laser e bio- tecnologia, nomeadamente na area das grandes endemias como malaria, HIV/ Sida e tuberculose. D.P. Para mais informag6es sobre o Parque Cientifico de Turku: 0 maior barco-cruzeiro do mundo, o 'Oasis of the Sea', construido em Turku � DPA/ Reporters http://www.turkusciencepark.com/ N.� 22 N.E. - MARCO ABRIL 2011 Jan ErikAndersson fora da sua sauna. Atras da 'Leafhouse' A casa foliforme Jan-Erik Andersson trabalha activa- mente na construcgo de uma sauna para o project "Sauna Lab" da Capital Europeia da Cultura que instalara cinco saunas em locais publicos para explorer este ritual finlandds. Tera a forma de um alho ou de uma ab6bora, ou talvez da cupula da Catedral Ortodoxa de Sam- petersburgo. Mas e a sua feerica casa foliforme que atrai visitantes de todo o mundo como simbolo da inovago de Turku. Construida numa das zonas arboriza- das da cidade, "Life on a leaf", foi inicial- mente concebida em 1999 como parte integrante do doutoramento de Jan-Erik Andersson na Academia de Belas Artes de Helsinquia. "Entra-se na casa pelo tronco," diz Jan-Erik, acompanhando- -nos na visit. O edificio desenvolve-se em tr&s pisos, tem paredes curvas e uma enorme janela em forma de fo- Iha permit ver o castelo de Turku a distancia. Tanto no interior como no exterior contrast profundamente com as linhas angulares e o minimalismo tradicionalmente associado a arquitec- tura n6rdica. Vinte artists foram con- vidados a participar no project desde uma instalagco de video escondida sob um dos andares superiores mostrando pessoas que se agitam como formigas na cidade de Nova lorque artistt: Pier- re St. Jaques) as imagens de duendes irrequietos que cobrem as superficies de trabalho na cozinha artistt: Karin Andersen). "Trata-se de um espago imaginative", diz Jan-Erik, acrescentando: "Aqui tudo e necessario." A sua intencgo e explorer a ess6ncia do ornamentalismo, afirma; saber se e possivel viver num quadro ou numa escultura e se a natureza, trazida para dentro de casa, pode transformar um espago habitado. Shawn Decker, artist electroacustico de Chicago, ins- talou microfones nas paredes internal e externas, para trazer para o interior sons por vezes inaudiveis ao ouvido human. Foi um aspect que inicial- mente preocupou a sua companheira Marjo Malin, arquitecta de interiores, mas acabou por se Ihe adaptar e agora acha estes sons tranquilizadores. "E necessario que o ornamentalismo es- timule a nossa imaginacgo e fantasia", diz Jan-Erik. Mais informab9es em: http://www.anderssonart.com/leaf/ O arquipelago atraves da arte Estamos a meados do Inverno: uma capa de gelo cobre o mar que cerca as ilhas Turks do arquipelago. Quando a temperature aumenta e a agua reapa- rece, a cultural artesanal entra em acg5o e os moradores e visitantes de outras terras afluem as 20.000 ilhas que emer- gem do Mar Baltico ao largo de Turku. De Junho a Setembro de 2011, a "Con- temporary Art Archipelago" chamara todas as atenb9es para estas ilhas de Ruissalo a Ut6. Um elenco de artists montara di- versas instalab9es de arte e exposi96es abrilhantando desta feita a beleza serena do arquipelago, o seu modo de vida e a ecologia ameagada, atraves de meios diferentes indo da fotografia ao som. Turu Elving, Director artistic do project que faz parte do event "Turku, Capital da Cultura", afirma que, embora o Mar Baltico seja conhecido como o mar mais poluido do mundo, "o arquipelago esta em melhor forma hoje do que ha 20 ou 30anos". Os artists convidados, locais e do mundo inteiro, incluindo Alfredo Jaar da Col6mbia, ja visitaram o arqui- pelago a procura de inspiragao. As obras de exposicgo serao dissemi- nadas pelas ilhas e visiveis dos grandes ferries e dos cruzeiros que singram os mares, bem como de pequenos aero- pianos, ou das estradas e pontes que interligam algumas das ilhas. Uma inspi- racgo e um anciao de 80 anos que viveu toda sua vida no arquipelago e conheceu a mudanga dos ventos no decurso das decadas, explica Taru Elving. O project explore igualmente a accao de bi6lo- gos marinhos que replantam vegetais marinhos nas aguas pouco profundas. "L6gica do Arquipelago: Rumo ao Futuro Sustentavel", um simp6sio international, que a universidade de Turku, "Abo Aka- demi", organizara em Agosto, analisara minuciosamente o future dos arquipela- gos do mundo. Para saber mais, ver sitio web: www.contempiorary artarchipelago.fi Cerreio Da Tanzania para Turku Estudante de doutoramento, Zahor Khalifa adapta-se ao Sudoeste da FinlAndia Depois de concluir uma licenciatura e um mestrado em Geografia na Universidade de Dar es Salam na Tanzania, Zahor Khalifa esta agora no primeiro ano de doutoramento na Universidade de Turku. Os pontos positi- vos sao o software da ultima gerag~o e a reduzida dimensao das turmas; entire os pontos negatives esta a adaptaqgo as temperatures geladas no Inverno na FinlAndia! tica do Sistema de Informagio Geogrffica (SIG), que envolve a recolha de dados e de imagens por satelite sobre um local para permitir a criaco de models e de mapas. Ele explica a aplicagyo do SIG: "Se conseguirmos situar os aglomerados urba- nos e os sistemas de transportes, sabemos onde colocar um mercado". Afirma que era o primeiro da turma na teoria do SIG em Dar es Salam, mas inicialmente nao passou no exame sobre esta materia em Turku porque simplesmente nunca tinha utilizado software para aplicar a teoria e encontrar solug6es. Quando refez o exame, foi um de tries estudantes em vinte que passaram. Enquanto numa sala de aulas da universidade na Tanzania se amontoam 1 400 estudantes, numa turma em Turku existem apenas 20 a 30, o que constituium element favorivel para a alta qualidade do ensino na Finlandia, diz Zahor. Ele aprecia em especial o sentiment de protecGyo e de seguranga e a paz de Q uando ca cheguei, em Setembro de 2010, fiquei tries ou quatro dias no quarto por fazer muito frio. Cheguei mesmo a pensar se ficaria", diz ele. Estao menos 15 graus Celsius quando nos encontramos na Universidade de Turku, que tem uma excelente repu- taogo de ensino a nivel mundial. Zahor esta a concluir o piano geral do seu PhD sobre a desflorestaygo na ilha de Pemba em Zanzibar. O titulo que sugeriu para a tese de doutoramento e: "As causes da alteraogo das florestas e a sua implicaogo no modo de vida das pessoas." Ha cento e cinquenta anos, 95% de Pemba estava coberta por florestas. O Parque Nacional de Ngezi, criado na ilha em 1960, abarcou os restantes 5% da area florestal. Apesar do seu estatuto de protegido, 40% do Parque Ngezi ja desapareceu devido a actividade humana. "Existem m6ltiplas utilizay6es da terra e muitas causes dife- rentes da desflorestagio", explica Zahor. O valioso Sistema de Informaqdo Geografica (SIG) A Faculdade de Geografia da Universidade de Turku forneceu a Zahor um gabinete de trabalho, um computador de mesa e outro portitil, um subsidio (bolsa) e alo- jamento. Ele esta especialmente encantado com o facto de ganhar experiencia pri- Universidade de Turku � D. Percival espirito na Finlandia e desfruta algumas actividades tradicionais locais. Aprendeu a andar de patins no gelo e partilha com amigos e colegas uma sauna -a cabana com intense calor seco que se encontra em quase todas as casas finlandesas. "Primeiro fiquei um bocado chocado quando vi que nos tinhamos de despir e depois a sauna ficou cada vez mais quente a media que se ia deitando igua nas pedras quentes", diz ele da sua experi- encia da sauna. Embora as aulas sejam em ingles, Zahor aprendeu cerca de 50 palavras em finlandes. No Verio vai voltar a Pemba para realizar algum trabalho de campo juntamente com investigadores seus colegas de Turku, que estGo a analisar quest6es ambientais na ilha de Unguja em Zanzibar. Ele espera continuar os estudos em Turku no Outono, mas esta satisfeito porque a Universidade de Turku ji lhe garantiu acesso ao valioso SIG quando eventualmente regressar a Universidade de Dar es Salam. D.P. N.� 22 N.E. - MARCO ABRIL 2011 Modelo em missao Sylvia Arthur P ode ser gracas a sua cara que Noella Coursaris deve a fortune, mas o seu trabalho de beneficen- cia vale mais do que o seu peso em ouro. Em 2007, esta modelo criou a Fundacgo Georges Malaika (FGM), do nome do seu falecido pai, para dar oportunidade de educago a raparigas na Rep6blica Democritica do Congo (RDC). Desde que a instituicgo comegou a funcio- nar ji patrocinou a educago de dezasseis jovens, pagando escola, alimentacgo e des- pesas do orfanato. Actualmente a FGM tem em curso um ambicioso project de construgco de uma escola ecol6gica para 104 criangas na provincia onde Coursaris viveu os seus primeiros anos. Nascida em Lubumbashi, na RDC, filha de mae congolesa e de pai grego, Coursaris saiu de Africa aos cinco anos, quando a mae a enviou para a Europa para viver com uma tia, porque nao tinha possibilidades de a manter. Passaram 13 anos antes de regressar a RDC para encontrar de novo a m e ver por si mesma o local onde nasceu, uma experiencia que mudou a sua vida e lhe tragou um novo rumo. Coursaris, que comega a ser tao conhe- cida pela sua filantropia como pelo seu papel na ind6stria da moda, falou recentemente no Parlamento congoles e na UNICEF em Kinshasa, invocando os problems com que se defrontam as raparigas desfavorecidas na sociedade congolesa. Quando a contactimos para esta entrevista, encontrava-se em Nova Iorque para falar na ONU. Cerreio I E D .. & 0 que e que a fez decidir criar a FGM? Perdi o meu pai quando tinha cinco anos e a minha mie nao tinha recursos para me criar. Cresci passando de familiar para familiar e s6 13 anos depois e que fui visitar a minha mie. Ate essa altura tinha tido pouco contact cor ela e nao tinha qual- querideia sobre o que me esperava quando fui para a RDC. Mas quando cheguei o que vi fez-me sentir extremamente feliz pela vida que tivera e pela maneira como fui criada. Nio pude levar a mal a minha mie por me enviar para a Europa, porque vi que o fez para meu pr6prio bem. O facto de ver todas estas criangas sem ir a escola ou grividas muito novas sensibilizou-me e prometi a mim pr6pria que faria algo para ajudar o pais que me deu a vida. Porque e que decidiu centrar-se em especial nas raparigas? Porque a hist6ria delas e a minha hist6ria. Em Africa, as mulheres tendem a apoiar- -se nos maridos e quando estes morrem ou lhes acontece alguma coisa, ficam sem nada. As mulheres precisam de se eman- cipar para poderem agir sozinhas, quando for necessario. Porque e que a educacdo e a chave da emancipacdo das mulheres na RDC? A hist6ria da RDC e uma hist6ria tri- gica. Tivemos a colonizagio, a guerra, 5,5 milh6es de mortos, milhares de mulheres violadas. Precisamos de ter o control do nosso pais e dos nossos recursos e a unica maneira para o podermos fazer e atrav6s da educago. E precise que haja mais mulheres no poder e que se envol- vam nas quest6es sociais, econ6micas e political. Tem de se emancipar atraves do conhecimento. S6 depois e que podemos avangar como uma nagio. 0 quegostaria de ver a UEfazerpara melhorar a situa(do da popula(do do Congo? Temos de trabalhar em conjunto. Nao devemos impor solu�ces nem political, mas devemos trabalhar com os africanos para conseguirmos o melhor para os dois lados. Como e que a sua dupla heranca afec- tou a perspective que ter de Africa? E fabuloso ter as duas cultures. Ainda hoje aprendo todos os dias sobre ambas. Tambem vivi nos EUA durante qua- M p lllllela eud ld ud run udau ueulIya ividdlld enlI LuuuIIIUa~III be duel d dialua d ebt dIIu tro anos e por isso tenho tries cultures. Precisamos de todas para proceder a mudangas positivas. Foi ficil a nova ligagco com Africa quando a visitou aos 18 anos, depois de 13 ausente? Ao principio foi dificil. Primeiro tive de voltar a relacionar-me com a minha mae, mas foi fantistico descobrir as minhas raizes. Foi muito bom e faz-me sentir mais desenvolvida como pessoa. A melhor coisa que ji me aconteceu foi ter um filho. Isso faz-me querer fazer ainda mais pelas criancas e querer assegurar que a escola que estamos a construir sera uma boa base para o seu future. Todas as criancas tem direito a educaco. Todas as criancas tem o direito de ir a escola e de um dia serem independents. E como uma cadeia. Quando conseguirem a emanci- pacao, podem ajudar os outros a faze-lo. Mas e important que as criancas tenham bons professors e que estes tenham tido uma formacao de boa qualidade e sejam bem pagos. Na sua opinido, qual d a ideia mais Qualdo pr6ximopassoparasiepara errada na Europa sobre Africa? a FGM? A Europa tem tendencia para ver Africa como subdesenvolvida e pobre e a mor- rer de fome, mas Africa tem muito para oferecer. Que mensagem e que gostaria de enviar ao mundo sobre as mulheres congolesas, a sua situaado e a sua resistencia? Embora as mulheres congolesas conti- nuem a sofrer e estejam traumatizadas, o mundo conhece agora melhor a RDC e por isso elas ja nio sofrem tanto como antes. Temos de agradecer isso a todos, porque muitas pessoas e muitos paises estio a ajudi-las. As mulheres congolesas sao fortes e temos de lhes dar uma opor- tunidade, proporcionando-lhes o acesso a educago e a microfinanciamentos, mas ensinando-lhes tambem outras coisas, com o planeamento familiar. Como e que ofacto de ter tido umfilho mudou a sua visdo do future, para si e para o trabalho quefaz? A escola que estamos a construir vai abrir em Setembro para acolher 104 rapari- gas e sera utilizada para ensinar os pais durante os fins-de-semana. Queremos que esta escola seja uma plataforma para atrair mais ONG e outras organizay6es para a regiio de Kalebuka, para que tam- bem elas se envolvam e desenvolvam a regiio. No entanto, o mais important e a comunidade participar. Eles sao tudo para este project e sao essenciais para o desenvolvimento nao s6 da regiio, mas tambem do pais. Recentemente tambem ajudimos a Doc to Dock (uma organiza- 9o de beneficencia que distribui artigos medicos pelos hospitals nos paises em desenvolvimento) a entregar um conten- tor com produtos medicos no valor de 500 000 d6lares ao hospital de Sendwe, na provincia de Catanga. Esperamos continuar a colaborar no future. Para saber como ajudar a FGM a acabar com o ciclo de analfabetismo e de pobreza na RDC visit www.gmalaikaf.org. N.� 22 N.E. - MARQO ABRIL 2011 Reforgo de uma diplomacia de materias-primas Uma Comunicagao da Comissao Europeia publicada em Fevereiro de 2011 destaca os desafios que a Europa enfrenta em mercados de produtos e em materias- -primas - quest6es que afectam tam- bem o continent africano. As propostas para garantir acesso aos recursos foram aplaudidas pela industria, enquanto que as ONG reagiram com cepticismo. Anna Patton global de mat&rias-primas & relativamente limitada. O potential do continent 6, no entanto, enorme, com muito territ6rio ainda inexplorado. Africa produz ja mais de 60 metais e minerals, incluindo cobre, niquel e ferro. A Europa, pobre em recursos, por seu lado, esti cada vez mais preocupada cor o aumento da procura global e com os mercados volkteis que ameagam o acesso a mat&rias-primas - e os 30 milh6es de empregos que depen- dem disso. Estas preocupacges foram sublinhadas na Comunicacgo da Comissio Europeia, "Enfrentando os desafios em mercados de produtos e em mat&rias-primas". Repercutindo a sua Iniciativa "Mat&rias- primas", emitida em 2008, a CE exorta a actuagio sob tres pilares: acesso just a mat&rias-primas nos mercados mun- diais, fornecimento sustentivel de fontes europeias e utilizagio eficaz de recursos. A Comunicago de 2011 tamb6m alarga o espectro, incluindo produtos de energia, agricolas e alimentares, e exige uma maior regulagio e transparencia dos mercados financeiros e de produtos. O progress em materias-primas nos 61ti- mos anos inclui novas directrizes da UE acerca da extracGo em areas protegidas e novas oportunidades de investigation na ind6stria mineira. Mas os desafios fundamentals estio a aumentar. A pro- cura de metais essenciais aumentou entire 2002 e 2008 e espera-se que continue: preve-se que a procura de gilio aumente 20 vezes e de indio 8 vezes entire 2006 e 2030. Espera-se que a procura total de alimentos aumente cerca de 70% de 2006 a 2050. Entretanto, os mercados mostraram uma volatilidade sem prece- dentes, com as oscilag6es de pregos em Cerreio todos os principals mercados de produ- tos, incluindo energia, metais, minerals, alimentos e agriculture. Este fen6meno foi relacionado com os novos fluxos de investimento em grande escala: num dis- curso em Bruxelas, o Comissirio para o Mercado Interno, Barnier, observou que o volume de contratos financeiros para derivados de produtos triplicou de 2002 a 2008. Apesar de o precise impact na estabilidade do mercado ser discutivel, a CE confirm a necessidade de mais investigation da relacgo entire mercados de produtos fisicos e financeiros. A UE estabeleceu objectives econ6mi- cos ambiciosos para 2020: como o maior importador de materias-primas a nivel mundial, nao pode viver sem elas. Os sectors de alta tecnologia sao particular- mente afectados, enquanto as ind6strias energeticas inovadoras e limpas depen- dem de materials definidos como "cri- ticos" para a UE -materiais de elevada importancia econ6mica e elevado risco de fornecimento. Embora Africa, como um todo, tenha uma reduzida percentage da produgco global de materias critics, alguns paises sao jogadores essenciais, tais como a Africa do Sul (quase 80% da produgco global de platina) e a Rep6blica Democritica do Congo (40% do cobalto produzido). A lista da UE de materias- -primas critics, actualizada de tries em tries anos, tambem inclui terras raras, necessirias para produtos eficientes em terms energeticos, tais como autom6veis hibridos ou paineis solares. A China pro- duz actualmente 97% das terras raras e a UE e 100% dependent de importag6es; o an6ncio de restrigio das exportag6es chi- nesas de 2009 foi uma notivel lembranga da dependencia da Europa. A exploracio de alternatives atraves de "diplomacia de materias-primas" e, por conseguinte, uma prioridade da UE. No caso de Africa, isto tambem significa a utilizagio de instruments de political de desenvolvimento. A Comunicayio de 2011 prop6e apoio a estudos geol6gicos e ao aumento de financiamento para a ind6s- tria. A CE destina-se tambem a "enco- rajar governor parceiros a desenvolver programs de reform abrangentes" com objectives, por exemplo, de tributacgo e transparencia. Mas trabalhar com os governor e apenas um dos lados da ques- tao: "Em terms de transparencia para empresas, a UE esta a ficar para tris", diz Isabelle Ramdoo do grupo de reflexio ECDPM, citando leis vinculativas dos EUA e comparando-as as propostas da CE para "promover os padres da UE" entire as empresas europeias. O aumento do apoio a Iniciativa para a Transparencia nas Ind6strias Extractivas e acolhido com satisfagio por part da "B611 Foundation", uma ONG alemi, mas a ONG avisa que "sem regulaco vinculativa, nao havera nenhuma verdadeira alteracgo no ter- reno". Alem da utilizacgo de ferramentas de desenvolvimento, a UE esta a reforgar a sua political commercial. As barreiras comerciais sergo abordadas atraves do dialogo, mas tambem na OMC, se neces- sirio. A ONG Oxfam Internacional criti- cou aquilo a que chama de uma tentative de "forgar os paises em desenvolvimento a banir ou restringir a utilizagio de impos- tos sobre a exportagio, dos quais muitos dependem para o seu desenvolvimento". As disposig6es relatives ao investimento tambem deverio ser "mais integradas" nas negociag6es comerciais uma ques- tao essencial para os paises africanos. Num relat6rio conjunto, "O novo arre- batamento de recursos", cinco ONG de desenvolvimento alertaram para o facto de que o investimento estrangeiro pode ser positive, mas que "este impulse da UE dificultara a regulagio de investimento por parte dos governor para a promogao do desenvolvimento local". Ao mesmo tempo que observa os mer- cados globais, a UE tambem expandira a extraccgo sustentivel dentro da pr6- pria Europa: a exploragyo de terras raras podera reiniciar-se a partir de 2015. A utilizagio eficaz de recursos e tambem abordada, com a Comunicagyo de 2011 a proper melhores priticas de recolha de residues e aumento da competitividade das ind6strias de reciclagem. Para alguns, a importancia deste terceiro pilar tem sido subestimada. "A escassez nao e o inico desafio", argument o Membro do Parlamento Europeu, Reinhard Btitikofer. "Uma estrategia com o seu foco primario no acesso a recursos podera ajudar por Remogao de ago, a espera de transport � Reporters um tempo, mas nao ajudara a ind6stria a reduzir a sua dependencia bisica do fornecimento de recursos." Apesar de a abordagem da UE levantar desafios, tambem sugere oportunidades. Sobretudo o debate em torno dos recur- sos naturais indica uma oportunidade para os governor africanos desenvolve- rem as suas pr6prias estrategias. Se a Europa necessita desesperadamente de materias-primas, tambem muitos paises africanos estio altamente dependents delas. A gestgo eficiente destes recur- sos tornar-se-a mais important do que nunca -para ambos os continents. 1Comissao Europeia, 02/02/2011, COM(2011) 25 final. Ver: http://ec.europa. eu/enterprise/policies/raw-materials/files/ docs/communicationen.pdf Propostas da Comissdo Europeia acerca de materias-primas e mercados de produtos * Monitorizar o acesso a materias- primas critics * Praticar diplomacia de materias- primas * Desenvolver uma cooperagao bilateral com Africa * Melhorar os regulamentos acerca de extracq5o sustentavel na UE * Aumentar a eficidncia de recursos e a reciclagem * Promover investiga9go e inovagao * Melhorar a transparencia e estabilidade dos mercados N.� 22 N.E. - MARQO ABRIL 2011 Iner .pe 0 turismo das Caraibas a procura do apoio da UE Bruxelas foi o local escolhido para a cimeira annual da Organizacao do Turismo das Caraibas (CTO), de 13 a 15 de Marco. Pretendeu-se chamar a atencao da UE para o "papel extremamente important do turismo na regiao para a subsistnn- cia da sua populacao e para a reducao da pobreza", disse Hugh Riley, Director Executive da CTO, sedeada nos Barbados, que represent 33 paises membros e muitas entidades do sector privado. Debra Percival A cimeira reuniu Ministros das Caraibas, Deputados Europeus, o sector privado e funcionarios das instituig6es da UE e do Secretariado de Africa, Caraibas e Pacifico (ACP). "Estamos aqui para fazer um apelo aos nossos amigos na Europa para nio esquecerem as grandes oportunidades e as implicay6es para as nossas economics orientadas para o turismo quando formu- lam political em dominios como a aviacao, a seguranca, as alterac6es climiticas, a educago, o comercio e a seguranga ali- mentar", disse Ricky Skerritt, Ministro do Turismo e dos Transportes Internacionais de Sio Crist6vio e Nevis, actual- mente Presidente do Conselho de Administracgo da CTO. Na ultima decade, a dependencia da regiio das receitas do turismo aumentou, a media que diminuia Na ultima a dependenc das receitas aumentou, a diminuia o rei cultures com eo aq o rendimento de cultures como a banana e o ag6car. Em Sao Crist6vao e Nevis, a 61tima cultural de ag6car foi colhida ha cinco anos. As Caraibas tem agora a 13. maior ind6stria de turismo a nivel mundial. Embora seja conhecida em todo o mundo pelas suas "praias virgens, pelo excelente clima e pelo acolhimento das pessoas", a regiio enfrenta a concorrencia de sitios como a India, a China e o Dubai e mesmo a Europa, dada a tendencia para "ficar em casa", com muitas pessoas a optarem por tirar ferias mais perto de casa, referiu o Ministro Skerritt a cimeira. As conse- quencias disto viram-se ha duas semanas, disse, quando uma important compa- nhia de cruzeiros dos EUA anunciou a transferencia de uma das suas rotas de cruzeiros do mar das Caraibas para as aguas europeias a partir do Verio de 2012. Orgamentos mais apertados Hugh Riley afirmou ao Correio que embora os paises membros da CTO tenham regis- tado o maior nuimero de sempre de entra- das em 2010 -23 milh6es no final de 2010, correspondendo a 39,4 mil milhoes de d6lares - os visitantes quando chegam as Caraibas restringem-se nas despesas. Sugeriu como a UE podia ajudar a incen- tivar o sector actuando em dominios ja identificados no anexo relative ao turismo do Acordo de Parceria Econ6mica (APE), assinado entire a UE e 15 paises mem- bros do bloco commercial das Caraibas, o CARIFORUM. O Acordo inclui normas ambientais e de qualidade, estrategias de comercializacgo pela Internet, partici- paoio em organismos internacionais de criacio de normas, programs de inter- cambios turisticos, formaco e troca de boas informag6es e de boas priticas e a criagio de sistemas nacionais de contabi- lidade por satelite que d6cada, permitam aos paises indicar o verdadeiro ia da regiao impact do turismo do turismo no desenvolvimento. media que mdimento e A Comisso Europeia, atraves do Eurostat, o a banana o seu Servigo de ucar. Estatisticas, foi essencial na cria- cgo de um sistema contabilistico do turismo mundial por satelite. Juntamente com a Organizagio de Cooperagio e Desenvolvimento Econ6micos (OCDE) e a Organizagio Mundial do Turismo (OMT), assinou um enquadramento con- ceptual sobre uma metodologia que con- duziu a aprovagio da "Conta do turismo por satelite: quadro metodol6gico reco- mendado" na 31." sessio da Comissio bao Martinho, turismo na praia Ustra ( Heporters/ Estatistica das Nag6es Unidas, em Margo de 2000. As recomendac6es da ONU destinam-se a fornecer um quadro para o sistema de contabilidade do turismo por satelite, a fim de permitir uma maior comparabilidade international das esta- tisticas do turismo. Cerreio Interacp6es Tecnologia movel: salvar vidas quando a catastrofe atingir Samoa Novo software em desenvolvimento para dar resposta a catastrofes Lagipoiva Cherelle Jackson* Aprimeira vez que muitos samo- anos souberam do tsunami que atingiu a costa sul da ilha de Upolu (a ilha onde esta situada a capital de Samoa, Apia) em Setembro de 2009 foi atraves de uma chamada feita por um dos sobreviventes para a estagio de radio. "A minha casa desapareceu, isto e incrivel", gritou o sobrevivente. Durante a operago de recuperagio, os telem6veis foram a linha de sobrevivencia de muitas pessoas em zonas isoladas, que puderam chamar a Cruz Vermelha, outras orga- nizac6es humanitirias ou os servings de emergencia. O Responsivel pela GestGo das Catistrofes da Samoa, a Sra Filomena Nelson, diz que a tecnologia m6vel faz part integrante do seu trabalho para avisar o pfiblico e dar resposta as catistrofes: envia uma --. -. mensagem de texto ou faz uma chamada telef6nica para contactar os diversos pon- tos da Samoa, que por sua vez telefonam manualmente aos residents para os infor- mar da catistrofe. Antony Sass, que chefia a equipa de seguranga maritima dos voluntirios de Samoa para resposta a emergencies (Volunteer Emergency Response Team Samoa - VERTS), diz que a tecnologia m6vel trouxe uma enorme diferenga ao seu trabalho. "Agora os nossos telefones estao sempre ligados, 24/7. Se obtemos a informagco ou os dados da emergencia enviados atraves de um texto, a nossa tarefa fica facilitada antes de la chega- mos", diz. Outra grande ferramenta e a Internet. As previs6es meteorol6gicas actualizadas e informay6es geol6gicas podem ser utilizadas pelos VERTS para responder convenientemente. "Na realidade esta e a nossa linha de sobre- vivencia. Quando somos chamados para - I um ciclone em evolucgo, colocamo-nos essencialmente diante do computador para acompanhar o seu progress e para nos prepararmos, diz Antony Sass. Quando aconteceu o terramoto de Margo no Japao, que desencadeou um alerta ao tsunami em certos paises da orla do Pacifico, a equipa dos VERTS foi chamada e acompanhou a situagio em linha para calcular os possiveis efeitos na Samoa. "Alerts Connect" David Leng, um produtor de software de comunicac6es que da assistencia ao Centro Nacional de Operac6es de Emergencia do pais, diz que ainda ha muito espago para a Internet e para a tecnologia m6vel na assistencia a resposta a catistrofes na Samoa e na zona mais vasta do Pacifico sujeita a catistrofes natu- rais. Leng esta a desenvolver o program 'Alerts Connect', que e um novo software de resposta para acompanhar e gerir uma crise. "Esta a ser concebido como um instrument operacional de baixo custo para os Servigos de Gestio de Catistrofes no Pacifico", diz Leng. "E um sistema de informagio baseado na Internet e centrado no mapa, que permit a ripida classificago e situagio no mapa dos dados que entram e que depois sao canalizados para as pessoas ou agencia adequadas para dar resposta. As infra- -estruturas e os equipamentos e as fon- tes de informagio podem ser localizados atraves da Internet no Google Earth ou utilizando o mapeamento do GIS local (sistema de informagio geogrifica), de modo que exista uma compilacgo de informag6es que permit que as decis6es sejam tomadas rapidamente pelo Comite Consultivo para as Catistrofes", explica Leng. O pfblico, as agencies humanitirias e as equipas internacionais de resposta, bem como os meios de comunicacgo social, podem assim ligar-se para serem informados dos acontecimentos media que ocorrem. Ate o sistema estar plena- mente desenvolvido, o capitio Sass aperta vigorosamente o seu telefone, nao va o diabo tece-las. Capitao Sass � Lagipova Cherelle Jackson *Jornalista freelance resident na Samoa. N.� 22 N.E. - MARQO ABRIL 2011 Interacp6es FF LW A Guine Equatorial assume a lideranga da Uniao Africana Anna Bates O Presidente da Guine Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, e agora o novo Presidente da Uniio Africana (UA). Eleito na iltima Cimeira da UA realizada em Adis- Abeba em 3 de Fevereiro de 2011, sucede a Bingu wa Mautharika, Presidente do Malavi. O President Obiang Nguema detem a presidencia deste pais da Africa Ocidental desde 1979, ano em que depos o seu tio atraves de um golpe military. A sua fortune pessoal foi avaliada pela revista Forbes em 360 milh6es de libras, sendo o oitavo dirigente mais rico do mundo. Em 2009, nas iltimas 'eleig6es' presidenciais, a sua percentage de votos baixou de 97% para 96,7%. A Guine Equatorial, terceiro maior pais produtor de petr6leo na Africa Subsariana, regista um rendimento annual per capital de 31 000 d6lares, o mais elevado da regiio, e um rendimento medio diario de apenas 1 d6lar para a maioria da populagio, que ainda vive com menos de 1 d6lar por dia. A UA ocupa-se de um litigio territorial reconhecido como tal pela comunidade muito antigo entire a Guine Equatorial international em Dezembro de 2010. Mas e o Gabao, que ja data do inicio dos asuamaiorpreocupago actual pareceser anos 1970. Esta a fazer a mediaogo entire a situacgo na Libia, que dividiu a UA em Laurent Gbagbo, o Presidente defacto da dois campos, ainda que apoie oficialmente Costa do Marfim, e Alasane Ouattara, a Resolugco 1973 da ONU. Teodoro Obiang Nguema a votar em Malabo, nas mais recentes eleig6es presidenciais da Guin6 Equatorial. � Associated Press A Guind Equatorial assume a lideranga da Unido Africana O President da Guine Equatorial, Te- odoro Obiang Nguema, e agora o novo President da Uniao Africana (UA). Eleito na iltima Cimeira da UA realizada em Adis-Abeba em 3 de Fevereiro de 2011, sucede a Bingu wa Mautharika, Presidente do Malavi. Atendendo aos desafios da Primavera Arabe e aos combates pela democra- cia na regiao, os observadores ficaram surpreendidos com esta designagao. O President Obiang Nguema detem a presi- ddncia deste pais da Africa Ocidental des- de 1979, altura em que se apoderou dela retirando-a a um tio atraves de um golpe military. A sua fortune pessoal foi avaliada pela revista Forbes em 360 milh6es de libras, sendo o oitavo dirigente mais rico do mundo. Em 2009, nas Qltimas'eleig6es' presidenciais, a sua percentage de votos baixou de 97% para 96,7%. A Guine Equatorial, terceiro maior pais produtor de petr6leo na Africa Subsariana, regista um rendimento annual percapita de 31 000 d6lares, o mais elevado da region, e um rendimento medio diario de apenas 1 d6lar para a maioria da populacgo, que ainda vive com menosde 1 d6lar pordia. A UA ocupa-se de um litigio territorial muito antigo entire a Guine Equatorial e o Gabao, que ja data do inicio dos anos 1970. Esta a fazer a mediagao entire Lau- rent Gbagbo, o Presidente de facto da Costa do Marfim, e Alasane Ouattara, reconhecido como tal pela comunidade in- ternacional em Dezembro de 2010. Mas a sua maior preocupacgo actual parece ser a situagao na Libia, que dividiu a UA em te de Embaixadores ALH e tmbaixador da Nigeria, S. E. Usman Alhaji Baraya dois campos, ainda que apoie oficialmente a Resolucgo 1973 da ONU. Anna Bates Cerreio Interacp6es Um mineiro transport cargas de enxofre na crater do vulcao Ijen em Bondowoso, Java Oriental, Indonesia. 0 pais tern cerca de 150 vulc6es ao long de um arco de falhas geol6gicas chamado o "Anel de Fogo" (Ring of Fire) do Pacifico N.� 22 N.E. - MARQO ABRIL 2011 O vulneravel 'Anel de fogo' No moment em que revista vai para im- 40 000km2 que traga a orla do Pacifico a aten�go para a necessidade de sistemas pressao, as iltimas estimativas do ter- na forma de uma ferradura, e a region modernosde alerta precoce e de medidas ramoto e do subsequent tsunami que sismica mais active do mundo. Paises para atenuar os efeitos das alteragoes assolou o nordeste do Japao em 11 de como as Ilhas Salomao, Fiji e Tonga estao climaticas. Os aumentos do nivel do mar Margo de 2011 eram de 18-24 000 pesso- a mercd de terramotos, de erupg9es vul- induzidos pelas altera9oes climaticas ja as mortas ou desaparecidas, send muito canicas e de tsunamis. Deve salientar-se tornam muitas ilhas do Pacifico com zonas maior o numero de desalojados. Veio p6r que algumas das ilhas tambem tiveram costeiras baixas vulneraveis a destruigco a nu a vulnerabilidade da zona do Pacifico ondas de mares na sequdncia do tsunami por tsunamis. conhecida por'Anel de fogo'. Esta zona de do Japao. A catastrofe japonesa chamou Interacp6es Um program de cinco anos, financiado pela UE, esta a ajudar a prevenir a cegueira nalguns dos paises mais pobres da regiao das Caraibas: Guiana, Haiti, Jamaica e Santa Lucia. E coordenado por uma organizaao nao governmental (ONG) sedeada no Reino Unido, "Sightsavers International", juntamente com os seus parceiros nas Caraibas. Debra Percival O project multifacetado financial um conjunto de medidas, desde a forma�go de optometristas ate ao fabric de 6culos. Em media, os paises das Caraibas tem apenas um optometrista por 100.000 habitantes, comparado com um por 10.000 no Reino Unido. Setenta e quatro por cento do orpamento do program, no montante de 5.429.856 euros, provem de funds da UE. A funcionar desde Janeiro de 2010, o program esta a impulsionar a iniciativa "Vision 2020", uma iniciativa mundial para eliminar a cegueira evitivel ate 2020. Os parceiros locais da ONG sao o Conselho das Caraibas para os Cegos, a "Societe HaNtienne d'Aide aux Aveugles", a Associagio para o Bem-Estar dos Cegos de Santa Licia, a Sociedade para os Cegos da Jamaica e a associacgo Cuidar dos Olhos da Guiana. As causes mais comuns de cegueira nas Caraibas sao as cataratas nto tratadas, glaucoma, retinopatia diabe- tica e erros de refracogo nto corrigidos. De acordo com a ONG "Sightsavers", uma das formas a utilizar pelo program para reduzir a prevalen- cia da cegueira e das 0 deficiencias visuais nas populay6es rurais har pobres das Caraibas e atraves da formacao de profissionais para procederem a detecgyo precoce. "Um dos objectives do program e reduzir o custo dos 6culos e fornecer equipamento e formacao ao pessoal do sector p6blico. Queremos que o program se desenvolva de maneira que, quando chegar ao fim, o governor o possa prosseguir", explica Charles Vandyke, da associayo "Cuidar dos Olhos da Guiana", falando-nos no seu escrit6rio em Georgetown, na Guiana. Formar profissionais No total, sera dada formagao a 1240 traba- lhadores de cuidados de satide primarios e a 100 profissionais de cuidados da visio. Serio melhoradas as instalacges de sete instituic6es de satide e serio criados 13 centros de visio especializados em centros de satide municipals ou comunitrrios, bem como cinco laborat6rios de 6culos. Os pro- fissionais serio formados na Universidade da Guiana, que comecou a oferecer em 2010 uma licenciatura em optometria de quatro anos o inico O cursonas Caraibas. O Sd e program da UE con- tribui com uma part aO 0 do financiamento para os professors do curso e com bolsas para estudantes. A investigacgo e outra component do program. Uma avaliacgo ripida da cegueira evitivel ira explorer a incidencia da cegueira em cada um dos paises abran- gidos pelo project. Vastas campanhas na comunicago social em cada um destes paises tambem servirao para informar o p6blico sobre a satde dos olhos. To find out more: www.sightsavers.org 1 Sociedade do Haiti para Ajuda aos Cegos. Cerreio Radio Democracia Africa Ocidental expande-se Promoygo da democracia na Africa do Oeste atraves dos media Estagao de Radiodifusao � Reporters Sandra Frederici O Ridio Democracia Africa Ocidental (WADR) e uma esta- cao de radio transterritorial, criada para facilitar a troca da informayao sobre o desenvolvimento entire paises da Africa Ocidental. O seu promoter e a Iniciativa Sociedade Aberta para a Africa Ocidental (OSIWA), pertencente a rede de "Soros Foundation", cujo objective e fomentar mais democra- cia, melhor governayao, estado de direito e liberdade e participaaio na sociedade civil. Ap6s as tentativas iniciais de criar a esta- 9o de radio na Serra Leoa em 2002, que se depararam com a oposiaio political, a sede do WADR foi finalmente estabelecida em Dacar, Senegal, de onde comeyou a radiodifusio em 2005, explica Ndeye Aita Sarr, Director Executive da OSIWA. "O WADR tem hoje correspondents em dez paises da Africa do Oeste e as estac6es sucursais servem igualmente como fontes de informagio das suas respectivas locali- dades na Africa Ocidental urbana e rural", diz Aita Sarr. Para alem da difusio ao vivo em ondas curtas, os programs do WADR sOo difundidos por radio digital via satellite as radios locais parceiras que beneficiam tambem de apoio tecnico. A voz das comunidades "N6s procuramos melhorar a capacidade das estag6es de radio da comunidade, especialmente das implantadas nas zonas rurais, e promovemos a participagio da comunidade local. A voz do povo deve ser ouvida e deve-se permitir a base contar a sua hist6ria e relatar as suas experiencias, alegrias e frustrag6es com as suas pr6prias palavras", diz Aita Sarr. "No final de 2010, tinhamos uma rede de 26 radiodifusoras em sete paises -Benim, Guine, Senegal, Liberia, Serra Leoa, Mali e Costa do Marfim - a retransmitir pro- gramas em frances e ingles. A sua audi- encia e transversal, indo de responsiveis politicos, lideres de opiniio e advogados ate grupos juvenis e comunidades rurais. Esta prevista para fins deste ano uma sondagem de audiencia do radio", acres- centa Aita Sarr. E transmitido um diversificado leque de programs: agriculture, ambiente, questoes de genero, juventude, saide, cultural, desporto e dialogo social. Os "Ecos do Julgamento de Charles Taylor", julgamento do ex-Presidente da Liberia que teve recentemente lugar no Tribunal Especial da Serra Leoa em Haia, podiam ser seguidos no sitio web do WADR. Foram relatados os depoimentos das testemunhas e os procedimentos do jul- gamento, com entrevistas e comentarios num ingles claro e coerente. Como todos os media, o WADR esta a elaborar a sua estrategia para incorporacio dos meios de comunicagco social. "O WADR esta a actualizar o seu sitio web (langamento em 1 de Abril de 2011), que incorporara a uti- lizaygo das redes de meios de comunicagco social para uma melhor participagio no desenvolvimento, program agio e debate, discussion dos conte6dos que sao pontuais e actuais", conclui o Director Executivo. Para saber mais, ver sitio web: http://www.wadr.org N.� 22 N.E. - MARQO ABRIL 2011 Sudao Introdugao Reportagem de Marie-Martine Buckens Sudao deixara de ser o mais vasto pais de Africa. A pro- clamagao da independencia do Sudao do Sul vira p6r termo a uma hist6ria turbulenta comum associada, em larga media, aos primeiros colonizadores fossem eles egipcios, turcos ou ingleses deste territ6rio com uma superficie seis vezes superior a da Franga. Em Cartum, a capital do Sudao unido, pelo menos nos pr6ximos tries meses, a popular - como se pode ler adiante sentir-se-a abalada por uma separacao que divide o norte arabo-mugulmano do sul afro-cristao, mas tambem maioritaria- mente animista (a crenga de que todas as coisas, animadas ou inanimadas, sao series espirituais). Estas clivagens escondem a realidade de um mosaico de diferen- tes etnias e origens, tanto sociais como religiosas, cuja distribuiggo geogrifica tem sido desfeita pela guerra civil entire o norte e o sul, sem contar a guerra na provincia ocidental do Sudao, o Darfur, que forgou milhares de pessoas a procurar abrigo nos paises vizinhos ou em campos de refugiados situados nas periferias das cidades do norte. O Acordo de Paz Global (CPAna sigla em ingles) assinado em 2005 entire os movi- mentos secessionistas do sul e o norte, activamente apoiado pela Uniao Europeia, p6s ponto final a mais de cinquenta anos de conflito -entremeado por uma paz relative nos anos 1970 -e levou ao referendo de Janeiro de 2011 em que uma esmagadora maioria de sudaneses do sul votaram a favor da independencia. Independencia que sera proclamada em Julho deste ano. Entrementes, muitas quest6es continuam por resolver, por exemplo sobre a divi- sao das receitas do petr6leo sabendo-se que a maioria dos campos petroliferos descobertos esta situada no sul, sobre o quinhio da divida nationall" externa ou ainda sobre a delimitagio das fronteiras. Quest6es estas que, no moment em que 0 Correio entrava no prelo, ainda ocasio- navam lutas esporadicas e fatais em certas zonas fronteirigas. Sao avultados os desafios que esperam os dois novos paises. A UE, entretanto, abre activamente o caminho a assinatura do acordo de Cotonu pelo Sudio do Sul, que marcara a sua entrada no grupo dos paises ACP. O Sudio de Cartum, do pre- sidente Omar al-Bashir, recusou-se, ate a data, a assinar a l6tima version do acordo de Cotonu. Embora a UE tenha, mesmo assim, decidido prosseguir a cooperagio com o jovem pais, em apoio do process CPA, a divisio do pais obrigara os lideres europeus a reflectir sobre a oportuni- dade da continuagio da cooperagio com Cartum em novas modalidades. Reflexio essa que ganha premencia com a evolugco da situagio no Norte de Africa, nomea- damente na Libia e no Egipto, os maiores vizinhos do Sudio. Cerreio e*.DD tem U preslaente umar el becnir, Iyy � Marie-Martine Buckens As piramides de Meroe � Marie-Martine Buckens Uma historia breve O Sudao, ou Bilad as-Sudan "o pais dos negros" na expressio irabe, aludia a toda a Africa sariana na era medieval. Um pais fascinante, situado na encruzilhada do mundo irabe e da Africa negra, no qual as civilizagdes fara6nica, cristg e muculmana deixaram marcas, e bergo de uma pluralidade de cultures, linguas e religi6es. Com os n6bios e os irabes no norte, as etnias fur e massalit no oeste, as dinka e nuer no sul, e as beja no leste, mugulmanos, cristios e animistas estio todos representados. Os 42 milh6es de sudaneses integram 500 tribes, elas pr6- prias oriundas de cerca de 50 grupos &tnicos. Retragar a hist6ria de um pais tio vasto, rodeado por nove paises a Libia e o Egipto no norte, para leste o mar Vermelho, a Eritreia e a Eti6pia, a Rep6blica Central Africana e o Chade para oeste, e a Rep6blica Democritica do Congo, o Quenia e o Uganda para sul - tarefa irdua. Embora pouco se saiba sobre a his- t6ria do Sudio do sul at& ao s6c. XIX, os historiadores falam de uma rica civilizagio neolitica no norte. Seguiram-se-lhe reinos, incluindo o reino de Kerma em cerca de 2.500 A.C. Um destes reis anexou o Egipto e auto-proclamou-se fara6. Sitiada pelos assirios, esta dinastia de "fara6s negros" foi forgada a retirar para Meroe, na N6bia, nao long de Cartum, onde subsistem ainda hoje magnificos vestigios da sua civilizacao. Em cerca de 350 A.C. foi a vez do reino etiope de Aksum conquistar a Nibia. A partir do s6c. VI D.C. assistiu-se a uma sucessao de pequenos reinos cristaos at& ao s&c. XVI. Foi a era do ilustre sultanato de Funj, negros islamizados, cujo poder decorria do com&rcio de escravos negros do sul. Depois, a march dos acontecimentos acelerou-se. Em 1820, o Egipto otomano invadiu o Sudao. O dominio egipcio durou 60 anos e estendeu-se para sul, tornando- -se o fornecedor de escravos. O pais foi administrado pelo ingles Charles Gordon por conta do Imp&rio Otomano. Apenas o sultanato de Darfur conservou a inde- pendencia at& 1916. Em 1882, deflagrou a revolta sudanesa liderada pelo "Mahdi". O califa que lhe sucedeu continuou a con- quista dos povos nil6ticos para sul, ane- xando o seu territ6rio ao Sudao. Em 1896, os britanicos, preocupados com a crescent influencia francesa na Africa Central, lancaram uma expedi- gio contra o califa. Liderada pelo gene- ral britanico Kitchener, concluiu pela derrota das tropas dervixes em 1898. Seguiu-se um "reino" anglo-egipcio que durou at& a independencia do Sudio em 1956. Foi durante este "reino" que se acentuou a division entire o norte e o sul do pais. No norte os britanicos encoraja- ram os islamitas ortodoxos e expulsaram os missionirios cristios para o sul, que administravam atrav&s dos relativamente aut6nomos senhores "feudais" proprieti- rios de terrenos pantanosos. O desenvolvi- mento econ6mico concentrou-se no norte, radicando essencialmente na agriculture. Os britanicos responderam a uma vaga de insurreigdes, especialmente dos povos do sul. Assim, decidiram evitar todo o con- tacto entire o norte e o sul, uma political que gerou ressentimento e frustraogo. Uma primeira assembleia legislative foi eleita em 1948, dominada pelos partidos do norte. Volvidos oito anos, foi procla- mada a Reptblica do Sudio. Depois de uma s&rie de anos turbulentos, o general el-Nemeiri chegou ao poder em 1969 e Geral Kitchener, pintura, Cartum � Marie-Martine Buckens concede autonomia aos separatists do sul. Em 1972, os sulistas, chefiados pelo seu lider hist6rico, John Garang, rebela- ram-se contra a tentative de impor a lei coranica. No norte a situa0io tamb&m piorou. A lei marcial foi imposta em 1984. Em 1989, o general Omar el-B&chir, na sequencia de um golpe de estado, tomou o poder e reps a lei coranica. A guerra intensificou-se com o Ex&rcito Popular de Libertagio do Sudio (SPLA) liderado por John Garang. Enquanto as nego- ciagdes entire Cartum e o sul pareciam avangar, em 2003 foi a vez de deflagrar a guerra no Darfur, a oeste. S6 em 2005 foi assinado um acordo de paz global entire o Sudio do Norte e o Sudio do Sul, reconhecendo a este iltimo o direito a auto-determinayao. M.M.B. N.� 22 N.E. - MARQO ABRIL 2011 * De'#0 t, "E important continuar o dialogo politico constructive e a cooperaqio equilibrada" 0 Correio entrevistou S.E. Carlo De Filippi, Chefe da Delegagio da Uniao Europeia no Sudio. D esde quando e Chefe da Delegacdo da UE e como e que descreve as experiencias e os desafiospor quepassou no Suddo? R: Trabalho em projects relacionados corn o desenvolvimento em Africa desde 1977 e para as instituic6es europeias desde 1986. Estou aqui desde Dezembro de 2007, na sequencia de coloca6ges na Reptiblica Democritica do Congo, no Gabio e na Guine Equatorial. O Sudio e um pais muito interessante para tra- balhar e constitui um grande desafio. E como uma version em pequeno de Africa. Tem uma cultural muito variada e rica e possui um grande potential econ6mico e politico. Claro que se o tivesse de definir numa palavra seria 'exigente', porque sao grandes os desafios, incluindo a preven- yao de conflitos, a construgyo da paz, a reconstruogo p6s-guerra, a redugyo da pobreza, a transferencia democritica, a proteccgo dos direitos humans e a edificagyo da nagio. O Sudio e um pais onde sinto que a UE ter muito para ofe- recer que podera beneficiary a populagio sudanesa e enriquecer a experiencia da UE no tratamento das quest6es africanas. P: A um nivel mais pessoal, o que e que o impressionou mais dapopula- ado sudanesa quepoderia dar as lei- tores ocidentais uma visdo diferente de um pais que s6 e conhecido pelos seus conflitos? R: E muito diferente viver aqui e ouvir falar do Sudio nos meios de comunica- y.o. Os sudaneses sao um povo simpitico e generoso. Tem orgulho na sua hist6ria e identidade e respeitam os estrangeiros quando falam as suas linguas e tomam refeiy6es com eles. Como pessoas, os sudaneses estio muito politizados, sao critics e estio bem informados sobre a situagio no seu pais e sobre a Europa e o mundo. Tem opiniSes muito interessan- tes sobre os acontecimentos mundiais. Os europeus desenvolvem um profundo dii- logo com os sudaneses a todos os niveis, oficiais e nio oficiais. E muito important que a comunicagio seja nos dois sentidos: ouvir e nao apenas falar. P: Qual e a visdo que a UE ter do Suddo e queplanos tem para ofuturo do Suddo? R: O nosso empenhamento ate agora mostra que o Sudio e important para a Europa, do ponto de vista geogrifico, estrategico e cultural, como uma com- binagio de Africa e do mundo irabe, e que tem recursos para explorer. E uma important porta de entrada entire Africa e o Medio Oriente. Alem disso, o povo e o governor sudaneses estio interessa- dos na Europa e na Uniio Europeia. Portanto, estou optimista quanto ao future. E important manter um diMlogo politico construtivo e continuar projects de cooperagio equilibrados que possam alcancar resultados a long prazo em todas as parties do Sudio. P: Uma vez que Cartum ndo assinou o Acordo de Cotonu, quais sdo asprin- cipais acQdes da UE no Suddo? R: Os nossos projects de cooperaqio ascendem a 500 milh6es de euros e abrangem uma vasta gama de assuntos em todo o Sudio; alem disso, somos o maior doador de ajuda humanitaria, que ascended a 776 milh6es de euros desde 2003. Tivemos um papel important na transformaaio democritica, dando apoio tecnico e financeiro para as elei�ces e referendos. Tambem apoiamos a Missio das Nayges Unidas no Sudio (UNMIS) e a Operagio Mista Uniio Africana/ONU no Darfur (UNAMID), ambas a manter a paz no Darfur e no Sudio do Sul. A UE abriu um Gabinete em Juba que e um ponto focal para o trabalho realizado no Sudio do Sul. Alem disso, estamos a realizar um dialogo construtivo com o governor sobre muitas outras quest6es. Ha uma melhoria positive e lentamente estamos a desenvolver as nossas rela6ges. P: Na sua fltima reunido informal, os Ministros do Desenvolvimento da UE concordaram em encetar nego- ciadoes corn o governor do Suddo do Sul sobre o Acordo de Cotonu; o que pensa disto? R: O Sudio do Sul escolheu tornar-se um pais independent a partir de 9 de Julho de 2011. Depois disso o Sudio do Sul torna-se um pais soberano e o seu governor tem todo o direito de aderir ao acordo ACP. No meu ponto de vista, o Acordo de Parceria de Cotonu esta bem concebido para apoiar os paises de Africa, Caraibas e Pacifico. 0 Sudio do Sul pode ganhar muito juntando-se a este grupo, mas trata-se de uma decision soberana. M.M.B. Os alunos de Rashid Diab na aula de ceramica, em Cartum �MMB Cerreio *.,D age 0 Correio teve a oportunidade de entrevistar Rosalind Marsden em Cartum, uma oportunidade a nao perder Representante especial da UE para o Sudlo: entrevista dada ao Correio ACP-UE, 17 de margo O que e quejd fez desde a sua nomeacao como Represen- tante Especial da UE no Suddo? A minha missio consiste em ajudar a rea- lizar os objectives estrategicos da political da UE. Entre esses objectives incluem- -se o apoio active para a implementagio integral e atempada do Acordo de Paz Global (APG) de 2005 e um acordo sobre as disposicoes p6s-referendo. Embora esteja em Bruxelas, pass pelo menos duas semanas, todos os meses, no terreno. Para alem de passar tempo em Cartum e Juba, tambem estive no Darfur e na regiio do sul de Kordofan e no Estado do Nilo Azul. Participei igualmente numa serie de reu- nikes internacionais de alto nivel em Adis- Abeba, Nova torque e Washington para apoiar os progresses na implementagio do APG e para desbloquear obsticulos. Estou portanto em movimento permanent! Quale a sua avalia�do da implemen- ta(do do APGpelo governor do Suddo e pelo Movimento de Libertaado do Povo Sudanes? O APG pos termo a mais longa guerra civil de Africa e por isso constituiu um acontecimento extraordinirio. Como testemunha do APG, a UE deu grande apoio de forma consistent a sua imple- mentacio. A UE continue preocupada com a necessidade de resolver as ques- t6es pendentes do APG, nomeadamente a questio de Abyei, delimitar a fronteira Norte-Sul e realizar consultas populares crediveis nas regimes do Nilo Azul e do sul de Kordofan. A UE esta profundamente preocupada com a violencia recent e a perda de vidas em Abyei e faz um apelo is parties para conseguirem uma solugo political oportuna e equitativa. A UE esta a apoiar os esforgos do Painel de Alto Nivel da UA para a implementacgo do Acordo, presidido pelo Presidente Mbeki, para resolver estas quest6es em suspense do APG e para facilitar o acordo entire as parties no APG sobre as disposi�ces p6s-referendo, incluindo a cidadania, o petr6leo, a divida, a moeda, a gestio das fronteiras e as quest6es de seguranga, em que se irio basear as rela6ges Norte-Sul a long prazo. Como e que v, os diferentes proces- sos em curso em relacdo ao Darfur e o papel da UE no Acordo de Paz do Suddo Oriental? A UE esta preocupada corn a violencia permanent no Darfur e corn o conse- quente sofrimento das populacoes. Os pr6ximos meses representam um period critic para o Sudio e para o Darfur em especial. AUE tem dado sistematicamente um forte apoio ao process de paz em Doha. Agora que os mediadores divul- garam projects de elements para um acordo, espero que o governor do Sudio e os movimentos armados aproveitem a oportunidade para fazer verdadeiros progresses. A UE tem dado assistencia humanitiria a populagco do Sudao Oriental desde o inicio dos anos 1990 e apoio ao desenvol- vimento desde a assinatura do Acordo de Paz do Sudao Oriental de 2006. Embora alguns indicadores de pobreza sejam tao maus como no Darfur ou em parties do Sudao do Sul e sejam dali os casos de assistencia a refugiados mais antigos em Africa, a regiao oriental recebe relati- vamente pouca atencao international e recebe de Cartum muito menos trans- ferencias financeiras per capital do que a media. Na conferencia international de doadores e investidores realizada no Kuwait em Dezembro iltimo, anunciei a intencao da UE de atribuir 24 milh6es de euros ao Sudio Oriental. Este montante acresce a assistencia permanent da UE para os meios de subsistencia rurais, para a seguranga alimentar e para a capacita- �co das mulheres e da sociedade civil, bem como a assistencia bilateral dos Estados-Membros da UE. A Uniio esta actualmente a participar num mecanismo juntamente corn o Governo e funds ira- bes para uma interacGo continuada de doadores no Sudio Oriental. Quais sdo os principals obstdculos a uma coopera(do de confianca entire a UE e o Suddo e como promover as relacoes UEISuddo nofuturo? A UE esta preparada para estabelecer um diilogo a long prazo sobre quest6es de interesse comum corn o Governo em Cartum e continue empenhada em prestar assistencia is populacoes no norte, de acordo com as necessidades. Tambem esta pronta para examiner de perto um pos- sivel apoio da UE para um esforgo inter- nacional de perdio da divida, coerente corn os progresses politicos. Os avangos na resolugco do conflito do Darfur e as quest6es pendentes do APG e p6s-APG constituirio a base para o reforco das rela6ses UE-Sudio. Na sequencia do referendo, a UE aguarda com confianca o desenvolvimento de uma parceria mais estreita e a long prazo corn o Sudio do Sul. Esta pronta para intensificar os seus esforgos para apoiar os servings bisicos e o desenvolvimento da agriculture com o Governo do Sudio do Sul e corn outros parceiros, tendo em vista apoiar um reforgo eficaz da capaci- dade institutional. M.M.B. I J Em Juba ( MMB Cerim6nia Sufi em Omdurman � MMB N.� 22 N.E. - MARQO ABRIL 2011 Em Cartum � MMB *.,D age Um testemunho privilegiado A cabeca do seu journal o "Al Ayaam" desde 1953, Mahjoub Mohammed Saleh seguiu pass a pass a independencia do seu pais em 1956, as suas convulses political de que sao testemunhos cada encerramento do journal ou as diferentes encarceragoes. Com 84 anos de idade, este sabio da imprensa sudanesa v6 com lucidez e empatia o future do seu pais. Mahjoub Mohamed Saleh � Marie-Martine Buckens O seu escrit6rio situa-se no fim de um corredor decr&- pito no primeiro andar de um pequeno edificio vaci- lante. Mahjoub Mohammed Saleh esta sozinho nesta quinta-feira, por- que a sua equipa de 15 jornalistas e secretirios esta de licenga e amanhi e uma sexta-feira feriado. Toma notas enquanto espera as nossas perguntas. A criaVAo do journal "Comecei a minha carreira em 1949 ao terminar a escola. Em Outubro de 1953, juntamente com dois amigos, fundi- mos este journal, gracas a emprestimos de conhecimentos. Desde o comeco, tinhamo-nos orientado como journal nacio- nal, cobrindo a political, a vida social e a aspect economico. "Sabem que ser jornalista aqui e muito arriscado. O journal foi confiscado e encer- rado e n6s press virias vezes. De 1970 a 1986, o Al Ayaam foi nacionalizado. Consegui sobreviver abrindo uma tipo- grafia e colaborando com jornais estran- geiros. Em seguida, em 1989, o journal foi encerrado durante dez anos. Nio era permitido nenhum journal privado ate 1993. O lago foi-se desapertando pouco a pouco e recomegimos no inicio de 2000". A separaVAo do Sudio "Sinto-me muito triste. Era um bom pais, mas funcionaram tio mal tantas coisas. Nos anos 1990, o Sudio ja era um pais com velhos e mesmo muito velhos pro- blemas na part sul e oeste. Esta separa- cao e sentida aqui como um verdadeiro trauma. E o facto de o Sul se chamar "Sul-Sudio" e uma boa coisa, como se eles fossem ainda Sudaneses. Penso ser hoje important parar e perguntar-se se isso podera acontecer noutros lugares. A guerra continue em Darfur e o que e que eles pensam da separacio do Sul? Como e que eles pensam em terms de risco e de oportunidades? O Sul-Sudio s6 pode permitir-se uma separacio porque disp6e actualmente de recursos financeiros pro- venientes do petr6leo. 0 que acontecera se as explorac6es em curso no Sul-Darfur se revelarem prometedoras? E de que maneira a separaco afectara a populacio no Sul Kordofan e o Nilo Azul (zonas de transioio entire o Norte e o Sul, NdR), mas tambem nas regi6es da parte Este do pais? Subsistem outras inc6gnitas, como por exemplo, o destino dos Sudistas que viviam ao Norte. O governor de Cartum tem razio quando que eles partam. Mas, na pritica, como serio resolvidas quest6es como a reform, a propriedade, etc.?" O future do Sul-Sudao "Ha 50 anos que o Sul luta contra Cartum e eu tenho muito receio que esta cultural de Cerreio . v:.4;2 e*.DD tem motim continue. Agora ha o risco de ver as tribes revoltarem-se contra o Estado cen- tral em Juba. Alem disso, o Sudio actual tem nove vizinhos e o Sul-Sudio seis. E demasiado para um pais que se encontra encravado. Para diversas raz6es, cada um destes seis vizinhos esta interessado no Sul-Sudio e arrisca assim de o destabili- zar. Uma das quest6es consist em saber quem possui o dinheiro, os bancos e o comercio. Ja hoje a presenya de Ugandeses, Quenianos e Indianos e muito elevada". A ajuda dos Ocidentais e espe- cialmente da Unido Europeia "Consideremos o caso de Darfur. Em 61tima anMlise, o que se passa ali e uma question de subdesenvolvimento. A popu- lagio -agricultores e pastores -luta por recursos naturais muito limitados. E a populacgo aumenta. Ora, ninguem se empenha na solucgo destes problems bisicos nem se elabora uma estrategia global. Mesmo a comunidade interna- cional. Ap6s o acordo de paz de 2005, os paises doadores reuniram-se em Oslo para apoiar projects de reconstrugyo e desen- volvimento. Depois decidiram transferir este dinheiro para Darfur e s6 enviaram 20%. Eu estive em Oslo como represen- tante da sociedade civil. Eu tinha previsto isso. Tenho a impressio que o Ocidente interessa-se apenas pelas zonas em crise e nio pelo desenvolvimento a long prazo, que e pren6ncio de estabilidade". O future do Sudio, Cartum A mudanya vira mais cedo ou mais tarde; mesmo o governor o admite. Mas como e para que? 0 debate esta aberto. Ha tan- tas coisas a resolver: temos quatro meses para resolver a separacgo Norte-Sul, como terminar a guerra em Darfur, sem esquecer de pensar no future de toda a zona que esta hoje em plena tormenta. Um dos grandes problems e a pobreza. Quando aqueles que tern o monop6lio da autoridade se arrogam a riqueza, isso cria desigualdades que conduzem a conflitos e a rebeliao. A pobreza cria competiygo e nao harmonia. Esta aqui sem duvida o nosso maior problema: viver com os outros. M.M.B. As mulheres sudanesas, centro da renovagio SA s mudancas no Sudao Sso visiveis e sao dirigi- das por mulheres", explica " A Balghis Badri, Directora do Institute de Estudos sobre Genero e Desenvolvimento da Universidade de Ahfad, a inica instituigio academica de lingua inglesa existent em Cartum. Hoje sao 8 de Margo, Dia Internacional da Mulher. A policia acaba de p6r termo a uma manifestagio feminine que exige ao governor que acabe com a violencia contra as mulheres. "A hist6ria recent das mulheres sudanesas ainda esta por escrever", diz Balghis Badri. "Quem e que iniciou o process de negociag6es entire o Norte e o Sul do pais? Foram as mulheres. Em 2000 conseguimos mudar a lei sobre a participagio das mulheres nos assuntos p6blicos. Hoje, as mulheres vem para a rua como manifestantes. Penso que o vento da mudanga chegou ao Sudio." Mas a Directora do Instituto reconhece que tal nao se fara sem dificuldades. "Os desafios nao sao apenas sociais. Sao tam- bem culturais. A separacio das esferas public e privada sempre nos foi desfa- vorivel. Mas as mulheres estio a ganhar mais consciencia. Especialmente agora, com a separacgo do Sudao do Sul, o governor e desafiado a apoiar (como acon- tecera no Sul) os movimentos dos direitos humans e especialmente os movimentos femininos. Ficamos preocupadas quando lemos que o governor de Cartum tenciona reforgar no Norte a lei islamica da Sharia." Balghis Badri, que dirigiu um estudo sobre mecanismos para resolver conflitos intercomunitarios -uma questio sensi- vel num pais onde as rivalidades etnicas estao na origem da maior part dos con- flitos -salienta o trabalho fundamental que ha a fazer com a sociedade civil para induzir uma mudanga positive, tanto poli- tica como socialmente. "Trabalhei com a Uniao Europeia nesses assuntos. Mas desde a assinatura dos acordos de paz a UE deixou de financial projects direc- tamente, embora o faga atraves das agen- cias da ONU. Penso que sera important ver qual o papel que a Europa tenciona desempenhar durante o period de tran- sigio e depois de Julho, quando a division do pais se concretizar." M.M.B. hroTesto oas mulneres em umourman, 6 oe margo oe zu l Y� hun I buaan N.� 22 N.E. - MARCO ABRIL 2011 *.,Dtage Empresas privadas combativas procuram reconhecimento e mercados Embora a China seja agora o principal parceiro commercial do Sudao, os empre- sarios em Cartum nao abandonaram a esperanca de renovar as ligac es outrora pr6speras com a Uniao Europeia. Mas tambem com o Sudao do Sul, considerado como prioritario. E o Darfur tambem nao deve ser esquecido. Reuniao em Cartum cor Bakri yousif Omer, Secretario-Geral da Federagao de Empregadores do Sudao. A nossa organizagio-quadro engloba o sector privado no seu conjunto", diz-nos "A de imediato Bakri Omer, "desde a camara de comercio a indus- tria, aos transportes, a agriculture e pecuiria, bem como pequenas empresas e empresas artesanais. "Estamo Tenho a minha pr6pria de perder toc empresa de consultoria euro no dominio das tecno- logias da informagao, mas trabalho aqui graciosamente." Uma organizagio com ligag6es estreitas com as organizag6es hom6logas na Europa e no mundo irabe. Ha quatro anos foi Cartum que organizou o F6rum Econ6mico dos paises ACP. Como estio as relag6es entire os empre- sarios sudaneses e europeus? "As nossas relag6es degradaram-se bastante nos anos 1980, quando desde 1950 a Europa era o nosso principal parceiro. Em meados dos anos 1990 o boicote econ6mico decretado pelos Estados Unidos levou a um boi- cote defacto europeu, mesmo nao sendo official " Foi nessa altura que o governor suda- nes se virou para o oriented e para a China S em vias que, hoje, acrescenta a a tecnologia Bakri Omer, apresenta peia". o Sudao como uma hist6ria de sucesso africana. Pequim, ini- cialmente interessada nos recursos petro- liferos do Sudio Ocidental, foi investindo progressivamente em todos os sectors, incluindo a agriculture. At&e data, con- tudo, foram poucos os beneficios para o sector privado sudanes, que & geralmente considerado como o grande perdedor da cooperago intergovernmental. "Foram feitos alguns progresses nos iltimos tries anos, ainda que as empresas comuns sudaneso-chinesas estejam long de ser a norma", salienta o Secretirio-Geral, Bakri Yousif Omer � Marie-Martine Buckens que deplora ao mesmo tempo o facto de que "estamos em vias de perder toda a tecnologia europeia". Nova parceria Norte-Sul Mas Bakri Omer entusiasma-se quando fala das relac6es comerciais entire o Sudao do Sul e o Norte. "O nosso papel e posi- tivo. Organizimos em Juba, em 2007, um f6rum sobre investimento equitativo, no qual participaram 30 empresas alemas. Em Novembro iltimo recebemos 70 empre- sirios do Sudao do Sul, incluindo oito mulheres e oito jovens empresirios." O Secretirio-Geral tambem esta a tentar conseguir que os bancos do Norte se reins- talem no Sul. "Expliquei aos banqueiros que este vazio seria em breve preenchido pelos nossos vizinhos." Salienta igualmente os lagos estreitos que se mantem entire as duas regi6es e o modo identico como fazem neg6cios: "Historicamente o papel dos empresirios no Sudio e diferente dos outros paises. O nosso papel social e impor- tante. Eu pr6prio construi dois liceus na minha aldeia e 80% do pessoal da minha empresa vem da minha aldeia." E neste espirito que a Federacgo dos Empregadores esta a investor no Darfur: "Contribuimos activamente para recons- truir aldeias, escolas e pogos. Juntamente com a Camara de Comercio Artesanal organizamos seminirios para os rebeldes que depuseram as armas. Mais do que dar dinheiro, acreditamos que faz mais sen- tido ensinar-lhes uma profissao." M.M.B. Cartum � Marie-Martine Buckens Cerreio *.,D age 0 desafio do Sudio do Sul Juba, capital do future Sudao do Sul. Duas ruas acabadas de alcatroar sao o impro- vavel centro de uma cidade que procura crescer rapidamente, mesmo rapido demais, sob a pressao de todos os sul-sudaneses de regresso "a casa" apos cinquenta anos de guerra. Cubatas erguem-se ao lado de edificios completamente novos. Garrafas de plastico - a agua extraida do Nilo e duvidosa, as aguas residuais nao sao tratadas, a febre tifoide alastra - amontoam-se a espera de uma hipotetica recolha de lixo. Os hoteis crescem como cogumelos para alojar a multidao de peritos internacionais que vem dar apoio a esta jovem nacao. O_ Sudao do Sul e um labo- front, a presenca da UE, cre, ever, rat6rio extraordinirio", expandir-se, e rapidamente: "O Sudio do diz um representante Sul pode vir a ser uma referencia excelente da delegagio da UE em em situag6es p6s-conflito, especialmente Juba. Situada no "condominio da UE" -para a cooperaao international". Porisso, onde tambem estio localizadas as embai- foi criado um grupo informal em Juba, xadas de Itilia, Franca, Reino Unido, o "G6", que inclui os chefes das delega- Alemanha, Espanha e Suecia -a delega- 56es do Banco Mundial, Nac6es Unidas, cao da UE e na realidade um gabinete da Estados Unidos da America, Reino Unido, delegagio da UE no Sudio, com um efec- Noruega e UE. "Procuramos coorde- tivo de seis funcionirios. "Inicialmente, nar as nossas political. Alem disso, uma isto 6, de Maio a equipa de doadores Setembro de 2009, o O Suddo do Sul pode vir a organizou algumas gabinete encontrou-se ser uma refer6ncia excelente acq6es conjuntas. A reduzido � sua mais equipa inclui quatro simple expresso, em itua es ps-conflito, Estados-Membros trabalhando mesmo especialmente para a da UE -Dinamarca, sem servidor web", diz cooperagao international Suecia, Reino Unido Jesus Orus Biguena, e Paises Baixos -bem chefe do gabinete hi dois anos. "Por causa como a Noruega e o Canadi". da situagco de seguranca e da falta de escolas, o pessoal europeu e na maioria A tarefa que recai sobre a comunidade solteiro". international e o governor empossado e situacgo de seguranga e da falta de escolas, o pessoal europeu e na maioria solteiro". No entanto, devido aos enormes desafios com que o novo Sudio do Sul se con- gigantesca. O pais, flagelado pela guerra, parte do nada. Com uma superficie supe- rior a da Franga, cerca de 590 000 km2, habitada por apenas 9 milh6es de pessoas, e um dos mais pobres paises do mundo e o seu indice de desenvolvimento human Gabinete para os cidadaos em Juba � Marie-Martine Buckens figure entire os mais baixos; 85% dos adul- tos sao analfabetos. Mas conta tambem com alguns factors positives, incluindo um solo agricola fertil e os recursos petro- liferos, que representam 80% das reserves de petr6leo do Sudio, estimadas actual- mente em 6 mil milh6es de barris. Rumo a boa governaVao e a seguranga alimentar "A comunidade international, incluindo a UE, e a principal fonte de assistencia a reconstrucao do pais", nas palavras de um observador europeu, que prossegue: "devemos, antes do mais, resolver as quest6es da repatriacio, reintegracio e reabilitaoio, nomeadamente dos antigos guerrilheiros. Seguir-se-ao a educaoo, a assistencia medica e a construcao de toda a estrutura econ6mica, abragando o sector primirio, secundirio e terciirio. A UE, por seu turno, decidiu concentrar-se no apoio a boa governaoo, is quest6es de direitos humans e a ajuda alimentar. "O governor do Sudio do Sul, disse, esta a organizer estruturas administrativas nas N.� 22 N.E. - MARQO ABRIL 2011 *.,D age 10 provincias do pais". Trata-se de um process lento, agravado por duas impor- tantes dificuldades: a escassez de recursos financeiros e de pessoal formado, para nio falar nas muitas diferengas tanto no pr6prio partido no poder -o Movimento de Libertagio do Povo Sudanes (SPLM) -como entire o SPLM e as facq6es rivals. "Mas o SPLM deve, acima de tudo, aprender a converter-se de movimento com uma hierarquia military (Salva Kiir, agora president do Sudio do Sul, era o comandante do brago armado do SPLA, o Exercito Popular de Libertagco do Sudao) em partido politico cor uma estrutura democritica. "O SPLM, nas palavras do observador, apelou a ajuda dos sul- -sudaneses na diaspora. Entre estes e o antigo lider da guerrilha, habituado a tomar decis6es sem rede de seguranga, isto abrira caminho a uma mistura por vezes explosive mas certamente interes- sante". Se alguns membros da diaspora respon- deram ao apelo, o facto 6 que a maioria deles vem de cidades no Sudio do Norte. "Estes, explicou outro perito europeu, foram educados em arabe e seguem a lei coranica, muito diferente da lei consuetu- diniria de inspiragio britanica, aplicada no Sudio do Sul". Em Juba, fala-se geral- mente um dialecto arabe, mas o ingles passara a ser a lingua official do pais ap6s a independencia em Julho. M.M.B. Em Juba � Marie-Martine Buckens "A UE deve estabelecer dialogo com as autoridades sul-sudanesas" Entrevista com Nhial Bol, chefe de redacqAo de The Citizen em Juba, Sudao do Sul "Um dos principals problems que o governor do Sudao do Sul tera de en- frentar e a corrupgao e o nepotismo", explica Nhial Bol. E, pelo simples facto de exprimir a sua opiniao, o director do journal independent do Sudao do Sul, langado em 2005, foi preso repetidas vezes. Em Cartum, nas suas antigas fung6es de director-geral do journal inde- pendente, o Cartum Monitor, tambem foi encarcerado em 2002 porter acusado o governor de Omar el-Bashir de fechar os olhos a escravatura e ao rapto de mulheres e criangas nas regi6es do sul. "Terao de ser desenvolvidos enormes esforgos nao s6 para former a forga policial, mastambem para a assistir de modo a evitar toda e qualquer levian- dade". 0 Sudao do Sul adoptou uma Constituicgo, "mas onde estao as leis?", pergunta Nhial Bol. "Porque sem leis", prossegue, "os corruptos nao podem serjulgados. E, no moment present, qualquer pessoa pode ser presa a pre- texto de "raz6es de seguranga". Actual- mente em Juba, cerca de 2 300 pessoas jazem numa prison com capacidade para 300 sem quaisquer instalag6es sanitarias, mesmo incipientes". Para o chefe de redacq5o de The Ci- tizen, o papel da UE podia ser crucial. "Se os europeus querem ter uma pre- senga aqui, paralelamente aos ameri- canos e noruegueses, e imperative que encetem um dialogo construtivo com o governor, para garantir a manutencgo da integridade, e tambem com a oposicgo, para que renuncie a violncia." Nhial Bol � Marie-Martine Buckens Cerreio e*.DD tem Combater a corrupqao endemica "A corrupg o e um dos assuntos transversais mais importantes que o governor do Sudao do Sul tem de combater," acredita a Dr.a Pauline Riek, dirigente da Comissao de Combate a Corrupcao instituida pelo governor de Salva Kiir. A corrupgao e uma praga que esta a envenenar as relao6es neste estado emergente, praga que e reconhecida pelo pr6prio governor. "Como pensam que financiimos as nossas acy6es de guerrilha contra as for- cas do Norte? Disse recentemente um 0 inqu6rito q membro do Governo de realizar t do Sul do Sudio a um observador europeu. a import&ncia A imprensa tambem cultural que ja report regular- corru mente sobre casos de corrupcio, tal como o do Ministro das Financas implicado na fraud da ajuda alimentar em grande escala. Em Fevereiro de 2011, ap6s o referendo, Silva Kiir decla- rou que o seu governor iria agora enfrentar "a corrupyio endemica que ate aqui tern ignorado" tal como quando se preocupou em implementar o acordo de paz assinado em 2005. "O nosso papel e facilitado pela tradigio participativa do Sudio do Sul, reforgado pela guerra e tambem complicado por esta mesma tradigio," explicou o president da Comissio de Combate a Corrupoio. "Quando atacamos alguem, e toda a comunidade que se senate ameagada. Dai a importancia de todos participarem de forma active: as mulheres, o governor e a sociedade civil. O inquerito que acabimos de realizar tambem prova a importancia da dinamica cultural que jaz por detris da corrupoio." Recrutamento A Comissio de Combate a Corrupgio assinou uma carta de intengyo corn os 10 Estados semi-aut6nomos do Sudio do Sul. "O governor central," explica Pauline Riek, u \r 'F "gostaria de descentralizar a luta contra a corrupcgo, mas pensamos que ainda e cedo demais. Estamos no process de recrutamento de pessoal em todos estes estados mas estas pessoas ainda terio de receber formaago. Aqui em Juba estamos corn muita falta de ie acabamos pessoal e de meios de nbdm p va formacao. Temos nove nb6m prova investigadores, quatro da dinamica dos quais sao qualifi- por detris da cados. Mas o volume gdo de trabalho e imenso. Actualmente estamos a analisar 66 casos. Quanto tempo dura- rio estas investigac6es? Dois meses, tries anos, nao fazemos ideia." No Sudio do Sul falam-se catorze idiomas,"e temos de saber falar todos estes idiomas," mantem o president. "Tambem e essencial que as investigac6es sejam levadas a cabo pelos sudaneses do Sul. Se o investigator for estrangeiro, as pessoas entrevistadas dirio simplesmente o que pensam que ele quer ouvir, enquanto que responderio de forma diferente a uma pessoa do Sudio pois esta sabera de onde eles vem." O Sudio do Sul adoptou uma estra- tegia de combat a corrupaio para o period de 2010-2014. "No e a nossa estrategia, e a estrategia do governor " apressa-se a salientar o president. "Em breve, serio aprovados dois projectos-lei que irio definir melhor o nosso papel. Presentemente, a nossa margem de manobra e limitada. Ainda nio ha um mandate de execuogo." Entretanto, o ano passado, foram con- vidados oficiais do Sudio do Sul para preencher uma "declaragyo de fortune". Apenas 222 em 1.000 responderam. M.M.B. N.� 22 N.E. - MARCO ABRIL 2011 raullne nleK c Iviare-vilartlne BucKens *.,D age Petroleo, terra e agua divisao das receitas do petr6leo, tries quartos das quais provem do Sudao do Sul. Tambem preve a celebracio de tratados interna- cionais, incluindo o tratado sobre a bacia do Nilo. A estas duas quest6es polemicas, convem acrescentar uma terceira que nio e abrangida pelo acordo de paz: a proprie- dade fundiiria. Enquanto no Sudio do Norte a terra pertence em teoria ao estado ainda Aindepend~n que este tenha pri- vatizado explorag6es do Sul deveri agricolas nos anos negociag6es 1980 e 1990 no questdo dapa Sudio do Sul pre- valece um regime de hidrograf propriedade da terra radicado no direito consuetudinario. Essa e pelo menos a posigio adoptada pelo governor de Juba, reconhecendo embora a necessidade de uma political fundiiria que permit a comercializa- fo da agriculture e o desenvolvimento de uma economic de mercado justa e inclusive" numa region assolada pela guerra e cuja populaygo depend da agriculture de subsistencia. O reconhecimento da posse da terra por direito consuetudinirio sera ainda mais dificil de aplicar nas regi6es petroliferas das quais a populagio foi expulsa a forga por Cartum. Como as receitas p6blicas no Sudio do Sul provem quase exclu- sivamente do petr6leo, justificar-se-a que o governor crie novas estruturas de control politico. Monopolizaqao Entretanto, segundo um estudo elabo- rado pela ONG Norwegian People's Aid, entire 2007 e 2010 empresas estrangeiras adquiriram um total de 2,64 milh6es de hectares de terras destinadas a agriculture, silvicultura e producgo de biocombustiveis. Cre-se que a area em causa represent cerca de 9% da 'c r c superficie total do Sudio do Sul, o que significa uma area superior a do Ruanda. 0 ouro azul A independencia do Sudao do Sul devera acelerar as negociac6es sobre a irdua questio da partilha da bacia hidrogri- fica do Nilo. A visit de Nabil Elaraby, ministry dos Neg6cios Estrangeiros egipcio, a Cartum, em 27 de Marco, seguida por uma deslocacgo a Juba, e digna de nota. O ia do Suddo Egipto goza de um direito "hist6rico" acelerar as as aguas do Nilo obre a ardua que, desde o acordo tilha da bacia imposto pelos brita- nicos em 1929 e alte- a do Nilo rado em 1959, lhe tem permitido beneficiary de 70% das aguas do rio, sendo 20% atribuidos ao Sudao em compensacao pelas terras alagadas pela barrage de Assuao no Egipto e pela consequente deslocago de mais de 60 000 n6bios. Os restantes 10% sao concedidos a pai- ses a jusante da bacia do Nilo Branco: Uganda, Rep6blica Democritica do Congo, Burundi, Ruanda, Tanzania, Quenia e Eti6pia, bergo do Nilo Azul e, verdade se diga, responsiveis por 85% do Nilo que actualmente tem a sua nas- cente em Cartum onde o Nilo Branco e Azul confluem. Desde 1999, a Iniciativa da Bacia do Nilo procura tender a crescent procura de agua dos paises a jusante. A maioria des- tes paises ratificou a Iniciativa. O Cairo, que ate agora se lhe opunha, parece estar disposto a aceitar um compromisso. A ideia e revitalizar o project para cons- truir o Canal de Jonglei. Langado em 1973, este canal, cor 360 km de compri- mento, destinava-se a evitar que as aguas do Nilo Branco se perdessem no pantano de Sudd no Sudio do Sul, recuperando assim 10 mil milh6es de m3 de agua por ano. Os trabalhos do project foram interrompidos pela guerra civil em 1983 e o ministry egipcio preve agora o seu relancamento corn os novos parceiros sul-sudaneses. M.M.B. Cerreio "A arte deve orientar a reflexao de um pais" Pintor e gravador, Rashid Diab e tambem arquitecto nos tempos livres e sobretudo quando se trata de construir um centro dedicado as artes na baixa de Cartum. SO centro que construi destina-se a preparar as pessoas para a luta servindo-se da cultural como arma", diz Rashid Diab logo i par- tida, prosseguindo: "Este pais sofre nas entranhas. A cooperacao com o ocidente foi arruinada pela ajuda, nomeadamente a ajuda alimentar, ja que nao ofereceu a logistica nem se concentrou em estudar a possibilidade de suscitar a mudanga. A UE nao tem um orgamento para a arte, mas apenas para as ONG e as institui- 96es que se ocupam da governaogo." Rashid Diab saiu do pais para estu- dar arte em Espanha, onde conheceu a mulher e ensinou arte durante nove anos. "Resolvi deixar tudo e regressar. Queria ser um revolucionirio, um lider cultural, mas nao politico. Comprei um terreno em Cartum no qual projected e construi estes edificios. Todos os mate- riais sao locais. Acolhem uma galeria, uma loja e espacos que permitem aos artists permanecer aqui em residencia. Artistas alemaes, egipcios e franceses ja participaram em workshops aqui". No jardim, recantos em pedra cruzam-se com zonas verdes. No centro, ve-se um palco e, mais adiante, mesas de trabalho onde, de moment, criangas aprendem a trabalhar o barro. M.M.B. Hashid Uiab � Marie-Martine Buckens Polifonia Seis vozes em diferentes timbres expressam a realidade actual do Sudio m primeiro lugar vem, evidente- mente, Tayeb Salih, o autor de "Tempo de Migrarpara o Norte", um romance tao aclamado no mundo irabe quanto no ocidente. Afora este escritor, falecido hi dois anos, poucos autores sudaneses conseguiram que as suas vozes fossem ouvidas fora do pais. A colectanea "Nouvelles du Soudan" pre- tende colmatar esta lacuna. Os autores das seis hist6rias curtas publicadas sao de origem arabe, n6bia, sul-sudanesa ou darfuriana. Todos escrevem em arabe, mas descrevem personagens e situac6es dos quatro cantos do pais, cor as suas diferentes tradii6es e caracteristicas. Todos expressam de forma diferente a ditadura, a guerra civil e a sua quota de sofrimento e refugiados. "Os acontecimentos descritos sao frequen- temente graves, mas a arte e a elegancia dos autores, o humor e o estilo fantasioso, que e remanescente do realismo mrgico latino-americano, transformam-nos em j6ias, simultaneamente testemunho de uma dura realidade e literature por descobrir", explica no pr6logo Xavier Luffin, professor da Universidade Livre de Bruxelas e tradutor da colectanea. As hist6rias foram traduzidas em frances, e dentro em breve se-lo-ao tambem em ingles. M.M.B. Informao6es: Nouvelles du Soudan Editor: Magellan Et Cie EAN13: 9782350741604 N.� 22 N.E. - MARQO ABRIL 2011 *.,D age 0 Darfur, visto pelos olhos do artist Issam Abdel-Hafez guerra tem devastado a provin- cia do Darfur no Sudio ociden- tal, contigua ao Chade. Este conflito com m6ltiplas causes conflito inter-&tnico, agravado pelo crescimento da populaogo, pela exploraogo de petr6leo e pelo alastramento do conflito no Chade fez at& a data 2,5 milh6es de refugiados e mais de um milhio de mortos. Desde o inicio do conflito, a UE tem procu- rado ajudar e assistir as populag6es locais atraves do ECHO, o seu servigo de ajuda humanitiria. Issam Abdel-Hafiz visitou o Darfur em 2006 e 2007 com uma ONGhumanitiria. Um livro publicado dois anos depois (ver mais adiante) foi ilustrado com 32 das suas fotografias. De regresso a Cartum, langou uma campanha via internet "Salvemos as Criangas do Darfur". "Recebemos mais de sete toneladas de medicamentos, mate- rial escolar e roupas de todo o mundo, especialmente da diaspora sudanesa", explicou. Desde entgo, Issam Abdel- ML - Hafez tem continuado a sua actividade, , no sem dificuldade, enquanto fot6grafo investido de uma missso, para nro falar do seu trabalho de pintura e desenho. M.M.B. Issam Abdel Hafez, a estudar � Marie-Martine Buckens " I W (II Darfur � Issam Abdel-Hafez uartur u Issam roAel-Hiaez Cerreio *.,D age Darfur e a Crise de Governaqao no Sudao: Uma Leitura Critica Este ensaio, escreve o seu co-autor Salah M. Hassan, realga os criterios selectivos aplicados na apresenta- 95o, representagco e utilizagao do conflito no Darfur por uma serie de entidades dentro e fora do Sudao para promover agendas e interesses pr6prios. Chama a atengao para a premdncia de entender "por dentro" a political de representacgo do Darfur. Centrando-se na sociedade civil su- danesa, historicamente forte, a obra elucida como a analise dos conflitos do pais tragada pela sociedade civil sudanesa se afasta de oposig6es bi- narias maniqueistas, como o "norte arabe" contra o "sul cristao/animis- ta" ou "arabe" contra "africano" como no caso do Darfur. Salah M. Hassan advoga o estudo das origens destes conflitos como manifestag6es de de- senvolvimento dispar e de injustigas hist6ricas perpetradas contra a classes dominada pela classes dominant das elites arabizadas. Nessa sequdncia, Salah M. Hassan revela a participa�go vigorosa dos sudaneses a todos os niveis na crise do Darfur, bem como em outras areas de disc6rdia que actualmente submergem o pais. A obra insisted na necessidade de ouvir as vozes sudanesas para chegar a uma resolucgo genuina dos mCltiplos conflitos do pais. Premios dos festivals de cinema africanos FESPACO e Academia Africana de Cinema F oram exibidos cento e um fil- mes no ambito do festival de cinema FESPACO, como part da selecco official, e 84 filmes fora da competition. "Cinema e Mercados Africanos" foi o tema do event deste ano. O festival bienal de cinema, conhecido como os Oscares ou Caesars Africanos, atribuiu o Garanhao de Ouro de Yennenga - o primeiro premio -ao realizador marroquino, Mohamed Mouftakir, pela sua estreia cinematogrifica "Pegasus" (Pegaso) - uma hist6ria acerca de uma jovem numa ala psiquiitrica e da sua violagio pelo seu pai. O filme recebeu reconhecimento por festivals de cinema no Dubai, em Bruxelas e em Marrocos. O premio "Paul Robeson" da Diaspora foi atribuido ao haitiano, Arnold Antonin, por "The loves of a zombie" (Os amores de um zombie). O Comissirio da UE para o Desenvolvimento, Andris Piebalgs, que marcou presence no Festival, anunciou mais apoio financeiro para o Cinema Africano, partilhando o seu desejo de "contribuir para o desenvolvimento econ6mico, social e tambem politico dos paises do ACP". Um financiamento N.� 22 N.E. - MARQO ABRIL 2011 Anna Bates k\ PEGASE Criatvid na ordem dos 30 milh6es de euros sera disponibilizado ao sector cultural do ACP, sob os programs ACPFILMS e ACPCULTURES do 9.� Fundo de Desenvolvimento Europeu. Sucesso para ACPFILMS: "Viva Riva!" arrebata a maio- ria dos Premios da Academia Africana de Cinema (AMAA) No 7.� festival annual de Pr6mios da Academia Africana de Cinema de 2011 (AMAA), que teve este ano lugar em Bayelsa, Nigeria, no dia 26 de Margo, o film do Congo "Viva Riva" de DjoTundaWaMunga venceu seis premios, incluindo o de Melhor Filme e Melhor Realizador. O film & um divertido thriller de gangsters, cuja acgco decorre no coragyo de Kinshasa, e e a primeira longa-metragem do realizador. Descrito pelo seu produtor, Michael Goldberg, como "A Forga do Poder em Kinshasa", este film pretend contar uma hist6ria africana modern, uma ver- dadeira hist6ria da Africa de hoje. Depois de uma formagio em Bruxelas, o realizador DjoTunda regressou a RDC e criou a primeira empresa de produ- c9o cinematogrifica national - Suka Productions! "Viva Riva" recebeu apoio do project ACPFILMS, que trabalha para apoiar indistrias cinematogrificas e audiovi- suais no ACP. Foi exibido em festivals de cinema em Berlim, Toronto, Hong Kong, no festival SXSW e no Festival de Cinema Panafricano (PANAF) em Los Angeles, onde recebeu o pr6mio para Melhor Longa-Metragem. O seu pr6ximo project sera outro thriller policial -com accgo no Congo e na China. Para mais informao6es, consulate www.fes- paco.bf, www.acpcultures.eu, www.acpfilms. eu e www.ec.europa.eu/europeaid/what/cul- ture/index en.htm 10 Festival South by Southwest e um festival annual de musica, cinema e interactive que tem lugar em Austin, Texas. Direitos de autor e mobilidade de artists no scenario cultural ACP Eugenio Orsi para a reducgo da pobreza? O ACP Cultures, um projecto-piloto da UE-ACP em curso, procura responder a esta questao. A globalizaygo esta a tornar cada vez mais apelativa a utilizacgo da cultural para o desenvol- vimento econ6mico. Para explorer todo o seu potential, deve em primeiro lugar existir um claro entendimento de como as industries culturais funcionam. At& a data, a falta de dados dos paises ACP tinha sido um obsticulo. Um observat6rio criado ao abrigo deste project procura agora colmatar esta falha de informaogo. Este esta por tris de um novo relat6rio (actualmente a ser finali- zado) que aborda quest6es de direitos de autor e de propriedade intellectual, bem como quest6es de mobilidade de artists. A pesquisa foi lancada em Outubro de 2010 e foi enderegada a 478 organizay6es culturais em 60 paises, desde a indus- tria audiovisual, at& a profissionais de artes dramiticas e musicos. Encontrou um mundo de organizay6es de pequenas dimensies, onde mais de 80% do emprego criativo 6 gerado por entidades cor menos de 10 funcionirios. Direitos de autor O future nao 6 muito brilhante, no que diz respeito aos direitos de propriedade intellectual. "A maioria do rendimento proveniente de propriedade intellectual em paises ACP terminara eventualmente nas maos dos produtores e managers. Os artis- tas sao os iltimos a beneficiary dos direitos de autor", explica Frederic Jacquemin, um perito de alto nivel envolvido no project. Apenas 75% dos paises ACP possuem uma agencia de gestao de direitos de autor, mas mesmo quando existe um sistema de direi- tos de autor em funcionamento, artists de todo o mundo sentem que o sistema deveria fazer mais por eles. Jacquemin sugere que o ACP deve tamb6m comegar a procurar alternatives, tais como a capi- talizaygo de tecnologias da Web e partilha peer-to-peer. Mobilidade A maioria das viagens dos artists cultu- rais do ACP 6 dentro dos estados ACP e, mais ainda, dentro da pr6pria regiao do artist. "Um artist do Gana tem maior probabilidade de ir para um pais na sua Djo Tunga Munga, director, Viva Riva! � abaca / Reporters Leitura de poesia � Cecile Mella Cerreio regigo do que para a Europa", explica Jacquemin. "Por este motive, deveriamos sublinhar verdadeiramente a importancia de mercados culturais regionais", acres- centa. Jacquemin afirma que a question do visto e parte do problema, mas nao a inica. "Acredito que deveriamos ter muito cuidado com a proposta de um visto cultural. Seria, corn certeza, muito util para aqueles que trabalham com a UE, mas criaria uma mobilidade privilegiada. Nao vejo porque os artists devam ter este privilegio e nao pessoas de outros campos, como carpinteiros ou professors, por exemplo, que tambem necessitam de viajar na sua profissio", diz ele. Entio, como e que a pesquisa do observa- torio contribui para a redugyo da pobreza, o principal objective do program? "A recolha de dados pode nao parecer uma actividade muito atractiva", conclui Jacquemin, "mas por vezes e necessi- rio criar conhecimento primeiro para posteriormente poder elaborar projects eficazes". Para mais informag6es: www.acpcultures.eu/ Direitos de autor e mobilidade artistic na esfera cultural ACP Demonstraqao � Afropixel 2008 Direitos de autor e mobilidade artistic na esfera cultural ACP Laborat6rios de bricolage. Bricolabs � Afropixel 2008 N.� 22 N.E. - MARCO ABRIL 2011 Cratvida Criatvid Entrevista com o autor de banda desenhada congoles Pat Masioni Sandra Federici E m 2005, Pat Masioni tornou- -se famoso a nivel international com a publicaago de um livro de banda desenhada em duas par- tes, baseado no genocidio do Ruanda em 1994: "Ruanda 94 Descida aos Infernos" e "O campo da Vida". Estas publicay6es elevaram Masioni a categoria de mestre da sua arte. A sua obra foi incluida num volume sobre a guerra no Uganda da famosa serie Soldado Desconhecido, publicada nos Estados Unidos pela '. i:.-- I )C Comics. Foi igualmente seleccionado, juntamente com outros nove artists, para colaborar numa ediygo especial da revista interna- cional Colors, sobre Super-Her6is (Maryo de 2011). Pat, escreveu no seu blogue que "o sol brilha", mas ndo deve ter sido fdcil chegar tdo long na edifdo international de banda desenhada. Foi dificil porque o mundo da banda dese- nhada europeia e um bocado fechado. Os editors hesitam em relagio a autores afri- canos, cujos livros podem nio se vender bem. Cheguei a Franga como refugiado em 2002. Logo que obtive a minha auto- rizagio de residencia, comecei a arranjar pequenos trabalhos como ilustrador e caricaturista. A viragem surgiu com a publicago de "Ruanda 94", que teve reacc6es muito positivas da imprensa e da critical e que consequentemente me tornou famoso. Queformacdo teve na drea da banda desenhada? Afinal, todos os seus estudosforam em arquitectura. Estudei design de interiors na Academia de Belas-Artes de Kinshasa, mas a minha formagio na area da banda desenhada comegou aos 12 anos, quando o meu professor de arte me incentivou, ofere- cendo-me livros, revistas e materials para poder trabalhar. Publiquei o primeiro desenho aos 14 anos, que foi uma capa de um disco compact, e assim ganhei confianga. Ao mesmo tempo que estudava na Academia frequentava cursos de pin- tura e de ceramica num est6dio privado. Contactei igualmente a editor Saint- Paul na Rep6blica Democritica do Congo (RDC) e consegui um contrato para uma hist6ria de Jesus Cristo em nove volumes (um livro que continue a ser reimpresso e distribuido em toda a Africa Ocidental franc6fona). Um seminirio de arte no Centro Cultural Frances tambem foi important para o meu desenvolvimento artistic. Desenha situafdes corn grande realismo. Quais sdo as suas influencias? Quando estava na RDC, o meu autor favorite era Jean Giraud, mas desde que cheguei a Franga tive oportunidade de ver uma serie de publicay6es diferentes. Sou um apaixonado pela banda desenhada e sigo tudo que "acaba de ser publicado", onde encontro a minha inspirayao. O meu estilo evolui, mas e sempre reconhecivel. Na paisagem da banda desenhada africana, os autores congoleses sdo famosos pela excelencia da sua arte. Quais sdo as raz6es? Desde 1953 que tivemos boas escolas de artes na RDC (antigamente Congo belga), mas a maior oportunidade surgiu em 1968, com a publicagyo da revista de banda desenhada Jeune poureunes (Jovem para Jovens). Esta revista, que publicava hist6rias de banda desenhada a preto e branco, circulava largamente por todo o Pat Masioni, autor congolas de banda desenhada � Pat Masioni pais. Como jovens artists, comprivamos cor entusiasmo todos os n6meros. Etam- bem copiivamos os desenhos da revista. Neste context, o modelo cultural do pais que nos colonizou, a Belgica, teve uma influencia positive. Alem disso, diferen- tes artists como Barly Baruti viajaram para a Europa e regressaram ao Congo com metodos e ideias diferentes. Neste moment, a RDC tern uma boa e diversi- ficada ind6stria de edigio de banda dese- nhada, com virias associac6es, revistas e festivals. "No fiques ai, estas-me a fazer perder o appetite " "Esta comida 6 intragavel, nao serves para nada!" Cerreio Votar ou nia votr? 0 anm passodo, todas as candidates Par1ce ser umn perda tferam prsessnes flantstkas- Ma grande tow v 4 1 L I NiSo so pretcupm. n6s resolvemo o quAc or-m hMas dcpol perccls qu' qu les gM apepnas quSiel1am fazem part do problirma nai da soiiqaoi V. E p.r *s ou r cste Ono dec-4r pwrticiper nas alicS' s Aujo eotu oqul para ros dizer qu a iuca forma de nudarrns ra atingfrw s 01 nses oObjectivs & paricipomrras a ni apanui que im nTo . rs � Jason Kibiswa N.� 22 N.E. - MARQO ABRIL 2011 "Eleig o" -I h I Para jo vens leitores^ -Pequenni refe-gOas grOhjiTirs par Htoda a garri *"4ft^ rt~ 3e Palavras dos nossos Leitores India e Africa - partilhar hist6ria e future (p. 24-25, edigio anterior 21) Artigo bem cuidado em terms de descriygo dos dois paises; de notar que o artigo se baseia em referencias hist6ricas e em figures como o grande lider Gandhi sem mesmo mencionar o seu nome no texto (Ed : existe, no entanto, uma fotografia de Gandhi na Africa do Sul, quando era jovem). Bom trabalho e muitos parabens (Pradeep Singh - 11.03.2011) Este & um grande exemplo das relac6es Sul-Sul. Sem d6vida, tal como no caso das relay6es entire a Africa e a China, as relag6es entire a Africa e a India serao um motor de desenvolvimento para Africa. E uma pena que a Europa perca posiy6es. Mas o future sera assim (Juan Antonio Falc6n Blasco, 17.03.2011). 0 Correio Sou tradutor e int&rprete. Estou muito satisfeito por ler o seu journal. Aprecio esta revista que & muito informative e interessante. Esta publicaogo & perfeita para quem se queira por a par das noticias internacionais. Forga. (Sam Ngenda, leitor, tradutor e interprete, Kigali, Ruanda - 14.02.2011) 0 CORREIO - 45, RUE DE TREVES 1040 BRUXELAS (BELGICA) CORREIO ELETRONICO: INFO@ACP-EUCOURIER.INFO - PAGINA WEB: WWW.ACP- EUCOURIER.INFO Agenda Fim de Abril Relat6rio sobre os resultados da consult p6blica relative ao Livro Verde sobre "A political de desenvolvimento da UE ao servigo do crescimento inclu- sivo e do desenvolvimento sustentivel" Aumentar o impact da political de desenvolvimento da UE 04- 06/05 IST-Africa 2011 Gaborone, Botsuana Parte da iniciativa IST-Africa, apoiada pela Comissio Europeia no ambito da Area temAtica "TIC" do 7 � Programa-Quadro (7.� PQ), IST-Africa 2010 insere-se na sexta de uma Serie de Conferencias Anuais que reune representantes de alto nivel das principals organizaC6es comerciais, governamentais e de investigaCio de toda a Africa e da Europa, para eliminar a cli- vagem digital atraves da partilha de conhecimentos, experiencias, ensinamentos e boas priticas e do debate das questoes political relacionadas. http://www.istafrica. org/conference2011 11 -18/05 24" Assembleia Parlamentar ACP e 21 a Assembleia Parlamentar Paritaria ACP-UE Budapeste, Hungria 30/05-03/06 4' Conferencia da ONU sobre os Paises Menos Desenvolvidos Istambul, Turquia Adopgyo do Programa de Acgyo de nova geraogo para os PMD at& 2020 25 - 27/05 eLearning Africa 2011 Foco na Juventude, Competencias e Empregabilidade. www.elearning-africa.com 17-18/09 Cimeira da Web - Africa Brazzaville, Congo Uma conferencia pan-africana sobre tecnologias da Web. http://www. africawebsummit. corn 21-22/09 Africa Intermodal Casablanca, Marrocos O maior event annual na forma de conferencia/exposiCio sobre portos de contentores e opera- c9es de terminal no continent africano - agora no seu 9� ano bem sucedido. http://www.transportevents. com/EventsDetails. aspx?EventlD =EVE015 Cerreio * E S0 E a s a) > oo 0 CL Ua) VC I ' a g- o on 0- 0 _C 2 o C a. 0 0 D cz a * s g E E C z 00 a) cz z a 0 = 0- 0 -0 E C C 0 0 LL 2 oc ,,|, C3 g 8 *| UJ C ) '-- C0 Ca C C co o " - n-F SS Sm .z 5 B Lu ni O O ui E .| |g g ? 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