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Front Cover Copyright Copyright Main Page 1 Page 2 Page 3 Page 4 Page 5 Page 6 Page 7 Page 8 Page 9 Page 10 Page 11 Page 12 Page 13 Page 14 Page 15 Page 16 Page 17 Page 18 Page 19 Page 20 Page 21 Page 22 Page 23 Page 24 Page 25 Page 26 Page 27 Page 28 Page 29 Page 30 Page 31 Page 32 Page 33 Page 34 Page 35 Page 36 Page 37 Page 38 Page 39 Page 40 Page 41 Page 42 Page 43 Page 44 Page 45 Page 46 Page 47 Page 48 Page 49 Page 50 Page 51 Page 52 Page 53 Page 54 Page 55 Page 56 Page 57 Page 58 Page 59 Page 60 Page 61 Page 62 Page 63 Page 64 Page 65 Page 66 Page 67 Page 68 Page 69 Page 70 Page 71 Page 72 Page 73 Page 74 Page 75 Page 76 Back Matter Back Matter Back Cover Back Cover |
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a*" .4 at flCF' e c .araibas e pacifico) atc r>- r - .a . o 7t ILQ~sJ. 'i rm ry "'k t o- i t '' ;1 Iii~i L~"r ~ I w'I A o Srk C@RREIO A REVISTA DAS RELAOES E COOPERAAO ENTIRE AFRICA-CARAiBAS-PAC'FICO E A UNIAO EUROPEIA Comit Editorial Co-presidentes John Kaputin, Secret.rio-Geral Secretariado do Grupo dos pauses de Africa, Caraibas e Pacifico www.acp.int Stefano Manservisi, Director Geral da DG Desenvolvimento Comissao Europeia ec.europa.eu/development/ Equipa editorial Director e Editor-chefe Hegel Goutier Colaboradores Franois Misser (Editor-chefe adjunto), Aminata Niang, Debra Percival Editora assistente e produo Sara Saleri Colaboraram nesta edio Marie-Martine Buckens, Leo Cendrowicz, Roger Mazanza Kindulu, Bernard Babb, Bob Kabamba Relaes Phblicas e Coordenaao de arte Relaoes Pblicas Andrea Marchesini Reggiani (Director de Relaoes Publicas e responsvel pelas ONGs e especialistas) Joan Ruiz Valero (Responsvel pelas relaoes com a UE e instituioes nacionais) Coordenaao de arte Sandra Federici Paginaao, Maqueta Orazio Metello Orsini Arketipa Gerente de contrato Claudia Rechten Tracey D'Afters S-. Capa I Minas de cobalto em Ruashi, Catanga. S Republica Democratica do Congo. Foto de Thierry Charlier Contra-capa Primeiro Festival ACP (Africa Caralbas e Pacffico) Crdito fotos, da esquerda para a direita: Fotos 1-2: Sandra Van Rolleghem; Foto 3: Hegel Goutier Contact 0 Correio 45, Rue de Trves 1040 Bruxelas Blgica (UE) info@acp-eucourier.info www.acp-eucourier.info Tel: +32 2 2374392 Fax: +32 2 2801406 Publicao himestral em portugus, francs, espanhol e ingls Para mais informaao em como subscrever, consulate o site www.ace-eucourierinfo ou contact directamente info@ace-eucourier.info Editor responsevel Hegel Goutier Parceiros Gopa Grand Angle Lai-momo A opiniao express dos autores e no represent o ponto de vista official da Comissao Europeia nem dos paises ACP. Os parceiros e a equipa editorial transferem toda a responsabilidade dos artigos escritos para os colaboradores externos. N. I N.E.-JULHOAGOSTO 2007 CSRRE A REVISTA DAS RELAOES E COOPERAO ENTIRE AFRICA-CARABAS-PACiFICO Indice O CORREIO, N I NOVA EDIO (N.E.) ABERTURA NOSSA TERRA Preficio: a duas vozes 2 Uma lufada de oxignio pa 10 E A UNIAO EUROPEIA ra as energies renovaveis EDITORIAL O Correio apresenta-se de novo Africa Caraibas Pacifico / Unio Europeia: Um modelo de cooperao, apesar de tudo PERSPECTIVE DOSSIER Jornadas Europeias do Desenvolvimento. Politica Europeia de Desenvolvimento sobre a mesa Polmicos debates sobre o desenvolvimento... com gracejos A segurana dos pauses de acolhimento, a arvore que esconde a floresta? Da NASA s escolas do Ruanda Do beneficiario ao doador, um exercicio rico de ensinamento Um novo paradigma para os parceiros africanos A boa govemao e os meios de comunicaao: primordial respeitar os joralistas INTERACES Protesto parlamentar ACP/UE contra uma globalizaio injusta Uma cimeira extraordinaria Os diamantes da guerra: ainda ameaadores Agenda EM FOCO Um dia na vida de Louise Assomo apenas um at vista, Isabelle. Homenagem a Isabelle Bassong Residuos t6xicos: 5 20 anos depois, um combat inacabado 39 REPORTAGEM RD do Congo Os desafios da reconstruao 42 A resposta europeia 45 8 O ponto de vista das autoridades congolesas 48 Um governor resultante das eleies 50 A nova descentralizago congolesa 52 Cultura em ebuli~o 54 13 0 Congo tambm... 58 15 COMRCIO 18 Pacifico e UE traam o caminho para um novo acordo 57 le DESCOBERTA DA EUROPA Regio Bruxelas-Capital 20 Bruxelas: Capital da Cultura 58 23 A alquimia bruxelense 80 Bruxelas, Mputuville, a capital dos mundos 61 Europa, um bairro como capital 82 Economia de Bruxelas: crescendo, apesar de tudo 83 25 28 CRIATIVIDADE Mercado de Produtos da Cultura: 31 os pauses ACP foram a entrada 87 33 Reuniao dos Ministros ACP da Cultura e 1 Festival ACP em Santo Domingo 70 Caribenhos impressionados com partida de criquete 72 Em revista 74 38 ATRAVS DA IMAGEM O bertura Prefacio: Sir John Kaputin, Secretrio-Geral dos Estados ACP H a uma forte associaao histrica entire a revista O Correio e o Grupo ACP. Trata-se de uma vitrina viavel para a coo- peraao ACP-UE, em especial a sua dimensao do desen- volvimento. Como tal, constitui uma referncia essencial para uma liderana alargada face ao Grupo ACP. E, pois, essencial que este instrument seja relanado devido sua utilidade e, natural- mente, promoao da visibilidade do grupo. Espera-se que a revista O Correio surja como uma caixa de ressonn- cia para estabelecer um dialogo interactive e um intercmbio estru- turado com os nossos leitores, junto dos quais divulgara as activida- des e posioes ACP relatives a varios compromissos. Idealmente, O Correio devera tornar-se igualmente num instrument interactive par excellence devido versao em linha que sera actualizada regular- mente e incluira a reacao dos nossos leitores. Podera ser dificil quantificar esta sensibilizaao dada a extensao geo- grafica da parceria e da filiaao ACP-UE de ambos os lados. Mas para uma parceria que ja existe ha mais de tres dcadas, sera em honra do que ela represent que tanto os pauses ACP como UE se devem unir para garantir que as nossas metas e os nossos objectives sejam divulgados aos nossos estados-membros mais do que no pas- sado. A revista nao pode ser a panaceia neste esforo de sensibiliza- ao, mas pode-se, pelo menos, apreciar e compreender o papel critico que desempenha. Nesse sentido, O Correio foi concebido para captar uma rede mais vasta de leitores. de esperar que a atracd o e uma maior circulaio da revista possam ser reforadas pelo facto de a apresentaao ter sido feita tambm em espanhol e em portugus -para alm do francs e do ingls. Uma das principals inovaoes do Acordo de Cotonu o envolvi- mento director da sociedade civil e do sector privado, especialmente nos estados ACP. Se os parceiros sociais conhecerem as especificida- des dos procedimentos do FED e mantiverem boas relaoes com os gestores oramentais nacionais e as delegaoes da UE, poderao par- ticipar mais activamente nos esforos de desenvolvimento com os governor ACP. De um modo geral, tanto os ACP como a UE devem continuar a mostrar-se altura do espirito do Acordo de Cotonu para promoverem conjuntamente os objectives do Acordo. Se o objective final a diminuiao da pobreza, esta s6 podera ser alcanada com sucesso atravs da promoao do crescimento econmico, social e cultural nos pauses ACP. Pelo menos, os pauses ACP nao sao indiferentes a mudanas globais que necessitem de diferentes configuraoes, quer seja a nfvel regio- nal, quer atravs de interesses politicos, econmicos e afins muito especificos. Vivemos num mundo que muda rapidamente. Tendncias como a globalizaao e preocupaoes de segurana sao reais e inevitaveis. Por isso, o caminho a seguir adaptar e inovar meios que se revelem relevantes e indispensaveis. Se pensarmos assim, significa que o Grupo ACP deve estar receptivo aos mandates das organizaoes e ao que eles representam. Na ver- dade, estamos a colaborar com varias organizaoes com as quais estabelecemos relaoes fora dos interesses reciprocos. Alm disso, o Grupo ACP acredita realmente na sua solidariedade e esta coagido a apoiar os desafios, batendo-se por interesses comuns que estejam intrinsecamente ligados sua associaao com a Uniao Europeia. A principal prioridade da agenda do Grupo ACP a conclusao das negociaoes do APE at ao final de 2007. Ha tambm o 10 FED, que entrara em vigor em 1 de janeiro de 2008, e a programaao que o acompanha. Contudo, isso s6 seria o caso com a ratificaao do Acordo de Cotonu, revisto por 2/3 dos estados ACP e de todos os paf- ses europeus, at ao final do ano. O Grupo ACP acompanha tambm os desenvolvimentos na vertente OMC, especialmente em relaao s negociaoes de Doha e algumas conversaoes sobre produtos comerciais onde as negociaoes da OMC tm um suporte director nas respectivas posioes. O Grupo ACP esta focalizado em varios temas essenciais, incluindo a realizaao dos Objectivos de Desenvolvimento do Milnio e a relaao entire migraao e desenvolvimento. Por ltimo, as mudanas na ordem international, incluindo na UE, levaram o Grupo ACP a prosseguir uma profunda analise do seu future e a reflectir como se reposicionar para alm de 2020 -o ano de expiraao do Acordo de Cotonu. CORREIO bertura Stefano Manservisi, Director-Geral do Desenvolvimento, Comisso Europeia Q Correio um instrument de informaao util que aborda diariamente a cooperaao entire os estados ACP e a UE. a nica revista capaz de atingir todos os pauses na Africa, Caraibas e Pacifico que informa sobre o papel crucial da nossa parceria na elaboraao de uma political ambiental arrojada e na sua contribuiao com vista a promover a paz, a boa governaao, a estabilidade e o crescimento. A revista explicara a nossa abordagem do desenvolvimento, desta- cara as histrias de sucesso e registara o ponto de vista dos outros sobre as questes abrangidas. Ajudar-nos-a a adaptar a nossa aborda- gem num mundo em mudana rapida, para estarmos prontos para a tarefa a desempenhar. O Correio uma verdadeira revista, um autn- tico forum para desenvolver o debate livre. Nao um instrument de propaganda para nos, nem para outros. Receio que a opiniao pblica europeia conhea bem toda a parceria e o que ela represent. Por isso, necessitamos de instruments como O Correio, que ajudam a melhorar esta sensibilizaao. O Correio s6 parte do cenario; nao lhe compete assumir toda a tarefa de comuni- caao das political de desenvolvimento. Nio ha receio de a parceria ser diluida pelos seus membros que pro- curam relaoes mais estreitas com outros organisms. A parceria UE- ACP nao exclusive das relaoes entire a Africa, as Carafbas, o Pacifico e a Europa. A nossa parceria fornece valor acrescentado a toda a political de desenvolvimento, sendo uma political a executar em sintonia com outras instituioes regionais, tais como a Uniao Africana que um organism important na promoao da paz e da estabilidade no continent. A political de desenvolvimento uma prioridade fundamental da acao externa europeia porque desenvolvimento significa estabili- dade, paz, respeito pelos direitos humans, impedindo assim o terro- rismo de ganhar raizes e promovendo a democracia. Foi o que demonstrou o lanamento do "Consenso Europeu sobre o Desenvolvimento", o primeiro quadro comum para a political de des- envolvimento a nfvel europeu. Neste context, as nossas principals political sao: reforar a boa governaao, porque sem estabilidade e justia nao pode haver qual- quer tipo de crescimento sustentado; lutar contra as doenas relacio- nadas com a pobreza (como o HIV/SIDA); melhorar o acesso aos servios sociais, tais como a sade e a educaao, mas tambm moder- nizar as infra-estruturas de transport, energia e telecomunicaoes necessarias para ajudar o comrcio a melhorar toda a economic. Conhecimento conduz ao crescimento e meios de comunicaao livres sio uma expressed de democracia. No hi ligaio cientifica entire um conhecimento mais alargado da parceria ACP-UE e os avanos em matria de ambiente econmico e social. Mas as pessoas podem ficar a conhecer o que os nossos governor estao a fazer para criar um mel- hor ambiente econmico e social para todos os nossos pauses, ou seja, construir um mundo melhor. N. 1 n.e. JULHO AGOSTO 2007 -t (~C 'q" Ai 4'- .0 : *.. r t r; r1- ~ .4 .4.- ~ S.J ~~ '. i SI I *'I. -' .t .4 r ; 4 .00 du .> SI ,rc .-j -% ? bifrr editorial ao mltiplas as razes que explicam a repu- blicaao do Correio e cada um nos tera sem dvida a sua prpria percepao ou razao. Mas se fosse necessaria uma nica explica- ao, essa poderia encontrar-se nesta elipse. O mundo mudou desde a ltima ediao da revista, ha tres anos. Nao tanto no plano politico -o grande cataclismo foi o 11 de setembro -mas sobretudo na explicaao da mudana. A percepao assenta mais na esfera political, ao passo que a explicaao esta sobretudo do lado da comunicaao. O "fim da histria" tao proclamada no moment da queda do Muro de Berlim durou apenas dez anos. Alm disso, a divisao do mundo entire dois blocos, a partir de 1917, foi apenas um parntesis na histria. O fim da "glaciaao" sovitica ressuscitou de certo modo os velhos dios e as velhas cumplicidades e as atracoes e repulsas antigas entire grupos, tribos, povos e naoes. Ha um espao que parece ter singrado sem abalos, a despeito da histria antiga dos seus membros: a Uniao Europeia que se tornou numa esp- cie de model. Porque este espao desenvolveu uma forte integraao e, sobretudo, porque foi dado tempo ao tempo para ai chegar. E porque, contrariamente aos imprios do pas- sado, inclusive o sovitico, a Uniao Europeia nunca absorveu um estado, foram sempre os pauses que ade- riram Uniao Europeia. E tambm porque ela oferecia implicitamente aos seus membros a garantia de nao desaparecerem. Na acepao da analise feita por Milan Kundera no Le Rideau: "O que distingue as pequenas naoes das grandes nao o critrio quantitative do numero dos seus habitantes, algo de mais profundo: a sua exis- tncia nao para elas uma certeza intrinseca, mas sempre uma interrogaio, uma aposta, um risco; as naoes estao sempre na defesa face histria... Os polacos sao tao numerosos como os espanh6is. Mas a Espanha uma velha potncia, cuja existncia nunca foi ameaada, enquanto que a histria ensinou aos polacos o que significa nao ser. Privados do seu estado, viveram mais de um sculo no corredor da morte. 'A Polnia ainda nao pereceu' o primeiro verso pattico do seu hino national". A Polnia acaba de se precaver desse risco. O exemplo da Europa poderia ser transposto, numa outra escala, para a cooperaao international. A ONU, apesar de progresses not6rios, nao o conseguiu. O process de Lom-Cotonou podia pressupor uma tal mudana, continuando a procurar ardentemente a ade- sio profunda de cada um nos a cada uma das suas evo- luoes. A grande reportagem deste primeiro numero da nova srie do Correio foi feita no Congo RDC. Um grande pais a nivel geografico, demografico e das suas riquezas, que acaba de passar ao lado desse grande risco da histria que correm os pequenos pauses. E o seu renascimento ja iniciado feito com um apoio macio do seu principal parceiro principal que a Uniao Europeia. Todavia, esse apoio s6 sera eficiente se for eficazmente compreendido. As naoes, peque- nas e grandes, podem enclausurar-se rapidamente nos "provincianismos do pequeno ou do grande", para parodiar mais uma vez Kundera, e asfixiar o seu future. A segunda grande mudana ocorrida nestes trs ltimos anos esta no lugar preponderante da interest em terms de informaao, que o filosofo Alain Finkielkraut consider como a mistura mais intrincada de verdades e mentiras. Dai advm a necessidade de explicaoes subjacentes confiana nas fontes. Ao quererem uma publicaao equilibrada, quanto composiao da sua redacao, e sobretudo independent e critical no que diz respeito s suas pr6- prias acoes, o Secretariado ACP, que fomentou este project, e a Comissao Europeia, que o apoiou finan- ceiramente, assumiram a responsabilidade de privile- giar as explicaoes e de nao deixar as rdeas das suas relaoes unicamente percepo. A equipa de redac- ao assumira igualmente a sua responsabilidade em relaao a esse desejo. Mas ainda mais em relaao ao pdblico que lhe manifeste a sua confiana. Hegel Goutier Editor-chefe N. 1 n.e. JULHO AGOSTO 2007 editorial Hegel Goutier FRIC f niflo fRafIBfS UROPEIR pesar de todas as questes que por vezes se colocam sobre a persistncia da pobreza, sobretudo em Africa, aps dcadas de cooperaao com blocos ricos, a resposta, no que se referee cooperaao entire os pauses de Africa, Caraibas e Pacifico e a Uniao Europeia, que globalmente mais do que um sucesso: um model. No entanto, a questao pode ser mal colocada se esconder a idea aprioristica de que um pais pode oferecer o desenvolvimento a outro. Um a prior ilusrio, para nao dizer arrogante. Tem de ser cada pais a desen- volver-se e os outros s6 podem ajuda-lo. A outra questao se a ajuda pode prejudicar o desenvolvimento. A res- posta pode ser sim ou nao. Sera nao no caso das relaoes que ligam os dois blocos que nos interessam. Todo mundo reconhece que se verdade que a ajuda da Uniao Europeia nao desenvolveu Africa, contribuiu forte- mente para impedir em inmeros paises o colapso de sectors vitais como a educaao e a sade e permitiu, atravs da construao de infra-estruturas importantes, potenciar as iniciativas locais de desenvolvimento. Esta cooperaao original a various titulos. Em primeiro lugar, porque a sua utilizaao definida pelo beneficiario e nao pelo doador. Este, a Uniao Europeia, limita-se a definir o montante da ajuda atribuida para um 0 CORREIO RPRESEIITfl-SE long period, em geral cinco anos, a cada pais ou a cada regiao ACP. E object de um contrato de long prazo, com possibilidade de recurso das parties. Cria instituioes especificas conjuntas que renem representantes de todos os pauses da Uniao e dos ACP. Estas instituioes abrangem os ministros (Conselho), os deputados (Assembleia Parlamentar Paritaria), os embaixadores (Comit dos Embaixadores) etc. E estas relaoes nao se desenvolvem unicamente entire funcionarios, mas tambm entire mem- bros da sociedade civil e outros intervenientes nao estatais (Comit Econmico e Social Europeu e representantes de organizaoes semelhan- tes de todas as regies ACP). Trata-se neste caso de uma cooperaao multilateral, que reduz os riscos de chantagem, de "da ca toma 1a", por exemplo de uma antiga metropo- le em relaao a um antigo pais colonizado. Portanto, uma ajuda menos dependent do que as decididas nas negociaoes de um pais isolado face a uma rede de doadores poderosos, como no quadro das instituioes financeiras interacionais. Em relaao aos acordos bilaterais entire um pais rico e um pais pobre, uma ajuda mais transparent. As empresas implicadas na sua realizaao sao escolhidas mediante concurso, podendo ser ora de paises europeus <,,''. 2.)l t cq :cr)) N. l.) . c iii Fi;i 1.1' uII*r* c.-.ir, ,. .u.r.-i-rr. Il"' Liirr luij. .-r:,L~I.:i:.-I.-- i ,. ii: ururu..I.,.-.I i '''i-i -\II c ni inEHG CeRREIO aciFIco ~i.:~~ ii i i.:l rF iiii:.:l~...i i .li vI: i ii FIs iI il. l. M fir -\i'I: i~ nl:.: F i:I L:i c c :.-J v:1 i: I:pr -'i .:.v:.n l iiiV, -s : r..-. : -V,: I!cii:"' :i i.; ii ~ ~ A.-r'iir:i .l ~iii: ~ l: lFi c .1: 11i: h: lIcl: i r'' i cl~l :- :iii~: ~l s r V -1 m 1 A 1!c: Fr i i i l: ~ 1 ~ . i i i i i editorial roaiuen -~F Le Courrier rir ~ina /heCourier le Courrier Uma colecao de capas da primeira ediao do "Courrier ACP-UE". ora de pauses ACP e mesmo de pauses terceiros. Com uma ligeira prefe- rncia, todavia, mediante qualidade igual, para consrcios que envolvam os pauses ACP. Considera-se que assim a ajuda escapa ao espartilho das agendas nacionais. A cooperaao object de uma negociaao permanent sobre o conte- do da ajuda. Evoluiu desde a Convenao de laund I (1963), assinada na sequncia do Tratado de Roma e da onda de independncias de paf- ses africanos. Passou-se dos projects de ajuda para programs de ajuda. E mais recentemente, cada vez mais para a ajuda oramental, nomeadamente nos pauses cuja boa governaao confirmada, o que permit injectar recursos directamente num oramento national defini- do com total independncia. Centrada inicialmente no desenvolvimento rural e nas infra-estruturas, a cooperaao foi-se alargando cada vez mais a dominios econmicos, politicos, culturais e de segurana. Ja nao ha assuntos excluidos. A luta contra a droga, as armas de destruiao macia, a imigraao illegal e a insegurana nao sao apenas elements de dialogo politico, mas sao tam- bm object de projects concretos. Do lado europeu, onde a instituiao mais envolvida era a Comissao, tambm houve uma evoluao. O Conselho aparece cada vez mais direc- tamente implicado, como nas eleies na RD do Congo, por exemplo. Os deputados debruam-se mais sobre o oramento e a execuao da cooperaao. Comrcio. A extensao do dominio da cooperaao mais acentuada nos ltimos tempos foi a negociaao dos Acordos de Parceria Econmica, que a partir de 2008 associarao em principio os estados da UE s dife- rentes regies ACP. Estes acordos pretendem utilizar o comrcio como um instrument de desenvolvimento, reforando ao mesmo tempo a integraao nas regies ACP e a integraao dos ACP no comrcio mun- dial. Por vezes as opinioes nao sao muito favoraveis sobre a sua ade- quaao, mas recentemente os pontos de vista ACP e UE aproximaram- se muito e tudo leva a crer que os acordos serao assinados, incidindo as principals reserves apenas no prazo. Neste dominio do comrcio, no quadro da OMC, a UE e os ACP, por vezes em situaoes opostas, ofe- recem em geral a imagem de uma aliana forte, nica entire pauses pobres e pauses ricos neste tipo de instncias. Ao long dos anos a cooperaao entire a Uniao Europeia e os pauses de Africa, Caraibas e Pacifico tambm foi original de um ngulo especifico, que o da evoluao da identificaao dos povos. Nascida entire a Europa dos seis e as antigas colnias francesas de Africa, a cooperaao ACP-UE integrou antigas colnias como o Reino Unido e a Espanha e, paralela- mente, as antigas colnias africanas, das Caraibas e do Pacifico desses pauses. E alargou-se a pauses sem passado colonial com os ACP. O pro- cesso de Lom-Cotonu constituiu um cadinho para fundir e reciclar a his- t6ria colonial e desdramatizar as relaoes sempre equivocas entire antigos colonizadores e antigos colonizados, numa relaao mais equilibrada e serena, evoluindo entire e com outros. Podera aqui fazer-se uma analogia com a revoluao que constitui a Uniao Europeia que converted os velhos dios seculares das suas antigas potncias que a ensanguentaram e com ela o resto do mundo em motor de desenvolvimento. N. 1 n.e. JULHO AGOSTO 2007 s.... H M erspectiva "SOLDIDOS DR PROT e BI I ronia do destino, o oasis mauritano de Tenadi, outrora um descampado arenoso, comeou a reviver graas a um punhado de nmadas obrigados a fixar-se no local para estancar o inexoravel avano do desert. Vivem hoje af mais de 200 families da agricul- tura e do gado volta de dois poos, protegi- dos por 80 hectares de plantaoes e por protec- oes contra a progressao das dunas. Uma ini- ciativa dificil iniciada ha 20 anos por algumas families chefiadas por Sidi El Moctar Ould Waled e recnmpeniqad em final de 200n cnm " |l ul! J i .. i .l. C j.*l r'*i 1. 1111.1.1. .1 N .c l c ''c- Iiil i in .l u i I, Iil I h 'lI 'I Il L I IIII IL'N I i DI i. II I .I l ili . I.I1 i 'II ,..i i l ' Sll* l,.i II I L LII.II.I' l l .ii. .. Il. C 1 I . i !' L ll i .' I. I' illc I .ili i 1,, II .l. .l .I 'I II!,, I' ..1I E lI! lk' 1 ,l le .l J lk' '', I n,,t ...l.., ..' a TORnARARI-SE PERmlnEnTES ECAO DO EnITE" populaoes transumantes originarias de Tenadi se agrupam em cooperatives volta deste oasis de mesmo nome, a 5 km a norte da Rota da Esperana, s portas do desert. Os US$ 200 mil do prmio permitirao conso- lidar e alargar o oasis de Tenadi para acolher novas families. Pensa-se construir um novo poo e um tanque para retenao da agua. Serio fixados por novas plantaoes 100 hectares suplementares de dunas e instalado um viveiro de 200 mil plants, uma parte das quais sera ditrihiifda a prniectnq qimilareq Pnr iiltimn *.l i 0 i .l' !c i 1!ll!.l*l* '1i .1 1 !i Il.l[]L 'l I dI!. !. 1 ll .L .1 I 1 0l. l 1 IL sl C '11 .ll . .I" L d,, .i** .IillIIIlIII I.i i*,, iiIIi,.i.u Lii. i. lh !u, .h - ,,, ,_t , ,! .I 4. .. ,,, ,, 1: 1- P 11 Iii I .I.I* iiii. h Iii'''' i.ii Ii l'il'i'' -iiil'~i' iii'- i i.iI Ili I' Tr .... CeRREIO *1 . Perspective "AT Q UE" Ho PROTOCOL DO lCCAR, DIZEM OS MInISTROS ACP O s estados ACP ape- laram a uma revi- sao conjunta do Protocolo do Acar de Cotonu na sua reu- niao ministerial de Bruxelas, de 21 a 24 de maio, considerando que a UE se arrisca a "deitar fora o beb com a agua do banho", segundo Arvin Boolell, Ministro das Pescas da Mauricia j',~ a. e porta-voz ministerial ACP Copyright 2006, para o acar. SASI Group (Universidade de Sheffield) Arvin Boolell salientou que o e Mark Newman Protocolo continue a contribuir (Universidade de Michigan, www.worldmnapperorg para o desenvolvimento econo- wwwrld r. mico global dos pauses ACP e para a subsistncia de muitas pessoas, sendo "um magnifico exemplo de comrcio norte-sul e um model a reproduzir". Este Protocolo, consagrado sucessivamente nas Convenoes de Lom e de Cotonu, tem garantido normalmente os preos dos contingentes de exportaao de 18 produtores de acar ACP para o mercado da UE. A ltima proposta que a Comissao Europeia lanou para a mesa no mbito dos Acordos de Parceria Europeus (APE), feita no inicio de abril, consiste em eliminar progressivamente os preos garantidos a partir de 2009, com uma abertura gradual aos concorrentes. Numa resoluao dos ministros ACP l-se que esta proposta "corre- sponde a uma renncia unilateral a este instrument commercial e de desenvolvimento de longa data e que absolutamente inaceitavel". Para os estados ACP que exportam ao abrigo deste Protocolo, a pro- posta da UE constitui mais um golpe para a indstria. Ha cerca de um ano, os estados-membros da UE decidiram fazer um corte de 36% do preo do acar, a realizar em quatro anos, como parte de uma refor- ma do regime do acar do bloco, afectando igualmente os estados ACP. O Embaixador em Bruxelas da Organizaio dos estados das Carafbas Orientais (OECS), George Bullen, que preside actualmente ao Grupo Consultivo ACP sobre o acar, diz que este corte se junta s eventuais perdas dos exportadores de acar ACP que ja enfrentam a subida dos custos de transport e dos seguros. Para compensar a descida de preos, a Comissao Europeia assegurou 1,24 bilhao de euros ao long de oito anos (2006-2008) para "Estratgias de adaptaao plurianuais" a favor dos pauses ACP sub- scritores do Protocolo do Acar. No mbito destas estratgias, at data 13 dos 18 pauses do Protocolo do Acar negociaram um conjun- to de medidas para tornar a indstria national do acar mais compe- titiva, com outros funds a contribuirem para a diversificaao para outras indstrias, e tambm para diminuir o impact social nas comu- nidades dependents do acar de uma extinao da indstria local. Os ministros ACP apelaram a que as garantias anuais no mbito do II_ ~ . ' -7 'r plano fossem aumentadas pelo menos para 250 milhoes de euros. Arvin Boolell referiu que a UE era obrigada a ter em conta o estatuto juridico especial do Protocolo e a sua contribuiao para o desenvolvi- mento social, ambiental e rural e lembrou ainda que "com os APE, nenhum pais ACP se deve sentir em piores condioes, mas sim numa situaao melhor". m N. 1 n.e. JULHO AGOSTO 2007 Perspective Ia f iii Il abI nr sFj *o do artig 96 o Aordo goeo prvsro oa ii * msso Euo pe o Ao conversa oeBuea *eurms o vola o *coro deCtnno oes deI00, po Como*or oettio d Pr io - *iisr oasei oaa *iso arse. e os ou *almnae o e o oeana ment das Regrs o EmergnciaPblca c mao dseao. oaaua Fijidepnder do progress *eto no comr is a im ort i do aio 96 o Acordo de Cot~onpaattr *o os1 cmr isos da Fiie **lrra u Cosl o oC po odri regulrmene ua rapro o. i Afrrica preside A Africa, aplicaao mais eficiente das ajudas, enfoque sobre estados "frageis" e um impulso para alavancar a realiza- ao de Acordos de Parceria Econmica (APE) com os pauses de Africa, Caraibas e Pacifico (ACP) sao as principals priorida- des para as prximas presidncias da Uniao Europeia (UE). Os objectives das tres presidncias Alemanha de janeiro a junho de 2007, www.eu2007.de; Portugal de julho a dezembro de 2007 e, em seguida, a Eslovnia de janeiro a junho de 2008 so viabilizados por uma alteraao dos regulamen- tos da Uniao Europeia, efectuada em 2006, relative a uma linha condutora para as propostas das tres presidncias consecutivas. Estas propostas constituirao uma maior oportunidade de concretizar as political. Relativamente a Africa, as presi- dncias apelam a "um dialogo politico mais amplo, mais profun- do e mais forte com os parceiros africanos, incluindo ONG e as parties interessadas da sociedade civil", seguindo em frente com as "estratgias" comunitarias em matria de governaao, infra- estrutura e agua. As tres presidncias concordaram em fomentar o aumento da Ajuda P6blica ao Desenvolvimento (APD) na Uniao Europeia. Um porta-voz da presidncia Alemi referiu que o objective era levar os 27 estados a atingir conjuntamen- te a meta de 0,56% do respective Produto Interno Bruto (PIB) ao desenvolvimento at 2010, acei- tando-se que os "antigos" estados- membros da Uniao Europeia atin- jam uma mdia de 0,51% e os "novos" estados-membros, que tm menos "tradiao de desenvol- vimento", uma mdia de 0,17%. Alguns pauses ja ultrapassaram esta meta, outros tm ainda um long caminho a percorrer (Vide grafico da Organizaao de Cooperaao e Desenvolvimento Econmicos -OCDE). Acelerar a eficacia do objective da ajuda "uma divisao mais eficiente do trabalho na UE", a utilizaao crescente das energies renovaveis, os efeitos das alteraoes climaticas sobre as naoes em desenvolvi- mento e uma melhor gestao dos recursos naturais sao igualmente prioridades para os tres pauses. A Alemanha pretend tambm discutir as consequncias drasti- cas dos elevados preos da ener- gia nos pauses em desenvolvi- mento, que ameaam as "con- quistas alcanadas em terms de transparncia e de governaao da ajuda comunitaria ao desenvolvi- mento", sem esquecer os "aspec- tos do desenvolvimento de acor- dos APE". A partir de julho deste ano, a pre- sidncia Portuguesa tenciona pr a tnica nas "novas abordagens complementares em estados fra- geis". Migraao e desenvolvimen- to outro assunto que abrange "a gestao global efectiva dos fluxos migratrios e a sua natureza mul- tidimensional -internacional, regional e national e para maxi- mizar os potenciais beneficios do desenvolvimento da migraao". Quando for o moment de a Eslovnia ocupar a presidncia no inicio de 2008, ira pretender que a UE esteja mais atenta aos efeitos dos conflitos armados sobre as crianas e as mulheres. a Objectivos da Assistncia Oficial de Desenvolvimento (AOD). OCDE Paris 2006. Relatrio sobre a Cooperaao para o Desenvolvimento, estatisticas actualizadas em 19 de Janeiro de 2007. m-blm it - "" asUi to St. a,-,~ C*RRElO De que maneira os pauses ACP poderao empregar maior numero de pessoas em suas industries pesqueiras, estancar o declinio dos recursos piscatorios e acrescentar valor s exportaoes? A importncia destes assuntos foi debatida pelo grupo de participants de governor ACP, Secretariado Commonwealth, agncias de ajuda da Uniao Europeia, sector privado, organiza- oes regionais, ONG e especialistas, que analisaram o que esta em jogo para a industria no Secretariado ACP de 22 a 24 de janeiro, em Bruxelas. A fase seguinte sera superar o fosso politico resul- tante do encontro de Bruxelas: os participants debruaram-se sobre o desenvolvimento sustenta- vel da industria pesqueira nos pauses ACP, a protec- ao do ambiente aquatico, a necessidade de exami- nar a amplitude do rotulo ecologico para a segu- rana da industria, a segurana alimentar e a impor- tncia vital da maximizaao dos beneficios das acti- vidades da industria pesqueira a pequena escala. Neste aspect, chegou-se ao consenso de que era necessario definir a "industria pesqueira artesanal e a pequena escala". Tambm urge reformar as "regras de origem" para tornar o investimento em processamento do peixe ACP mais atractivo. Organizado com o apoio do Secretariado da Africa, Caraibas e Pacifico (ACP) www.acpsec.org, o Secretariado Commonwealth www.common- wealth.org e Deutsche Gesellschaft Fur Technische Zusammenarbeit, www.gtz.de. M "Necessidade de definiao de exploraoes pesqueiras pequenas e artesanais". Fotografia de E. Barton. Fonte: Europeaid. Perspective fgncias euro-africanas para o emprego clandestinos, a Comissao Europeia decidiu finan- ciar a abertura, em Africa, de agncias encarregadas de orientar os candidates imigra- ao para a Europa. O primeiro cen- tro do gnero foi aberto em princi- pio deste ano no Mali, mas estio previstos outros no Senegal, na Mauritnia e na Gmbia. O comis- sario europeu de Justia, Liberdade e Segurana, Franco Frattini, decla- rou que o centro "algo de flexivel que permit coordenar a oferta e a procura entire o Mali e a Uniao Europeia". Sao essencialmente empregos temporarios nos sectors da agriculture, obras pblicas e turismo. M -Al, >11 !I1 i g r * p. U 1..3"' i I g' t "Alegoria de Africanos a dialogarem com Europeus mas esquecendo- se de falarem uns para os outros". El Loko, Illusion men, 2006, 300 x 400 x 200 cm, instalaao. Exposiao "Afrique Europe: rves croiss", 13/11 -10/12/06, Bruxelas. Fonte: Comissao Europeia e artist. Ni, '1!M It Consulta public sobre noua parceria fifrica-Europa A conferncia dos Chefes de Estado e de Governo da Unio Africana, realizada no final de fevereiro deste ano em Adis Abeba, na Etipia, elegeu para president da organizao durante um ano, John Kufuor, President do Gana. No encontro, decidiu-se lanar, em parceria com a Unio Europeia, uma consult pdblica no intuito de desenvolver uma estratgia comum, que dever ser adoptada na Cimeira UE- Africa, em Livurne, no final deste ano. Para que esta atividade conjunta possa espelhar as neces- sidades e aspiraoes dos povos da Africa e da Europa, as duas parties decidiram fazer uma pesquisa de opinio pblica com o objetivo de "fomentar ideias e sugestes" sobre o conteddo e a forma desta nova parceria. a N. 1 n.e. JULHO AGOSTO 2007 Instituies discutem aumento de comerclo para a pesca ossier Jos Manuel Barroso, President da Comissao Europeia, e Amadou ,Ih.IIIII h li hi l I -I I I II Ih l n,, I I I l isii I ''lIIII 1'' I Ii :1 , ."' nm Fn 1. i Jornadas Europeias do Desenvolvimento Dossier Hegel Goutier , POLEMICOS DEBATES SOBRE 0 DESEnUOLUImEIITO... COm GRRCEJOS Jornadas Europeias do Desenvolvimento Foi certamente a maior reuniao politico-cultural sobre a sua cooperaao com os pauses pobres, e sobretudo com a frica, at agora organizada pela Comisso Europeia em Bruxelas. Uma semana de actividades, de 13 a 17 de novembro, precedida de vrios dias de grande alvoroo meditico em torno da sua political de desenvolvimento, correndo o risco de ser confundida pelos seus detractors, convidados a virem apresentar a sua contradio. O resultado foi, apesar de tudo, positive. Mesmo os mais cpticos apreciaram o exercicio de estilo e reconheceram, como Aminata Traor, militant altermundialista, que os debates foram francos e frutuosos. Para os outros, foi um sucesso. C ontexto. Para comear, um dos > Trazer as questoes cartaz das Jornadas Europeias do locais de exposioes da capital de desenlu[Ulimenllto para a rlua Desenvolvimento (JED) www.eudevdays.eu, belga, no Heysel, mais habituados dirigindo-se clientele. Um piscar de olhos aos sales do automvel e de outros A questao da visibilidade entra nas salas de rapido trafa a sua fonte de abastecimento: o mega-espectaculos comerciais do que cinema commercial, onde, numa delas, alheia ao expositor encostado ao seu balcao, onde o reflexao political. E, coisa rara no program de acontecimento, uma operaria fazia girar anncio para as JED acompanhava as dos tais acontecimentos geralmente austeros, desfi- pachorrentamente entire os dedos um pequeno espectaculos de tango, concertos de rock e les de moda com manequins muito provocan- tes, concertos, um festival de cinema africano, exposies de banda africana e outras artes que invadem nao s6 o Heysel, mas tambm gale- rias, teatros e outros locais prestigiosos de cul- tura. Um ambiente de festa destinado a cativar os mais avessos political. Tudo isto anunciado com frenesim em cartazes gigantes nas grandes avenidas e estaes de metro e em folhetos e mapas espalhados por todos os locais onde os jovens fazem a festa; e um happening diario sobre a "Campanha do Milnio" na Place de la Monnaie, em frente da Opera, bem no centro da cidade. Um simbolo, o santo dos santos, o Berlaymont, sede da Comissao Europeia, enga- lanou-se arvorando uma bandeirola gigante ocupando inmeros andares da respective fachada. Mais ainda: a semana comeou com a entrega dos prmios "Desenvolvimento da Juventude" aos vencedores de um concurso de arte grafica dos diversos estados da Uniao para sublinhar a necessidade de suscitar cedo o altruismo das crianas para com os pauses menos favorecidos. N. 1 n.e. JULHO AGOSTO 2007 Dossier Jornadas Europeias do Desenvolvimento outros espectaculos apreciados pelos jovens. Diga-se de passage que os organizadores nao se pouparam a esforos para trazer as questes do Desenvolvimento para a rua. Com efeito, era possivel cruzar um pblico que extravasa amplamente a carestia habitual dos organizadores, activists e outros fiis dos grandes events politicos, divagar e recolher aqui e ali informaao nos numerosos pavilhes da "Aldeia". Informando-se quer sobre a nova political de desenvolvimento da Letnia ou de Malta quer sobre o velho compromisso desen- volvimentalista da Finlndia, quer sobre os movimentos pacifistas como Nonviolent Peaceforce ou Pax Christi, ou sobre a partici- paao da Organizaao de Cooperaao e Desenvolvimento Econmico (OCDE) no African Partnership Forum. Tudo isto para fazer vir a agua boca. Os pra- tos fortes sao, antes de mais, a cerimnia de abertura das JED por Guy Verhofstadt, Primeiro-ministro belga na altura, pelo President da Comissao Europeia, Jos Manuel Durao Barroso, e pela presidncia rotativa da Uniao Europeia, a Finlndia, repre- sentada pela sua Subsecretaria de Estado do Desenvolvimento, Marjatta Rasi, seguida de um debate sobre o tema "Perspectivas sobre a govemaao", no qual a militant altermundia- lista, e antiga Ministra da Cultura do Mali, Aminata Traor, question rudemente a polf- tica de desenvolvimento da Uniao Europeia e das grandes instituioes internacionais. Os "E, coisa rara no program de tais acontecimentos geralmente austeros, desfiles de moda com mane- quins muito provocantes, concertos, um festival de cinema africano..." Poster do filme "bamako", realizado por Abderrahmane Sissako. Fonte: Comissao Europeia. outros participants neste debate eram Sad Djinnit (Comissario responsavel pela Paz e a Segurana da Uniao Africana), Mark Malloch Brown (Subsecretario-Geral das Naoes Unidas), Paul Wolfowitz (Presidente do Banco Mundial na altura), Ellen Johnson Sileaf, a nova Presidente da Libria, Donald Kaberuka (Presidente do Banco Africano de Desenvolvimento) e o Comissario Europeu responsavel pelo Desenvolvimento, Louis Michel. Paralelamente, nao long dali, decor- ria o Forum dos Assuntos UE-Africa, que reu- nia um painel de patres de empresas instala- das em pauses em vias de desenvolvimento. > 0 conuite interrogaao E depois, o Forum da Governaao concluido pela Plenaria dos Chefes de Estado Africanos. Era o verdadeiro think tank (reservatrio de ideias) do program onde se podia "mergul- har", como o pretendiam os organizadores, numa reflexao holistica e quase sem tabu sobre a problematica do desenvolvimento. Era um convite interrogaao feito pela Comissao. Os curiosos, frustrados apenas por nao poderem seguir varias das mesas-redondas que decorriam paralelamente, agrupavam-se. Era dificil escolher numa mesma tarde entire "construir uma cultural da democracia", "ace- lerar a luta contra a corrupao", as "vias da sociedade civil" ou reflectir sobre as "des- igualdades e grupos vulneraveis" e sobre a "migraao e desenvolvimento"! Na Plenaria dos Chefes de Estado Africanos a bem dizer um desfile dos grandes do conti- nente participaram duas dezenas de presi- dentes (Benim, Botsuana, Burquina Faso, Burundi, Repblica Centro-Africana, Guin- Bissau, Madagascar, Mali, Mauritnia, Niger, Ruanda, Serra Leoa, Togo e Uganda), de um vice-presidente (Gmbia), de primeiros-minis- tros (Etipia, Mauricia, Suazilndia) e various antigos chefes de estado. Era o moment ideal para se informal sobre os progresses realiza- dos pelo continent em matria de boa gover- naao e, sobretudo, de se aperceber que sub- sistem em Africa pauses com problems: trata- se de situaoes residuais raras que nao devem ser a arvore que esconde a floresta. pena que os chefes de estado se tivessem geralmente contentado em justificar a sua gestao em vez de lanar para cima da mesa ideias novas e propostas concretas para avaliar e estimular a boa governaao dos pauses ricos e pobres, das empresas e das grandes instituioes intemacio- nais. A nica contradiao trazida para estas declaraes oficiais foi uma mini-manifesta- ao de alguns opositores aquando da interven- ao do Primeiro-ministro da Etipia, rapida- mente dispersa pelo servio de segurana. Na cerimnia de encerramento das JED, a popular silhueta do Prmio Nobel da Paz da Africa do Sul, o Arcebispo Desmond Tutu, partilhou as ovaoes do pblico com Heidemarie Wieczorek-Zeul, Ministra federal alema para a Cooperaao Econmica e o Desenvolvimento, Luis Amado, Ministro das Relaoes Extemas de Portugal e o Comissario Louis Michel. > Criatiuidade, qualidade e beleza como arguments de uenda para a flfrica a quermesse que fez das JED um aconteci- mento raro ao promover a criatividade cultural dos pauses de Africa e ao orientar a reflexao para as oportunidades econmicas e de desen- volvimento desta riqueza, nomeadamente o desfile de moda por grandes criadores, como o dinmico Alphadi do Niger, locomotive do esti- lismo africano, e a senegalesa Claire Kane. Para ficar apenas no desfile de Alphadi, raramente foi prestada homenagem tao requintada e sensi- vel beleza africana: desde a referncia s indumentarias prestigiosas tradicionais das mulheres berberes sensualidade paradoxal dos seus soutiens sem alas metalizados mais van- guardistas mas sempre igualmente feministas. Mas tambm entire todas as outras actividades culturais, a exposiao de banda desenhada num dos locais mais prestigiosos de Bruxelas, o Flagey, local que tambm acolheu, juntamente com o gigante Kinepolis, um dos maiores com- plexos de cinema da Europa, se nao mesmo o maior, o festival de cinema africano. Sem esquecer a exposiao de arte contempornea "Africa, Europa, sonhos cruzados", onde se encontraram alguns dos artists mais imaginati- vos e mais conhecidos da Africa de hoje. Todas actividades que incamam perfeitamente o slogan "A Africa que mexe", em tomo do qual os responsaveis pelas Jomadas Europeias de Desenvolvimento, o Comissario Europeu, Louis Michel, e o Director-Geral do Desenvolvimento da UE, Stefano Manservisi, quiseram colocar este acontecimento e fazer esquecer um pouco os clichs miserabilistas do continent. Sao, pois, arguments de venda para a Africa a fim de mudar a image do continent junto dos investidores e outros par- ceiros. Aposta aparentemente ganha, a julgar nao s6 pela afluncia a todas as manifestaoes das Jomadas Europeias de Desenvolvimento, mas tambm pela repercussio na reuniao magna deste grande espectaculo sobre o conti- nente africano. A Africa vale bem este extenso debate... e algumas brincadeiras. a CtRREIO Jornadas Europeias do Desenvolvimento Dossier n SEGURnnn DOS PRISES DE ACOLHImEnTO, f ARUORE QUE ESCOODE O FLORESTA? Das intervenes feitas neste col6quio depreende-se uma ideia geral de "boa governao do fenomeno migrat6rio". Para todos, a boa governao no dever referir-se unicamente aos pauses de origem dos migrants, mas a todos os outros intervenientes envolvidos, como os territ6rios de acolhimento e as organizaes internacionais. Com a constatao unnime de que o fenomeno migrat6rio aumentou em parte devido globalizao e que, apesar dos seus defeitos, contribui para o enriquecimento dos passes de acolhimento e para a sobrevivncia, mais nao seja para o desenvolvimento, das regies de origem dos migrants. F oi no decurso de um debate aceso proveito da emigraao selvagem; ou sobre a > 0 elo que falta que surgiram desacordos entire as suposta hipocrisia de pauses de acolhimento, posioes de uns e de outros, nomea- minorando os contributes dos migrants e Assim, Ndioro Ndiaye, subdirectora da OIM damente sobre a eventual responsa- apenas arvorando uma visao securitaria (Organizaao Internacional para as Migraoes, bilidade dos pauses de origem dos migrants, excessive, correndo o risco de incentivar a www.iom.int) refere que, apesar de todo o cujas instncias oficiais ou privadas tirariam segregaao. rebolio em torno da migraao, a proporao de Dossier Jornadas Europeias do Desenvolvimento migrants no mundo mantm-se estavel, 3% da populaao mundial, em que a grande maioria constituida por pessoas em situaao regular. O que teria perturbado os espfritos na Europa o crescimento mediatizado do numero de migrants da Africa negra -2 700 em 2005 e 120 000 em 2006 -com destino a um territrio que se torou simblico, as Ilhas Canarias. A emigraao africana inquieta enormemente. Os pauses de Africa, em primeiro lugar, porque provocam um "crescimento" sem desenvolvi- mento. Num ano, deixaram o continent afri- cano vinte mil profissionais de sade. Ndiaye vai mais long: "Como possivel pagar sete anos de estudos a algum e oferecer-lhe 200 d6lares por ms, forando-o assim a partir?" Aparentemente, esta questao nao se dirigia apenas aos pauses de origem, mas tambm aos doadores internacionais, que tm apoiado as despesas de educaao dos pauses em causa. Os projects de desenvolvimento devem, pois, ter em conta o valor acrescentado pelas compe- tncias dos migrants, as adequaoes entire estas e as empresas locais, a capacidade de inovaao da diaspora quanto goveraao dos pauses de origem e os funds que ela para la transfer. Estes recursos financeiros devem ser utilizados para limitar a transumncia. Em vez de tirarem proveito destas oportunidades, os pauses de acol- himento colocam as questes da migraao, como o caso em Frana, sob a alada dos Ministrios dos Negocios Estrangeiros, do Interior e da Justia sem nenhuma intervenao das instncias encarregadas do desenvolvi- mento. " ai que reside o elo que falta", diagnos- tica Ndioro Ndiaye. IngridMwangiRobertHutter, Neger, 1999, video de 4 min 15. Exposiao "Afrique Europe: rves croiss". Fonte: Comissao Europeia e artist. Pagina 15 "0 que teria perturbado os espiritos na Europa o crescimento mediatizado do numero de migrants da Africa negra". Babacar Niang, instalaao, Embouteillages urbains, 2005. Exposiao "Afrique Europe: rves croiss". Fonte: Comissao Europeia e artist. A Africa, essa, "nao esta absolvida". Deveria, segundo Ndiaye, fomentar capacidades de dialogo em p de igualdade com a Europa, apropriando-se dos conhecimentos e das tc- nicas em diferentes dominios, como a segu- rana dos documents ou terminals de partida ou de trnsito. Por conseguinte, a Africa deve- ria, atravs nomeadamente das suas universi- dades, dotar-se de uma massa critical de peri- tos. O delito de ignorncia ou de incompetn- cia assim identificado seria tao condenavel como o da indiferena ou da demagogia. > 0 mundo global, um segundo sistema colonial Rita Sussmuth from the GCIM (Global Rita Sussmuth da CMMI (Comissao Mundial sobre as Migraoes Internacionais, www.gcim.org), comeou por sublinhar, refe- rindo-se Europa, a distncia entire a abertura de espirito da Uniao Europeia, em especial da Comissao, e os seus Estados-Membros, reconcentrados na defesa dos seus interesses respectivos divergentes, hipotecando dessa feita qualquer harmonizaao da sua coopera- ao. No dizer de Rita Sussmuth, estes pauses estao muito mais preocupados em defender o seu patrimnio exclusive do que em partilhar a sua soberania e procurar uma soluao entire pauses de acolhimento e pauses de origem dos migrants que traga vantagens para todos. Os migrants de Africa, cinquenta por cento dos quais sao, grosso modo, mulheres, sao os motors principals do desenvolvimento do continent. Estas mulheres sao as cariatides da economic das suas naoes. O mundo esta a tornar-se globalmente num segundo sistema colonial que permit a fuga dos crebros para alm da pilhagem de recursos materials. A boa governaao das instituioes internacionais nio pode cingir-se gestao internal, mas deve implicar, isso sim, uma obrigaao de verda- deira cooperaao no mundo global. Rita Sussmuth tambm critical violentamente os passes africanos que, segundo ela, ganham dinheiro de diferentes formas em detrimento dos seus migrants. > Um mercado de predadores a isso que Aminata Traor, ex-Ministra da Cultura do seu pais, o Mali, perita internacio- nal, figure de proa do alter-mundialismo, res- ponde sentenciando o fracasso do que engrandecido pelo discurso, ou seja o desen- volvimento, e conjurando a Europa a "recon- hecer que nao ha mais problems de ma gover- naao em Africa do que em qualquer outra parte do mundo", nao esquecendo que, quando C*RREIO Jornadas Europeias do Desenvolvimento Dossier se aponta assim o dedo a este continent, visa- se geralmente a Africa negra. Para ela, "o que nos mostrado o espelho da corrupao, quando a montante ha a primazia das regras do mercado. Os passadores fazem parte do sis- tema". Para a militant alter-mundialista, o problema da Europa a culpabilidade e a recusa de reconhecer que se enganou na sua political de desenvolvimento. Assim, o diag- n6stico deveria incidir sobre o desenvolvi- mento e nao sobre Africa. A China tambm nao deveria ser o bode expiatrio, porque "nao foi ela que iniciou a pilhagem". Sem perder o flego, Aminata Traor criticou a perversao das reduoes de dividas do G8 que "submetem os pauses da Africa a compromis- sos prejudiciais ao seu desenvolvimento" e assimilou corrupao political as verbas pagas a dirigentes de paises de emigraao para a center. E interrogou-se sobre a boa govemaio dos pauses desenvolvidos ao tentarem controlar a sociedade civil dos pauses pobres. A Sra. Traor critical igualmente as garantias dadas s multinacionais pelos organisms financeiros multilaterais atravs dos seus programs de apoio aos paises em desenvolvimento. O mer- cado intemacional ter-se-a tomado "num mer- cado de predadores". Por ltimo, foi destacado o excess de media- tizaao da imigraao africana em Espanha, assimilada ao racism, quando o numero de migrants africanos neste pais infimo, com- parado com os de outras provenincias como a Amrica Latina ou a Europa de Leste. Richard Lokiden Wani Double velos. Exposiao "Antoher World. Bamako 2005". Fonte: La Centrale Electrique e artist. > f dilspora africana de long o primeiro doador de flfrica Remessas: um vocabulo tirado da giria para definir o contribute financeiro dos migrants para os seus paises de origem. Estas remessas sio extremamente importantes. Gibril Faal, president do Conselho de Administraao da AFFORD (African Foundation for Development, www.afford-uk.org) tornou-se no advogado da "Remit Aid", o reembolso de impostos cobrados sobre a "ajuda" enviada pelos migrants aos seus paises, analoga quela de que beneficiam os doadores das organizaoes de caridade. Este reembolso constitui um incentive important s "remes- sas". Na sua intervenao, Faal recordou os ndmeros do Banco Mundial relatives a 2003 e 2005, que sao respectivamente de 200 e 250 mil milhes de dlares para Africa. Assim, na cooperaao para o desenvolvi- mento de Africa, a diaspora africana repre- senta de long o primeiro doador. E que doa- dor! O mais generoso, o menos exigente e o mais regular. Com donativos em perptuo crescimento, transferidos por montes e vales, quando a economic corre bem e nos periods de vacas magras, sem nenhuma condicionali- dade de boa governaao ou contrapartida commercial, a diaspora envia o seu escote para Africa. Uma ajuda que represent, consoante o pais, 2 a 4 vezes o conjunto da ajuda pblica ao desenvolvimento e 5 vezes os investimen- tos estrangeiros director. Alm disso, uma ajuda que vai directamente para os beneficiarios, ao pass que uma boa parte da ajuda ao desenvolvimento fica nas maos dos doadores! E que nao necessita da mediaao de governor e outros intermedia- rios que a absorvem. um exemplo de boa governaao. Dai Gibril Faal concluir que esta forma de ajuda merece, pelo menos, tanta atenao como a ajuda ao desenvolvimento. Entre as questes nao consensuais nas discus- soes agitadas que encerraram as apresenta- oes dos intervenientes, constam as restrioes mobilidade, que seriam mais restritivas na Europa para os originarios da Africa negra, e a necessidade de colocar, temporariamente ou a long prazo, a pericia dos migrants dispo- siao dos paises em vias de desenvolvimento, mesmo que para isso seja necessario solicitar ajuda pblica intemacional. Nao ao direito mobilidade, segundo o mediador do debate, Jonathan Faull da Comissao Europeia, para quem este direito nio existe em parte alguma do mundo, uma vez que as fronteiras ainda sao realidades tangiveis. Nao igualmente a um process contra a Europa por racism anti- Africa negra. As intervenoes e as discusses incidiram muito pouco sobre a segurana e sobre o pro- blema conexo frequentemente evocado da delinquncia nas comunidades de origem estrangeira. Tao-pouco sobre as tenses inevi- tiveis entire as populaoes aut6ctones e al6ge- nas a partir de um determinado limited de imi- graao. Sobre esta questao, sera que a segu- rana dos paises de acolhimento nao passou da arvore que esconde a floresta? H.G. M N. 1 n.e. JULHO AGOSTO 2007 Dossier Jornadas Europeias do Desenvolvimento Franois Misser DAi nfAS rS ESCOLlS DO RUOnDA Tecnologias da informaao Ningum duvida que o novo proprietrio da Microsoft em Africa, o Cheikh Diarra, no pertence ao grupo dos "intelectuais preguiosos" de que falava o inesquecivel President do Burkina Faso, Thomas Sankara. Durante e margem do "business forum" organizado durante as recentes jornadas europeias do desenvolvimento, este antigo director do Programa de Explorao de Marte da NASA afirma que esta ciente do enorme potential das novas tecnologias da informao, tendo em mente a situa- o das aldeias mais longinquas do seu Mali natal. O s afro-cpticos podem argumentar que essa profissao de f nao sur- preendente na boca do "Embaixador em Africa" da mul- tinacional de Bill Gates. Mas ha que reconhecer que Cheikh Diarra, que tambm president da Universidade Virtual Africana, tem uma visao. Cita como exemplo o Ruanda. Quem ousaria pensar que pouco tempo depois do genocidio tutsi este pais mortificado seria o laboratrio da Microsoft em Africa? Ora, hoje, o Ruanda um dos pauses do continent africano onde o "e- govemment" atingiu o nivel mais avanado: todos os parlamentares tm o seu computador portatil e o govemo trabalha arduamente para realizar o seu objective de interligar mais de 300 escolas este ano. Alm disso, o Instituto de Cincia e Tecnologia de Kigali (Kigali Institute of Science and Technology KIST) conta com mais de quatro mil estudantes. > Os satlites, um potential inexplorado Mas como faz-lo no Mali, onde ha regies imensas sem redes de telefonia fixa e de electri- cidade? Existem soluoes, insisted Diarra, que preconiza um sistema hibrido que combine o servio s zonas costeiras atravs das bandas passantes que as fibras pticas permitem nos contomos do continent e a instalaao de siste- mas autonomos tais como o VSAT (Very Small Abertura Terminal) nas zonas do interior. Paralelamente, tambm possivel utilizar os satlites com bandas passantes que seria possi- vel segmentar para servir estas comunidades. Ha portanto oportunidades que nao sao exploradas. A UNESCO consider que 30% das capacida- des dos satlites geoestacionarios no cu africa- no nao sao utilizadas. Mas o acesso s novas tecnologias embate no problema do preo elevado dos computadores e das licenas dos programs vendidos, nomeada- mente pela Microsoft. Diarra esta consciente disso e replica que a sua empresa cede as suas licenas s escolas africanas "pela bagatela de US$ 5 por ano". Alm disso, Microsoft criou na Namibia e no Qunia centros que actualizam e recondicionam os computadores com uso de dois anos, que os bancos e as grande compan- hias do norte deixam de utilizar. Estas maquinas sao distribuidas s escolas. > "Office" em lingua Zulu Doravante, possivel telecarregar gratuita- mente interfaces que propem o sistema "Windows" e o pacote "Office" nas linguas Swahili, Zulu e Afrikaans. As verses em Ibo, Haoussa, Woloff, Bambara e Peulh seguirao. Mas nao se pode ficar por aqui, necessario continuar, preconiza Diarra. Sera necessario recorrer doravante a graficos e voz, por forma a que algum que nao saiba ler coloque o cursor do rato numa palavra para ouvir o computador pronuncia-la na sua lingua. com interactividades deste tipo que se podera conduzir pouco a pouco a maioria das pessoas a beneficiary deste potential e melhorar assim as suas condioes de vida. Ha innmeras possibilidades. a Cheikh Diarra, o novo patrao de Microsoft Africa. Fonte: Microsoft. Jornadas Europeias do Desenvolvimento Dossier DO BEIEFICIIRIO f0 DORDOR, um EXERCICIO RICO DE EISInIm1EnTO Ajuda ao desenvolvimento E dificil aos novos esta- dos-membros da Uniao Europeia, considerados ainda hoje como os "pobres" da Europa e que bene- j. r f S ficiam por isso de uma ajuda - excepcional de cerca de 8,5 mil A e . milhes de euros do Fundo Europeu de Coesao, tornarem- L se de um dia para o outro mem- bros de pleno direito da Uniao . Europeia, primeiro mutuante mundial, que totaliza mais de 50% da Ajuda Pblica ao Desenvolvimento (APD). Ao aderirem em 1 de maio de 2004 Uniao Europeia, os dez novos pauses Letnia, Estnia, Litunia, Polnia, Republica Checa, Hungria, Eslovaquia, Eslovnia, Malta e Chipre -beneficiaram, mesmo assim, de um regime menos rigoroso. Em primeiro lugar, s devem contribuir para o Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED) a partir de 2008, ano que marca o inicio do 10 FED. Por outro lado, muito embora os novos estados-membros se ten- novosestados-membrosseten- Antnio Ole, Ligaao remote: fragments de um diario, Luanda Jerusalem 1996. ham comprometido, em maio Fotografia: Carlo Pereira Marques. Fonte: Artista. de 2005, a aumentar gradual- mente a sua ajuda, obtiveram a facilidade de o fazer a um ritmo menos eleva- do que os seus parceiros. Tendo a ONU fixado em 0,7% o nivel da ajuda pblica, em relaao ao PIB, at 2015, os dez novos pauses s6 devem contribuir com 0,33%. um prazo que todos os pauses aproveitam para construfrem a sua political de cooperaao e es para reforar as instituioes; sobretudo o caso e via a sua agncia de desenvolvimento ACDI, desempenha um papel crucial no reforo das capacidades dos pauses de Visegrad (Polnia, Hungria, Repblica Checa e Eslovaquia) e dos tres pauses balticos. Objectivo : financial e gerir conjuntamente projects de ajuda nos pauses menos desenvolvidos. dos franceses e alemaes, seguidos pelos espan- > Primeiro os uizinhos h6is e os britnicos. Os grandes doadores, entire os quais o Programa das Naoes Unidas para o Oriundos na grande maioria c Desenvolvimento (PNUD), fazem o mesmo. sovitico, os novos mem Mas sobretudo o Canada que, a partir de 1989 Europeia tm como prioridad o antigo imprio bros da Uniao .... -j bilidade da regiao da Europa SCentral e Oriental, o que "uma S necessidade vital", como o sublin- ha o Ministrio dos Negocios Estrangeiros da Hungria. Sendo assim, nao admira que os principals beneficiaries da ajuda pblica sejam os seus vizinhos mais prximos, ou seja os paises Balticos e alguns paises da Europa de Leste. E os paises ACP? At ha pouco tempo, eram poucos os paises que S beneficiavam da ajuda dos novos paises doadores da Uniao Europeia. Muito embora various Spaises tenham decidido alargar a sua cooperaao bilateral, a lista '| continue a ser curta e limita-se, de moment, ao continent africano. Encabeam a lista quatro pauses: Angola -pais considerado priori- tario pelas agncias de cooperaao checas e polacas -o Qunia, a Zmbia e o Sudao. > Boa gouernana e agriculture "Beneficiamos de uma experin- cia especifica que nos nao com- partilhamos com os doadores tra- dicionais", admit um perito da plataforma das ONG de desenvolvimento eslovacas, "e que emerge do process de tran- sformaao que vivemos aps a queda do muro de Berlim". Nestes moldes, nao admira que a ajuda boa goverana e a abertura econo- mia de mercado constituam os sectors priori- tarios da ajuda prestada pelos novos estados- membros. Pelo menos nos pauses ribeirinhos. Quanto Africa, a ajuda concentra-se essencialmente em sectors mais "tradicionais", como a agri- cultura, o desenvolvimento industrial ou o e essencial a esta- ambiente. N. 1 n.e. JULHO AGOSTO 2007 Dossier Jornadas Europeias do Desenvolvimento Debra Percival Um nOUo PARADIGmIR PAflR OS PBRCEIROS RFRICRInOS Novos temas transversais de desenvolvimento, novos participants na mesa e a neces- sidade de uma melhor coordenao entire doadores esto entire os assuntos que rede- senham os "paradigmas" internacionais de doador para o desenvolvimento, a base para as politics futuras. mecanismos de ajuda podem aju- dar os doadores nos grandes temas de desenvolvimento da boa governaao, alteraoes climaticas, migraao, segurana, biodiversidade, foram assuntos continuamente referidos pelos participants nas Joradas Europeias do Desenvolvimento. A China foi encarada pelos participants, tanto como uma oportunidade para os expor- tadores africanos, como, ao mesmo tempo, um concorrente nos mercados estrangeiros. A insistncia no aumento da ajuda ao continent foi bem recebida, mas, ao mesmo tempo, questionada, no que isso pode significar para a ajuda ligada ao respeito pelos direitos huma- nos. Uma coisa certa, disse Paul Wolfowitz, President na altura do Banco Mundial, "os pauses africanos ficam para tras no cresci- mento econmico e nos negocios. O empresi- rio africano paga tres vezes mais para expor- tar, mesma distncia". O enfoque da conferncia sobre a promoio da boa governaao nas naoes africanas foi reconhecido pelo Comissario da Uniao Africana para a Paz e Segurana, Sad Djinnit, ao dizer que "o grande desafio o desafio da governaao" e acrescentou que a sua organi- zaao a favor de uma "carta africana da democracia e da governaao", assente na "partilha de valores comuns". Muitos dos participants na conferncia insta- ram os doadores a considerarem todas as com- ponentes da boa governaao atravs da ajuda. Para o Presidente do Botswana, Festus Mogae, isso inclui uma "Constituiao legi- tima e a autoridade da lei, a participaao alar- gada na forma de governaao, instituioes pdblicas efectivas, igualdade de gnero". > f boa gouernaao requer infra-estruturas Muitos concordaram com o ponto de vista de Mark Malloch Brown, Secretario-Geral Adjunto das Naoes Unidas: "A democracia e a boa governaao precisam de estradas, hospi- tais, prosperidade e emprego." Alguns lideres africanos apelaram a um apoio financeiro mais director, para que os funds possam che- gar rapidamente aonde sao mais necessarios. Para a Presidente da Libria, Ellen Johnson Sirleaf, cujo pais esta a emergir como model para outras sociedades p6s-conflito, a boa governaao significa "a gestao efectiva dos recursos naturais das pessoas, pelas pessoas e para as pessoas". "O bem-estar partilhado conduz prevenao do conflito. Para mim, continuar a exportar matrias-primas faz parte da ma governaao", declarou o Presidente do Uganda, Yoweri Museveni, na sessao plenaria do event, que contou com a presena de 18 chefes de estado africanos. Apelando a um maior investimento ultramarino no Uganda, em indstrias de pequena e grande dimensao, entire 20 e 100 milhes de dlares, Museveni colocou a ques- tao: "Como possivel um desenvolvimento CORRElO Mustapha Dim, La petite danse, 1995, 241 x 117 cm, madeira, metal, pregos. Exposiao "Afrique Europe: rves croiss". Fonte: Comissao Europeia e artist. Jornadas Europeias do Desenvolvimento Dossier sustentavel durante 45 anos sem transiao? Continuar a exportar matrias-primas ma govemaao". O Uganda o quarto maior pro- dutor de caf do mundo, vendendo o grao ao Reino Unido, apenas a um dlar por quilo. A mercadoria rende 15 dlares por quilo, no Reino Unido, para a empresa europeia de pro- cessamento que faz a moagem e torrefacao. Para Jean-Michel Sverino, Director-Geral da agncia governmental de cooperaao fran- cesa, "Agncia Francesa do Desenvolvimento", demasiados actors esta- vam a fazer as mesmas coisas, no mesmo local, conduzindo quilo a que ele chamou "ajuda Disneyland". Outros participants levantaram questes sobre a eficincia a long prazo dos peritos estrangeiros que caem de para-quedas num pais, durante um curto period de tempo, para a realizaao de projects. Koos Richelle, Director-Geral de EuropeAid, o servio que implement os projects de ajuda da Comissao Europeia, receou que hou- vesse demasiada duplicaao de ajuda na comunidade international. "S6 no sector social, em 2006 na Tanznia, houve 400 pro- jectos de doadores", referiu Richelle, um dos principals oradores no seminario da confern- cia sobre "novos paradigmas". Jerzy Pomianowski, Director polaco da Cooperaao, chamou a atenao para a impor- tncia de tornar a ajuda mais visivel. Referiu que o seu pais sentia falta de visibilidade na cooperaao international e que tinha um enorme trabalho a desenvolver para "educar a nossa sociedade para o desenvolvimento". Muitos participants referiram as actuais inconsistncias da ajuda da UE e das political comerciais. A monocultura no Uganda, impul- sionada por pauses importadores dependents do abastecimento de um nico produto, estava a destruir a biodiversidade do seu pais, decla- rou Chebet Maikut, Presidente da Uniao Nacional de Agricultores do Uganda. Sally Nicholson, funcionario em Bruxelas res- ponsavel pela Fundaao Mundial para a Vida Selvagem (World Wildlife Fund -WWF) na area da natureza, disse aos participants, num event paralelo conferncia, que era altura da Uniao Europeia reagir em todas as suas declaraoes sobre preservaao da biodiversi- dade nos pauses em desenvolvimento. Para o Institute Internacional de Desenvolvimento Sustentavel (IIDS), sedeado em Genebra, as prioridades eram o comrcio "sensivel ao conflito" e as political de ajuda. O gestor de project do IIDS, Oli Brown, disse num outro event paralelo aos Dias Europeus do Desenvolvimento que tal envolvia exportado- res "que se afastavam da exportaao de um ou dois produtos imprevisiveis", criavam merca- N. 1 n.e. JULHO AGOSTO 2007 dos de "recursos sem conflito" e restringiam as exportaoes de "recursos de conflito". Tambm pretend que as empresas que se encontram a opera nos "Estados frageis" sejam mais "sensiveis ao conflito". O Comissario Louis Michel concordou que a UE, no seu meio sculo de histria de coope- raao para o desenvolvimento, tinha sido "demasiado paternalista". Disse aos jornalis- tas que este event europeu sobre desenvolvi- mento permitiu criar uma verdadeira parceria e nao impor qualquer novo condicionalismo aos Estados africanos. A reuniao de Bruxelas permitiu apontar para novos paradigmas e identificar temas prioriti- rios e relaoes entire eles, o que que esta a funcionar bem e o que que nao esta, para torar a ajuda mais efectiva e a necessidade de uma maior cooperaao entire doadores, de modo a gerir os recursos e a evitar duplicaao de ajuda. Luis Amado, Ministro portugus dos Negcios Estrangeiros, organizara em Lisboa as prximas Jornadas Europeias do Desenvolvimento, que estao agendados para o segundo semestre de 2007, recebendo assim o testemunho de Bruxelas. a esquerda: Grafito "Libria para todos", Monrovia, Libria. direita: "Os ACP precisam de mais investimento". Loja Barbers, Kampala, Uganda. Construir a governaao da base para o topo na Mauritnia /f ela primeira vez na Mauritnia a S gestao de project nao esta nas maos da administraao", refere Zakaria Ould Amar, Director-Adjunto do Centro da Governaao da Mauritnia, cuja pesquisa conjunta e relatorio com o comit de peritos para o desenvolvimento sedeado em Bruxelas Centro Europeu para a Gestao da Political de Desenvolvimento (ECDPM) lan- ou as bases de um program multidimen- sional para criar a sociedade civil da base para o topo. O Program de Apoio Sociedade Civil e Boa Governaao (PASOC) de trs anos, dotado com um oramento, financiado pela UE, de 4,5 milhes de euros, arranca em fevereiro de 2007. O program estabelece um quadro legal para a sociedade civil, cria redes na sociedade civil, estabelece o dia- logo sobre political nacionais, leva a socie- dade civil a criar uma cultural de cidadania e um dialogo sobre direitos humans e da ao governor local a possibilidade de ganhar especializaao, permitindo aos doadores a gestao dos seus projects localmente. Numa fase de "pr-projecto", o ECDPM e a ADGAE trabalharam lado a lado, entire outu- bro de 2004 e junho de 2005, para identifi- car o que era necessario fazer para apoiar a sociedade civil na Mauritnia, de modo a caminhar no sentido de uma "verdadeira cultural democratica, explica Jean Bossuyt, responsavel de project do ECDPM. O pri- meiro passo consistiu em identificar a natu- reza e o numero de grupos da sociedade civil da Mauritnia. Houve alguma hesitaao inicial. Passados dois anos, existe um melhor entendimento e o pro- jecto vai ganhando terreno ao seu proprio ritmo. Um seminario organizado no mbito do project, em maio de 2006, aberto a toda a sociedade civil, elaborou um "Quem quem" da sociedade civil da Mauritnia. O esperado quadro legal da sociedade civil estava a ser finalizado aquando desta publi- caao. Uma unidade tcnica autonoma de implementaao ira decidir sobre a elegibili- dade dos pedidos individuals de funds pro- venientes da sociedade civil. definido um montante maximo de 100 000 euros para projects destinados a pr em pratica os direitos humans e criar outras redes, como o caso de redes para pessoas com deficincia. Esperam-se projec- tos inovadores de aplicaao de funds, que revelem a capacidade de criar entidades na sociedade civil e demonstrar, por exemplo, o que que significa cidadania, atravs do uso de banda desenhada. Tendo em conta a enorme dimensao do pals, trs das 13 autarquias da Mauritnia situadas nas zonas mais populosas sao selec- cionadas para receber formaao e compe- tncias em governaao local, para uma mel- hor gestao dos projects locais financiados por doadores. a Fotografias: Debra Percival. CeRRElO Jornadas Europeias do Desenvolvimento Dossier fl BOR GOUERnIRO E OS mEIOS DE COmunICRlo: E PRIMORDIAL RESPEITHR OS JORHIILISTHS De que modo os meios de comunicao social podem contribuir para a boa governao em frica? Para isso preciso respeitar os jornalistas, definir bem o seu estatuto e organizer o espao audiovi- sual, responded ao Coorreio o experience Mactar Sylla, que participou na mesa-redonda organizada sobre o tema. O actual Presidente da Associao privada dos produtores e das televises de frica e Director-Geral de cadeia camaronesa Spectrum Televiso (Camares), foi anteriormente Director da Radioteleviso senegalesa e membro da redaco de TV5. s meios de comunicaao social africanos, depen- dentes do servio pblico ou do sector privado, devem geralmente desempenhar o seu papel de informaao e de alerta, mas tambm tratar temas emergentes em terms de desenvolvimento ao nivel cultural e social, para os dar a conhecer ao pdblico e ao govemo. Devem organizer debates em vez de esconderem a cabea na areia como faz a avestruz", preconiza Mactar Sylla. Ora, deste ponto de vista e consoante o pais onde nos encontramos, a tarefa mais ou menos ardua. Sem querer sugerir a noao de quarto poder, indispensavel que os meios de comuni- caao social -a imprensa escrita, a televisao ou a radio -possam desempenhar este papel de informaao e de acompanhamento do pblico e de relaao dos factos, independentemente da sua natureza e dos seus autores. Mas ha um proble- ma de fundo no que respeita sua utilizaao: a maior parte dos organisms de servio public, mormente chamados meios de comunicaao social estatais, sao mais caixas de ressonncia da voz dos seus mestres do que instruments que fomentam uma boa govemaao. "Organizar o espao audiouisual" Franois Misser: Mas hd anos e anos que os jornalistas lutam para revelar os casos menos claros em todos os passes do conti- nente. E necessrio i, -. -,li'. "Vocs devem informar o cidaddo". Mas ndo serd isso o que muitos tentam fazer? Nao serd necessd- rio fazer pressdo, tambm, sobre os poderes publicos para que os jornalistas possam tra- balhar com mais margem de manobra? Mactar Sylla: E necessario, isso sim, um movimento combinado e concomitante, cuja responsabilidade seja ressentida dos dois lados. verdade que se faz muito trabalho e que muitos jornalistas exercem a sua profis- sio correctamente, independentemente do organismo para quem trabalham e da morosa realidade na qual evoluem. Mas tambm necessario progredir. precise organizer o espao audiovisual em terms de regulaao e Dossier Jornadas Europeias do Desenvolvimento de regime juridico. Nos paises onde nio existe nenhuma regulaao, ningum sabe exactamente qual a missao do public, quais sao as reivindicaoes expresses, qual a protecao e o estatuto do jomalista. Ora, quando nada disto existe, o combat dificil quando nao desigual. "ningum ousaria dizer a um cirurgiao de que maneira ele deueria operar o seu paciente" FM: Quais sao os praises mais apontados? MS: Cada um sabera em que aguas navega. Deus reconhecera os seus filhos. Contudo, posso citar um pais, como o meu, o Senegal, comumente reconhecido como uma democra- cia. Quais sao hoje em dia as regras conheci- das, transparentes e claras da criaao de televi- soes privadas no Senegal? Ningum as men- cionara. E consoante o fregus! O que se diz do Senegal pode tambm aplicar-se a outros Mounir Fatmi, Les connexions, 2003-2004, livros e cabos, dimenses variveis. Fonte: Mounir Fatmi. paises. Quando se faz o inventario, encontra- se um verdadeiro vazio juridico. Todavia, solucionar os problems juridicos nao de modo algum remediar a todos os males, nem uma espcie de vara magica. Trata-se tambm de saber qual a importncia dada actual- mente comunicaao no meu pais. E um sec- tor important? E algo que contribui para o desenvolvimento? Nao se tem a impressio disso, dado ser o mais das vezes um instru- mento de acompanhamento e de ampliaao da mensagem das pessoas ao poder, em vez de ser uma profissao respeitada e um sector dinmico pertencente cultural com um "C" maisculo. Assim, quando se esta num context destes, onde nao ha uma visao, uma estratgia e uma political, sao permitidos todos os equivocos, possiveis e imaginaveis, e isso torna a tarefa dos profissionais ainda mais ardua. Mas nao podemos baixar os braos. Os joma- listas devem continuar a desempenhar a sua funao, tanto a nivel pblico como privado, tendo sempre em mente as suas contingncias. De nada serve armar-se em kamikaze. Penso tambm que sera cada vez mais dificil impedir os jornalistas de alcanar este nivel de profis- sionalismo, de liberdade e de independncia. Nao se trata do combat do jornalista como tal, mas da luta do joralista como cidadao, na sua funao e na sua profissao, que consiste em colocar a informaao ao servio das popula- oes numa perspective de desenvolvimento. O jornalista nao um inimigo! Quando ha um golpe de Estado em Africa, aps o aeroporto e a Presidncia da Repblica, sao os jornalistas que pagam a factura, como as radios, a televi- sao, os jomais, etc. Nos nao somos instigado- res de distrbios, somos os arautos da paz, agents de desenvolvimento, e para isso sera necessario que respeitem a nossa maneira de trabalhar. Ningum ousaria dizer a um cirur- giao de que maneira ele deveria opera o seu paciente. Mas a nos, os joralistas, dizem-nos como fazer o nosso trabalho e o que devemos escrever e nao escrever. FM: Depreende-se do que diz que existe um jornalismo dos "..... (espcie de feiticei- ros), as ordens dos governantes, mas a imprensa privada ndo estd isenta de desvios. Alguns media acomodam-se em dar eco a dis- cursos xendfobos? MS: Tem razao. O estatuto privado nio confere um cunho de profissionalismo. Muitos projects nao tm nada de profissionais. Como dizem os Ingleses, ha por vezes uma "agenda" por tras. E muitas pessoas caiem no engodo. Por exemplo, vejamos o que se passa na Repblica Democratica do Congo, onde pulu- lam jornais e televises, onde cada grupo, nos niveis mais altos do poder, tem as suas cadeias de televisao e os seus grupos de imprensa. Tudo isto nos conduz questao do quadro ins- titucional global das regras do jogo, que devem ser elaboradas de tal maneira que pos- sam prevalecer, seja quem for o titular do cargo no topo da hierarquia. F.M. M Hassan Khan, The Hidden Location, 2004, 52 min., imagem de video fixa. Fonte: Galerie Chantal Crousel (Paris) e artist. Fotografia: Hassan Khan. r -r- .. =.............. CORREIO ^ mlnteracoes Aminata Niang Protesto parlamentar BCP/UE contra uma globalizao injusta Assembleia Parlamentar Paritaria de Bridgetown O future incerto das relaoes comerciais, chamadas libe- ralizaao, entire a Uniao Europeia e os Estados ACP e a situaao political explosive no Corno de Africa domina- ram a ltima reuniao da Assembleia Parlamentar Paritaria ACP/UE que decorreu de 20 a 23 de novembro de 2006 em Bridgetown, capital da Ilha de Barbados, pequeno Estado insular das Caraibas. Porta-voz dos eleitos de paises ligados pelo Acordo de Cotonu numa parceria para o desenvolvimento, a Assembleia Parlamentar Paritaria (APP), actualmente presidida por Glenys Kinnock, trabalhista brit- nica, e Ren Radembino Coniquet, president do Senado gabons, amplamente aberta, dando assim a palavra aos representantes das ins- tituioes tanto europeias como internacionais, como a ONU, e aos representantes da sociedade civil. Em Bridgetown, a APP singularizou-se pela amplidao das preocupa- oes e pela vivacidade das critics suscitadas pela negociaao de Acordos de Parceria Econmica (APE) entire a Uniao Europeia e seis sub-regies do Grupo ACP.* Estes acordos, cuja negociaao esta inscrita no Acordo de Cotonu, sao supostos entrar em vigor a 1 de Janeiro de 2008 para: criar mercados regionais ACP, utilizar o comrcio como alavanca do desenvolvi- mento e preparar o estabelecimento de zonas de comrcio livre a long prazo com a Uniao Europeia, compativeis com as regras do comrcio multilateral -pouco avido de direitos aduaneiros. Os acor- dos estio assim vocacionados para substituir progressivamente as pre- ferncias comerciais nao reciprocas de que desfrutam os paises ACP ha mais de trinta anos para o acesso dos seus produtos ao mercado europeu, em virtude de uma derrogaao s regras da OMC, que expi- rara em 2008. > Sobretudo no forar o ritmo das negociaes A menos de um ano deste prazo, a notavel unanimidade dos deputa- dos europeus e ACP para denunciarem as consequncias potencial- mente nefastas de tais acordos para Estados econ6mica e socialmente vulneraveis causou reacoes consideraveis. E o pedido expresso, feito Uniao Europeia, para nao forar o ritmo das negociaes a fim de precipitar a assinatura, no final de 2007, de acordos contrarios aos seus interesses de desenvolvimento, sem precedentes (ver caixa). Embora a Comissao Europeia tenha dado todas as garantias no ha agenda oculta da Uniao Europeia, como tambm nao havera abertura dos mercados ACP que nao seja progressive, com periods de transi- ao muito longos, e assimtrica em relaao abertura do mercado europeu nada pde tranquilizar a desconfiana da APP, nem mesmo o apelo razao lanado por Louis Michel, Comissario responsavel pela political de desenvolvimento. > Um debate animado sobre a situao na flfrica de Leste, na falta de ponto de uista comum A convergncia de pontos de vista sobre este primeiro tema urgente contrast com o outro facto important da reuniao de Bridgetown: a inca- pacidade dos parlamentares ACP e seus homlogos europeus em adoptar uma posiao comum sobre a situaao political no Sudao e na Etipia. Por conseguinte, a resoluao de urgncia, que devia ser adoptada sobre a situaao na Africa de Leste, e em particular no Coro de Africa, foi invia- A ir _|I'I:'|i, l i:'ill i'i--i', il j I -.'- iliri Ul''ii i 'i',rLl.ui: i:, :.i ]rl r,_, : -~I [ i:'- i: i -f i ,I -ul -i ui rr : ,:,n' .:. ,:.!-. n.i r. r'n :1 s 1 ;i:i :i *: l':r i .:l :l. |- L. :l., n l :"a :, l i r. : ,.:, n.:_r. .:. r i] unii i .: .. d ili r- .:.1 B rl:.r.:- :.:. - rl,-r.t ":I- i .:l .i 1' ,, i.: i riuirni., :.I .:l:i.P -"i' i, r ,- ..i il :1 i.iiri' i l i-:i j.:.j n i .- ,i.: ': Air lni,.:, Tiii im iii l'm:.i irl.iiicim-ir.ii -\'- \ii\ i,:i .:. n- i llhi.i L:n1 N. 1 n.e. JULHO AGOSTO 2007 Interaces ACP-UE bilizada por falta de maioria suficiente. Esta incapacidade dos eleitos das duas parties de se entenderem sobre uma questao eminentemente political parece, primeira vista, uma sria afronta parceria ACP-UE. Evidentemente, a incapacidade confirm a pouca ambiao de alguns par- lamentares ACP de "utilizarem a sua liberdade de expressao para criti- car abertamente govemos ACP", comentou Zacharie Pandet, senador do Congo Brazzaville. Isso aplica-se em especial ao govemo de Cartum, que a maioria dos deputados ACP queria poupar, concentrando as suas critics na inobservncia do acordo de paz de Abuja. "Sera que devemos atribuir ao govemo sudans um simples 'satisfaz', faa o que fizer?", interrogou-se indignada a eurodeputada verde francesa, Marie-Hlne Aubert. Por sua vez, o embaixador da Etipia, Teshome Chanaka Toga, simplesmente destruiu toda a critical sobre a detenao de prisioneiros politicos no seu pais, preferindo atacar a "campanha continue contra a Etipia conduzida por alguns deputados europeus e a sua tentative de ingerncia". Mas a ausncia de resoluao traduz tambm a dificuldade de extrair lin- has de fora comuns sobre um project de texto que, de forma um tanto ou quanto aleatria, passava em revista a situaao de pelo menos cinco paises: Sudao, Somalia, Etipia, Eritreia e Uganda. Acrescentemos-lhe os procedimentos complexes da APP que permitem aos deputados ACP e europeus recorrer, em caso de divergncias profundas, votaao "por colgio separado", e teremos ai a receita do insucesso. Apesar disso, assistiu-se a um debate muito vivo, que os parlamentares nao deixario de prosseguir. Glenys Kinnock, co-Presidente pela Uniao Europeia, deu essa garantia. "Gostaria que nao houvesse votaao por colgio separado porque somos uma nica assembleia com objectives comuns. Mas, quando se fala de democracia, de direitos humans, as perspectives sao, por vezes, diferentes. No entanto, a APP deve tomar posiao sobre estes assuntos", comentou a co-presidente, lembrando que, em Viena, seis meses antes, uma resoluao relative exclusivamente situaao no Sudao tinha conseguido isolar o representante deste pais levando os deputados a votar conjuntamente um texto consensual muito firme que apontava a responsabilidade de Cartum nos massacres e na crise huma- nitaria sem fim no Darfur. Alias, a APP votou uma resoluao sobre a agua nos paises em desenvol- vimento para solicitar que a gestao equitativa e sustentavel deste recurso seja considerada prioridade political nos paises ACP, que nao seja exer- cida nenhuma pressao sobre eles para lhes impor a privatizaao e que os responsaveis pelas political de privatizaao da gestao da agua e a libera- lizaao dos servios pblicos nestes paises assumam a sua responsabili- dade social e garantam o fornecimento de agua e de servios sanitarios a todos a um preo abordavel. A adopao de uma resoluao sobre as armas leves e de pequeno calibre (principalmente importadas da Europa), enquanto entrave ao desenvol- vimento sustentavel dos paises ACP, tambm deve ser creditada no balano desta APP. O mesmo se diga da resoluao sobre o impact do turismo no desenvolvimento dos paises ACP -uma riqueza essencial que convm incentivar em paises como a Ilha de Barbados, que dai retira 70% das suas receitas. No se deve ceder imposio da OMC AMinistra dos Negocios Estrangeiros e do Comrcio Externo da Ilha de Barbados e Presidente do Comit Ministerial Comercial ACP, Billie A. Miller, na sua intervenao enrgica no deixou ningum indiferente. A sua mensagem clara: as APE devem estar ao servio do des- envolvimento e sao necessarios recursos financeiros adicionais aos do 10 Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED) para que os pauses ACP possam adaptar-se nova situaao, contornando "os procedi- mentos rigidos" do FED que travam os pagamentos. Sem garantias sobre este assunto, os pauses ACP no aceitarao "deixar-se aterrorizar pela imposiao da OMC" e a data-limite do final de 2007. Se as negociaoes com as seis sub-regies ACP sao evasivas, porque ha, segundo Ren Radembino Coniquet, Co-Presidente ACP da APP, questes essenciais em suspense que exigem soluoes urgentes para "soltar as amarras ligadas oferta nos pauses ACP e encontrar recursos financeiros adicionais para uma aplicaao eficaz dos APE". Na resoluao adoptada pela APP sobre "o estado das negociaoes dos APE", deputa- dos europeus e ACP veiculam estas mensa- gens. Sublinham que os APE deveriam contribuir em primeiro lugar para o desen- volvimento socioeconomico sustentavel dos paises ACP, valorizando mais substan- cialmente os bens e servios produzidos nos pauses ACP. Consideram que a liber- dade das trocas reciprocas entire os paises da Uniao Europeia e os paises ACP constitui um srio risco enquanto os paises ACP nao forem devidamente competitivos. As pro- postas actuais da Uniao Europeia em mat- ria de comrcio livre com os paises ACP preocupa-os, especialmente no que diz res- peito ao comrcio dos produtos agricolas, pois "esta political poderia causar proble- mas ao desenvolvimento dos paises ACP", nomeadamente em matria de segurana alimentar e de desenvolvimento das indus- trias locais. Assim, os parlamentares da APP unem-se para solicitar Uniao Europeia que nao "exera presses indevidas sobre os ACP" e "aceite as disposies desejadas para que, caso as negociaoes nao terminem daqui at 1 de Janeiro de 2008, as exportaoes actuais dos pauses ACP para a Uniao Europeia nao sejam interrompidas antes de ser tomada uma posiao definitive". Todas as alternatives possiveis, previstas pelo Acordo de Cotonu (artigo 370) para os paises ou regies ACP que nao desejem assinar um APE a fim de nao serem penali- zados, devem ser devidamente examina- das, lembram os deputados Comisso. E a melhoria das regras de origem e acordos nao reciprocos (como o acesso ao mercado europeu sem direitos aduaneiros e sem quotas, previsto pela iniciativa "Tudo menos armas" a favor dos pauses menos desenvolvidos) fazem parte das opoes a analisar. Alias, o Comissario responsavel pelo comr- cio, Peter Mandelson, ops-se terminante- mente ao pedido da APP de dispor de ver- bas adicionais para os Estados ACP, lem- brando o compromisso assumido pela Unio Europeia de elevar para 2 mil mil- hoes de euros at 2010 a ajuda ao comr- cio concedida anualmente aos paises em desenvolvimento. Uma grande part deste envelope destina-se aos Estados ACP, alm do envelope previsto no FED, para acom- panhar a negociaao dos APE. a CORREIO ACP-UE Interacqes A Africa do Oeste (Benim, Burkina Faso, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gmbia, Gana, Guin, Guin-Bissau, Libria, Mali, Niger, Nigeria, Senegal e Togo), a Africa Austral e Oriental (Burundi, Comores, Djibouti, Eritreia, Etiopia, Qunia, Madagascar, Malawi, Mauricia, Uganda, Ruanda, Seicheles, Sudao, Zmbia e Zimbabu), a Africa Central (os oito pauses da CEMAC Comunidade Economica e Monetaria da Africa Central aos quais se juntam a RDC e Sao Tom), a Africa Austral (Botsuana, Lesoto, Namibia, Suazilndia, Angola, Moambique e Tanznia), as Caraibas e o Pacffico). George Abraham Zogo, Untitled, 1995, pintura a oleo em tela 55 x 50 cm. Catalogue Zogo, Lai-momo 2001. > fissoiar a sociedade ciuil programaao dos recursos financeiros Objecto de um debate sem resoluao, a programaao dos recursos do dcimo Fundo Europeu de Desenvolvimento, dotado de 22,682 mil milhes de euros para financial os programs e projects da parceria ACP/UE para o period 2008-2013, foi, tambm ela, object de exame rigoroso. O Comissario Louis Michel, que veio apresentar as prioridades desta programaao -boa govemaao, construao de Estados competitivos que assegurem s suas populaoes o acesso aos servios vitais como a sade, a educaao e uma justia imparcial, apoio aos APE atravs de envelopes financeiros regionais -teve de responder ao pedido que Ihe foi feito de associar a este exercicio os parlamentos nacionais e a sociedade civil dos Estados ACP. Sem res- ponder pela afirmativa, para nao "impor procedimentos a Estados soberanos", o Comissario assegurou que poderia "sugerir" a consult, sem a impor. Deputados europeus e ACP deixaram a Ilha de Barbados com a pro- messa de se encontrarem no prximo Verao na dcima terceira APP. A Alemanha, que exerce at Julho prximo a presidncia rotativa do Conselho de Ministros da Uniao Europeia, acolh-la-a, de 23 a 28 de junho de 2007, em Wiesbaden. a N. 1 n.e. JULHO AGOSTO 2007 Interacqes ACP Uma cimeira extraordinaria Cimeira ACP A 5 Cimeira ACP realizada em Cartum de 7 a 8 de dezembro de 2006, em plena negociao dos Acordos de Parceria Econ6mica com a Unio Europeia, reafirmou a unidade do Grupo e o seu apoio cooperao com a Europa. Mas tambm recordou que a dimenso do desenvolvimento deve ser o element central destes acordos. Cimeira ACP em Cartum. Fonte: Secretariado ACP. varias razes. Pouco antes do aconteci- mento, alguns diplomats nao escon- diam, nos bastidores, o seu embarao pelo facto de a cimeira se realizar a poucas cente- nas de quilmetros do local da tragdia do Darfur, num pais cujo governor se mostrava muito reticente que a ONU se substituisse Uniao Africana (UA) para supervisionar um cessar-fogo, infelizmente ignorado por alguns beligerantes. Facto indito desde a primeira cimeira ACP, orga- nizada em 1997 em Libreville, o actual Comissario Europeu para o Desenvolvimento, Louis Michel, nao esteve present em Cartum. Possivelmente, tudo teria sido diferente se a cimeira se realizasse mais tarde, at porque a situa- ao se clarificou no final de 2006. Dito isso, mesmo a um nivel mais modesto que habitual- mente, a Uniao Europeia e a Comissao Europeia estavam representadas na cimeira de Cartum, que, segundo os participants, foi "um sucesso" em ter- mos de participaao. Para alm da Uniao Europeia, tambm enviaram representantes a Commonwealth, a Liga Arabe, a Organizaao International da Francofonia, a Comunidade Econmica dos Estados da Africa do Oeste, o CORRElO Fundo Monetario Internacional, o Servio International das Migraoes e duas instituioes ACP-UE (o Centro das Tcnicas Agricolas e o Centro para o Desenvolvimento da Empresa). A Autoridade Palestiniana tambm estava present, assim como Marrocos e Venezuela. Do lado ACP, a representaao foi significativa. Alm dos incontornaveis, que eram o anfitriao, president GR Bchir, (designado president do grupo ACP por dois anos) e o president moambi- cano Armando Guebuza, cujo pais acolhera a cimeira anterior, em 2004, estavam presents seis chefes de estado: Robert Mugabe (Zimbabu), Blaise Compaor (Burquina-Faso), Pedra Nkurunziza (Burundi), Ismal Omar Guelleh (Jibuti), o coronel Ely Ould Mohammed Val (Mauritnia) e Faure Gnassingb (Togo). O Gabao estava representado pelo seu Vice-presidente Dijob Divungi di Ndinge. A Etipia, o Lesoto e o Ruanda estavam representados pelos respectivos primei- ros-ministros. > Reforo da solidariedade intra-lCP, na perspectiua dos OPE Os dirigentes ACP tinham optado directamente por afirmar a sua vontade de consolidar a unidade e a coesao do grupo, atravs do dialogo politico e da cooperaao intra-ACP, reforados no momento- chave em que se negoceiam Acordos de Parceria Econmica (APE), supostos introduzir progressiva- mente o comrcio livre entire a Uniao Europeia e as seis regies ACP a partir de 1 de janeiro de 2008. Neste context, a Cimeira constatou "com apreen- sao" o bloqueio e as incertezas que pesam sobre o ciclo de negociaoes de Doha em curso no mbito da Organizaao Mundial do Comrcio (OMC), e chamaram a atenao para as "graves repercusses que esta situaao nao deixara de ter nas negocia- oes com os APE". Referindo-se aos parceiros do mundo desenvolvido, os dirigentes ACP solicitaram uma reform das regras do comrcio que se traduza no desmantela- IC - Ij Il -t- FIAt .4 -' -J'r tr^ ,r : -I i--I -^ *- - jL,'I ^ I'r > Condenao do golpe de estado nas Ilhas Fiji Na declaraao final da cimeira, cuja divisa era "unidos pela paz, pela solidariedade e pelo desen- volvimento sustentavel", os chefes de estado e de governor reiteraram a sua "condenaao do genoci- dio, do revisionismo e da negaao do genocidio, da limpeza tnica e de todos os outros crimes con- tra a humanidade" e exigiram que os responsaveis destes crimes fossem punidos "em conformidade com o direito international". Em contrapartida, a cimeira condenou qualquer tentative de tomada do poder "por vias nao constitucionais" e assumiu o compromisso de nao reconhecer "regimes forma- dos recorrendo a tais meios". Trata-se de uma alu- sao clara ao golpe de estado ocorrido nas Ilhas Fiji em cinco de dezembro, condenado, de resto, pelo Conselho de Ministros ACP no dia seguinte. mento progressive das subvenoes agricolas e dos apoios internos que tm efeitos de distorao da pro- duao e das trocas comerciais, nomeadamente no caso do algodao. Por ltimo, os representantes dos estados ACP consideraram que as negociaoes sobre a abertura dos mercados publicos e sobre as questes de investimento e de concorrncia s6 deveriam iniciar-se quando os seus pauses estives- sem prontos para o fazer. > Desenuoluimento: maior cooperaao A Cimeira saudou "o compromisso da Uniao Europeia e dos seus estados-membros de reforar os oramentos da ajuda ao desenvolvimento" e de consagrar 0,56% do seu rendimento national bruto Ajuda Publica ao Desenvolvimento (APD) at 2010 e registou o aumento das autorizaoes finan- ceiras da Uniao Europeia no mbito do 100 Fundo Frdric Bruly Bouabr, Srie Diplomatie africaine, desenho a lapis em papel colorido. Exposiao "Afrique Europe: rves croiss". Fonte: Comissao Europeia e artist. N. 1 n.e. JULHO AGOSTO 2007 ACP IInteracqes Europeu de Desenvolvimento. A decisao da Uniao Europeia de utilizar o apoio oramental director para financial a realizaao dos OMD foi bem acolhida, assim como a iniciativa europeia de formular estra- tgias de cooperaao para as regies ACP. Do mesmo modo, foram feitas aos doadores pro- postas de melhoria da eficacia da ajuda simplifi- cando os procedimentos da APD. Inevitavelmente, ressurgiu uma vez mais a questao da divida. Os chefes de estado e de governor consi- deraram que "os credores e os devedores devem partilhar a responsabilidade da prevenao e de uma soluao eficazes dos problems de endividamento nao viavel" e reafirmaram a necessidade de refor- mar a arquitectura financeira interacional para permitir aos pauses em vias de desenvolvimento participar nos processes de decisao do Banco Mundial e do FMI. > ftenuar as consequncias do choque petrolifero Tendo em conta a crise energtica, os dirigentes ACP insistiram na "necessidade urgente" da comu- nidade international remediar os efeitos sobre os custos provocados pelos choques exgenos, como o aumento do preo do petrleo, as catastrofes naturais (nomeadamente as que resultam do aque- cimento climatico), as flutuaoes de preo dos pro- dutos basicos e a erosao das preferncias causada pela liberalizaao do comrcio. Ao mesmo tempo, conscientes de que necessario criar condioes favoraveis ao aumento dos investi- mentos estrangeiros director, afirmam a decisao de criar condioes susceptiveis de reforar o sector privado e criar um "ambiente propicio", sublin- hando o papel important que o Banco Europeu de Investimento. Os dirigentes ACP convidaram os seus parceiros a contribufrem para a adopao de political e medidas capazes de resolver os problems da segurana ali- mentar. Em matria de desenvolvimento social, os dirigentes ACP estao decididos a fomentar politi- cas que respondam s necessidades das camadas mais vulneraveis, nomeadamente em matria de educaao e de sade. A prioridade do acesso agua potavel e ao saneamento, bem como o apoio s actividades das ajudas financeiras ACP-UE para a agua e solicitaram a manutenao do financiamento ao abrigo do 100 FED. O drama constituido pelo afluxo de migrants ile- gais originarios dos seus pauses ao arquiplago das Canarias incitou os Chefes de estado e de governor ACP a lanar um apelo ao dialogo com a Uniio Europeia para criar "mecanismos justos e respon- saveis" a fim de gerir a questao, desenvolver o potential dos migrants e apoiar as contribuioes das diasporas para o desenvolvimento dos pauses de origem. As questes ambientais tambm estiveram em des- taque. Os dirigentes ACP reafirmaram o seu apoio aplicaao do Protocolo de Quioto e avivaram a memria dos europeus sublinhando a necessidade de assegurar a aplicaao de uma decisao adoptada pelos ministros ACP-UE em 2005, destinada a criar um program de ajudas financeiro ACP-UE para as catastrofes naturais. Tendo em mente a tra- gdia ocorrida em Abidjao, condenaram o trans- porte e o derrame de residuos txicos nas regies ACP. Por ltimo, reiteraram a sua preocupaao perante a fracture numrica crescent, exortando os pauses industrializados a contribufrem para a edificaao de uma sociedade da informaao mais equitativa. F.M. M CeRRE10 Interaces ACP O anfitriao da Cimeira, o President Omar Hassan al-Beshir. Fonte: Secretariado ACP. ACP-UE IInteracqes Os diamantes da guerra: ~ > ainda ameaadores w Em 1 de janeiro passado, a Comisso Europeia sucedeu ao Botsuana na presidncia do Process de Kimberley, o mecanismo que entrou em vigor h trs anos e que tem por misso terminar com o trfego de diamantes da guerra. Apesar dos sucessos alcanados, o combat continue renhido. Uma das primeiras tarefas da presidncia europeia sera pr termo ao contrabando de diamantes "rebeldes da Costa do Marfim". P aradoxalmente, as guerras civis em Angola, na Serra Leoa e na Libria terminaram antes da entrada em vigor do Processo de Kimberley, criado em 2003 e associando os estados produ- tores e consumidores, a indstria e as ONG: um sistema cuja vocaao velar pelo bom funcionamento de um mecanismo de certifi- caao da origem dos diamantes em bruto. O objective impedir que o trafego nio alimente as caixas dos senhores da guerra. E naturalmente, o fim destas guerras reduziu a proporao dos diamantes de conflitos no comrcio mundial, que em relaao produao mundial, se torou infi- nitesimal, de 15% segundo as ONG ou 4% segundo a indstria, antes de 2003, para 0,2% segundo a Comissao Europeia. > manter a uigilncia! Mas isto nao pode ser motivo para diminuir a vigilncia, advoga o novo president do Processo, Karel Kovanda, director-geral adjunto das rela- oes extemas da Comissao Europeia. Este antigo diplomat, que repre- sentou a Repblica Checa na NATO at principios de 2005, receia que a mais pequena distracao em terms de vigilncia acarrete consequn- cias nefastas e imediatas. Nem todos os diamantes da guerra desapare- ceram, record ele ao Correio. "Ha muitas razes para pensar que os diamantes da Costa do Marfim, provenientes das zonas rebeldes, sao escoados no mercado mundial via o Gana e recebem de maneira inadequada a certificaao da sua origem ganesa", explica Karel Kovanda. Sendo assim, a tarefa da Comissao consistira em zelar pela boa aplicaao do plano de acao que o Gana prometeu executar na ltima plenaria do Processo em Gaborone (Botsuana) em novembro passado, para reforar os controls interns e impedir "o branqueamento" dos diamantes rebeldes da Costa do Marfim misturados com diamantes ganeses. Para isso, o Gana benefi- ciara da peritagem de gemologistas capazes de determinar, pela cor e a pureza, se os diamantes dos "pacotes" certificados pelo Gana e acom- panhados por documents protegidos sao realmente originarios das zonas indicadas. Outro desafio sera verificar se a rebelio na Repblica Centrafricana pde ter acesso aos jazigos de aluvies do rio Lobaye. Segundo os responsaveis do Conselho Superior do Diamante de Anturpia (Blgica), principal centro do comrcio de diamantes do mundo, outro mrito do Processo o ter permitido aumentar as receitas de exportaao dos pauses mais afectados pela fraude, como a Repblica Democratica do Congo (RDC) e a Serra Leoa. Tal advm do facto que, para "capturar" os diamantes da guerra, o mecanismo mata dois coel- hos com uma cajadada e impede o conjunto de diamantes ilicitos de ser N. 1 n.e. JULHO AGOSTO 2007 il*j .V Interacqes ACP-UE r reciclado no circuit legal. Porque as gemas de contrabando e as que serve para financiamento de grupos armados ou terrorists sao consi- deradas parte integrante de uma s6 e mesma categoria. O xito do Processo inspirou Karel Kovanda a impedir que o comrcio das outras matrias-primas, como por exemplo outras pedras preciosas, sirva para financial os conflitos. Ao mesmo tempo, esta ciente da impossibilidade de aplicar a receita Kimberley a outros produtos sem a alterar, tendo em conta a especificidade do diamante (racio valor/peso, grau de transparncia do mercado etc.). O context para uma tal reflexao sobremaneira propicio, diz ele, sobretudo porque a Alemanha, que presidiu este ano o G8, incluiu nas suas prioridades a Africa, primeiro fornecedor mundial de diamantes, e a questao da rela- ao entire as guerras e os recursos naturais. A Comissao Europeia tenciona tambm prosseguir a consolidaao do process, reforando a transparncia e a precisao das estatfsticas do comrcio de diamantes em bruto. A observaao destes dados relatives crucial porque ja permitiu no passado detectar fluxos suspeitos de mer- cadorias. Para alm desta vontade de melhorar o rastreabilidade dos diamantes, a ambiao da Comissao aumentar a eficacia do meca- nismo, alargando o clube dos 47 membros do Processo que representam 71 estados. Karel Kovanda procurara, at ao final deste ano, fazer com que todos os pauses membros sejam object de uma avaliaao no mbito das "vistorias pelos hom61ogos" efectuadas por representantes dos outros pauses, pelas ONG e pela indstria. > Integrar os exploradores artesanais no process Apesar de tudo, o Processo de Kimberley nao ps termo a todas as vio- Slncias ligadas exploraao de diamantes. Mesmo na ausncia de insur- reies, a eclosao de lutas entire exploradores clandestinos e agents de ". .segurana das companhias mineiras ou militares, na RDC ou em Angola, por vezes dramatic. Karel Kovanda nao o nega, mas consi- dera que nao se pode exigir demasiado de um sistema que foi concebido ...... para resolver o problema especifico das guerras financiadas pelo contrabando de diamantes. Todavia, esta disposto a explorer pistas para uma eventual contribuiao do Processo de Kimberley para a resoluao do problema das violaes dos direitos do home que nao estejam . directamente ligadas aos movimentos rebeldes que financial as suas actividades com o contrabando de diamantes em bruto. Sr Karel Kovanda tenciona tambm integrar no Processo as associaes de exploradores artesanais que, na Africa, constituem a maioria esmaga- dora dos trabalhadores do sector da exploraao do diamante aluviano. "A legalizaao da situaao dos mineiros aluvianos certamente um dos .. aspects que teremos de repensar. Nao foi por acaso que, na ltima reu- niao plenaria do Processo em Gaborone, se decidiu criar um grupo de trabalho especial sobre a explorado do diamante aluviano", comenta o novo president do Processo. "Talvez nao se faa neste ano, mas mais tarde ou mais cedo sera necessario analisar a questao das condies de vida e de trabalho dos trabalhadores do sector aluviano", conclui Karel Kovanda. F.M.* Freddy Tsimba, Corps en mutation, 2006 202 x 106 x 54 cm, metal. Exposiao "Afrique Europe: rves croiss". Fonte: Comisso Europeia e artist. Co-autor comn Olivier Valle de Gemmocraties: l'conomie politique du diamant africain, Descle de Brouwer, Paris 1997 CORRElO Interacqes Agenda julho Dezembro 2007 Julho 2007 > 1-3 Cimeira da Uniao Africana. Accra, Gana. africa-union.org > 1-4 Vigsima oitava sessio da conferncia dos Chefes de Estado e de Govemo da Comunidade das Caraibas. Bridgetown, Barbados. www.caricom.org > 9-11 Forum mundial sobre Migraao e Desenvolvimento. Bruxelas, Blgica. www.agfmd-fmmd.org flgosto 2007 > 1-2 Reuniao ministerial dos pauses ACP do Pacifico consagrada ao Comrcio. Port Vila, Vanuatu. www.forumsec.org Septembre 2007 > 10-13 Nona sessao da Assembleia Parlamentar ACP. Bruxelas, Blgica. > 26-27 Quarta reuniao dos Ministros da CE-CARIFORUM sobre as negociaoes APE. Caraibas, local a decidir. Conseguir-se-a um acordo antes do fim do ano? www.caricom.org Outubro 2007 > 1-11 54' Sessao da Conferncia sobre Comrcio e Desenvolvimento (CNUCED). Genebra, Suia. www.unctad.org > 8-10 Reunies dos Ministros do Comrcio ACP. Bruxelas, Blgica. Oportunidade para os seis grupos regionais fazerem o ponto sobre as APE. www.acp.int > 28-2/11 12' Conferncia mundial dos lagos. Jaipur, India. Da cincia cultural dos lagos, a India acolhe em Jaipur a 12" Conferncia mundial dos lagos, organizada pela organizaao nao governmental da Comissao Ambiental International dos Lagos. www.taal2007.org > 31-2/11 Conferncia intemacional sobre a gestao costeira. Cardiff, Reino Unido. Um encontro a nao perder para os govemos e engenheiros civis nestes tempos de mudana climatica e de presses exercidas sobre as zonas costeiras. > 23-7/11 Oitava sessao da Conferncia das Partes na Convenao sobre a luta contra a desertifica.o. Madrid, Espanha. www.unccd.int nouembro 2007 > 2-9 Jomadas do Desenvolvimento 2007. Lisboa, Portugal. > 14-16 10" Sessao da Assembleia Parlamentar ACP. Kigali, Ruanda. > 17-22 14" sessao da Assembleia Paritaria ACP-UE. Kigali, Ruanda. www.acp.int > 23-25 Reuniao dos Chefes de Estado da Commonwealth. Campala, Uganda "Transformar as sociedades da Commonwealth para realizar o desenvolvimento politico, econmico e human" o tema da reuniao bianual dos 53 Chefes de Estado da Commonwealth, em Campala. Estao igualmente previstas sesses para homes de negocios e jovens. www.chogm2007 .ug www.thecommonwealth .org Dezembro 2007 > 3-4 Conferncia "Diasporas e comunidades transnacionais". Wilton Park, Reino Unido. Como as diasporas contribuem para o desenvolvimento dos seus passes de acolhimento e dos seus pauses de origem. www.wiltonpark.org I Um dia no uida de Louise fssomo Uma jovem camaronesa, idolo do estilismo belga Louise Assomo esta a tornar-se um idolo da nova gerao do estilismo da Blgica. Nao por acaso, num pais de grandes criadores, como os da "escola de Anturpia" a exem- plo de Ann Demeulemeester, Walter van Beirendonck, Dries Van Noten ou Marina Yee, que conquistaram Paris e Londres. Os trunfos de Assomo so: o requinte, a sensualida- de e o conforto da sua roupa e a originalidade dos seus acess6rios. E a sua fina ateno pelos desejos daquelas que vestem as suas criaes. L ouise Assomo uma mina de imagi- naao. Quando a maior parte dos cria- dores apresenta uma colecao nos seus desfiles, ela "ataca" de varias maneiras procurando falar a linguagem das mulheres. O seu credo inspirar-se na beleza feminine para criar. E nao criar fantasmas de criaturas irreais para nelas encaixar as mulhe- res, como o fazem sobretudo, critical ela, os estilistas masculinos. "A mulher o object e o centro da minha inspiraao. Quero que ela se sinta bem". Mesmo quando apanhada nas contingncias da vida. "A minha colecao , diria eu, feliz para pessoas talvez tristes". > Euanescncia e uolupia As silhuetas de Louise Assomo sao fluidas, vestidos flutuantes quase vaporosos, evanes- centes, ou esculpindo o corpo, atraentes e voluptuosos. Todas sensuais com estilos dife- rentes. Todas com um fulgor acentuado pelos acessrios que quase fazem parte integrante da indumentaria, jias artisticas suspensas na aurola da mulher, feitas de penas, volutas de crepes, correntes leves, pequenas imagens do sonho que tomam corpo, confeccionadas pela prpria estilista. E os seus sacos, o seu calado perlado, pintado, bordado, com passamanaria e outras fantasias delicadas. Encanto salpicado de perfume de ironia! Coisa que s6 ela pode fazer, desde o esboo prega do ltimo botio. O seu orgulho esta ape- nas nesta qualidade de artesa. Saida recentemen- te da Escola Superior Francisco Ferrer de estilis- mo de Bruxelas, Assomo ganhou o prestigioso prmio do Escarpin d'Or, em Paris, atribuido ao seu calado. Foi finalista este ano do Prmio do Melhor Jovem Criador Belga do ano. As distin- oes sucedem-se. E tambm seduz. O pblico, os profissionais e a imprensa. Esta foi ditirmbica aps os seus dois grandes desfiles pessoais em junho e novembro de 2006. Nao s6 a imprensa especializada, mas tambm o diario francfono de grande tiragem "Le Soir", por exemplo, no seu suplemento "Victoire" ou o semanario de referncia, "Le Vif L'Express", que seleccionou a fotografia da sua loja para ilustrar o acontecimento annual "Percurso de estilistas" de Modo Bruxellae. Sem esquecer o "Vogue" de Taiwan. O semana- rio de grande public de Bruxelas, "Zone 2", peremptrio: "Louise Assomo esta ainda no inicio de carreira, mas ja faz parte dos grandes nomes da moda belga". > Impulso de danarino Das suas clients contam nomes como Emilie Dequenne, Palma de Ouro em Cannes com o filme "Rosetta" dos irmaos Dardenne. O sucesso desta mulher alta e bem feita sua coragem e vontade. Ela nao tem "dikke nek", como se diz na gfria bruxelense (o sucesso nao lhe subiu cabea). Parece evoluir com o impulso de um danarino, rapido mas nunca precipitado, dando viravoltas calmamente, decidido e sem obstinaao. O seu stress, que nao pode deixar de existir, insuspeito. Devagar que tenho press! Diga-se de passage que um dia passado com Louise Assomo uma lufada de ar fresco. Despertar, um pouco tardio para quem gosta de se levantar cedo, pelas 9 horas. A noite fora longa, at quase de madrugada. Devido "Love Fashion", a festa de abertura do Salao belga da Moda (BFF, Belgian and Brussels Fashion Fair). Ainda bem que ela nunca con- CeRRElO Em foco some bebidas alcolicas. Precipitaao para estar no Salao s 10 horas, onde partilha com outros jovens criadores talentosos o Espace Pigmentum, posto sua disposiao em jeito de recompensa pela sua criatividade. "Foi certa- mente a pensar em mim que este espao rece- beu o nome Pigmentum", ironizou. Louise Assomo recebe-nos no espao reserva- do sua empresa. A nossa conversa tornou-se depressa num forum com Isabelle, a sua bela e inteligente estagiaria, e mais duas estilistas promissoras, Htisniye Kardas e Natascha Cadonici. Falou-se da proibiao pela Espanha do recurso a manequins ultra-magros nos des- files de moda. Para nosso espanto, as quatro criadoras aprovam a media sem reserves. Alias, Louise Assomo limita voluntariamente os seus tamanhos inferiores ao 36. Para nao ser c6mplice dos desgastes que a sublimaao da anorexia provoca nas jovens fragilizadas. A tarde vai ser completamente diferente. Acompanhada pelo seu companheiro, simulta- neamente seu conselheiro e cmplice, tem encontro marcado numa pequena aldeia a cerca de 30 km de Bruxelas. Um autntica cavera de Ali Baba. A loja dos Stragier, tece- loes de pai para filhos desde sempre. Assomo descobre ali uma espcie de mundo maravil- hoso de contos de fadas. Aqui, ha e fabricam- se todo o tipo de tecidos. Em todas as cores, acabamentos, malhagens e granulaoes. Cambraia, tafetas, tarlatana, malha mohair, musselinas de seda, crepe Georgette, caxemira e algodes adamascados. Um saber raro, apre- ciado pelos maiores costureiros de Frana que ali vm encomendar as suas exclusividades. Nicolas, jovem ainda, na casa dos trinta, sedu- zido pelo corte de Louise Assomo que vira numa revista, tinha-lhe telefonado convidan- do-a a descobrir o saber-fazer dos Stragier. Foi a primeira vez, afirmou, que ousou fazer isso, "porque fiquei encantado com o seu estilo". Ele ia ser o cicerone atencioso de Assomo durante mais de cinco horas, at ao cair da noite. O estilo de artesaos como Nicolas Stragier deixou de ser comrcio, psicologia, escuta atenta, arte. Uma espcie em vias de extinao. Assomo estava extasiada. Pelo caminho, falamos de Africa. Deixou o continent aos 16 anos. "Sou de origem africa- na. Acontea o que acontecer, isso vai ressen- tir-se sempre no meu trabalho. uma nature- za. Nao vou criar uma moda africana. Crio pensando na mulher, em todas as mulheres. Mas havera sempre uma tonalidade especial, um pequeno clarao que acompanha as silhue- tas, que da a ideia s pessoas que esta mulher vem de algum lado. E quando me vem, dirao, pronto, ja sabemos de onde vem". E ela sabe aonde vai! H.G. M www.louiseassomo.com Lojas em Bruxelas, Anturpia e Telavive N. 1 n.e. JULHO AGOSTO 2007 Em foco c apenas um at uista, Isabelle Homenagem a Isabelle Bassong I sabelle Bassong deixou-nos em 9 de novembro de 2006. Para muitos agents e observadores da cooperaao UE-ACP, Isabelle nao era s6 a decana dos embaixa- dores ACP e a vice-decana de todo o corpo diplomatico em Bruxelas, mas era tambm uma amiga afavel, corts e fiel ao humor que sempre teve aquela antiga aluna do Colgio modern de meninas de Douala, que frequen- tou na sua juventude, mas s vezes tambm austera, por exemplo, quando se tratava de defender os interesses do grupo em dossis tcnicos, como o dossi banana, cujo grupo de trabalho ela presidia quando faleceu. Credenciada pela primeira vez em 1988 junto das Comunidades Europeias e dos Estados do Benelux, esta linguista de formaao, titular de um DES da Sorbona e um Mestrado de Cincias da Universidade de Denver, nesta mesma discipline, nomeada Secretaria de Estado para a Sade em 1984, Isabelle Bassong, era a av do grupo ACP. Que os seus dez netos nos perdoem esta audacia! Isabelle Bassong foi president do Comit dos Embaixadores, participou nas negociaoes da Convenao de Lom IV (1990), da Convenao revista de 1995 e do Acordo de Cotonu (2000). Paralelamente, foi conselheira do Camares no Tribunal Internacional de Justia da Haia durante o long contencioso que, de 1994 a 2004, ops o seu pais Nigria, no litigio sobre a soberania da Peninsula de Bakassi. Era lgico, portanto, que a personalidade de Isabelle Bassong e a sua classes fossem devi- damente homenageadas aquando das suas exquias oficiais celebradas em Bruxelas pelo Nncio Apostlico, em 28 de novembro, na Basilica de Koekelberg, repleta de amigos. Na presena dos seus familiares e prximos, do representante de Rei Alberto II da Blgica, do corpo diplomatico, entire os quais os seus colegas ACP e os seus pares Embaixadores do Camares na Europa, bem como de numero- sos membros da comunidade camaronesa da Blgica, que a segunda comunidade africana em numero no Reino da Blgica (cerca de 10 mil pessoas), aps -a histria assim o quis a comunidade da Repblica Democratica do Congo. E depois, em 16 de dezembro, aps uma missa funebre celebrada pelo Arcebispo de Yaound, o Reverendissimo Tonye Bakot, na Basilica Marie-Reine-des-Aptres, na pre- sena do Ministro dos Negocios Estrangeiros, Jean-Marie Atangana Mebara. Ao lado da sua familiar e dos seus amigos, assistiram ceri- m6nia seguida pela sua inumaao em Yaound, varios membros do governor e um representante do Presidente Paul Biya. Isabelle tinha nascido em 9 de fevereiro de 1937 no pais Fang, em Ebolowa, no Sul do Camares. Mesmo ausente, o seu sorriso continue a inspirar-nos. E entire aqueles que a conheceram, nao ha dvidas que ao acom- panha-la at sua ltima morada, muitos mur- muraram: " apenas um at vista, Isabelle!" F.M. a Isabelle Bassong, uma amiga afAvel, corts e fiel ao humor CtRRElO l lossa terra umn LUFI DR DE OXIGEnIO para as energias REnOUFUEIS Na luta travada contra as mudanas climticas, excep- tuando naturalmente os pro- dutores de hidrocarbonetos, os paises em desenvolvimento dispem, paradoxalmente, de uma vantagem comparative. A sua economic, mesmo sendo precria, no depend inexora- velmente das energies f6sseis, que so as principals respons- veis pela aceleraao do aqueci- mento do planet. o momen- to propicio para criar fontes de energia renovveis. Mas sao inumeros os obstculos que entravam o seu desenvolvimen- to, a comear pelas finanas. Para a tal remediar, a Comisso Europeia props um fundo mundial de capital de risco consagrado s energies renovveis. Os primeiros bene- ficirios, a partir deste ano, sao os pauses ACP. > Inuestir em tecnologias "limpas" A questao climitica deixou de ser um problema especifico aos pauses ricos. A ltima reuniao ministerial da Convenao intemacional sobre este tema, realizada em novembro do ano passado, mostrou-o satisfatria. Nao foi por acaso que esta 12" conferncia das Naoes Unidas teve lugar pela primeira vez em Africa. Sempre ignorada nos debates precedentes -monopolizados pela confrontaao entire pauses industrializa- dos que faziam e refaziam as suas contas para reduzirem as suas emisses de gases com efeito de estufa a baixos custos -a Africa pde agora exprimir a sua ideia. Primeiro, porque a confe- rncia de Nairobi lanou o debate sobre o regime que sera adoptado aps o primeiro pacote de medidas fixado pelo protocolo de Quioto, que terminal em 2012. A questao primordial, que con- tinua insol6vel, consistia em determinar se seria convenient incluir os pauses em desenvolvi- mento num regime que, para estabilizar as emisses, recorre essencialmente a mecanismos de mercado, chamados "flexiveis", entire os quais a conhecida "bolsa de carbono. Outro element, o nico que interessa por enquanto os pauses em desenvolvimento, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que permit aos investidores do norte ganhar crditos de emis- sao, financiando instalaoes "limpas" nos pauses do Sul. Em Nairobi, o Ministro do Ambiente do Qunia, Kivutha Kibwana, que presidiu a Conferncia sobre o clima, pediu aos cerca de 160 paf- ses participants que apoiassem estes projects. Alm disso, a Africa nao a Asia, onde existem pauses, como a China ou a india, cujas necessi- dades de energia podem inviabilizar rapidamente os poucos esforos realizados pelos pauses industrializados do velho continent. Alias, Kivutha Kibwana prope que se faa essa distinao: "Nos temos necessidade de um regime just que estabilize as emisses permitindo ao mesmo tempo um desenvolvimento sustentavel das economies", recordou o ministry. Eis uma opiniio que se insurge contra todos aqueles que na capital do Qunia passaram o tempo a fazer calculos. Um relatrio das Naoes Unidas, publicado em principios de novembro do ano passado, chama- va a atenao para o alcance "mais important que previsto" da degradaao do solo africano. > 0 "Quadro de nairobi" A luta contra as mltiplas causes da erosao e da degradaao dos ecossistemas combat de long empenho. Entretanto, os participants na Reuniao de Ministros da Convenao intemacio- N. 1 n.e. JULHO AGOSTO 2007 Nossa terra nal sobre as mudanas climaticas tomaram decises mais urgentes. Incentivados por Kofi Annan, antigo Secretario-Geral das Naoes Unidas, lanaram um novo mecanismo o "Quadro de Nairobi" -destinado a ajudar os pauses em desenvolvimento, e particularmente os pauses africanos, a criar parcerias pblico- privadas para apoiar projects de "desenvol- vimento limpos". Assim, poderao apoiar-se no Fundo de Adaptaao, previsto pela Convenao do clima para auxiliar os pauses mais vulneraveis aos efeitos desfavoraveis das mudanas climaticas, fundo este que os participants da conferncia de Nairobi acei- taram alimentar. Por outro lado, a Comissao Europeia props a sua contribuiao: um Fundo Mundial para a promoao da eficacia energtica e das ener- gias renovaveis (Geeref), dotado de cerca de 100 milhes de euros. "Este fundo", declarou em Nairobi o Comissario Europeu do Ambiente, Stavros Dimas, "devera fomentar uma distribuiao mais equitativa dos projec- tos MDL, disponibilizando capital de risco a projects de energia sustentavel de pequena escala nos pauses em desenvolvimento, e devera acelerar a transferncia de tecnologias limpas". A Comissao prope dotar este fundo com uma contribuiao inicial de 80 milhes de euros para os prximos quatro anos, con- tando com outras fontes pblicas e privadas para elevar este montante a, pelo menos, 100 milhes de euros. Este fundo podera assim financial projects de investimento avaliados em cerca de 1 bilhio de euros. Na verdade, o fundo ja colectou 112 milhes de euros, uma vez que os governor italiano e alemao se comprometeram, em Nairobi, a contribuir, respectivamente, com 8 e 24 mil- hoes de euros. Os primeiros beneficiarios serao os pauses ACP que, a partir deste ano, poderao beneficiary de um capital de risco de 15 milhes de euros. A Comissao designou o banco tico "Triodos International Fund Management", em associaao com o E+Co, para facilitarem a aplicaao do fundo, em colaboraao com o Banco Europeu de Investimento e o Banco Europeu de Reconstruao e Desenvolvimento. > Energias procura de capital Mesmo se tm um verdadeiro sucesso (pelo menos alguns pauses industrializados), os projec- tos de promoao da eficacia energtica e das energies renovaveis atraem muito dificilmente o capital commercial. Os problems que surgem, diz a Comissao, sao complexes e tm a ver essen- cialmente com a falta de capital de risco, que uma garantia apreciada por aqueles que impre- stam dinheiro. As necessidades de capital de risco dos pauses em desenvolvimento e as econo- mias em mutaao estao calculadas em mais de 9 bilhes de euros, que uma verba muito superior aos nfveis actuais. Daf a importncia de mobili- zar funds do sector privado. O objective do Geeref consiste em ajudar a superar esses obsti- culos. Em vez de financial directamente os pro- jectos, o Geeref procurara incentivar a criaao de sob-fundos regionais especialmente adaptados s condies e necessidades regionais. Serno sobre- tudo incentivados investimentos de um montan- te inferior a 10 milhes de euros, que sao os mais frequentemente ignorados pelos investidores comerciais e pelas instituioes financeiras inter- nacionais. Se as verbas investidas atingissem a soma prevista pela Comissao, esse dinheiro per- mitiria integrar nos mercados dos pauses terceiros uma capacidade de produao de energia respeito- sa do ambiente de aproximadamente 1 gigawatt, que asseguraria o abastecimento de servios energticos sustentaveis a um numero de 1 a 3 milhes de individuos e suprimiria, por outro lado, entire 1 e 2 milhes de toneladas de emisso- es de CO2 por ano. a Uma dotaao record para a energia O acesso energia uma das gran- des prioridades da UE. Em junho de 2005, o Conselho ACP-UE aprovou a criaao de uma ajuda financeira para a energia. Dotada de um oramento de 220 milhoes de euros, deve permitir co- financiar uma srie de projects energticos a favor das populaoes mais pobres dos pal- ses ACP, graas a parcerias entire os sectors pblico e privado. A verba financiara priori- tariamente (60% do oramento) os projec- tos de infra-estruturas energticas e, em parties iguais, projects destinados a melho- rar o acesso das populaoes rurais a servios de energia modernos e a modernizar as redes transfronteirias. Na sequncia de um convite para apresentaao de propostas lan- ado em julho de 2006, foram pr-seleccio- nadas 91 propostas. Os projects que forem escolhidos serao conhecidos no verao deste ano. http://ec.europa.eu/europeaid/projects/e nergy/indexpt.htm a CORRElO Nossa terra RESIDUES TOXICOS: 20 anos depois, um combat inacabado Vinte anos ap6s os primeiros escndalos de exportao de residuos t6xicos para os pai- ses em desenvolvimento, como o demonstrou a trgica ocorrncia na Costa do Marfim, o pesadelo continue apesar das medidas tomadas a nivel international. E a este pesa- delo acresce ainda o combat para pr cobro a este trfego, lucrative e ao mesmo tempo assassin, nomeadamente entire Estados ACP e a UE. : i. El0'0U s S, . .s ( 2 c s, -. S l. c. s. c de .. de slu I . S2 I. *k 5 . Fote a'r eI risa E Stdvamos em 1987. Ndo se passava uma semana sem que os defensores do ambiente denunciassem um novo contrato ou uma nova transferncia de residuos txicos para os pauses em desen- volvimento. No "Guia da Africa Ocidental Caixote do Lixo", redigido em anexo ao seu livro, o eurodeputado belga, Franois Roelants Vivier, citava o nome de 13 pauses do continent, entire os quais a Nigria, onde foram descobertas quatro mil toneladas de residuos quimicos em Koko provenientes da Italia. Seguiu-se depois a peregrinaao de um porto para outro do "navio do veneno" alemao, Karin B, a bordo do qual foram expatriados para Livurne (Itilia) estes bides a ressumar PCB. Nessa altura, tal cruzada originou um arsenal legislative para pr um pouco de ordem neste comrcio perigoso. Em 22 de maro de 1989 entrou em vigor a Convenao de Basileia sobre o control de movimentos transfronteirios de residuos perigosos e o seu armazenamento e sobre a proibiao das exportaoes de tais substncias pelos Estados membros da OCDE para estados nio membros. Em seguida, em 31 de janeiro de 1991, os estados-membros da Organizaao da Unidade Africana aprovavam a Convenao Bamako, que impe a proibiao da importaao de residuos txicos em Africa, colmatando as lacunas da Convenao de Basileia nesta matria. Por outro lado, a Uniao Europeia adoptou um regulamento, em 1993, sobre a vigilncia e o control das entradas e saidas de residuos na e fora da UE. Por ltimo, o problema do transport e da eli- minaao dos residuos perigosos, na coopera- ao entire a UE e os ACP, consagrado pelo artigo 320 do Acordo de Cotonu, assinado em 2000. > Um trafico muito lucratiuo Mas sobretudo necessario fazer respeitar os textos regulamentares pelos individuos ou pelas sociedades que beneficiam da sua tran- sgressao. No final da dcada 80, o custo mdio da eliminaao de uma tonelada de residuos perigosos era US$ 250 nos Estados Unidos, quando um contrato para a elimina- ao de residuos propunha ao governor do Benim apenas uma compensaao de US$ 2,5 por tonelada! Foi provavelmente este tipo de calculo que fizeram os responsaveis pelo derrame, em agosto passado em varias lixeiras pblicas de Abidjio, de residuos txicos transportados pelo navio panamiano Probo Koala, proprie- dade de um armador grego e fretado pela sociedade de direito neerlands, Trafigura Beheer, sem dvida para evitar os custos consideraveis do tratamento nos Paises Baixos, que ja dispem das instalaoes necessarias, transferindo-os para a Africa Ocidental, constata a organizaao Greenpeace. > Um coquetel fatal Os danos sao consideraveis. O calculo reali- zado em 13 de outubro pelo Ministrio da N. 1 n.e. JULHO AGOSTO 2007 Nossa terra Sade da Costa do Marfim enumerava 10 mortos, 69 hospitalizaoes e mais de 100 mil consultas mdicas de pessoas intoxicadas pelas emanaoes destes residuos txicos: 528 toneladas de um coquetel fatal base de petrleo, sulfureto de hidrognio, soda caustica e fenis. E isto sem que, em finals de 2006, tenha sido finalizado o cal- culo do prejuizo total, que inclui igualmente a poluiao dos lenis freaticos, das aguas da lagoa Ebri, dos peixes e dos produtos agrico- las provenientes dos lugares contaminados, bem como as indemniza- oes devidas s vitimas e aos produtores em causa. Na Costa do Marfim, o acontecimento causou de imediato uma remo- delaao ministerial. Os ministros dos Transportes e do Ambiente foram despedidos. O Primeiro-ministro, Charles Konan Banny, criou uma clula operacional de coordenaao do plano national de luta contra os residuos txicos e duas comisses de inqurito, national e international. Alm do inqurito efectuado pela Entidade Judiciaria do Tesouro, na perspective de um process perante a justia penal, as duas comisses tm por missao definir as responsabilidades, tanto a nfvel national como international. > 0 Comissario do fmbiente ataca Por seu lado, o Comissario Europeu do Ambiente, Stavros Dimas, tomou uma iniciativa. Ao saber que a organizaao nao governmental Greenpeace tinha localizado o "navio da morte" no porto Padilski, na Estnia, e organizado em 26 de setembro uma expediao para o blo- quear, o Comissario Stavros Dimas partiu imediatamente para o porto em questao. Numa declaraao imprensa, o Comissario prometeu todo o seu apoio s autoridades estnias que decidiram perseguir os autores destas transferncias ilegais, aps terem recolhido provas irrefutaveis da presena de substncias altamente txicas a bordo. No Conselho de Ministros do Ambiente de 23 de outubro, o Comissario sugeriu aos estados-membros da Uniao Europeia que inscrevessem tais crimes contra o ambiente no seu direito penal e que os seus autores fos- sem sancionados com multas ou penas de prisio. Todavia, ha um long ,lnl IhI n 'i I n I ini ',ii I ilf, n r- ,i- n'nl ,,'l - caminho a percorrer, na media em que os estados-membros hesitam em apoiar o Comissario, dado a repressao de tais actos ser da sua com- petncia exclusive. Mas o Tribunal de Justia das Comunidades Europeias deu razao ao Comissario afirmando que a protecao do ambiente pelo direito penal era uma das suas competncias. Nessa perspective, o Comissario Stavros Dimas tem a intenao de pro- gredir neste tema. No dia 9 de fevereiro deste ano, ele prope uma nova directive para reforar a luta contra o transport illegal de residuos txi- cos. E, entretanto, a justia vai progredindo. Eurojust, uma instituiao criada em 2001 pela Uniao Europeia para combater a grande criminalidade, e composta por juristas, magistrados, magistrio pblico, juizes e especialistas procedentes dos estados- membros, anunciou em 20 de outubro ter iniciado uma coordenaao para facilitar os inquritos sobre os transportes de residuos pelo Probo Koala, entire as autoridades da Estnia, dos Paises Baixos e da Costa do Marfim. > 8 Cimeira fCP condena Simultaneamente, a pressao continue a subir noutra frente. Por iniciativa da Costa do Marfim, os Chefes de Estado e de Governo dos Estados ACP condenaram o transport e derrame de residuos txicos nos seus pauses na declaraao final da Cimeira de Cartum, em 7 e 8 de dezembro do ano passado. Anteriormente, numa resoluao datada de 6 de dezembro, o Conselho dos Ministros ACP pediu a todos os estados a execu- tarem os acordos relatives eliminaao de produtos txicos ou perigosos, a ratificarem todos os aditamentos da Convenao de Basileia e a tomarem medidas legislativas apropriadas para qua- lificar como acto criminoso qualquer violaao dos acordos internacionais nesta matria. A bola esta agora no campo da OCDE e da UE (estados-membros, Comissao e Parlamento Europeu) a quem se dirige a resoluao. A luta continua... F.M. a RD DO CONGO Aps uma dcada de guerras, voltou a haver espe- rana de estabilizao na Republica Democratica do Congo, na sequncia da realizao de eleies plura- listas, as primeiras desde h mais de 40 anos. O dossi consagrado aos desafios da reconstruo que, para serem ultrapassados, vao precisar da conti- nuao da solidariedade international. O que esta em jogo ten dimensao continental e planetria. A Unio Europeia deu claramente o seu apoio a este process de estabilizao. Quanto aos prprios congoleses, esta reportagem apresenta as diferentes vises expresses pelas princi- pais foras political a propsito da estratgia de desenvolvimento a aplicar para superar estes desa- fios, bem como a nova equipa responsavel pela reconstruo do pais. Por ltimo, a dimensao das tragdias que acabam de ocorrer de tal ordem que ocultou outras ver- tentes da realidade congolesa: a beleza do pais, o talent dos seus habitantes, a riqueza e o dinami- smo da sua cultural. Outros tantos mundos que esta reportagem explore. eportagem RD do Congo Franois Misser Os dpsafios do oi long o caminho percorrido aps um imenso declinio que remonta ao inicio dos anos 90, de duas guerras, durante as quais sucumbiram fome, doena, s sevicias de bandos armados e degradaao do sector da sade cerca de quatro milhes de pessoas! Pensou-se varias vezes que os velhos fantasmas iriam enterrar o process de estabilizaao, nomeada- mente em agosto, quando o anncio dos resultados da primeira volta das presidenciais deu lugar a uma batalha em forma entire os partidarios dos dois lti- mos candidates segunda volta. Mas "o optimism da vontade", preconizado pelo Comissario Europeu responsavel pelo Desenvolvimento, Louis Michel, e a attitude dos Congoleses, que acreditaram firme- mente at ao fim no xito do process, foram recom- pensados. claro que "a aposta ainda nao esta ganha", dizem os cpticos. No final de janeiro, a elei- ao indirecta de alguns govemadores, em condioes controversas, suscitou motins e repressao no Baixo Congo. O balano muito pesado: 137 mortos de acordo com a ONU, cujo Secretario-Geral exigiu um inqurito sobre estas violncias. Algumas zonas do Ituri, os dois Kivu e o Equador, estao ainda exaspe- radas por bandos armados, embora o seu poder de destruiio diminua. Neste context, o Congo neces- sita do apoio extemo para empreender obras de vulto de reconstruao, nomeadamente para dotar as foras da ordem dos meios e da formaao que lhes permi- tam fazer face de maneira proporcionada a situaes idnticas. O primeiro a reconstruao do estado, cujos funcionarios, na sua grande maioria, nao rece- bem os salarios que Ihes sao devidos, apenas "moti- vaoes" ou "prmios", e sao frequentemente fora- dos a "privatizar" as suas funoes. a political da "mao estendia ao condutor", revela um responsavel da inspecao provincial da policia de Kinshasa. A tarefa do novo govemo, cujo Documento de Estratgia de Reduao da Pobreza (DERP), concluido em julho de 2006 pelas autoridades da transiao, constitui a base da estratgia. A sua missao enorme e apoia-se em cinco pilares: promoao da boa governado e consolidado da paz pelo reforo das instituioes, consolidaao da estabilidade macroeconmica e do crescimento, melhoria do acesso aos servios sociais, luta contra o VIH-SIDA e apoio da dinmica comunitaria. Mais de 70% dos Congoleses vivem abaixo do limiar de pobreza. Para atingir os Objectivos do Milnio para o Desenvolvimento em 2015, seria necessario um crescimento annual do PIB de 10%. Ora, a taxa foi de 6,6% em 2006. Segundo o DERP, o rendimento mensal minimo para prover ao sustento de uma pes- soa deve rondar os 10 mil francos congoleses (cerca de US$ 20), ligeiramente inferior ao pr de um mili- tar que tem de sustentar quase sempre varias pessoas. Tarefa impossivel. CORREIO Finalmente, o Congo dotou-se, em 5 de fevereiro, de um governor saido das primeiras eleies democrticas desde ha quatro dcadas. RD do Congo eportagem Em mdia, a taxa de acesso electricidade de 6% e s6 22% dos habitantes tm acesso agua potavel. Duas em cada dez crianas mor- rem antes da idade de cinco anos. Assiste-se ao ressurgimento de epidemias controladas ou erradicadas (sarampo, peste, poliomielite e c61era) sem falar da SIDA. A taxa de escolari- dade primaria baixou de 92% em 1972 para 64% em 2002. Os bairros de lata proliferam em Kinshasa (7 milhes de habitantes) mas tambm em Mbuji-Mayi, (quase 4 milhes). Ha families que se vem foradas a montar as suas barracas em cima das vias frreas em Kinshasa. O desemprego oscila entire a metade da populaao active na cidade e um tero nos meios rurais. A organizaao de eleies foi uma proeza num - pais onde regies inteiras se "desmecaniza- ram". Os taxis-bicicletas substituiram motoci- clos e autom6veis em Kisangani. No Equador, as estradas voltaram a ser caminhos e a flo- resta absorveu as plantaes. Em certa media, o pais cresceu. At agosto de 2005, explica o patrao da Rgie das Vias Fluviais, Jean-Pierre Muongo, eram necessarios 40 dias de navegaao para percorrer os 1 700 Km que separam Kinshasa de Kisangani, prazo agora S-_ reduzido para 15 dias. N. 1 n.e. JULHO AGOSTO 2007 eportagem RD do Congo Para enfrentar estes obstaculos, a tarefa do govemo nao nada facil. No ano passado, varios contratempos econmicos (uma taxa de inflaao de 18,2% e oramentos ultrapassados) provocaram uma suspensao dos financiamentos do Fundo Monetario Intemacional, a titulo da Facilidade de Reduao da Pobreza e de Crescimento. Isto pode inviabilizar a capaci- dade do Congo de honrar o servio da divida extema (US$ 13 bilhes), antes que seja atin- gido o ponto de realizaao, permitindo a sua anulaao no mbito da iniciativa em prol dos Paises Pobres muito Endividados. De acordo com o govemador do Banco Central, Jean- Claude Masangu, ha ameaas srias de hipote- cas este ano de 2007, devido suspensao das ajudas extemas balana de pagamentos. Mas os trunfos sao de tal ordem que podem fomecer os meios para resolver os desafios. A comear pela agua, vinda das neves do Ruwenzori, do rio Congo e dos seus afluentes que irrigam a floresta equatorial num pais com uma biodiversidade extraordinaria onde exis- tem 480 espcies de mamiferos, 565 de passa- ros, 350 de rpteis e mil de peixes. Esta agua, que ainda ha bem pouco tempo irrigava as plantaoes que faziam do pais um celeiro, um grande fornecedor de madeiras e de produtos tropicais de exportaao, permitira, talvez, fazer do pais um gigante no mercado mundial dos biocombustiveis. Esta agua do rio que, ao pre- cipitar-se no local majestoso da barragem do Inga, faz do pais o no de Grdio do desenvol- vimento do continent africano, com um potential de mais de 40 mil MW, dando Africa Austral a esperana de superar o seu dfice energtico. Foi muito badalado o "escndalo geolgico" de um pais que detm mais de 70% das reserves mundiais de cobalto e 10% das reserves mun- diais de cobre, para alm de ouro, germnio, columbo-tantalite e diamante, de que a RDC o primeiro produtor em volume, lado a lado com o Botsuana. Ha tambm as minas do rei Salomao, onde os operadores estao na linha de partida. Daqui at ao fim do ano, em Kamoto, vai arrancar um project cujo contribute devera, no horizonte 2008, quadruplicar a pro- duao national. > Naturalmente, sera necessario ever previa- mente os contratos, ditos leoninos, assinados durante as guerras. Os homes politicos e o novo patrao da empresa estatal Gcamines, Em cima: 0 inferno dos transportes: autocarros vitimas de emboscadas e vndalos na estrada de Beni-Komanda, na floresta de Ituri. Em baixo, esquerda:Para fugirem ao desemprego, centenas de milhares de Congoleses estao envolvidos em exploraoes mineiras de pequena escala, como em Ituri. Em baixo, direita: In Kisangani, "bicicletas-taxis" substitufram as "mobiletes" e os automveis. Fotografias: Franois Misser anunciou-o. Ha que restaurar a confiana, Iorque, efectuada pelo novo Secretario-Geral garantir a segurana das pessoas e de bens, da ONU, que enviou para este pais o maior "mudar as mentalidades", disse o Presidente contingent de capacetes azuis (18 mil Joseph Kabila no seu discurso de tomada de homess. Apesar das vicissitudes, ha tambm a posse. Esta tudo ou quase por fazer. As provin- esperana de tirar partido do potential turistico cias mineiras do Catanga e dos dois Kasai, fabuloso do pais. Os mais empreendedores, estao no raiar de uma nova revoluao industrial. como a PME belga Go Congo, iniciam cruzei- Sente-se que a esperana renasce. Nos ltimos ros no grande rio. A vida noctuma retoma na tempos, a taxa de ocupaao dos grandes hotis que foi Kin Kiese, Kin a alegria. Por ltimo, a de Kinshasa era de cem por cento. E a vontade esperana sao estes homes que preservaram o political de contribuir apaixonadamente para a herbario de Yangambi ou o jardim botnico de sua reconstruao foi manifestada no final de Kisantu, bancos de dados do patrimnio. Outro janeiro com a primeira visit, fora de Nova Congo perfila-se no horizonte. l CeRREIO RD do Congo eportagem EUROPEIR Perante os desafios da reconstruo, a Unio Europeia e os seus estados- membros tiveram de opera como pioneiros, utilizando todos os instruments de cooperao e imaginando novas formas de colaborao entire os europeus e os outros parceiros do desenvolvimento. Como a necessidade o impe, o Congo foi e continue a ser um laboratrio cujo acervo podera ser util noutras areas. sta abordagem manifes- tou-se nomeadamente no dominio da recons- truao do estado e de apoio ao process eleitoral, que sio premissas indispensaveis preparaao do 10. Fundo Europeu de Desenvolvimento, que, segundo props em Dezembro o Comissario respon- savel pelo Desenvolvimento, Louis Michel, tera de duplicar os recursos programaveis de 411 milhes de euros para o period 2008-2013, em relaao ao period anterior. Aps a operaao Artmis (agosto de 2003), que consistiu em pro- teger a zona de Bunia no distrito do Ituri, a Leste, com soldados europeus, para permitir ONU instalar os seus capacetes azuis e abrir o acesso das organizaoes humanitarias populaao local, a Comissao lanou o program de restauro da justia a leste, dotado de 8 milhes de euros e executado pela ONG "Rede dos Cidadaos-Citizens Network". "Foi precise fazer tudo. A procu- radoria estava fechada e a prisio aberta", conta o chefe de delega- ao da Uniao Europeia, em Kinshasa, Carlo De Filippi. Foi mesmo necessario pagar prmios aos magistrados para eles relan- arem o aparelho judicial numa zona onde o estado tinha desapa- recido ha muitos anos. A Uniao Europeia foi tambm um ator determinante no sucesso do process eleitoral, contri- buindo com cerca de 80% do custo total, calculado em cerca de 400 milhes de euros, dos quais 165 milhes disponibiliza- dos pela Comissao. Esta finan- ciou igualmente a missao de observaao europeia das eleies presidida pelo general Philippe Morillon e apoiou a formaao da Unidade de Policia Integrada (UPI), composta por cerca de mil homes e encarregada de prote- Repblica Democratic do Congo Inth'rm1.ia bSS4 ii i 2 ,44 *.. km' 5. m, ihoes- i -sima.itr. a. 200_, ger os intervenientes na transi- ao e tornar as eleies mais seguras. Actualmente, o Centro Nacional de Tratamento da Comissao Eleitoral Independente, equipado razao de 95% pela Uniao Europeia, prepare as elei- oes locais sem dvida mais -- a. 6.-..~ I.-. Ia- K rii i ic L iii 1< rn lriq.i. (.;ijrn ii~:~5 ~ii rili; ~ii:i~ii F r an ri c lih i il,1 Liri.ila.a i. '- hiIi Ishill1 i. nacvionais, .-\nrnisiiii 1'15 7.1 Lilh,' LIS d I irF- r'iriibm di i '' 'I 115 p.r Wtu 1 I S fri -1s 4, i z j i.iPR id 1i RD-- N. 1 n.e. JULHO AGOSTO 2007 -I. % eportagem RD do Congo complexes de todo o ciclo, com um total de seis mil mandatarios a eleger e uma quanti- dade bem superior de candidates, confia o seu responsavel, Julien Ramazani. E consenso geral que a Fora Europeia (EUFOR), present entire junho e dezembro de 2006 a pedido da ONU para manter a segurana durante as eleies em Kinshasa, desempenhou um papel decisive em agosto na cessaao dos combates entire os beligeran- tes dos dois candidates presidncia na segunda volta, que arriscavam arruinar as bases da democracia. A Comissao gastou cerca de 25 milhes de euros para former e equipar os policies que protegeram as urnas e os escritrios de voto, mas tambm que acompanharam o material eleitoral em todo o pais. Paralelamente, no mbito da missao EUPOL, cerca de 30 poli- ciais europeus acompanharam a UPI e alguns peritos europeus ajudam o estado congols a lanar os alicerces de uma reform da policia. A Comissao consagra mais de 10 milhes de euros criaao de um Comit de acompanha- mento compost por mutuantes e o governor, ao recenseamento dos efectivos, elaboraao de um curriculo para a formaao e ao context regulamentar do estatuto do policia. A Comissao inovou igualmente ao apoiar o process de criaao de um exrcito national integrado, ao reabilitar os centros de recruta- mento dos militares provenientes das diferen- tes facoes e melhorando as condioes de vida das families dos militares congoleses desmo- bilizados. Ao mesmo tempo, os militares euro- peus instalaram, no mbito da missao EUSEC, um sistema de pagamento dos soldos, substi- tuindo o mtodo anterior que seguia a cadeia de comando, na qual os oficiais se apossavam do soldo das suas tropas ou de militares "fan- tasmas", gradualmente expurgados das listas. Este sistema permitiu aumentar o soldo de US$ 10 para US$ 25 mensais para o simples soldado. O objective criar um exrcito repu- blicano. Mas ha ainda muito a fazer nesse sen- tido. necessdrio ainda integrar 73 mil solda- dos, explica o coronel Patrick Dave, assistente do chefe de missao de EUSEC. uma tarefa indispensavel. "Pode-se investor milhes no desenvolvimento, mas para que servira tudo isso se os militares congoleses continuam a viver custa da populaao?", interroga-se Carlo De Filippi. A Uniao Europeia apoia igualmente a boa governaao. Foram autorizados 33 milhes de euros para reforar as capacidades e a melhoria dos sistemas de gestao e de !rr -- -1 n_ . ....... - -. 4 -Ih i.' i l i i i ,h I1 i i I . control do Ministrio da Justia e do Tribunal de Contas, e para a melhoria da ges- tao e exploraao dos recursos naturais. "Os cidadios estao na expectativa. Aqui, quem tiver dinheiro nao precisa de pagar um advo- gado, compra o juiz", explica Carlo De Filippi. O sector privado espera tambm essa reform para investor. Em matria de apoio institutional, a Uniao Europeia coordena as suas acoes com outros mutuantes. A Comissao participou num fundo fiduciario administrado pelo Banco Mundial e destinado a reforar as capacida- des nos sectors mais importantes da coope- raao europeia (infra-estruturas, sade, ambiente, preservaao da natureza, etc.). CtRREIO RD do Congo eportagem Em matria de preservaao, entire outras, o desafio consideravel, exprime-se Cosme Wilungula, Director do Instituto Congols de Preservaao da Natureza, financiado concorrncia de 2,2 milhes de euros pela Comissao, e cujos edificios estavam em renovaao aquando da nossa passage. Os diferentes grupos armados estao a dizimar os hipoptamos do Parque Nacional Virunga, na fronteira ruandesa, e os rinocerontes bran- cos do Parque Nacional Garamba, na fron- teira sudanesa, e isto na mais notria indife- rena das instncias de decisao. Alm disso, os parques naturais sao invadidos pelos exploradores artesanais e algumas socieda- des mineiras obtiveram concesses no inter- ior de determinadas reserves naturais. Foi por isso que a Comissao atribuiu 5 milhes de euros para reabilitaao das areas protegi- das e formaao, salarios e equipamento dos 500 guards nacionais do Parque Nacional Virunga, para alm de outras intervenoes no mbito do program regional ECOFAC, cuja vertente congolesa represent 15 milhes de euros. Foi concedido pela Comissao 1 mil- hao de euros para apoiar a Escola Regional das Florestas Tropicais (ERAIFT), situada no campus da Universidade de Kinshasa, que forma quadros africanos em gestao dos ecos- sistemas florestais, cujas novas construoes foram inauguradas em fevereiro. A Comissao investiu 108,6 milhes de euros na manutenao da estrada national 1 entire Kinshasa e Kenge (Bandundu), para a reabi- litaao do servio de viaao e trnsito e a rede de agua potavel em Kinshasa. Estas obras sao cruciais para garantir o abasteci- mento da capital em gneros alimenticios. Com efeito, o mau estado das estradas causa perdas de mercadorias nalguns eixos, devido ao apodrecimento, que podem atingir 70% do total, explica um responsavel do project. Estao a ser reabilitados cerca de 300 quil6- metros de pistas na provincia do Equador e estradas de servio agricola na provincia de Kasa, em parceria com a Cooperado Tcnica Belga (CTB). Esta em estudo um program de desenvolvimento urbano de 22 milhes de euros: saneamento, gestao de residuos solidos, luta antierosao e limpeza das valas obras de drenagem. No mbito da facilidade da agua, estao previstos dois pro- jectos de aduao de agua potavel de gestio comunitaria em Mbuji-Mayi e Kinshasa. > 0 A Comissao esta tambm present na area da safde atravs de um program de 80 milhes de euros nas provincias do Norte Kivu e das "A Comissao atribuiu 5 milhoes de euros para reabilitaao das Areas protegidas e formaao, salArios e equipamento dos 500 guards nacionais do Parque Nacional Virunga". Mapa da floresta da Repblica Democratica do Congo, com as zonas protegidas e projects financiados pela UE. Mapa levantado a partir de imagens tiradas por satlite em 1990 pelo Centro de Investigaao Conjunto da Comissao Europeia no mbito do project TREES. duas Kasa, bem como na Provincia Oriental, com o objective de reforar as capacidades e instaurar o sistema national de abasteci- mento de medicamentos. Foi aprovado, em 2006, um program de reabilitaao de emer- gncia de 65 milhes de euros para o leste, mortificado pela guerra. Destina-se repara- ao das estradas e das pistas rurais que per- mitem escoar os produtos agricolas para os mercados, ao saneamento e ao fornecimento de factors de produao agricolas. O objec- tivo estabelecer uma ponte entire os progra- mas de emergncia e os futures programs de desenvolvimento. O Congo beneficia tambm de rubricas ora- mentais da Comissao para a ajuda e a segu- rana alimentares e o co-financiamento das ONG; beneficia tambm dos funds da ajuda humanitaria provenientes do ECHO (cerca de 40 milhes de euros por ano). No total, desde 2002, o Congo beneficiou, s6 da part da Comissao, de mais de 700 milhes de euros de apoio. At agora, a Uniao Europeia paliou o mais urgente, colmatando as frestas, e prepare o terreno para um program de apoio ao desenvolvimento e reconstruao, que sera discutido com o novo governor, e financiado com os recursos do 10 FED. No ano passado, a Comissao anulou a maior parte da divida da RDC ao Banco Europeu de Investimento (105 milhes de euros), abrindo a perspective de uma participaao do BEI no financiamento da reabilitaao da bar- ragem Inga, juntamente com o Banco Mundial. Desponta assim uma nova era na cooperaao, ou seja a passage de "uma cooperaao de transiao" para uma coopera- ao mais estruturada, destinada a apoiar os objectives do Documento de Estratgia de Reduao da Pobreza, elaborado em julho de 2006 pelo governor de transiao com a ajuda das instituioes de Bretton Woods e do pro- grama do novo governor. F.M. Para mais informaao Marie-France Cros, Franois Misser Gopolitique du Congo (RDC), Editions Complexe, Bruxelles 2006 www.editionscomplexe.com N. 1 n.e. JULHO AGOSTO 2007 eportagem RD do Congo das autoridades congolesas Mudana de estratgia Hd consenso entire a maioria presidential e a oposio em redor dos cinco temas da reconstruo apresentados pelo Presidente da Repblica no seu discurso de tomada de posse. Mas os pontos de vista diferem quanto aos meios a aplicar. ara vencer os desafios dos cinco temas (estradas, sade, edu- > caao, energia e agua), sao necessarios pr-requisitos, consi- dera o senador Andr-Philippe Futa, president da Aliana para a Maioria Presidencial (AMP) e antigo Ministro das Finanas. necessario consolidar primeiro o quadro macroeconmico e instaurar a boa governaao e o estado de direito, a fim de garantir a segurana dos cidadaos e dos agents econmicos. Ha uma preocupa- ao express com muita convicao pelo administrador-delegado da Federaao das Empresas Congolesas (FEC), Henri Yav Mulang, que defended tambm o tratamento da divida internal para com o sector pri- vado e a reabilitaao urgente das vias de comunicaao. Durant la transition, il n'a pas t possible de mener ces initiatives avec Durante a transiao, nao foi possivel efectuar estas iniciativas com um maximo de eficacia devido ao caracter heterogneo do governor de coligaao, consider Andr-Philippe Futa. A estratgia alterou-se com as eleies que permitiram eleger uma maioria. "Mas nio se pense que se vai resolver tudo injectando U$S 1 bilhao nas estradas", avisa o patao da AMP. Com efeito, vai ser necessario ata- car-se s ineficacias do sistema, aos "anti-valores" demasiado enrai- zados na sociedade, o que levara o seu tempo, prossegue. Dito isto, o RD do Congo eportagem antigo Ministro das Finanas consider que se pode mobilizar mais receitas fiscais, margem dos apoios financeiros dos doadores que nao deverao impor novos prazos. Ha que prosseguir a obra empreendida mediante os contratos de desempenho celebrados pelo estado com a Direcao-Geral dos Impostos (DGI) ou o Servio das Alfndegas e Impostos sobre Consumos Especificos (OFIDA) que contribui com metade das receitas. Mas isso nao resolvera o problema da corrupao macia, favorecida durante a transiao pelo facto de, para salvaguardar o consenso, nao se ter sancionado os mandati- rios corruptos. A multiplicaao dos contratos de tipo BOT (construir, operar e transferir) com os investidores estrangeiros seria uma hiptese, sugere Futa. > a O deputado Sesanga Hipungu, antigo Ministro do Plano, hoje porta-voz do chefe da oposiao e Presidente do Movimento de Libertaao do Congo (MLC), Jean-Pierre Bemba, pensa que necessario ir alm das perspectivess minimas" do Documento de Estratgia de Reduao da Pobreza (DSRP) para a reconstruao do pais. Na sua opiniao, a partir deste ano, possivel duplicar as recei- tas fiscais atacando-se fraude aduaneira, confiando uma delegaao de servio pblico a uma entidade privada e reforando sistema- ticamente os controls de mercadorias, desde o embarque, para inviabilizar arranjos de pre- os de destino entire aduaneiros e agents econmicos. A fiscalidade nos sectors das minas e das telecomunicaoes insuficiente. Sera neces- sario instaurar uma fiscalidade no dominio predial. Convira igualmente que a inspecao juridica, financiada pelo Banco Mundial, a contratos ditos leoninos, celebrados pelo estado durante as duas guerras, seja utilizada pelo parlamento a fim de "restaurar os equili- brios", sem no entanto "desestabilizar os ope- radores econmicos". No que respeita ao Acordo de Parceria Econmica (APE) com a UE que o Congo negoceia num conjunto que compreende tam- bm Sao Tom e a CEMAC (Comunidade Econmica e Monetaria da Africa Central), o ndmero um do AMP nao esta inquieto. Num pais onde a pressao fiscal inferior 10% do PIB, mesmo em period de crescimento, nao se prev uma baixa das receitas decorrente do desmantelamento pautal, desde que o Congo disponha de uma base estatistica slida e de uma contabilidade national correct, o que vai levar o seu tempo. Consider tambm que Equipas da UE e caravanas de 1000 homes da Unidade Integrada de Policia (UPI). Fonte: EUPOL. sera necessario identificar os ramos da eco- nomia que nao suportarao uma taxa de valor acrescentado demasiado alta. Para Sesanga Hipungu, foi assumido o compromisso de se orientar para um APE com a UE. Esta fora de questao voltar atras. Mas duvida que o Congo esteja pronto para o encontro de 2008, des- ejado pela Comissao Europeia. Dito isto, a abertura do mercado nao tem s6 inconvenien- tes. Sera necessario revitalizar o tecido eco- n6mico e industrial, hoje degradado, para ser competitive, at porque a competiao com o exterior tera a vantagem de impulsionar as reforms necessarias em certos sectors, desde que a aplicaao do acordo seja apoiada por medidas de acompanhamento. Quanto a Henri Yav, Sesanga Hipungu sublinha a urgncia de modernizar o tecido industrial pouco competitive, bem como o problema especifico, decorrente do facto de o conjunto Africa Central que negoceia o APE dispor de various processes de integraao regional, esperando no entanto que, no fim de contas, esta se revele benfica. No terreno politico, Andr-Philippe Futa lamenta que o tema da "congolit" (Congols de gema) tenha sido evocado, ainda recente- mente, por agents politicos que acusam os adversarios de nao serem "verdadeiros congoleses" para os desqualificar. O presi- dente da AMP consider que a dupla nacio- nalidade, se fosse admitida, permitiria aos Congoleses da diaspora integrarem-se mel- hor nos seus pauses de acolhimento e aumen- tarem a sua capacidade de transferir remessas para o seu pais. Como o Presidente Kabila, Andr-Philippe Futa consider necessaria uma "mudana de mentalidades" para pro- mover o desenvolvimento. Reconhece, lamentando-as, as praticas de corrupao que ocorreram de parte a parte durante as elei- oes, observando que se trata de um primeiro ensaio democratic. Ainda a propsito da "congolit", um dos temas da campanha do MLC, hoje abando- nado, segundo diz, Sesanga Hipungu nao consider necessario abrir uma "caixa de Pandora". "Se fssemos instaurar uma comissdo de inqurito para perseguir os que violam a lei da nacionalidade, abater-se-ia um verdadeiro tsunami sobre a classes political" previne, inquieto com as praticas de corrupao que mancharam, segundo ele, a eleiao de certos governadores no inicio de fevereiro (praticas que levaram a confrontos no Baixo Congo e que, de acordo com as Naoes Unidas, provo- caram 134 mortos). Ha o perigo tambm de se abrir uma cruise da legitimidade das insti- tuioes, consider Sesanga Hipungu, que pressente que a maioria nao concede espao suficiente oposiao. F.M. l N. 1 n.e. JULHO AGOSTO 2007 eportagem RD do Congo Um gouerno O governor empossado em 24 de fevereiro pela Assembleia Nacional na RDC o pri- meiro saido de eleies pluralistas desde h mais de 40 anos. Tem pela frente a dificil tarefa de lanar os trabalhos de reconstruo e consolidar a democracia nascente. r in ,,.Ii .it do governor, em 24 de fevereiro ltimo, por 295 e Democracia do Presidente Kabila (PPRD) e os seus aliados contro- .i!iiii.i>., dos 397 presents nesse dia na Assembleia lam uma boa parte dos postos econmicos importantes (Energia, N.i.,.i.i! representou sem dvida um acontecimento Finanas, Indstria, Economia, Infra-estruturas, Obras Pblicas e n iipi! i.iiic para os congoleses. Nao apenas por ser o pri- meiro governor resultante de eleies pluralistas desde ha mais de 40 . anos, mas tambm porque devido s lutas internal dentro da equipa de .;. transiao, da qual certos membros se combateram entire si durante a _ campanha eleitoral, nao havia Conselho de Ministros no pais desde ha seis meses. Uma singularidade deste governor que rene varias geraes da poli- tica congolesa, desde o veteran da luta pela independncia, o Primeiro-ministro Antoine Gizenga, octogenario, companheiro de Patrice Lumumba, at aos herdeiros dos principals actors da histria do Congo independent. Com efeito, o filho do falecido Laurent- Dsir Kabila, Joseph, eleito por mais de 57% dos votos expresses na segunda volta da eleiao presidential de 29 de outubro, encontra-se no mesmo campo que o filho do antigo ditador Mobutu Sese Seko, Franois Joseph Nzanga Mobutu, nomeado Ministro de Estado e da Agriculture. Reunindo filhos de personalidades tao dispares como foram os faleci- dos Presidentes Mobutu e Kabila, o novo governor resultou necessaria- mente de um compromisso entire os homes. Mas tambm das profis- ses de f afirmadas durante a campanha eleitoral. Sem surpresas, o program apresentado pelo Primeiro-ministro Assembleia, em 22 de fevereiro ltimo, reconhece que "o livre jogo do mercado pode servir de instrument para o crescimento". O que nao admira muito vindo de uma equipa que conta com o antigo administrador-geral da Federaao das Empresas Congolesas, Athanase Matenda, nomeado para as finan- as. Mas ao mesmo tempo o program consider que o funcionamento do mercado deve ser moderado por uma vontade political baseada nos "valores do socialismo": solidariedade, justia distributiva e igual- dade de oportunidades. Resultado: o modelo proposto corresponde ao modelo muito centrista de uma economica social de mercado", segundo as pr6prias palavras do Primeiro-ministro. Corolario da vontade de incluir varias sensibilidades political, este novo governor foi por vezes qualificado de pletrico pelos seus detrac- tores. Conta 60 membros, dos quais seis ministros de estado, 34 ministros e 20 vice-ministros. O Partido do Povo para a Reconstruao CORRElO RD do Congo eportagem Reconstruao), tendo o Partido Lumumbista Unificado de Antoine Gizenga obtido as Minas e o Oramento, bem como o posto estratgico da Justia. Para satisfazer toda a gente foi precise atri- buir muitas pastas e dividir alguns minist- rios (Energia e Hidrocarbonetos, Assuntos Sociais e Solidariedade Nacional). Com o risco de provocar duplicaoes de competn- cias. Foi por isso, alias, que a Presidncia da Repblica publicou em maio ltimo um decreto para clarificar as atribuioes de cada ministrio. A missao atribuida ao governor de abrir os cinco estaleiros da reconstruao definidos pelo Presidente Joseph Kabila no seu dis- curso de investidura de 6 de dezembro ltimo: infra-estruturas para desencravar o pais e relanar a agriculture, a fim de assegu- rar a segurana alimentar, educaao, emprego, agua e electricidade e sade. Objectivo: consolidar a paz, construir o estado, relanar a economic, lutar contra a pobreza e as desigualdades sociais, mas tam- bm restaurar "a familia e os valores morais". Para esse efeito, o Primeiro-ministro tenciona restaurar uma gestao transparent das finan- as pblicas e dos recursos naturais. A revi- sio dos contratos mineiros "leoninos" cele- brados durante as duas guerras (1996-1997 e 1998-2003) e das concesses florestais atri- buidas depois da moratria de 2002 valerio como teste da capacidade para implementar reforms. Resta encontrar os meios para este ambicioso program. O govero tenciona aumentar as despesas do estado em 15,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2006 e at 29% em 2009. O enquadramento do program para o period 2007-2011 prev um custo total de US$ 14,3 bilhes, dos quais US$ 6,9 bilhes serao provenientes dos recursos prprios do estado e o resto (US$ 7,4 bilhes) de apoios externos. A mobilizaao das ajudas exteras vai depen- der da conclusao de um novo program com o Fundo Monetario Interacional (FMI), aps a cessaao dos seus financiamentos em 31 de maro de 2006, devido ao nao respeito dos resultados a que o estado estava obrigado e da nao execuao das reforms estruturais e secto- riais pelo governor de transiao. Com efeito, o novo govero reconhece que o programa intermdio de consolidaao" -que pretendia voltar a pr a economic congolesa no bom caminho para voltar a beneficiary dos financia- mento do FMI a titulo de ajudas financeiras para a reduao da pobreza e para o cresci- mento -tambm nao foi executado de forma satisfatria. Por conseguinte, as novas autori- dades consideram necessario enviar "sinais muito fortes" tanto populaao como aos seus parceiros. No plano politico, o novo govero tera por missao acalmar o ambiente ainda enlutado pelos afrontamentos de 22 e 23 de maro ltimo entire a guard do candidate vencido na eleiao presidential, Jean-Pierre Bemba, reni- tente em desmobilizar os seus elements, e as foras goveramentais. O balano foi calculado entire 200 e 600 mor- tos pelos diplomats europeus em Kinshasa, que deploraram "um recurso premature fora" por parte do campo governmental depois de o Comissario Europeu para o Desenvolvimento, Louis Michel, ter conside- rado que nao podia haverr milicias armadas fora do exrcito regular". Surgiram alguns sinais de abrandamento das tenses. Desde a partida de Jean-Pierre Bemba com destino a Portugal, em 11 de abril, oficialmente por razes sanitarias, a ten- sio diminuiu sensivelmente em Kinshasa. Em 25 de abril, os deputados do Movimento de Libertaao do Congo (MLC) e os seus aliados da Organizaao para a Democracia e Reconstrun o (ODER) puseram term ao boi- cote dos trabalhos da Assembleia Nacional, justificado segundo eles por intimidaoes de que foram alvo. E quando uma parte da oposiao denunciava um dominio do campo presidential sobre todo o aparelho de estado, contra todas as expecta- tivas, em 11 de maio ltimo, foi o antigo Primeiro-ministro de Mobutu, Lon Kengo wa Dondo, candidate da oposiao, que foi eleito Presidente do Senado, cabendo-lhe em caso de vazio do poder exercer provisoria- mente a Chefia do estado. No Congo tudo pode acontecer. F.M. N. 1 n.e. JULHO AGOSTO 2007 eportagem RD do Congo President da Repblica: loseph Kabila Kabange Primeiro-ministro: Antoine Gizenga Funji Ministros de Estado: Agriculture: Franois jlseph Mobutu Nzanga Ngangave Interior, Descentralizao e Segurana. General Denis Kalume Numbi Negocios Estrangeiros e Cooperao International: Antipas MbLusa Nyamwisi Ensino Superior e Universitrio. Sylvain Ngabu Chumbu Infra-estruturas, Obras Publicas e Reconstruo: Pierre Lunmbi Ckongo Ministro de Estado Adjunto do Presidente da Repblica. Nkulu Mlitumba Kilombli Ministros: Ministro Adjunto do Primeiro-Ministro: CGodefrid Mayobo 1Mpvene Defesa Nacional e Antigos Combatentes: Chike. Diemu justice. Georqes Mlinsay Booka Piano: Olitier Kamitatu Etsii Integrao Regional: Ilnace Gat l Mavinga Finanas: Athanase Miatenda Kyelu Oramento: Adolphe r'FuL2ito Carteira: jeanine lMabunda Liokc Economia Nacional. Sylvain Joel Bifilwa Tchamvwala Informao, Imprensa e Comunicaao. Toussaint Tshilombo Send Industria: Simon F,.lboso Kiamlputu Comercio Externo. Denis .lbuyu Mlanqa Pequenas e Mdias Empresas: lean Franois Ekofo Panzoko Transportes e Vias de Comunicao. Rmy Henri Kuseyci Gatanqa Desenvolvimento Rural: Charles MWlando Nsimba Ensino Primario, Secundrio e Profissional. Macaire Nlwangu Fanmba Investigao Cientitica: Sylvanus Mushi Bonane Sade Publica. Victor Mlakbvenge Kaput Minas. Martin Kab\velulu Labilo Energia. Salomon Banamuhere Hidrocarbonetos: Lambert Mende Oimalanga Trabalho e Previdncia Social. .larie-Ange Lukiana Mhufvanikol Funo Publica. Zephyrin .lutu Diamibu-di-Lusala Assuntos Sociais e Solidariedade Nacional. MFartin Bitilla r,.lahimba Condiao Feminina: Philomne Omatuku Atshakawo Akatshi Juventude e Desportos: Pardonnri Kaliba Mulanga Assuntos Fundirios. Liliane Pande kluaba Urbanismo e Habitat: Laiirent-Simon Ikenge Lisambola Correios, Telefones e Telecomunicaes. Kyamiusoke Bamusulanga Ambiente. Didace Pemlbe Bokiaga Turismo. Elias Kakule ri.1bahingarna Cultura e Artes. Parcel Mlalenso Ndodila Direitos Humanos: Eugrne Lokwa llwaloma Assuntos Humanitarios: lean-Claude rluyamnbo Kyassa _ l ,, I 1 - descentralizao congolesa SI;ri i .|i. :.i -, i ,;r r: ,i- l.1,, , i'. :, u :.:. u I-.|r r .:l -,+ i n.:.i 'i :. -I.. . .- r l.,i ,-il i .rr r u l'.' r ] . :.cr i[,i,.] r .r l,> I: r . CORREIO n- r n .: .: rn ra n,- ,' n . .:.:.n .ltni ,,.rrn.plr i- cJne r n'.,- -.: J .: J .1 in. S re r \.:..tri : ,i :J ,- r, n.li, r .n'. n L r .: ,1 .:.n .:J nn'. n' nn r 1. , :I n il i.-,,'I Ir -' 'i iinru r n'.- n .. n-. n '.:.n' .r .:n i r i .: J r I ni i.:. .j ni 'iu l.:.j- :-uuIi n inn in.i:ji I:.'.' .r:,- ,,,ji: rn'uu 'i n ii--uu -r n. ll. l''. in r li n l i.l ..:.r ,i .l,, r ln. r 1 .:.nj, i ,, .: ] .r l r r .n 1 -i ,r.j . u u-u'' j. m. n'au nl.j.n l *nt',' .u- '.uuu t'n.u n p/or j.' 'rou iuuoou lui.- ,rn- i. o.- ouoo -,', ,tnl n,-n I,, 'u nu i.:.:. i : .r n .r.:. j.u i~ n.ou or.: uni n *'uo r o ou uil.l ,, ,l, .n, lu i ,r nll .:- n ., na :1ur l. c'r,-r-n L. n,-,, i ,' - . b l :.ci r c 1- ,-,], l'n'nl .ril ir :, n .' r]ta i ,l i, r ir ~l nr, 1 -- ln. 'n: ,l n Inr, , .: l :-,:,: .:, : .:'r..l:':.ne c I- ' .r.' .1.. n.'. _rn, rn .. .1j 'jl ',1 .. r .. n L'. '1n ulr. If..n r r . l . Fs cc. 1 -I. ..l +l..u p4 I ... S I i ! : .n h-nih- .h ,.,-lh I o1,ni ,- n l I n n I i ________ IIInI ln III-II I ll-1 N. 1 n.e. JULHO AGOSTO 2007 RD do Congo eportagem - ~I i t 53 eportagem RD do Congo Cultural Gigante no dominio das minas, da biodiversidade, do seu potential hidroelctrico e agricola, o Congo tambm gigante no campo da msica. Todavia, duas guerras e perto de duas dcadas de declinio econ6mico tiveram um impact inevitvel sobre as condies da criao artistic. Uma nova gerao comea a emergir. pesar da crise profunda que afectou o pais e aps o interre- gno de monumentos tais como Kall, Wendo e Franco, o Congo continue a inundar a Africa do som da rumba. Em Janeiro passado, Papa Wemba e a sua orquestra "Viva la Musica" tiveram um grande sucesso numa digressao no Qunia. E a voz grave, engastada de coros de cariz religioso de Koffi Olomide, ja len- daria. Mas a riqueza da msica congolesa que se inspira essencialmente no registo traditional, nas coros de igreja e no contribute afro-cubano, nao se limita rumba. Emerge uma nova geraao, avida de significado e desejosa de exprimir, na forma e no context, as preocupaoes de uma populaao mortificada pela misria, pela violncia e pelas "intrigas". Um dos seus representan- tes Jean Goudal, tendo por nico instrument a sua viola seca e o seu charisma irreverente, bon de jogador de basebol e casaco de caador da Africa do Oeste. Altemando o critico e o cmico, maneia a voz como um jovem Brassens tropical, evocando os "shgus", crianas ou jovens adults das ruas da capital. Improvisaoes vocais de jazz de tipo trombeta tapada e ar de reggae. uma nova faceta de Kin, que os espectadores puderam descobrir no concerto "msicas cruzadas", organizado em fins li de janeiro pelo Centre Wallonie-Bruxelles de Kinshasa, onde actuaram outros artists reputados desta "outra m6sica", cuja associaao presi- dida por Jonas Lokas, um antigo rumbista de Choc Stars. Para alm disso, sobressai tambm um jazz congols, cuja orquestra "Ya Kongo" revisita a base musical traditional de varias regies do pais, com novas harmo- nias, introduzindo pela primeira vez a flauta traverse na music de Kinshasa. Segundo Lokas, esta procura de novas formas responded a uma necessi- dade do pblico, desejoso de altemativas "rumba desenfreada", a pon- tIr~ A tos de ouvir as velhas msicas nos bares da cidade. Responde tambm necessidade dos seus artists de se imbuirem do spiritual, mas nao exac- tamente no spiritual dos cantores evanglicos, como Marie Lisambo ou , Charles Mumbaya, cujas vendas sao sustentadas pela convicao dos seus " fas ou fiis, que ao comprarem uma cassette ou um CD pensam apoiar a Obra Divina. Toda esta riqueza acompanhada por um terrivel paradoxo: excluindo os gravadores artesanais, pirates voluntarios, a m6sica congo- lesa utiliza geralmente como suporte os CD importados da Europa e da Africa do Sul. A indstria do disco, florescente nos anos 80, desapareceu. i "Ora, necessario empenhar-se na indstria cultural. Nao temos outra s s Ms. altemativa. O Estado deve desapertar os cordes da bolsa", afirma Lokas. CORREIO RD do Congo eportagem Procura de significado e espiritualidade. Encontra-se tambm esse aspect no campo da pintura, outrora dominada pelo chamado tipo "ingnuo" ou "popular", prximo da banda desenhada, dos Mok, Tshibumba e Amar Samba, autor da famosa pintura exi- bida numa fachada do bairro de Ixelles/Matongu em Bruxelas, tendo como chefe de fila, Roger Botembe, igualmente um dos mais famosos coleccionadores de esti- tuas e mascaras do pais, das quais se inspira nas suas telas, seguindo assim as peugadas de Picasso e dos cubistas, com a nica diferena, segundo ele diz, que ele ultrapassa as formas para se apoiar no spiritual, em busca da beleza internal e nao s6 da esttica pura, No campo da literature, em total ruptura com o principle do romance negro, Aquiles Ngoye ou com um escritor conceituado como o romancista Yves Mudimbe, no seu romance de antecipaao "Kinshasa: la dernire explosion n'aura pas lieu" (L'Harmattan, Paris 2006), Hubert Kabasubabu deseja incitar a dizer nao ao falatismo do "inte- lectualismo da cruise Descreve um Congo que, em 2025, exorcizou os demnios do derrotismo, guiado pelos sociais-democratas cristaos pente- costistas. O model descrito de uma economic dotada de uma indstria de armamento flores- cente e de plantaoes industrials voltadas para a exportaao mal aceite por uma certa categoria. O Jesuita, Martin Ekwa, fundador do Centro de Acao para Dirigentes e Quadros de Empresa no Em cima: Chri Samba, humorista de pintura popular. Em baixo, esquerda: Obra de Roger Botembe. Em baixo, direita: 0 esclarecido Roger Botembe e a sua busca da identidade. Fotografias: Franois Misser. recorrendo sistematicamente trilogia do vermelho, cor do regozijo, do preto, cor da vida terrena, e do branco, dominio da pleni- tude, "onde se escondem os antepassados". Esta procura levou-o at Haiti para ai (re)des- cobrir os ritos "vaudous", como "Fula", que insufla a potncia da vida e cujas raizes se encontram no Congo, onde conhecido por "Fula Ngende". Pintor da esperana, Botende atrai para a fonte da sua cultural os Congoleses que, diz ele, sofrem de uma perda da sua identidade, o que em parte originou as guerras que assolaram o pais. um objective estratgico porque "nao ha desenvolvimento sem criaao", afirma Botembe, que atraiu um pliade de artists nas suas oficinas, ap6s o naufragio da Academia de Belas-Artes em 1992. Como Lokas, Botembe tambm incita os dirigentes a revalorizar a cultural e exprime a sua frus- traao assinando os seus quadros s avessas... !1''|-!'1 UiLulc. Alculi dmu, u PI'dc EkvVU !ic 1 .. que seria mais adequado falar de balbucia- niiii.i na evoluao do pais do que de cruise. Seja ,.. ..!i !or, ele admite que absolutamente neces- '.im! I iim pulso. Na sua ltima obra, "L'cole !.lilic (Editions Cadicec, Kinshasa 2004), Martin Ekwa reage ao discurso contra a fraqueza do sistema educativo apontado como origem desta cruise" Na sua opiniao, a origem do pro- blema esta na destruiao do sistema resultante da autoridade estatal imposta por Mobutu, que substitui os critrios profissionais pelos critrios de enfeudaao ao poder e da indiferena da classes political, quando nao da sociedade civil, perante a escola abandonada e sinistrada. Segundo Ekwa, assenta tudo no medo que a uni- versidade derrube o poder. Mas sera necessario faz-lo. Sera necessaria uma escola superior de gestao, ao passo que Arcebispo de Kisangani, Monsengwo, apela adesao ao seu project de criaao de uma escola de formaao dos quadros dirigentes do Estado. Uma coisa certa: em todas as esferas culturais, o advento de um poder procedente das urnas suscita a efervescncia, as expectativas, as propostas e as iniciativas indivi- duais ou colectivas. Serao estas as premissas da renascena de um pais onde a cultural e a educa- ao foram tratadas de maneira inadequada? F.M. N. 1 n.e. JULHO AGOSTO 2007 J p- eportagem RD do Congo tambm... Graas ao principio jornalistico que diz que a chegada a horas de um comboio no noticia, os dramas passaram a ocupar a primeira pagina da actualidade congolesa na btima dcada. Se exceptuarmos a proeza da organizao de varias eleies ape- nas nalguns meses num pais em que o Estado tinha desaparecido. e repente, a extraordinaria beleza do pais passa para segundo plano. Explosao da cratera incandescent do vul- cao Nyiragongo, que domina, entire o cu cinzento e a lava antracite, o campo verde das bananeiras. Imponncia das catedrais e dos mantos de verdura da floresta equatorial, cujas abbadas culminam a trinta metros e as cores declinam simultaneamente todas as estaoes. Imponncia ainda do rio onde flutuam ilhas de jacintos de agua. Pr-do-sol sobre as montanhas azuis do Itombwe. Por todo o lado o home deu igualmente provas de engenhosidade e de talent. Canto cristalino e alegre dos pigmeus Bambuti, que sada o nas- cer do sol na floresta do Ituri. Nassas colossais que pendem em andai- mes audaciosos sobre as quedas Wagenia, a montante de Kisangani. Pirogas-cabanas dos pescadores Lokl do rio Tshopo. Alternatives escassez de gasoline em regies nao mecanizadas: tolekas (taxis-bicicle- tas) em Kisangani, cidade alimentada igualmente pelos djubus-djubus (pirogas), trotinetas gigantes tshukudus dos camponeses do Kivu, que vm abastecer os mercados de Goma, bicicletas que alimentam metade da capital do Kasai Ocidental, Kananga. Criatividade dos camionistas do Equador que alimentam os motors com l6eo .- de palma. E que dizer dos prazeres do palato! A cozinha congolesa uma das mais variadas do continent. Gambas kossa kossa do rio, safus, lagartas grel- hadas ou na caarola, antelope, macaco, cobra, crocodilo, mabok (peixe e legumes cozidos em papelotes de folha), biteku-teku (pur de legumes), moamba de galinha : pratos tao desconcertantes como sucu- lentos para quem vem de muito long. (Q iic pcni, ,em passar os classicos, que sao os tapetes kubas, a esta- iii.i!i jI.ui.i i.ila e tshokwe, a pintura popular, os penteados mangbetu, . !uiiii.il. c !cpectivos descendentes. O Congo, com a dimensao de Siii.i. c c .1 Frana, dez vezes o Reino Unido e 80 vezes a Blgica, n!.1 c apenas um pais, um universe, uma civilizaao, um caleidoscpio de sensaoes, das quais uma das mais agradaveis o acolhimento que os habitantes reser- vam ao estrangeiro. Exceptuando alguns pioneiros que relanam os cru- zeiros no rio Congo, as visits aos simpaticos bono- bos e o ecoturismo no parque da Garamba, nos confins do Sudao, ainda sao poucos os estrangeiros a usufruir destes prazeres. Dificuldades, insegurana em certas zonas, riscos sanitarios, dificuldades logis- ticas e percepao negative do pais, tudo se combine para criar obstaculos reais. Mas convm tambm rei- terar que um confront no Kivu nao afecta necessa- riamente a vida diaria a dois mil km de distncia, seja no Atlntico ou nas savanas do Katanga... Isto tambm o Congo. F.M. esquerda: 0 lago Tanganyika, visto do espao. Em cima: Duas capitals, Brazzaville e Kinshasa, em margens opostas do rio Congo. Fonte: NASA, Earth from space. CeRREJO liomrcio PRCIFICO E UE TRCRI 0 CAmlnHHO PARA um noUo OCORDO Oceanos parte, uma grande distncia parece ser um golfo para a melhoria da cooperao no comrcio entire os pauses do Pacifico e a Unio Europeia (UE). sto significa que o Pacifico e a UE estao a navegar numa rota diferente dos outros cinco agrupamentos regionais ACP que estao actualmente a negociar com a UE os Acordos de Parceria Econmica (APE), cujo element central o livre acesso aos mercados reciprocos com assistncia ao desenvolvimento para aproveitar novas aberturas, tudo devendo estar em funciona- mento a partir de 2008. Das 14 ilhas ACP do Forum das Ilhas do Pacifico (Ilhas Cook, Fiji, Kiribati, Ilhas Marshall, Estados Federados da Micronsia, Nauru, Niue, Palau, Papuasia-Nova Guin, Samoa, Ilhas Salomao, Tonga, Tuvalu e Vanuatu) que actualmente estao a negociar um APE, sao os estados mais peque- nos que dizem nao ganhar tanto como outras regies ACP com a melhoria do acesso aos mercados que esta na mesa. As estatisticas da UE mostram que o Pacifico export actualmente apenas 10% dos seus bens e produ- tos para a UE e que apenas 5% das suas importaoes totais vm da UE. N. 1 n.e. JULHO AGOSTO 2007 Dois pauses do Pacifico dominam estas trocas comerciais: a Papuasia- Nova Guin e as Fiji, que represen- tam 90% deste valor das exportao- es, devido principalmente ao a- car, e que absorvem 40% das importaoes. O Ministro dos Negocios Estrangeiros das Ilhas Salomao e suplente do negociador principal dos APE para o Pacifico, Patteson Oti, disse ao Correio que um acor- do sobre isenao de direitos e de quotas de exportaao do Pacifico para a UE beneficiaria em especial os grandes pauses, Papuasia-Nova Guin, Vanuatu, Ilhas Salomao e Fiji. Os pauses do Pacifico estao a ponderar individualmente se assi- nam um acordo de mercadorias no mbito do APE. O Ministro Patteson referiu que os pauses do Pacifico receiam que o abrir mais as portas aos bens e pro- dutos da UE pode levar outros paf- ses a solicitarem os mesmos bene- ficios na Organizaao Mundial de Comrcio ao abrigo da clausula de "Naao mais favorecida" (NMF). Acrescentou que o Pacifico tem na mira um acordo regional de pescas com a UE para alm dos acordos bilaterais existentes com os pauses ACP do Pacifico. Esta regiao tam- bm pretend maior mobilidade temporaria para trabalhadores semiqualificados na UE -que de qualquer modo sobejamente uma questao national dos estados-mem- bros da UE -e alteraoes s regras de origem da UE que actualmente nao tm em conta a distncia dos estados do Pacifico em relaao a outros estados ACP, bem como a vulnerabilidade e a dimensao de muitos estados. Declarou que o Pacifico pretendia um pacote de assistncia para bene- ficiar das novas oportunidades cria- das pelos APE, nomeadamente para os estados mais pequenos, desde formaao de recursos huma- nos at vigilncia das pescas, e para atenuar qualquer impact negative de um APE. No mbito do Program Indicativo Regional do 14~l u 100 FED ja foram autorizados 76 milhes de euros com um aumen- to possivel de 25% -para o FED Pacifico (2008-2013), a fim de reforar a cooperaao entire os 14 estados, para alm dos funds da UE para cada pais do Pacifico no mbito dos designados programs indicativos nacionais. "Reconhecemos a singularidade das ilhas como guardias do Pacifico, de um bem pblico mun- dial com grandes recursos que deve ser gerido de forma sustentavel para o desenvolvimento das ilhas. Os instruments financeiros do Acordo de Cotonu permitirao que a regiao se capitalize graas ajuda dos APE e, consequentemente, melhore seu potential de cresci- mento econmico respeitando o ambiente, declarou o Chefe adjun- to da Unidade da Direcao-Geral de Desenvolvimento da Comissio Europeia para a regiao do Pacifico, Francesco Affinito. D.P. M "Os Estados mais pequenos beneficiarao de um acordo de pesca regional" Patteson Oti, negociador principal dos APE para o Pacifico. Fonte: Secretariado da Comunidade do Pacifico. escoberta da Europa BRUXELAS: CAPITAL DR SAnne Adriens-Pannier. m 1979, para o Milnio de Bruxelas, alguns brincalhes criaram o slogan "Bruxelas em festa de mil em mil anos". Um pouco de humor para cri- ticar a political cultural da cidade! No entanto, Bruxelas um lugar de encontro de cultures, que atraiu sempre inmeras per- sonalidades das artes e da cincia: Lorde Byron, Victor Hugo, Verlaine, Rimbaud, Jacques-Louis David, etc. Foi em Bruxelas que este ltimo deu vida a uma das maiores obras da histria da arte europeia "La Mort de Marat". Foi em Bruxelas que entire duas guerras, Einstein, Joliot Curie, Marie Curie, De Broglie, Planck e Heisenberg vinham apresentar, anualmente no verao, as desco- bertas da fisica e da quimica que revolucio- naram o mundo. Bruxelas provavelmente a unica cidade com menos de um milhao de habitantes sobredimensionada em terms de oferta cul- tural. Setenta museus, outros tantos teatros, uma opera, La Monnaie com uma tal reputa- ao que seria considerada a "melhor do mundo" se estivesse situada num determi- nado pais vizinho. Grande capital da cultural? Dois grandes ope- radores culturais formula a sua opiniao, por vezes divergente: Anne Adriaens- Pannier, uma apaixonada, Responsivel pela organizaao da maior exposiao desta tem- porada no Museu de Arte Moderna: "Lon Spilliaert, um espirito livre". Ela fala com esmero e paixao de Spilliaert (1881-1946), da Arte e de Bruxelas. Michel Kacenelenbogen, Co-Directeur, com Patricia Ide, do Teatro Le Public, um espirito livre, como Spilliaert, outro minado pela paixao. Criado ha menos de dez anos, Le Public uma referncia pela qualidade das suas encenaoes e do seu sucesso. Insurge-se contra os a priori da imprensa e da classes political. H.G. Regio Bruxelas-Capital escoberta da Europa Bruxelas era frequentada por artists do mundo inteiro, convidados por associaes culturais - Cercle des Vingt ou Cercle de la Libre Esthtique - como muitas pessoas que vivem em Bruxelas, entire 1880 e 1914. Nestas expos beneficiou de tudo o que af se passa. Na viragem sos artists internacionais expuni de sculo, at 1914, Bruxelas era o centro do que obras antes de apresentar nou se poderia chamar a Arte de vanguard. Vivia-se Bruxelas foi sobretudo para Spilliaer uma grande efervescncia, tanto a nfvel da litera- encontrou a sua via muito pessoal. tura como da msica ou das artes plasticas. es, numero- ham as suas tros lugares. t o lugar onde O Cercle des Vingt ou o Cercle de la Libre Esthtique foram alicerados numa revolta contra o academismo da arte e contra toda a hierarquia na arte e entire a arte e o artesanato, e sobretudo contra toda e qualquer autoridade como os jris. Era desta maneira que as manifestaes culturais reuniam, no mesmo salao, artists das mais variadas vertentes, como msicos, pintores e escultores. o exemplo tfpico do Gesamtkunstwerk (trabalho artstico comum) que reivindicam estes artists, nomeadamente a nao discriminaao entire as artes. nesta perspective que um arquitecto recorre a todas os tipos de artists para decorar e acabar uma casa. o caso daquela joia de Arte Nova, o Palacio Stoclet. Nos anos 30 e antes da guerra, esta efervescncia cul- tural de Bruxelas atingiu o seu auge. Apos a guerra, nos anos 50, as influncias vm sobretudo do exterior da Blgica. A Blgica abre- se nomeadamente aos Estados Unidos. interes- sante notar que nao esta centrada na arte belga. No Museu de Arte Moderna, por exemplo, basta percorrer as galerias contemporneas para se pas- sar da india para o Egipto e deste para Africa, e ha mais interesse pela arte belga. Continuamos sempre muito atentos ao exterior. Talvez que nao lutemos o suficiente para proteger a cultural belga. Mas por outro lado, um verdadeiro enriqueci- mento. Sera que Bruxelas esta a perder a sua influncia? Sim e nao. Por enquanto, alguns artists, em vez de terem um nico interlocutor, que seria o Ministrio da Cultura belga, tm a possibilidade de diversificar os seus contacts. Dirigem-se aos governor das comunidades de Iingua francesa ou de Ingua holandesa. Embora tenha nascido em Ostende, Spilliaert, Os Flamengos estao plenamente interessados em participar na cultural francofona e vice-versa. Basta ver as peas de teatro que sao cada vez mais bilingues. j] nao ha diferena entire um espectaculo de Ifngua neerlandesa e um especta- culo de Iingua francesa. extraordinario! Bruxelas uma verdadeira capital de cultural. A attitude dos mdias francofonos de Bruxelas paradoxal. Considerando os mdias na perspec- tiva da cultural, trs quartos do seu trabalho incide sobre o Star System e os Belgas no estran- geiros, e o outro quarto, que se refere a Bruxelas, diz-se elitista. impossivel, por um lado, incensar a cultural do vedetismo, e, por outro, esquecer a criaao local considerada demasiado popular. Tomemos como exemplo a nossa encenaao "Un tramways nomm dsir", citada como aconteci- mento cultural excepcional. A imprensa falou do espectaculo mas nunca em adequaao com o seu sucesso. Eu nao digo que seja um fenomeno exclusiva- mente bruxelense. Os jornalistas francesas ou ingleses do ramo da cultural tm certamente a mesma tendncia, mas isso compensado pelo chauvinism dos grandes pauses que os obriga a cobrir as actividades nacionais. Um espectador em cada quatro que frequent os teatros convencionais da Comunidade Francofona da Blgica um espectador do "Public". Ora, nos recebemos menos de trs por cento das subven- es em questao. como se a educaao especial absorvesse mais oramento do que a educaao global. Dos recursos pblicos destinados cultural, um parte considerdvel toma o rumo da Comunidade Flamenga de Bruxelas, quando esta represent apenas 20% da populaao da cidade. Porque que nos temos, mesmo assim, muitos e grandes artists belgas? a humildade. uma grande qualidade que nos protege do Star System. E como nos nao podemos alimentar o dito Star System, refinamos a qualidade. um efeito perverso da humildade imposta. Bruxelas nao uma capital de cultural. a capital de um pais e a capital da Europa. Esta Europa que tem uma nitida tendncia a tomar decises em nome dos cidados e que um lugar de poder e relaao de foras. Mas eu fao o teatro precisa- mente porque um espao de liberdade, um lugar onde temos o direito ao erro. No mundo em que vivemos, isso um luxo. escoberta da Europa Regio Bruxelas-Capital Marie-Martine Buckens BRUXELEnSE Bruxelas poderia ser uma cidade de vidro atravessada por gran- des artrias impessoais, como a gente imagine para uma cida- de que alberga nas suas ruas grandes instituies internacionais como a Unio Europeia e a NATO, mais de mil representaes de organizaes internacionais e duas mil sociedades interna- cionais. No entanto esta capital, por vezes no reconhecida, de tantas entidades conservou o seu particularismo constituido por uma mistura de bem-estar e de oportunismo como o testemun- ham as suas ruas e construes em perptua construo e demolio. uma alquimia que, em parte, se explica pela sua hist6ria. oi no bairro Saint Gry que os primeiros habi- tantes de Bruxelas se instalaram no sculo XI. Era um lugar estratgico que permitia aos seus habitantes fazer comrcio com as gran- des cidades europeias atravs do rio Sena e dos seus afluentes. A partir dessa poca, a cidade suscita o interesse dos grandes da poca. Bruxelas foi sucessi- vamente capital dos Paises Baixos borgonheses e dos Habsburgos da Austria, que ao herdarem o trono da Espanha fizeram de Bruxelas a sede dos Estados- Gerais dos Paises Baixos com Carlos Quinto no comando. Terminou aqui um period de relaoes relativamente calmas entire a burguesia bruxelense e a monarquia imposta. Comearam entao os anos deficeis, durante os quais o Duque de Alba semeou o terror para aniquilar as veleidades de independncia dos edis. Passado um sculo, foi a vez de Luis XIV bombardear o centro da cidade. Em 1815, aps a der- rota de Napoleao em Waterloo, ano em que Bruxelas ficou sob o jugo de Guilherme I de Orange, Principe do Reino Unido dos Paises Baixos. Foi a gota que fez transbordar o calice. Os burgueses da cidade insurgi- ram-se e proclamaram a independncia de Bruxelas e, em seguida, da Blgica. Estavamos em 1830. Ja nessa altura Bruxelas era uma mistura de habitan- tes de horizontes e cultures diferentes: os flamengos, de cultural germnica e francfona, se fossem burgue- ses (Napoleao deixou vestigios), Vales de cultural latina, mas tambm populaoes de origem judaica, espanhola, etc. Para unir toda esta diversidade de povos e cultures, foi decidido dar-lhes um rei de ori- gem estrangeira, um Habsburgo: o rei Leopoldo I. A histria parece repetir-se, mas os bruxelenses tinham aprendido a "entender-se". Os negocios retomaram. Para "limpar" as ruinas e a misria que delimitavam o Sena, onde viviam os pobres, os edis burgueses decidiram, em 1870, canalizar completamente o rio. A estrutura e a identidade do centro da cidade serio completamente transtornadas. Uma transformaao qual os bruxelenses parecem ter-se habituado, como o testemunham as mudanas quase ininterruptas de que tem sofrido a cidade desde entao. Houve tentativas de Leopoldo II para "parisi- nizar" Bruxelas. Dessa poca sao poucas as grandes artrias ou monumentos que subsistem. Foram, mais uma vez os homes de neg6cios e os magnatas do imobilinrio que, ano aps ano, modificaram at os desfigurar alguns dos bairros do centro. Foi a esta paisagem que comearam a chegar as grandes instituies. Primeiro os comerciantes, atraf- dos pelos edis bruxelenses fora de promessas fis- cais. Em 1958, Bruxelas acolheu a sede da Comunidade Europeia. Em 1967, ofereceu um ter- reno na sua periferia para a construao da sede NATO, expulsa de Paris pelo General de Gaulle. Estas instituioes sao o chamariz para milhares de instituies, organizaoes e corpos diplomaticos. Bruxelas conta actualmente mais de 30% de estran- geiros. Os bruxelenses vivem esta situaao numa relative indiferena e matizada de bonomia. CeRREIO Regiao Bruxelas-Capital escoberta da Europa Roger Mazanza Kindulu BRUXELIS, MPUTUUILLE, f CBPITfL Os congoleses e Bruxelas ruxelas, capital da Blgica e da Europa, aloja uma important comunidade subsariana. Vivem ai lado a lado angolanos, camaroneses, ganeses ou nigerianos, vindos, na maioria, em vagas de imigraao nos anos 1990. Encontram-se tambm nacionais do Burundi e do Ruanda, pauses que estiveram sob adminis- traao colonial belga em determinados perfo- dos da histria. Todavia, a comunidade afri- cana mais numerosa em Bruxelas vem do Congo Kinshasa e conta varios milhares de membros. Para os congoleses, Bruxelas uma cidade de sonho. Nas dcadas 70 e 80, um movimento migratrio macio desembarcou na Europa milhares de Congoleses de todos os horizontes. Bruxelas seduzia entao os jovens que sonhavam com uma vida melhor. Pouco a pouco comeou a falar-se de "Miguel" para designer a Europa, mas sobretudo a Blgica, ou seja Bruxelas (que eles pronunciavam 'Brisel', no mesmo tom que 'Kisasa' para des- ignar Kinshasa). De regresso de uma reportagem no Irao em 1977, fiquei alguns dias em Atenas. Quando regressei ao pais, ao contar as peripcias das minhas peregrinaoes, um dos meus jovens interlocutores atirou-me zangado: "Po na nini okendeki poto te?" (Porque que nao foste a i BjLil 4ILUL~ -111i ______________ -. I . Europa?). Compreendi logo que estive na Grcia e nao na Europa. No Congo, dizia-se, por exemplo: "Ha na sala dos brancos, tres portugueses e um grego". Os brancos (os mindele) eram os Belgas. Quanto aos outros... os gregos e os portugueses eram apenas comerciantes, que viviam connosco, comiam como nos e, s vezes, namoravam com as raparigas da aldeia? Trs anos depois, reparei o meu erro. Ao regressar de uma reportagem na Alemanha, passei em "Miguel" e fiquei algum tempo em Matonge, o bairro africano de onde trouxe alguns presents. Ganhei assim a estima de todos! Matonge, um cantinho do concelho de Ixelles, quase a copia conforme do "bairro ardente" de Kinshasa, um bairro que vive dia e noite com o mesmo ardor. Em Bruxelas, a belissima pintura do grande artist congols, Chri Samba, entrada do bairro, exprimia toda a convivncia deste lugar extico, onde vivem lado a lado pessoas de todas as raas e condioes sociais. Em Matonge ha de tudo: cafs e restaurants africanos, comrcio de vestuario, de alimenta- ao ou de produtos de beleza, agncias de via- gem, servios de frete ou envio de funds para a Africa, estaao de radio, cadeia de televisao, jornais congoleses, etc. ll- j;"iLm.. passado comum... 0 i 'L'-I. >lU' t ." lui' 11 :.kl' I:\' Lu riii l.; d. d l :i s iu r I. Ih ii E ii tf *r .nF ,:I I p r 1r . := o r o d :, u Z 'p = f P rI s l. ;l .:-.:l, .:l .: ii T ,:,[ P, .:l' .: .rr-u i. que de:,:liu i i .':lpe r idn.:i.i i: d,:, Con.:il,: Ih | -1 r ;, :l ,:,ino F,,. r 1 l ul n ,.\- Piira l i ; q u i ii i In'i 1:1 [i iI'I'I II' II' II ., ; :,r i I | i lu| i[ t.:.r I i mIi lI I, to likiIo lo Tr,:u.- I zr II. Con .;i ,Z,": I f I mii 1"" BrI n lI1 PrLmui, i u'.]:I P r m 1.=l= Com o passar dos anos, os Congoleses iam falando cada vez menos de "Miguel" ou de Mputu (Europa na lingua kikongo, uma das linguas principals do pais), preferindo utilizar o termo "Mikili" (mundos), que design todos os pauses europeus onde residem Congoleses). E Bruxelas transformou-se muito natural- mente em Mputuville, ou seja, a capital dos Mikili. Sendo assim, que ele resida em Paris, Aix-la-Chapelle ou em Londres, todo o Congols sonha em visitar um dia Mputuville. "Como os lamantins vao beber fonte de Simal", diria o poeta Lopold Senghor. Um fresco mural do pintor congols Chri Samba, que decorava um edificio entrada de Matonge. Fonte: CEC (Cooperaao para a Educaao e Cultura). rrlnh '" p':,riJ> ':10 p r- escoberta da Europa Regio Bruxelas-Capital um BIIRRO COmO CHPITHL A Uniao Europeia em Bruxelas s vidros, o granito e as estruturas em metal dominam a linha do hori- zonte de Bruxelas e convivem des- confortavelmente com os tipicos edificios residenciais de tres andares, do sculo XIX, com as suas fachadas decorativas. Grande parte da zona de construao estende-se desde a rotunda de Schuman, ligeiramente a leste de Bruxelas -assim designada em homenagem a um dos fundadores da Uniao, Robert Schuman. Uma visit guiada ao labirinto de edificios volta do "Bairro Leopoldo" ou "Bairro Europeu", ajudara a compreender o process nico de tomada de decisao da Uniao Europeia. Justus Lipsius, o edificio do Conselho, assim designado em homenagem ao filosofo do sculo XVI, da para a Rue de la Loi. Um bloco de granito rosa-acastanhado, com solidez que sugere os actos de assinar e selar. As decises sio tomadas por um ministry de cada um dos 27 estados da UE, sobre toda a legislaao da UE. A Presidncia rotativa de seis meses de duraao confere a cada estado-membro a possibilidade de dar prioridade a areas de preocupaao polf- tica concrete para aquele estado www.consi- lium.europa.eu. Em frente ao edificio colossal do Conselho, do outro lado da rua, encontra-se o edificio mais emblematico da Uniao Europeia, o "Berlaymont", o edificio em forma de X, com 14 andares, que a Comissao Europeia construiu em primeiro lugar, em 1967, no local onde exis- tia um antigo mosteiro da Ordem de Santo Agostinho. Esse edificio reabriu em 2004, depois de uma dcada de obras de remodelaao. a sede da entidade que prope a legislaao. A Comissao, www.eu.europa.eu, tem ciclos de cinco anos e um president, que actualmente o antigo Primeiro-ministro Portugus, Jos Manuel Durao Barroso. Cada pais da UE, individualmente, design um Comissario, a quem atribuida uma area polf- tica. O belga Louis Michel o Comissario para o Desenvolvimento e a Ajuda Humanitaria. Os Comissarios sao apoiados pelas Direcoes- Gerais (DG) em cada area political, actualmente mais de trinta, muitas das quais instaladas em Bruxelas no labirinto de edificios moderos de escritrios. O Director-Geral (DG) para o des- envolvimento, Stefano Manservisi, dirige a DG Desenvolvimento, Koos Richelle o DG para o Servio de Cooperaao "Europeaid", www.ec.europa.eu/europeaid, criado em 2001, com vista a acompanhar, no quotidiano, a implementaao de projects nos estados ACP e noutras parties do mundo e do Servio de Ajuda Humanitaria (ECHO) da Uniao Europeia, que presta ajuda de emergncia www.ec.europa.eu/echo, dirigido pelo DG Antnio Cavaco. O Secretariado para os estados de Africa, Caraibas e Pacifico (ACP), www.acpsec.org, encontra-se instalado do outro lado do Parc Cinquantenaire, na Avenue Georges Henri. O Secretario-Geral actualmente Sir John Kaputin, da Papuasia-Nova Guin. Descendo Schuman, podera observer um dos tectos mais bonitos de Bruxelas, no topo dos hemiciclos do Parlamento Europeu, designado "Caprice des Dieux" ("Capricho dos Deuses"), pois tem a forma da embalagem de uma marca famosa de queijo francs com o mesmo nome www.europarl.europa.eu. A fachada de vidro azul do Parlamento ocupa cada vez mais a "Place Luxembourg", uma praa Belga empe- drada, contigua. A evoluao da Uniao Europeia tem conduzido a um "aburguesa- mento", com cafs e restaurants de luxo, mas o edificio da estaao de comboios mais antiga da Europa, datada de 1838, ainda ali se encon- tra, embora as suas ligaoes ferroviarias este- jam actualmente no subsolo. Dois outros rgaos "consultivos" ocupam-se do complex process de decisao da Uniao Europia: o Comit Econmico e Social Europeu (CESE) www.eesc.europa.eu, com membros provenientes dos grupos de emprega- dos, empregadores e outros grupos de interesse da sociedade civil e a mais recent criaao foi a do Comit das Regies, www.cor.europa.eu, compost de membros nomeados pelos gover- nos locais dos estados-membros, instalado no fabuloso edificio em vidro, prximo ao Parlamento. D.P. escoberta da Europa Leo Cendrowicz * Economia de Bruxelas: crescendo, mbora Bruxelas seja talvez mais Muitas estao, obviamente, associadas ao conhecida no estrangeiro como a caracter international das actividades desen- capital da Uniao Europeia, o papel e a volvidas em Bruxelas, uma cidade que aloja sua importncia econmicos sao uma vasta comunidade estrangeira de diplo- menos notrios. matas e funcionarios publicos, intrpretes, Na verdade, a cidade um centro de intense grupos de pressao (que fazem lobby), consul- actividade econ6mica, com uma cultural toras, agncias de publicidade e jornalistas. empresarial aberta e cosmopolita e uma excep- A maior parte dos habitantes de Bruxelas fala cional apetncia para o comrcio. A Regiao fluentemente duas linguas, pelo menos, e mui- Bruxelas-Capital aloja 54 mil empresas, das tos falam mais de duas. normal que uma quais duas mil sao estrangeiras. N. 1 n.e. JULHO AGOSTO 2007 mente ingls, francs e neerlands. O mesmo se aplica a pessoas que ocupam cargos de ges- tio, embora o ingls seja cada vez mais a lin- gua dos negocios e seja falada nos servios de atendimento ao pblico e por pessoal de ven- das por telefone. Alm disso, do ponto de vista do marketing, a coexistncia de varias comu- nidades culturais, em Bruxelas, tornam a cidade e a regiao um excelente mercado-teste, para estudar o comportamento do consumidor. recepcionista de uma empresa fale fluente- Actualmente, Bruxelas tem o maior numero de Regio .- -; '. escoberta da Europa Regio .- organizaoes interacionais do mundo e a !.i. anualmente mais de mil conferncias de ne.- -- cios, ocupando o quarto lugar na tabela ..i cidade mais popular da Europa para confer i - cias e congressos. Ocupa tambm a stiiii. posiao como centro financeiro mais imp. - tante do mundo e a quarta cidade mais atl., - tiva da Europa para iniciar um negocio. A cidade tem muitas outras vantagens ocul .i, uma posiao geografica estratgica na Eurc !.i alguns dos trabalhadores mais produtivos ... mundo, excelentes ligaoes de transportes c. ni outras cidades, bem como uma enorme oft i de espaos para escritrios a preos relati .i- mente baixos. Um ponto de atracao me-,. " conhecido da Regiao de Bruxelas a t.i'.. favoravel de impostos para expatriados: .i aquisioes efectuadas na Blgica sao ded.iiu- veis de impostos e aqueles podem optar !.i ' nao contribuir com os elevados montanirc para a segurana social belga, continuando. ii , entanto, a beneficiary dos excelentes servi .. de sade e educaao do pais. O montante e o valor do investimento estran- geiro sao outra caracteristica econmica da Regiao de Bruxelas: represent cerca de um quinto de todo o investimento da Blgica e cerca de 60% das empresas estrangeiras com negcios na Blgica tm a sua sede em Bruxelas. Bruxelas tambm a cidade onde muitas das grandes empresas da Blgica instalam as suas sedes, mesmo que os seus locais de produao se encontrem em qualquer outro ponto. o caso do Delhaize (rede de supermercados), do grupo industrial CFE, da empresa de constru- ao Besix, da companhia aeroespacial Sabca, do grupo metalrgico Umicore, das empresas quimica e farmacutica Solvay, bem como da Uniao Quimica Belga (UCB). Embora a economic de Bruxelas seja, sobre- tudo, uma economic orientada para os servi- os, tem um tecido industrial altamente diver- sificado. certo que, como area urbana, a Regiao de Bruxelas nao tem instalaoes para indstrias de grande dimensio. A fibrica da Volkswagen, que emprega milhares de pes- soas nas suas linhas de produao, constitui uma excepao notavel, enquanto que a Toyota Motor Europe esta sedeada em Bruxelas e a DaimlerChrysler centraliza as vendas, o marketing e a logistica nos seus escritrios da cidade. Existem 27 zonas industrials na Regiao de Bruxelas, situadas nas principals vias de acesso, ao long do canal de Bruxelas e ao long da circular e auto-estradas que conver- gem para a capital. As principals areas indus- triais sao a engenharia mecnica, a electrnica, a quimica, a impressao e publicaao, o vestua- Regio Bruxelas-Capital escoberta da Europa rio e a indstria alimentar. No entanto, houve recentemente uma mudana para produtos de elevado valor acrescentado, como quimicos finos, construao aeronautica, ferramentas de precisao e telecomunicaoes. Cerca de 45% das exportaoes fisicas de Bruxelas sao automveis, seguindo-se os qui- micos (12%) e a maquinaria e equipamento elctrico (11%). A UE represent 89% das exportaoes -21% para Frana, 17% para a Alemanha e 10% para os Paises Baixos enquanto que as Amricas se situam nos 2,9%, a Asia 2,4% e Africa 2,2%. Mas o sector dos servios forma a coluna dor- sal da economic de Bruxelas. contribuindo para cerca de 88% dos postos de trabalho da regiao. Trata-se de postos de trabalho alta- mente diversificados, nomeadamente na banca, na investigaao, nas tecnologias de informaao, no turismo, nos transportes e na sade. O servio de maior relevncia o sector finan- ceiro, no qual Bruxelas tem uma longa tradi- ao de banca, uma bolsa respeitada, que faz parte do sistema Euronext, e uma diversidade de seguros, empresas de leasing e de funds de investimento, incluindo grandes grupos de ser- vios financeiros, como o Fortis e o KBC. Bruxelas um centro de referncia especial, clebre em matria de compensaoes e trans- ferncias bancarias internacionais. O seu conhecimento neste sector especializado tem sido alimentado pela presena das sedes de lideres mundiais como Swift, Euroclear e Banksys. O Banco de Nova torque apenas um dos que fizeram de Bruxelas o seu centro de processamento mundial. Bruxelas tam- bm uma base de formaao para cursos, como o program "Servios de transacoes financei- ras", da Escola de administraao Solvay. O sector das tecnologias de informaao e com- putadores outra area chave da economic, com cerca de 4 500 empresas TIC em Bruxelas, empregando 75 mil pessoas e contri- buindo para um quarto de todos os novos empregos. Na verdade, o sector das tecnolo- gias de informaao de Bruxelas esta alavan- t 1, Ii llli .CI i *.ICi ii l C i.' iC. i. i I I ll iI.'!C C |iI Ii i .I IIi'. ~ i !- r>h | l!,''L l I. C I! i i l li iII !!. C.t .C .l I I ll '.n I .C l.! - i ii. .d h l i 1 .1 .I d itll. Utll-21 l. d I, l.u l !i l l l 'l 1 .1.1 l. 1.n. l, ! !. . IL I h l1 d ., l l .l U ,I Ut IL 11 l 1 i. . t lll ll I .l ll i. 1. - f Blgica global G IF l ,L- Ii O ri. i: 1 lnS i cl r~i.r r ll Ill 1 r i 01l nJ. i i,,l :. J,f r ,1._ L. 1":.lzrl- Ln. jI, ni f I d FI. t zir ...Fli z,.-, i. 1 .. F 4.1 f . l, n ._ B u lis-, .',ir-l Im p', nn ,- l, Pr.. l_- unn a r,_ n I:nln un 7ran @ n ,_ r ln d _n l:,rIl nr LI r- rn LI Ilc h .) 11' .. *:li f i [:,:'[:uliia,:, il. ,:. tr in .: i .:.:.]riii m ,r, lin.1u -. in:,) li ;,1 l i un',, hl ,n1in* inr: :lim n r.n._li.,, ,:l i il i :li ,..:r. ,r : iri|i.iii n rl ,t: q u:] P'ru ',:Il i e ,::_ t.ru lmn ,::n r i:: ,:1 .n n:':, l .:1, u n jlinlJ J : ,:. E I:_li:| : di ,:J,:, f,:zr 1.1nI ,: n:l.d ,:li: l:io, in : i n t_ tr in :i :- ,I:.n [ .i infu .:i n l Il, in d re ,1 q u'. Ie :ii i : 11 l i rni' iiilH :.ir in'a nt.:. ii C 1.:i: l C. clt i l .:1j ira ldin -ir I' i l Cn i. r :. l ir r ii i i .ni, l:i ir i -. : 1 i i ur ii i i 1 ri l iir: t Il-_ r is i:i, i:iil I : i i li n :l: i.: : I -1.1 I L..:lii i rliq li iI i 1. .: 1 .:. 1n i iri i 6i: *1 il s i i:i I.:.l .: ..:i; 1i1 1 sLrsi p i rLi1il 1 sli 1 lij 11 -1:. C. i. C:. .i r i i Ie JULHO AGOS.TO 200' r ri .- .- L, Ir L, i F 1111 Li Ir 1 P 'L 1 q 1 -_ r e 1 r LI r z 1 1 r 11 %_ 1 LI 11 ri r .-I d r F LI 1 r FI .-J 1 r 1111 C. z d r i i I 11 'L z r 11 L i FI 11 C. L'Il. .-.FI z r -, FI r r 1 L' ._. 1 r 1 L, --- d d r i ri r z r F z L, 1 r L, r escoberta da Europa Regio Bruxelas-Capital natureza farmacutica (quatro belgas recebe- ram o Prmio Nobel da Medicina e da Fisiologia). A sua rede de cientistas, institui- oes de pesquisa e universidades de renome incluem quase tres mil pesquisadores no mbito das cincias da vida. Os parques da cincia, como o Parc Da Vinci, o de investigaao Mercator e o Erasmus Science Park, de 92 hectares, trabalham em estreita ligaao com as universidades. Uma das tecnologias emergentes situa-se no mbito do ambiente, tendo as empresas de Bruxelas desenvolvido novos mtodos para lidar com o desperdicio, reduzir o consumo de energia, a poluiao do ar, da agua e a poluiao sonora. Bruxelas deu o nome a um tipo de legume couve-de-Bruxelas mas, embora nao seja cultivado na cidade, existe uma forte tradiao gastronmica na regiao. O bem alimentar mais famoso de Bruxelas, para exportaao, o cho- colate, desde as tabletes Cote D'Or at s casas de venda de chocolates, como a Godiva, Pierre Marcolini, Wittamer, Leonidas e Neuhaus. Bruxelas tambm export bolachas, incluindo as speculoos. Nenhuma referncia alimenta- ao de Bruxelas poderia ignorar a cerveja. O pais produz 450 das variedades mais finas do mundo e a produao de cerveja esta enraizada na cultural belga, com variedades como lambic, uma cerveja local sem levedura, disponivel como gueuze, kriek, faro e framboise. Em terms culturais, Bruxelas goza de uma reputaao mundial no mbito do design. Embora a cidade de Anturpia seja referen- ciada como a capital da moda da Blgica, des- igners de Bruxelas como Xavier Delcour, Olivier Strelli, Natan, Yves Dooms, o estilista de peles Delvaux e o desenhador de chapus Elvis Pompilio criaram a sua prpria marca. Bruxelas oferece tambm o seu pr6prio estilo -a rue Antoine Dansaert, em frente bolsa belga -com galerias de arte, lojas de moda, lojas de antiguidades, cafs e restaurants. A capital tem outros talents artisticos. Bruxelas a cidade de Pieter Brueghel, de Herg, criador do Tintin, de Magritte, pintor surrealista e de Victor Horta, Arte Nova. A influncia destes reflect a forte tradiao das artes graficas que ainda hoje vibra na arquitec- tura e no design de interiores. Como qualquer cidade, Bruxelas enfrenta des- afios econmicos. Embora a Regiao de Bruxelas ocupe o segundo lugar a seguir a Londres, como a cidade europeia mais rica, a elevada taxa de desemprego continue a ser uma preocupaao, em especial entire os imi- grantes. O encerramento da companhia area national Sabena, a decisao do servio de cor- reios DHL de mudar de Bruxelas para a Alemanha e a reduao de postos de trabalho da VW causaram, recentemente, grande angstia na cidade. Mas estes reveses apenas servem para sublinhar a importncia cada vez maior da UE na economic local. Considerando a capacidade histrica de Bruxelas para se adap- tar a novas circunstncias, espera-se que a cidade saiba aproveitar, ao maximo, as novas oportunidades. * Leo Cendrowicz jornalista baseado em Bruxelas Para mais informaes, consulate: RegiBo Bruxelas-Capital www.bruxelles.irisnet.be/ Agncia Empresarial de Bruxelas www.bea.irisnet.be/ Cmara de Comrcio e Indstria de Bruxelas www.ccib.be Gabinete de Ligaio Bruxelas-Europa www.blbe.be Export Bruxelas www.brusselstrade.be MERCADO DE PRODUTOS DO CULTURE: os PRISES ACP FORIRI f EITRRDf 1 Festival de Cultura ACP O lo Festival de Cultura do Grupo frica Caraibas Pacifico realizou-se no outono passado em Santo Domingo. A originalidade deste festival no residia apenas no seu nivel elevado, mas tambm por- que era uma feira commercial e uma prova para ultimar a estratgia ACP de posicionamento no espao crucial do mercado mundial, que o dos produtos da criatividade. Portanto, uma vitrina, um mercado e um centro commercial. um process lanado pelos govemos dos pauses ACP em junho de 2003 e inscreve-se na "declaraao" e no "plano de acao de Dacar", que formula um plano estratgico de utilizaao dos recursos culturais destes pauses. Alm de um festival regular de cultural, prevem a criaao de uma Fundaao para a Cultura. A Declaraao de Dacar foi bem acolhida por muitas organiza- oes intemacionais como um acto de direito intemacional pblico de grande importncia, porque se consider o apoio s indstrias deste sector como uma prioridade, tanto no plano interno como a nivel da cooperaao intemacional. Um ano depois, a Cimeira de Maputo dos Chefes de Estados ACP, de 23 de junho de 2004, corroborava a escolha dos Ministros da Cultura e dava instruoes aos pauses membros para adoptarem os textos juridicos necessarios ao desenvolvimento das indstrias do sector e favorecer a criaao substantial de empregos no mbito da luta contra a pobreza. > Santo Domingo: a surpresa! O festival explodiu como um fogo de artificio, surpreendendo Santo Domingo aparentemente indiferente at entao aos cartazes e painis gigantes anunciando, talvez um pouco tarde, o acontecimento. Como o enorme espectaculo pirotcnico que animou a festa neste pais das Caraibas, presenteada pelas autoridades domi- nicanas aos convidados de marca recente- mente chegados, abrasando o azul-noite miste- rioso do cu das Caraibas e tendo como pano de fundo os reflexos das pedras patinadas das ruinas grandiosas de um convento hispano- mouresco ainda encantadas pelos passes de Crist6vo Colombo. A festa da cultural iria apoderar-se da cidade, em crescendo, como um "swing de jazz". A meia voz de inicio, fulgurante no final desta semana que ficara nos anais da sedutora capi- tal mestia. Testemunha-o o aumento cres- cente do numero de espectadores e, sobretudo, o encanto do pblico, maioritariamente jovem, com uma curiosidade palpavel e cujos olhos se esbugalhavam de admiraao perante as prolas de cultural de civilizaoes em grande parte remotas. Santo Domingo descobria que a Africa, o Pacifico e os seus vizinhos das Caraibas haviam enviado o que tinham de melhor e o que se fazia melhor no mundo da arte. A informaao oral funcionou tao rapida- mente que mesmo para uma discipline nem sempre muito apreciada, a dana contempor- nea, por exemplo, o grande Teatro Manuel Reda da Escola de Belas-Artes, onde decor- riam os espectaculos, estava meio vazio no primeiro dia, mas repleto no segundo e foi demasiado pequeno para tanta procura nos dias seguintes. O mesmo acontecia com todas as outras manifestaoes, mesmo os encontros profissionais sobre a estratgia commercial. > Elogio da beleza e do requinte O festival representava centenas de artists, operadores culturais e outros peritos de cerca de quarenta pauses ACP, dezenas de activida- SFes AhllCP ictns~in A companhia de dana Akiyodans. A dana contempornea uma forma de dana menos popular que seduz multidoes. Fotografia: Hegel Goutier N. 1 n.e. JULHO AGOSTO 2007 Criatividade I Festival de Cultura ACP des, espectaculos, exposioes, projecoes de filmes, desfiles de moda e a grande parada de artists, tudo precedido de um Conselho de Ministros da Cultura dos tres continents, sem contar os inmeros representantes de pauses e de instituioes parceiros. Para fazer o elogio da beleza, da qualidade e do rigor. I Anda IUm enorm caita aao e Os espectaculos de dana contempornea foram premiados, na maioria, em festivals de alto nivel. Desde Rako de Fidji Companhia Kettly Nol do Mali, desde Opiyo Okach do Qunia Akiyodans Dance Company do Haiti. Fruto de pesquisas aturadas, requinte do movi- mento, cada vez! O grupo de quatro danari- nos de Rako oferecia atravs de uma dana suave uma poesia em que os passes suaves, as percusses espaadas, os movimentos modu- lados das ancas executam-se como um hino ao silncio e ao equilibrio, em nos e entire nos. Kettly Nol, bailarina de origem haitiana que dana no Mali, petrificou o public com o seu "Errance" a solo, estilizaao do isolamento e da loucura, escrutando o medo interior de cada um de nos, em cada um de nos, sem morbidez, sem vontade de seduzir ou de arrebatar. Naturalmente. Silncio sepulcral na sala. Longos segundos suspensos no final para emergir antes das arrebatadas salvas de pal- mas. > Liuro aberto Os habitantes da Africa, das Carafbas e do OI l'11. L ** i I. 11' l' llh I. *i* l HI IIl iUl ,l Ill li - I .i. L t*i i .i i1.il il t l1.1'"1 t l Id i .111 I Ii l!t t conhecimento, nao s6 sobre as cultures desta constelaao de pauses, mas tambm sobre as suas histrias, as suas sociedades, as vagas de fundo political que as animam, procurando semelhanas e diferenas. Os visitantes terao ficado certamente surpreendidos pela instala- ao de Plagie Gbaguidi do Benim, no "Le Code noir", onde gira, perante quadros gigan- tes sobre a gesta histrica de Toussaint Louverture e sobre a liberdade, uma copia deste livro, o mais abjecto talvez, com "Mein Kampf', da hist6ria da ediao, como um pn- dulo de morte ameaando o fim da humani- dade no ser human! Freddy Tsimba (Congo-RDC) perturba tam- bm com as suas esculturas, que sao autnticos gritos do coraao pelas mulheres violadas e engravidadas durante a guerra recent que mortificou o seu pais e que encontram ternura para amar os seus filhos. Cartuchos de balas e de obuses enredados, lembrando a selvajaria, a renda, o carinho dentro delas e em cada um de n6s. "Encontrei uma mulher que me contou a sua histria de violaao. E isso comeou a ger- minar ideias na minha cabea, acabando por dar uma obra sobre nove meses de gravidez de Ili, t Illt lll!* h F .l. n-*. ,.I c !..Lit .Ie -il l- !j.!.-.C .L ,! dLK J .' II!* 1.e i llt 2 .ll, d <.l d. lj II llh I I " OS OLTIMOS InGREDIEnTES i_ l;,.n i. t n :,; ~_ ,:lir : ii i i i r. i -; i ,: , -,:, l,. ,-ir :1 i 5_ .:,i. [ i ,i i; i i 1 [ _ih in -i, i l i V ll, '.' .- .:.|.. ; rl i |:, i>n. i : l i_ iir l:,.. r;.>:, 1 |.|i :.;I; i :i -i. i. : ; i i l ii r i l'Ir i lr.:i i r I:l ri ii i : i. l i i ii .i jIj.: l I, i r-1 i r I' ,~ .-, i iI[ i ..:.] 1, -- i 'I' 1.-1 .:i .- ri i r ifr,- ,- i iri . ..i i.:1r i r i .:i n' :' d r.u in.i.- ur n i 1, i.,iii : l, i r r: *ii r1i li r r. .-li : r .lI i ~: l .[li.[lc l- 2Ir 1It :l 1 Iir, ,h +-n,[,n' i.-.ili I i ,[, i +- .-. if in'Ic. .:lr il [2 rr ,[, .: li, L -r. il CORREIO 1" Festival de Cultura ACP El Loko, Togo com "Illusion Men", uma insta- laao de retratos suspensos de homes sem rosto observando pequenos receptaculos no solo a enviar reflexos liquids azuis, que uma alegoria de Africanos a dialogarem com Europeus, esquecendo-se de falar entire eles. Ha interrogaoes sobre o social e o politico. H as igualmente sobre o ser, como com Genevive Bonieux, da Mauricia, que exprime de forma surpreendente em "La charmeuse de serpent" -escultura de uma cabea de mulher rodeada de uma serpente de cordas e de pregos -a tormenta interior do ser human. > 0 grande trunfo: a msica A fora de choque dos ACP para penetrar no mercado dos produtos culturais , antes de mais, de moment, a msica. Pequenos pauses chegam a forjar-se um reconhecimento graas aos seus msicos. O sucesso de Andy Palacio esta a levar a descobrir Belize, mais precisa- mente os Garifunas, os Amerindianos negros deste pais. Outras causes tm tambm o seu aliado excepcional. Os jovens do Grupo Nfithe de Moambique, que inflamaram o pblico de Santo Domingo, ou os seus alter ego do Zimbabu, "Bongo love", fazem parte da rede Music Crossroads que visa promover o desen- volvimento cultural e econmico dos jovens dos meios desfavorecidos e ameaados. E se for necessario um simbolo de sucesso do festival, esse sera provavelmente a jovem can- tora cabo-verdiana, Mayra Andrade, de apenas 22 anos, que esta a forjar-se um nome no mer- cado mundial do disco com a sua primeira obra "Navega". verdade que ela foi prece- dida por Cesaria vora, que a adoptou e, pro- vavelmente ajudou a compreender que vir de um pequeno pais podia constituir um trunfo formidavel. "Vir de um pequeno pais, um pais microscpico, como Cabo Verde, foi uma van- tagem para mim. Talvez que, se fosse americana ou inglesa nao estaria onde estou. Porque as pessoas sao curiosas e perguntam-se o que que podem fazer la. O mundo inteiro conhece a ilha de Cabo Verde atravs da msica, seu porta-ban- deira. Ha 15 anos, Cabo Verde nao existia para a maior parte das pessoas. Hoje, digo que venho de Cabo Verde e as pessoas ficam contemplativas". Mayra Andrade tambm o simbolo da com- preensao reciproca entire criadores, operadores econmicos e decisores politicos revelada em Sao Domingo e que , sem dvida, mais um xito do festival. A prova disso que, quando lhe pedimos que se imaginasse em face de um ministry representando todos os outros e lhe dissesse o que lhe vai na alma, ela disse as coi- sas com franqueza e nao poupou a sua simpa- tia para com o interlocutor ficticio e toda a sua carga de seduao. "Senhor Ministro, nao espe- rava encontra-lo aqui esta noite. Espero que o seu coraao seja bastante grande para acolher o que os artists aqui representados em Santo Domingo tm para lhe dizer. que o Sr. Ministro, por vezes, parece nao ter conscincia do que aqui defended. Vou dizer- lho de preferncia em msica". E, vai dai, olha-nos na menina dos olhos, toma a mesa por instrument de percussao e envolve-nos numa melopeia saborosa de portugus e de crioulo cabo-verdiano. O Ministro ficou maravilhado! H.G. a Criatividade Criatividade I Festival de Cultura ACP Hegel Goutier REUnIAO DO Df CULTURE 10 FESTIU Em SInoTO D S MInISTROS ACP E AL fCP omInGO Um desafio para os paises ACP, para a Republica Dominicana e para a cooperaao ACP-UE Ao inaugurar em 13 de outubro de 2006 a 2' Reunio dos Ministros da Cultura dos pai- ses ACP e o 1 Festival de Cultura do conjunto dos estados ACP, o Presidente da Rep'blica Dominicana, Leonel Fernandez, consagrou o xito de uma forte perseverana do Secretariado ACP, mas tambm dos seus parceiros da Comisso Europeia e do seu proprio pais, a Repblica Dominicana, sem contar com a dos organizadores e dos artis- tas de trs continents. > Tudo comeou em 2003 em Dacar, com a 1" Reunito dos ministros RCP da Cultura Quando os ministros ACP da Cultura, reunidos pela primeira vez na capital senegalesa, decidiram organizer o 1 Festival cultural dos 79 paises de Africa, das Caraibas e do Pacifico e adoptar em 20 de junho de 2003 um Plano de acao e uma Declaraao, nao tinham dvidas sobre duas coisas. Primeiro, que estes documents iam ter tal reper- cussao nas instncias internacionais responsaveis pela cultural, que os consideraram inovadores, para nao dizer revolucionarios, pela acui- dade das suas analises da eventual posiao da cultural e das indstrias da criatividade numa estratgia de desenvolvimento econmico dos paises pobres. Segundo, a contrario, que a organizaao do 1 Festival ACP que projectaram ia ter tantos obstaculos para a sua realizaao. Este festival devia ter-se realizado no Haiti em 2004 para celebrar o segundo centenario da sua independncia. Os riscos politicos deste pais obrigaram a muda-lo. Depois de adiamentos sucessivos, realizou- se noutra altura e noutro local. Uma constant, foi na ilha de Quiskeya. > 8 bussola: Dacar Atravs de ventos e mars, o plano de acao e a declaraao de Dacar constituiram uma bssola. verdade que a sua credibilidade intema- cional funcionou como garantia para o festival, de que apenas a parte visivel, ao lado do project de Fundaao Cultural ACP. O invi- sivel todo o conjunto de propostas para estabelecer political cultu- rais claras dos pauses e regies ACP, salvar e proteger o patrimnio cultural, reforar a cooperaao cultural entire os pauses ACP e com os 0 COOPERRO RCP-UE E O fIDODnCIRMEDTO DO CULTURE 1 :- s l ...... rI Ii~ i I ,' ~ I i Iii:i j'I' i ival (1, iffi ACP IWninii l u-ni ll q** i Inn n,.. -uI.-. j I ., 'I,,I ,**, LIIIII''Ii ,ni~.: ,Iinrn. i nIi- irni.lnn.1I i l ELc iI:Ii:iiil .l` 1.- 'n'i-.i;r..-- I ..1ir,1 ,. ; II~c F~ .1.. I iiiir. n .- F-iniinnrn 'r .-: Finan CeRREIO Jos Rafael Lantigua, Ministro da Cultura da Republica Dominicana, Onofre Rojas, Responsavel Nacional de Autorizaao EFD, Sir John Kaputin, Secretario-Geral ACP Fotografia: Hegel Goutier seus parceiros de desenvolvimento e reforar suas capacidades em todos estes dominios. E sobretudo desenvolver as indstrias culturais. Os ministros da cultural prepararam o terreno para aquilo que vai constituir um facto verdadeiramente historic: a tomada de posiao da Cimeira de Chefes de estado ACP no Maputo, Moambique, sobre o papel da cultural no desenvolvimento sustentavel. > 8 consolidaao: Santo Domingo O document adoptado na 2" Reuniao dos Ministros ACP da Cultura, em Santo Domingo, amplifica as estratgias definidas em Dacar. Promove o desenvolvimento de uma cooperaao sul-sul, tendo como ponto de partida uma parceria active dos ACP com o Brasil no domi- nio dos programs culturais e decidindo apoiar o project de abertura de uma Casa de Africa neste pais. Desenvolve nomeadamente uma abordagem para a reduao da fracture digital nos estados ACP como instrument de luta contra o analfabetismo e de integraao da cultural no ensino, tudo para promover a diversidade cultural. > Em consonncia com reforms na Repblica Dominicana Um dos actors principals na Repblica Dominicana a que se deveu o sucesso do Festival foi o ordenador national do Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED), representante do governor dominicano encarregado da gestao da cooperaao com a Uniao Europeia. Tal como os outros funcionarios dominicanos, salientou a concordncia dos interesses do Grupo ACP com a agenda political national e regio- nal do seu pais na altura em que este ensaia nomeadamente impulsio- nar o papel da dimensao cultural nas Carafbas e na regiao central e meridional da Amrica. Por um lado, a Repblica Dominicana realizara uma vasta consult aos artists dirigida pelo prprio Chefe de Estado, tendo em vista um program para o desenvolvimento e a competitividade das indstrias da criatividade. Por outro lado, esta em vias de fazer uma reform constitutional que abrange a questao cultural, como salientou o President Leonel Femandez no Festival: "No caso da Repblica Dominicana, do que se trata de transformar um direito de terceiras geraoes, como os direitos culturais contidos nos acordos e nos trata- dos intemacionais, para os fazer figurar como um dos direitos funda- mentais na Constituiao do Estado". O Festival chegou num moment em que grupos da sociedade domi- nicana procedem a uma actualizaao de ordem ontolgica sobre os prprios fundamentos da sociedade, salientando a necessidade de um reconhecimento da herana africana. O Ministro da Cultura, Jose Rafael Lantigua, um dos elementos-chave da organizaao da reuniao de ministros da Cultura e do Festival ACP em Santo Domingo, resume assim esta problematica: "Os novos models que caracterizam a identidade dominicana, promovidos por investigadores dinmicos e ilustres (...), nasceram a partir do moment em que a herana africana foi assumida como uma compo- nente vital da nossa cultural. Por esta razao, quando celebramos a pre- sena de Africa, bem como dos outros estados das Carafbas e do Pacifico, representados nesta Cimeira de ministros da Cultura, cele- bramos igualmente a riqueza cultural de que somos proprietarios e destinatarios e em que a fusao de raas e de cultures desempenhou um papel vital e imutavel". H.G. M N. 1 n.e. JULHO AGOSTO 2007 Criatividade Bernard Babb* CfIRIBEnHOS IMPRESSIOnflDOS COm PfRTIDf DE CRIQUETE to grande o entusiasmo que reina volta do criquete que tudo parou em maro e abril para acolher a Taa do Mundo do Conselho Internacional de Criquete de 2007 nas Caraibas. a planejar o event nos nove estados que acolhem o event nas Caraibas. A sua missao vai muito alm das poucas sema- nas dos batsmen fora de jogo e dos pontos obtidos. Quando se fala em criquete, algumas pessoas pensam imediatamente num pequeno insecto barulhento e irritante. Nao esse o event das Caraibas. Nesta parte do mundo, a primeira coisa que vem cabea um desporto de bola apaixonante que quase uma religiao. Da mesma forma que as Caraibas sio conhecidas, globalmente, pela sua beleza tropical de cortar a respira- ao -ocasos magnificos, oceano azul-turquesa e praias de areia -os West Indians (indios do oeste) sao vistos em todo o mundo como alguns dos maiores expoentes do jogo. Historicamente, o criquete uma herana colonial, que passou das Ilhas Britnicas para as suas antigas colnias, sendo uma modalidade muito apreciada nas Caraibas, nalgumas zonas de Africa, na Europa, na Asia, na Australasia e na Amrica do Sul. As Ilhas Caraibas, como Barbados, Jamaica, Trindade e Tobago e Antigua mantm um entusiasmo fanatico pelo criquete. Este amor pelo desporto foi o maior catalisador que reuniu varias ilhas independents na Comunidade dos 15 membros das Caraibas (CARICOM), de uma forma nunca vista at entao, aumentando os novos niveis de cooperaao para realizar a nona ediao da Taa do Mundo de Criquete, www.cricketworldcup.com Desde 5 de maro, os jogos preliminares e a semifinal tm sido disputa- dos, em St. Vincent, Antigua, Barbados, Grenada, Guiana, Jamaica, St. Kitts e Nevis, St. Lucia e Trindade e Tobago, com a grande final que foi agendada para o dia 28 de abril, no estadio Oval, recentemente renovado, de Kensington, na ilha de Barbados. > Cooperao regional Antes e durante o tomeio, sao evidenciados elevados niveis de cooperaao, ao contrario do que aconteceu, durante sculos, em varias areas, em novas parcerias e alianas, em especial ao nivel do govemo e do sector privado. Para alm da cobrana de US$ 10 milhes em recursos, por parte dos govemos regionais, para criar um novo quadro de segurana regional, os territ6rios das Caraibas tambm criaram um espao intemo nico, estabe- leceram um visto CARICOM comum, www.caricom.org, realizaram grandes projects de construao e juntaram-se ao sector empresarial para oferecerem um vasto leque de servios ao event global. Nos parlamentos das diferentes regies foram aprovadas clausulas comuns de revisao da legislaao para facilitar a organizaao da Taa do Mundo. Todas as leis elaboradas especificamente para a Taa do Mundo de Criquete foram revogadas a 15 de maio. A colaboraao entire a policia, as alfndegas e as autoridades da imigraao responsaveis pela livre circu- laao das equipas, as entidades oficiais, os patrocinadores, a imprensa e os fas que assistem aos events da Taa do Mundo. Este trabalho em rede das autoridades, com o apoio da Gra-Bretanha e dos EUA, insere-se no mbi- :, i,- ,,i .. ,i : ,i .- i i i re-desenvolvido P -m l 1. I , Criatividade Fotografia: Barnard Babb. to do novo quadro de segurana para a regiao e alguns territrios, incluindo St. Lucia e Trindade que, pela primeira vez, se empenharam na implementaao de tecnologia de leitura ptica para passaportes. No mbito do program de vistos implementado pelos governor das Caraibas, os nacionais e os residents dos various pauses nao necessitam de visto para viajarem dentro do espao intero nico. Para preparar os locais do acolhimento do toreio de criquete, os goveros das Caraibas gastaram milhoes de d6lares na construao de novos estadios, reno- vaao de terrenos e melhoria de infra-estruturas em varias ilhas. Beneficiaram de algumas ajudas financeiras dos goveros asiaticos, via a ajuda ao desenvolvimento. Taiwan contribuiu com US$ 6 milhoes para desenvolver o New Wamer Park em St. Kitts, enquanto que o novo estadio, Vivian Richards, nome de um antigo capitao dos West Indies, em Antigua, com 11 mil lugares sentados, foi construido com a ajuda de US$ 10 milhoes proveniente da Repblica Popular da China. O govero indiano contribuiu com US$ 20 milhes para o novo estadio Providence, com 17 mil lugares sentados, na Guiana, incluindo tambm alojamentos nos arredores do estadio. Na ilha de Barbados, o govero conseguiu fun- dos excepcionais de Bds$ 135 milhoes para alguns projects e para a renovaao do Kensington Oval, um terreno com um patrim- nio muito rico. Tal como em outras ilhas, os tra- balhos preparatrios da Taa do Mundo na ilha de Barbados aceleraram a prestaao de servios aos nacionais e melhoraram as infra-estruturas, como aeroportos e auto-estradas. > motor de crescimento "Pretendemos que a Taa do Mundo de Criquete de 2007 seja um catalisador para servios de relevo, no mbito do turismo, infra-estruturas e desenvolvimento econmico na ilha de Barbados", declarou o Comit Organizador Local (COL) da ilha de Barbados, no process de candidatura. Vancourt Rouse, chefe de opera- oes no COL, referiu que os beneficios ja eram visiveis, mas que muito mais estava para chegar, pois a ilha de Barbados tinha a intenao de uti- lizar o event para colocar o enfoque no desen- volvimento empresarial, no turismo da comuni- dade, na estratgia national do desporto, no desenvolvimento do crquete e no desenvolvi- mento da indstria cultural. Durante o perfodo de 60 dias, de maro a abril deste ano, houve plans para fazer reviver o artesanato, a misica, as artes visuais e de representaao, a culinaria, os desportos de comunidade, atracoes turisti- cas, venda de todo o tipo de produtos, nomeada- mente a image da ilha de Barbados, aumentan- do as possibilidades de gastos por parte dos visi- tantes. Rouse disse que enquanto se decidia a estratgia de Barbados, durante a fase de candi- datura, foi realizado um estudo de avaliaao do impact econmico, o qual revelou que os bene- ficios financeiros da venda dos bilhetes e das despesas dos visitantes durante o event ascenderiam a Bbs$ 250 milhies. Os benefi- cios acumulados nos dez anos posteriores a 2007 poderao exceder Bbs$ 750 milhoes se houver um aumento de 5% nas receitas do turismo durante esse period. Enquanto que a maior parte dos politicos e grupos de inte- resse tem apoiado os esforos desenvolvidos para o sucesso da Taa do Mundo nas Carafbas, alguns alertaram para o problema da discriminaao dos nacionais e da margi- nalizaao de pequenos comerciantes. Na Jamaica, os funcionarios da Cmara de Comrcio da Jamaica (CCJ), www.fantasyi- sle.com, consideram que os beneficios econmi- cos dos events anunciados pelo govero serao um engano. O ex-Presidente, Michael Ammar, prev um montante de US$ 90 milhoes (6 bilho- es de dlares jamaicanos) de dividas e afirmou que o Govero s6 recuperaria US$ 10 milhoes dos US$ 100 milhoes (6,7 bilhes de dlares jamaicanos) que esta a investor no event. As preocupaoes de Ammar foram anteriormente expresses pelo Ministro das Finanas, Dr. Omar Davies, que no ano passado disse que a Jamaica nao viria a ter qualquer beneficio financeiro do investimento na Taa Mundial de Criquete. A CCJ acusou ainda o Govero de nao ser honest relativamente aos pormenores dos plans para a Taa do Mundo de Criquete de 2007, incluindo questes sobre a forma como estaria estruturado o investimento financeiro de 6,7 bilhes jamai- canos. Ammar declarou: "Vai ser uma herana de dividas". M * Bernard Babb jornalista resident na Barbados N. 1 n.e. JULHO AGOSTO 2007 Criatividade Os uendedores de milagres E um documentario de 52 minutes do belga Gilles Remiche sobre os aspects mais controversos do fenmeno das "Igrejas do despertar" que proliferam no Congo Kinshasa, razao de varias centenas s na capital. Nao comentado de viva voz. S6 se vem as imagens e ouve-se o discurso cru dos pastores autoproclama- dos que se aproveitam das frustraes originadas pela misria. "A palavra pode levar-te Europa!", promete um destes "profetas-sapadores" que conseguem encher estadios para fazer as suas "curas" em cadeia e reclamar as "premissas" que lhes permitem circular de limusina e "saborear a prosperidade evanglica". Outros pretendem escorraar o "espirito da pobreza" chamando a si o din- heiro das multides em transe. O documentario mostra at que ponto o poder politico esta subjugado. Com efeito, v-se um Vice-Presidente e dois Conselheiros presidenciais caucionar com a sua presena um congress destes personagens que exploram o evangelho para fins lucrati- vos. Gilles Remiche mostra tambm o talent destes "profetas-animado- res", dotados de um incrivel poder de persuasao, que dizem curar todos os males, at mesmo por telefone ou gesticulando na frente da objective da cmara de uma das onze cadeias de televisao evanglicas que seduzem as multides histricas como estrelas de msica rock. Mas desvenda, sobre- tudo, de que maneira o fenmeno pode transformar-se numa autntica praga, quando se ouve os pastores prometerem que a SIDA e o cancro serao "automaticamente exterminados" logo que ele enxote o demnio. Ou ainda outro anunciar que a "Sida uma doena como qualquer outra, a malaria por exemplo". Em contraponto, a cmara grava a cruel decepao de uma mulher seropositiva ao saber numa consult mdica que o "pro- feta" nao respeitou a sua promessa. Alguns pastores nao gostaram nada do filme. O realizador foi object de ameaas de morte, explica a produ- ao. Sem dvida porque a montagem eficaz suscita nos mais crdulos uma d6vida salutar nestas praticas. Disponivel em DVD: www.passerelle.be Produtores associados: RTBF e Centro do Cinema e do Audiovisual da Comunidade Francfona da Blgica. Franois Misser M I j Surpreendente! Aiio "Jogfulr N o percam a oportunidade de obter este disco, que uma das mais belas obras destes ltimos meses. Uma maravilha, a voz da jovem mestia nigeriana Ayo, a sua msica, o seu talent, a sua originalidade, o seu ecletismo, a sua maturidade musical. Filha de DJ, que a embalou como uma ama, e que ao alimenta-la com o biberao a envolvia num mundo de intonaoes, matizes e ritmos de Bob Marley, Peter Tosch, Pink Floyd, de toda a msica africana, americana, europeia dos anos 70 e 60. Sua mae era cigana da Europa Central. Rara novidade, e tambm tio jovem. Nao procurem classificar a msica da Ayo: afro-gipsy, afro-cigana, nu-soul, folk-reggae? Ha um pouco de tudo isto. Mas antes de mais a prpria Ayo. Uma sensualidade da voz e da msica, uma densidade dra- matica, com qualidade de "obra-prima" e penso aquilo que digo! Na music Down on my kees, num fundo de reggae mestiado, encontra-se todos os sabores e os aromas que compem o seu ser. Dramaturgia excep- cional: enlevos intensos, saves e arrebatadores ao mesmo tempo, fluindo da sua voz ligeiramente nasalada e aveludada, cadenciada pela percussao ritmica do tambor Don't leave me... percussao... I'm begging... percus- sao, e isto durante today a canao... I love you, I need you, I'm dying, I'm crying,... percusso... I' m begging, e depois, love you... E um estribilho alucinante de percussao pontuada de sons de acordeao-cigano, elevando o swing e mantendo-o em esferas inatingiveis. As outras 11 canoes sao todas diferentes, mas todas sublimando a mesa maravilha. Ayo (Joy Olasunmibo Ogunmakin) escreve as suas canoes, orquestra-as, acom- panha-as com a sua viola ao interpreta-las e grava tudo ao vivo. Outro por- menor de realar: ela belissima! Hegel Goutier M Polydor 2006, Universal Music http://avonusic .artistes .universalmnusic.f CORREIO travs da image 0 sinistrado .. .. '4o NJO T~W IwA J TOOQO Ow DAAEET4iEASBaL PAA C nflb&E ES A cIO> AS D LA 3~A'5 PELaS r-.IVAS P9sf Pao OMD 42r' N. 1 n.e. JULHO AGOSTO 2007 travs da imagem Uisto rejeitado DiderUiode CA EAOIWUll ibER0 DE SE i A S TtMm A cO*Ar(4A ot NE PWJSAR te VI 5 Cd 1 CeRREIO I I I I le da tii - PACIFICO Cook (llhas) Fiji Kiribati Marshall (llhas) Micronsia (Estados Federados da) Nauru Niue Palau PapuAsia-Nova Guin Salomao (llhas) Samoa Timor Leste Tonga Tuvalu Vanuatu As listas dos pauses publicadas pelo Correio nao prejudicam o estatuto dos mesmos e dos seus territrios, actualmente ou no future. O Correio utiliza mapas de inmeras fontes. O seu uso nao implica o reconhecimento de nenhuma fronteira em particular e tao pouco preludica o estatuto do Estado ou territrio. CARAIBAS Antigua e Barbuda Baamas Barbados Belize Cuba Dominica Granada Guiana Haiti Jamaica Repblica Dominicana Sao Cristvao e Nevis Santa Lucia Sao Vicente e Granadinas Suriname Trindade e Tobago AFRICA Africa do Sul Angola Benim Botsuana Burquina Faso Burundi Cabo Verde Camaroes Chade Comores Congo (Repblica Democratica) Congo (Brazzaville) Costa do Marfim Djibouti Eritreia Etiopia Gabao Gmbia Gana Guin Guin-Bissau Guin Equatorial Lesoto Libria MadagAscar Malawi Mali Mauritnia Mauricia (llha) Moambique Namibia Niger Nigria Qunia Repblica Centro-Africana Ruanda Sao Tom e Principe Senegal Seicheles Serra Leoa SomAlia Suazilndia Sudao Tanznia Togo .hi ,l ', ,,,,L,, I, I.,,J, UNIAO EUROPEIA Alemanha Austria Blgica BulgAria Chipre Dinamarca Eslovaquia Eslovnia Espanha Estnia Finlndia Frana Grcia Hungria Irlai i 11ii i L-..,ia Litunia Luxemburgo Malta Paises Baixos Polnia Portugal Reino .i_.,i,,, f:.-iLii.,II Checa Romnia Sucia rl c- a-- c; E el 4.4 Pe p; ni Venda proibida |