![]() ![]() |
![]() |
UFDC Home | Search all Groups | Digital Library of the Caribbean | World Studies | South America Collections | Caribbean Newspaper Digital Library | | Help |
Material Information
Subjects
Notes
Record Information
|
Full Text |
Ano I elem, novembro de 1999 R$ 3,00 L ii C io F I d i)T- Pi 1 t 0 VOLKSWAGEN A fantasia do capitalism rural in 1973, o piauiense Joao Paulo dos Reis Veloso, minis- v tro ldo planejamento, um dos homes mais fortes CLa Ci- pula do goveCrno do general Emilio Garr a:izu Medici, i ; .'comandCou uma viageim i AmazCni. Levou consigo m; .. clois ministros (dIa agriculture e do interior) e um grupo Ide grandes empre. acionais e estrangeiros p -a ver 0 qiue atualmente se convencionou chi ar de azunico", a faix: de transipo entire o Planalto Central e a Aim a propri. dita, entire o Mato Grosso e o Patri. 0 despota esclarecido pretendia; abar corn a do populis- mo ) az6nico, da colonizac'ao official dirigida, n: al o Incr: (Instituto Nacional de Coloniz: -,ao e Reforma Agr' a) tent: instalar families de colonos (principalmente nordestinos) ao Ion- go de duas grades estradas federais, a Trans: 'a e a Cui- abi-Plorto Velho. Ali, os colonos recrutados em seus locais Ide origem e transportados pelo Estado recebiam lotes Cde 100 hectare,, corn um hectare ji dCie, atado, 'a Ide madeira, salirio minimo por seis meses e umra (precri: as existence) infr: 'strutura de apoio. As -stradas da integra'ao nacionial" funcionariam como um milagroso caminho rasgado por dentro die um11 mar vermelho sim- ) bolico n2 ate entfio compact selva amiaz6nica. Abririam um novo mundo aos sertanejos que a terrivel seca de 1970 desaloj: -a da zona do agreste, provocando cenas Ide miseria e desola'1o que fizeram o general-presidente deixar momentaneamente seu radi- nho Ide pilha, sempre ligado em partidas Cie futebol, e verter uima lkigrima ao constatar: "a economic vai bem, mas o povo vai final" Reis Veloso nmio queria mais pequenas unidades rurais de pro- _ du cyo, incapazes ide ir alem da pr6pria subsistenci abrindo I. fronteira amaz6nic; Pretendi: atrair grandees capitalists, diq)es de produizir cm larga e. 'ala pan tender mercados no ec terior. Cap: \s de gerar dolare corn os quais o "milagre econo- inico" poderia se torn: ais do que ium ciclone de circunstaincias. A Volkswagen foi um dos primneiros dresses excursionistas do capital a responder ao chamado dIe Reis Veloso (hoje umn lobista sofisticado, intelectuaClizado como nunca). Mas ao invcs de mon- tar veiculos automotores, especialidade de tris decadas que : fez estender suas linhas de montagem da Alemanha para Silo Paulo, a Volks ia criar boi na /jul/e anmaz6nic: Nao como uma fazenda qualquer, das muitas que jJi coloca- abaixo dezenas de milhares Cde hectares ie floresta clensa no sul cdo Par; norte de Mato Grosso e norte de Goias (hoje, Tocantins). Em sua propriedade ide 139 mil hectare., em Santanm do Aragu z, a Companhia Vale do Rio Cristalino tamb6m fari: industrializagao da came, do couro e de seus artefatos. Combinando especie. ativas e ex6ticas em manejo florestal e reflorestamento, mont; a usina ide celulose, al6im de pro- duzir madeira s6lida. No period entire o comego e o fim de sua implantacgo, o valor do empreendimento se multiplicaria por cinco em relaflo ao capital inicial. E today a airea em torno do projeto se desenvolveri num p6lo que irradiaria beneficios para todos em volta. Nto seria o velho e colonial enclave, isolado do entor- no para se ligar aos distantes mercados foraneos. Transcorrido um quarto de seculo do inicio de sua implantacgio, um projeto que deveria ser uma vitrine do capitalism transfornou- se numa fonte de negociata e num exemplo dos desacertos que marcam e desfiguram a expansion da fronteira econ6mica na Amaz6nia. Em 1986, 12 anos clepois cle aprovar o seu projeto na Sudam (Superintendencia do Desenvolvimento da Amaz6nia), a Volkswagen vendeu-o para o grupo Matsubara, do Parana. Em 1996 a Vale do Rio Cristalino deixou de ser de pessoa juridica, quando a Matsubara a transferiu para o fazendeiro goiano Eufraisio Pereira Luiz por 20 milh6es cde reais. Em 1997, alguns bens da companhia cornmearam a ser penhorados para o pagamento de dividas traba- lhistas. A pr6pria fazenda fora colocada em leilfo quando o Incra decidiu desaproprifi-la para fins de reform; agrn 0 institute justificavi a clesapropriaiico de umra fazencla que, em sua origem, fora implantada corn dois ter'os do dinheiro originando-se de renuncia fiscal da Unitio, pela presen:a de 1.500 sem-terra em seus limits. Mas uma denuncia, reproduzida pelo journal Folba deS. Paulo, no final de setembro, cliz que muitos de, 's invasores foram pagos pelo pr6prio fazencleiro, interessa- do em entrar pi -a o rol dos que foram alcancados (e beneficia- dos) por clesapropriag6es, jai transformadas numa autentica in- dustria, que soma quatro bilh6es de reais. Dessa forma clesmora- lizando o antigo antagonismo entire a desapropriacfao por inte- social e o sagradlo principio da proprieclade privada. Gente que antes combatia a clesapropriacgio como coisa cliab6olic, ago- ra bate na porta do governor pedindo que fique corn seu imovel. Fim indevidamente triste p. 'a um projeto que pretendia le- var a modernidacle aos confins do sertao amazonico, ou resul- tado coerente corn os desajustes de particla? A hist6ria de 25 anos da Companhia Vale do Rio Cristalino constitui um capitu- 10o ilustrativo da hist6ria contemporiinea da maior fronteira ide recursos naturais do planet, Ao ser submeticlo it Sudam em 1974, o projeto agropecucirio da Volks provocou polemica mesmo entire os servidores de umr governor auitoritirio e forte. A primeira resistencia foi quanto i conveniencia de desviar poupanga national para um empreen- dimento controlado por estrangeiros. Nesse debate surgiu um detalhe pitoresco: no parecer t6cnico da Sudam a razfao social da Volks aparecia como AG (sociedade an6nima em alemaio). 0 detalhe comprovaria o control estrangeiro, corn o qual a ala military mais radical nao queria comprometer capital national, ainda mais porque proveniente do Estado. Mas logo a razaio so- cial foi corrigidcla para S/A e provado que 30% cla Rio Cristalino pertencia a Transalme, uma empresa de fachada atrais da qual estava a Volks, ombreada corn os Monteiro Aranha, sua compa- nhia decorative (mas onerosa). Os conselheiros da Sudlam acabaram concordando em dar incen- tivos fiscais a urma empre.'a na qual a multinacional alemii participa- va de alguma forma. Mas tinham tres altemativas: um ter'o, metadle ou dois tercos dos recursos totais do projeto viriam clda isengiio fiscal ao investidor concedida pela Uniaio? Acabaram optando pela priori- dade mfixima, o que permitiria at Transalme (Volks) ter de volta todo o dinheiro aplicado clois anos e quatro meses ap6s a fazenda entrar em operagiao, usandlo dois tergos do dinheiro do Estado, poupando o seu (a tal cla barretada corn chap6u alheio). Ainda houve quern tentasse resistir a tanta benevolencia, mas o entao superintendent da Sudam, Hugo de Almeida, lembrou ao plentirio que a Volks estava na Amaz6nia part tender a uma convocacgfo do governor federal. Logo, nao pocleria ser maltrata- da. Toda gentileza seria bem-vinda. Quando a multinational alemia clecidiu organizer uma fazen- 2 NOVEMBRO/1999 AGENDA AMAZONICA da de 140 mil hectares (quase do tamanho da cidade cle Sito Paulo, a maior do continente, formando 54 mil hectares de pas- tagens artificiais para 110 mil cabecas de gado, j a simples rela- gao pasto/animais revelava um pisoteio intensive desaconselhfia- vel, perigoso (de um hectare para dois bois, quando jai na epoc: s6 se aceitava um para um). No projeto que apresentou, a Volks declarou haver 50 metros cuibicos de madeira em cada hectare da sua propriedaclde. Como iria criar 54 mil hect; -s Cie pasto artificial, teria que de. atar area equivalent, o que significaria 2,7 milhoes de m3 de madei- ra a serem destruidos. Mais cle um conselheiro tentou evitar esse destino, aproveitando a determinaaiio emanada da pr6pria Su- dam, um ano ante de obrigar os fazendeiros a aproveitar madeira de valor commercial existence em suas proprieclades (idcli do Departamento de Recursos Naturais de Clara Pandolfo). Mas havia muitas resistencias i 'a diretriz, inclusive no alto da superintencldncit Principal argument contrtrio a norma: a dificuldade de serrar e escoar a madeira. Naio havia outra alter- ativa senao queimai-la, como quase toclos vinham fazendo ate entao. E tudo assim continuaria se um sattlite americano, o Skylab (antigo Erts), em 6rbita a quase mil quilCmetros cla terra, nao tivesse "fotografado" um incendio no sul do Par" aior que os cientistas da Nasa, agencia espacial american: jai haviam visto clesde que comegaram a monitorar -at6lite. A Volkswagen era quem estava ateando fogo na floresta, como qualquer fazencleiro. No pr6prio audit6rio da Sudam um director do Inpa (Instituto de Pesquisa da Amaz6nia) disse que o inc&n- dio alcancava um milhi-io de hectares. Na checagem, chegou-se a algo que representava 1%, entire 9 mil e 11 mil hectare. Mas ai Volks simplesmente niio tinha autorizafiio legal para desmatar. Fizera um desmatamento clandestine. 0 IBDF (Instituto Brasilei- ro do Desenvolvimento Florestal, antecessor do atual Ibx a) las- cou-lhe a maior multa por crime ecologico at6 entio aplicada no Brasil, que excedia o pr6prio valor do empreendimento. Comegou entaio uma nova novela. Brasilia queria cancelar multa, mas nao queri sua interferencia. 0 IBDF do Parn fora at6 condescendente: ao inves de aplicar 10% do salario mi- nimo por cada irvore ilegalmente abatida, usou como referancii apenas 2,5%. 0 process foi "avocado" para Brasilia e lai perdeu a pigina 17, justamente aquela em que estava o cdilculo da mul- ta. Mas os autos foram recompostos. 0 terrivel SNI (Servigo Naci- onal de Informag6es) tratou cle agir no cenairio que Ile dizia ,speito: os bastidores. A Volks decidiu pagar a menor das duas multas, 10% do valor da maior. E niio se falou mais nisso. Nem mesmo quando, em 1987, a Volks pediu a Sudam para transferir o control acionfirio do projeto incentivado para o grupo Matsubara, empresa paranaense, corn o qual negoci. a no ano anterior. Apesar de indicadores preocupantes quanto a saiude do projeto, a Suclam aprovou a operagilo. Garantia que em 1989 o projeto atingiri "a estabilizagJio ideal" Em 1988, por6m, anailise feita pelos t6cnicos da Sudam corn base em imagens de sat6lite mostrou que 42% dos pastos estavam muito sujos ou sujos. Ao inv6s de melhorar, a trajet6ria da fazenda foi sempre decli- nante nas sucessivas transferencias. 0 melhor neg6cio que o ilti- mo proprietairio, o atual, Eufraisio Pereira Luiz, tern em perspective, 6 a desapropriacfio p, assentamento rural. Ele espera trocar os 20 milhoes de reais que pagou at Matsubara por R$ 40 milhioes que receberia atraves do Incra p, a ser substituido por sem-terras, muitos dos quais pagou para que invadissem a propriedacle. Onde deveriam estar em pleno funcionamento uma modelar fa- zenda de gado, um frigorifico (o Atlas realmente surgiu, mas ainda i nao conseguiu funcionar regularmente), um reflorestamento, urnm serraria e uma flibrica de celulose, compondo um verdadeiro p6lo de desenvolvimento, h:i hoje um circulo de pobreza e oportunismo que estende as miaos para que nelas pingue, mais uma vez, o dinhei- ro do Estado, o compare estr6ina. Como foi, tern sido e, ao que parece, continuara a ser na fronteira amaz6nica. ENTREVISTA Nosso Verissimo de "fin-de- siecle" .... lugar que foi de Jose Verfssimo no S '- inicio do s6culo, Vicente Salle. .ocupali neste final Cde seculo e cle milnio. Certnmente, 'sse humiicle '-_ .-"- paraense da vila cle Caripi, no mu-I nicipio dce Ig;: -ap-Ac'u, 6 o mais prolifico in- telectual paraense em ativicae e umr dos m: . importantes cle todos os tempos. Aos 68 Ssaico cle cluas clelicadas intervencoes cirtirgi- 'as (um enfarte, que o forou a colocar tr,. pontes cle 'afenm, foi seguiclo por um aneurisma na aorta), ele e. a corn trs livros prontos por publicar, outros trabalhos em i andamento e mantem as preciosas microedii'oes do class quais tira 20 c6pias e as remete a privilegiados amigos. E uma s6lica produ'gio intellectual, que va i cla hist6ri, c: do folklore iI educl:f Tern scus marcos em livros como Al'isica e mi'usicos do Par(i e 0 niegro no Paria, sob o regime da escravidco, ambos dcle 1970, A ini'sica e o tempo no Grio-Pcair, cle 10 anos depois, Memorial da Cabaniagem, dce 1993. Mas su: bibliografia inclui 13 livros indiviclu: particip, 'ao em 10 obl)r coletiv:, e 20 heroic: "edi-o)es limitacias" Nada que cliga respeito a Amazinia e. ai fora da mira dle inte- rsse cle Vicente Salle, Graias a ele a hist6ria social da Amaz6- nia ganhou osso, *angue, viola. A presenga do negro saiu class acumb: atravessou os interditos proibit6rios, mostrando sua forge : A cultural do fndio e do cabocio emergiu cle uma born cle sombras que contra cla foi lanpgada pela historiografia do co- lonizador branco. Corn ele cescobrimos cque nosso p: 'aco mu- "al nao se restringe a um mimetismo europeizante, umra postu- *a meramente beletrista. Cada informagao tecida nos livros, Vi- cente foi busci-la em fonte segura, checando-a e contextuali- zanclo-a antes cle colocia-la em letra de form: Mesmo tendo s: klo do Pard quando aincla e. 'a corn 23 anos, continuous pro- fundamente ligado aI sua terry atento e : alizado, clesfrutando c da sintonia emotional e humana que as raizes no hidlerland lhe proporcionaram, complementada pelo distanciamento critico. Essas concdigoes lhe permitiram ver o novo e o diferente, em profundidade c extensafo. Nascido no eixo da Estrada dcle Ferro cle Braganga, quando os pianos para tornfi-la um polo de desenvolvimento jfi haviam per- dido a vitalidcacde, Vicente Salles viveu a infi" 'a em Castanhal e a juventude em Belem. Descle cedo, interessou-se pela literature, a misica e o folclore. Tres clos mais importantes intelectuais cda 6poca serviram-lhe de ponte para o jornalismo de id6ias e as manifestac'6es cla cultural popular. Em 1948, por interm6dio de Romeu MNariz, publicou os prirneiros trabalhos em A Provincia do Pcar. Depois, acolhido por Santana Marque., colaborou em 0 Eslacdo do Pard. Corn Bruno cle Menezes conheceu os batu- ques, p 'aros e bumbas cle Belm, em plena idacle do ouro. De janeiro a maio cle 1954 viveu em Algocloal (bem antes do Paulo Cal, portanto), Man 'an", Marinpnim, Curu:,i, Saio Caetano e Vi- gi: pes(ILuisando banclas cle music: Em junho clacuele ano, em contato com Edison Carneiro, clue visitava o Parai pela primeira vez, decidiu transferir-se p -a o Rio dcle Janeiro, embarcando em agosto. Em clezembro ingressou no Minist6rio da Educaaflo e Cultur:, mediante concurso. Fez jorn: lismo, colaborou em diversos jornais e revist: bacharelou-se no curso cle Ciencias Sociais da Faculdacde Nacional cle Filosofia, da Universiciade do Brasil. De 1961 a 1972 trabalhou na Camp: nha cle Defesa do Folclore Brasileiro, foi redator da Revisla Bra- sileira cle Folclore, organizou a edigaio dce livros e discos. Entre 1972 e 1974, trabalhou no Conselho Federal cde Cultun secretari- ando a Cam:; a cle Artes. Em 1971 foi eleito membro do Conselho de MNsica Popular do Museu cla inagem e do Som, no Rio de Janeiro, sucedendo a famous: 'scritora paraense Eneida. Em 1974 passou a residir em Brasilia oncee se encontrn ate hoje). Colaborou entio n: 'agio cla Funarte, once se manteve at, 1980. Em 1985, corn: rio do Ministerio cla Cultur ficou lotado no SPHAN, Pr6-Mem6ria. Corn o clesmonte do 6rgao, op- tou pela aposentaclori em 1990. Paralelamente its atividacles dcle seividior public foi professor no Inslitilto Villa-Lobos, no Rio, e na FaculdadIe cle Artes, em Brasilia. Organizou a ecdiiao cle obras de Joao Ribeiro, Renato Almeida, Edison Carneiro e Mozart cle Araijo. Colaborou tambem no Projeto Lendo o Pard, na ecdigio cdos 10 primeiros titulos, e na procIdu'o cle quase 50 discos de music brasileira. Sua 6ltim; ativicoade public, entire 1996 e 1997, foi na direaio do Museu cda Universicade Federal do Parti, once implantou projetos cle pesquisa ida culture popular, ecdi'ao cle folhetos cde cordel, do cantochato paraense, bancldas cle music: mapeamento clos quilombos p: -aenses. E president da Socie- NOVEMBRO/1999 AGENDA AMAZ6NICA 3 dade Quarteto de Brasfilia, membro da Academia Brasileira de Mfisica, do Insttiuto Hist6rico e Geogrdfico Brasileiro, da Comis- sdo Nacional do Folclore. Foi melhor ter said da Amaz8nia para ve-la melhor e escrever mais profundamente sobre ela, ou sua pro- du~go teria se beneficiado de ficar morando na region? No caso pessoal, considerando a 6poca da migrac'io volun- tairia, foi melhor, as nao necessariamente. Sai do Para em 1954. Ainda se viajava de navio. E eu peguei um ita no norte. Desembarquei no Rio de Janeiro exatamnente no dia em que Getilio Vargas suicidou-se. Caminhei do Santo Cristo, zona do 'ais do porto, ao Catete, sede do Poder, vendo uma cidade em panico. 0 panico passou e vivi os primeiros dez anos no Rio de Janeiro voltado para a literature, colaborando em jornais e revistas corn certa avidez. Recruta do exercito do Parti, Eneida introdcluziu-me na sua fantasia existencial. Havia Dalcidio Ju- randir, Oswaldo Costa. Conheci o Rio de Janeiro de Pereira Passos em comego de destruicao. A avenida Rio Branco, corn seus extremos, Praca Maul' e Cinelindia, frutos cla belle epoque, quase intac- tos. Li estava o Palkicio Monroe, simbolo da vas- alagem republican,, que o cailculo errado dos engenheiros do metr6 carioca destruiu em bo hora. Hist6ria da velha revolufl'o burguesa: os "avalos gatichos pastaram no seu jardim e foram apeados no erecto obelisco. Carioquei de certo modo, mas mantive ligaiao corn alguns remanes- centes da Academia do Peixe Frito Bruno de Menezes, Jacques Flores, Rodrigo Pinag6, Geor- genor Franco, que me lembro. Dividi-me, nao fui miltiplo. Nato vivi a anglis- tia da ambigOiciacde, porque entrei na luta pela sobrevivencia e na luta politic: Minha formaclo passou por profunda mudan(; Vi corn maior nitidez os brasis em oposicgo. Josu6 de Castro publicara um cklissico: Geografia da Fome, segui- do de Geopolitica da Fome. Velha hist6ria dos brasis sempre nov. Comecei a ver a Amaz6nia e as car&nci; principalmente a grande carencia de peso politi- co. Exatamente dez anos, 1954-1964. Trabalhava corn Edison Carneiro e a nossa repartigiio, a Campanha de Defesa do Folclo- re Brasileiro, amanheceu, 2 de abril de 64, lacrada corn umn enor- me cartaz: "Fechado por ser antro de comunistas" 0 Parfi 6 meu pais. Teria ficado aqui, mas antes de 54 nao tinhamos Faculdade de Filosofia. 0 embriaio da Universidade ainda naio fora plantado. Eu pretendia ser fil6sofo e pretendia ser mti- sico. Fui apenas geragio do Calabougo e do CPC [Centro Popular de Cultural da UNE [ Unido Nacional dos Estudantes], mero mili- tante. Tudo aconteceu como no melhor dos mundos possiveis. As mudangas qualitativas foram se sucedendo e eu na~o me dava muita conta. Da janela da minha sala de trabalho, num predio da a Pedro Lessa, devassava os funclos da delegacia da rua Santa Luzi que fazia a triagem de press politicos. Ou naio queria me dar conta, porque muitas vezes, horas mortas da noite, ouviamos os berros dos press torturados. Ali eu imprimia panfletos num velho mime6grafo. Um coleg;, Mauro Vinhas, suicidou-se. Artis- ta grfifico. Fazia a nossa Revista Brasileira do Folclore. Nosso director, Edison Carneiro, foi demitido, juntamente corn nossa se- cretairia, Heloisa Ramos, viiva do Velho Graga (Graciliano Ra- mos). Renato Almeida, home do esquema, livrou a cara do Folclore e pudemos sobreviver at6 a 6poca do AI-5, quando che- gou minha vez de... pular fora. Arthur Cezar Ferreira Reis levou-me para o Conselho Federal 4 NOVEMBRO/1999 AGENDA AMAZONICA de Culture Ele ficara realmente entusiasmado corn o meu ensaio 0 negro no Pard, apadrinhou sua edi-ao, redigiu um prefficio muito bacana e nao deu bola para a ditadura. E agora sou qu; tentado a dizer que nfao escreveria 0 Negro no Pard, corn os elements que dispunh; aqui. Afinal, ingressei na Faculdade Nacional de FilosofiL, no curso de ci&ncias sociais, optando pela Antropologi: 0 livro nasceu no Rio de Janeiro como projeto "admiico que o golpe dce 64 frustrou. Em 1966, uma parte bas- tante resumida foi publicada na revista Cadernos Brasileiros. Em 1970, Artur Cezar Ferreira Reis, tomando conhecimento do livro, pediu-me os originals. Resultado de viv&ncias nos ambientes populares, prin- cipalmente, dos anos de pesquisa nas principals instituic6es do Rio de Janeiro (Arquivo Nacional, Biblioteca Nacional e Ins- tituto Hist6rico e Geogrifico Brasileiro), 0 Negro no Pard marc, o compromisso definitive corn a cultural paraense. Em seus vii- rios aspects. Qual foi a mais profunda influencia que voce recebeu? Meu pai. Foi ele quem inme alfabetizou. Em casa. NuLm quadro negro que mandou fazer. Ele tinha a boa estate de livros, fazia li os seus sone- tos e gostava die se relacionar corn intelectu; Ainda em Castanhal, li quase todo Jilio Verne, alguma coisa de Monteiro Lobato, Ega de Quei- roz e, em especial, o Dorm Quixote, na tradcucI' de Camilo Castelo Branco, bela ecligao portugue- * Havia muitos livros mag6nicos e alguns eso- tericos, que considerava ma'antes. Era getulista e antibl 'atista. Em political, reacionario, talvez por meclo, pois um irmnao e urn primo, no Cear;, en- i volveranm-se coin o Partido Comunista e sofreram horrores. Meu pai era o tipo do intellectuall traditional" aquele que s6 quer defender a pr6pria pele. Naio via corn bons olhos a minha tend&ncia muito precoce de me relacionar corn a esquerda, jii em Bel6m, primeiro por intermedio de um sapateiro, nosso quase vizinho, Dagoberto Limi, que me abastecia de lite- ratura subversive clepois pelo contato mais freq0ente corn Levi Hall de Moura, mnestre Angelus, Rui Barata, Cleo Bernardo... Por intermedio de Bruno de Menezes, conheci Edison Carnei- ro, intellectual marxista, pesquisador do folclore e da cultural ne- gra. Foi umna influincia decisive, que me estimulou a viajar para o Rio de Janeiro. Tambem consider important a militaincia po- litica na juventude. Como era a Amaz6nia quando voce comegou a ter conscibncia dela? Como ela esti hoje? Houve evolucao, pesados os pr6s e os contras? De que tipo? Vamos desdobrar: ontem e hoje. Ontem, no meu despertar, era a Amaz6nia do p6s-guerra, empobrecida, corn os services pdblicos sucateados. Era outro Brasil, dependent e domesti- cado, que se comunicava corn os demais Brasis preferente- mente por vi; aritima e area. Os caminhos dos sert6es eram picadas que rasgavam a floresta, ou os rios que desciam do planalto, caminhos dos bandeirantes que s6 foram abandona- dos corn a construaiio de Brasilia. Houve entato a "integracgfo" Hoje, pretend fazer parte da globalizagiao mantendo as estru- turas arcaicas, anacronicas. Despossuida de peso politico, sub- jugada a toda sorte de interesses, corn as ag&ncias oficiais re- passadoras de capital para a iniciativa particular promover o festival da destruic~io. Comecei a ter consci&ncia maior analisando o powder das oligarquias locais, forjaclas no tempo do marques de Pombal, ainda dominates como impavido colosso. Dois grandes mo- mentos viveu a Amaz6nia, em particular o Parai, na hist6ri; do p; o moment da Cabanagem, que tentou destruir oligarqui; e o moment da primeira decada republican, que revigorou o sistema oligfirquico, polarizado no biparticda- rismo, heranga da monarqui; enriqueCcio corn as sobras dos recursos cda borrachL A ddcada destruiu o emergente movimento republican revo- lucionfirio, inspirado nas iddias socialists, no mutualismo e no anarquismo proudhoniano, expandidos a partir dos tragicos acon- tecimentos da Comuna de Paris, vigorosamente combatidos pelo positivismo comteano. N6s nfl)o tivemos oportunidad e de elabo- rar um projeto politico. Lauro Sodire foi mediocre pensador poli- tico, governador autoritario. Na luta internal das oligarquiu opos- Sa Ant6nio Lemos, que explore 'a o neg6cio da carnet verde (grande construtor cie mercados) e representava a oligarquia dos fazendeiros do Mar; Lemnos, inculto e agaz, chegou a patrocinar indiretamente o Partido de Artistas e Operfirios do Parr, aquele em Cujo journal se estampou talvez pela primer; vez no Brasil a efigie de Carlos Marx corn a le- genda revolution' "Proletairios de todos os p uni-vos" Enquanto isto, a policia de Lauro Sodrd, nos seus dois mandates, ficou encarreg cda de destruir e. \s focos de subversto. Liqui- c dou em 1892 o Partido Operfirio do Parl, n, de Ant6nio Lemos (instituido cdepois), mas o que se ligou a II Intern, al Socialista. A ddcada colocou em evidincia no Para ver- Sdadeiros "intelectuais organicos", no sentido de Ant6nio Gramsci, entire outros, Juvenal Tavare., Padua de Carvalho, Natividade Lima, Joato Nil- son, Bento Aranhi Eugenio Ataliba Pereira, anhense Joao Parsondas de Carvalho e dois nordestinos muito comnbativos, o pernamlbucano Geraldo Barbosa Limn que tambem se destacou na imprens; alista do Recife, e o paraibano Ludovico Lins, que ficou mais tempo no Parai e ainda foi redator do journal de Ant6nio Lemos, A Provfncia do Parc. Serzedelo Correa, talvez a calbecea mais ldcida, projetou-se no scenario naci- onal. Jos6 Verissimo foi excluido do Parr' A evolugaio visivel hoje 6 de natureza economic;, corn gama imensa de erros politicos, que destr6em consecutivamente nos- sos sonhos de uima sociedade mais just. Estou respondendo, por6m, a indagac6es de quem examinou at saciedade as frontei- ras do amaz6nico" c o "s(culo perdido", as nossas derro- as no tempo da globalizagao. De minha parte, ha um pouco de esperanga; mas h,' principalmente, profunda incerteza. Como se encontravam os estudos sobre a Amaz6- nia, nos aspects que ihe interessavam, e como se en- contram agora, no que relaciona aos seus temas de trabalho? Interessava-me pela cultural popular. Havia o grupo cie folclo- ristas, romlanticos e autodidatas, que tentavam :alvar" os restos da cultural popular numa visato apocalyptic:, herdada possivel- mente da cruzada de Mairio cle Andrade e Amadeu Amaral, que aconselhavam insistentemente anotar tudo para nada perder. Alem disso, no Parn, tinhamos a tradiaio do Museu Goeldi, umrn tanto estagnado. Em Manaus implantara-se o INPA [Instituto Nacional dcle Pesquisas da Amaz6nia]. Em Beldm, n; area da sailde, o Ins- tituto Evandro Chagas, -abalhos nunca foram amplamente conhecidos, e, na mesma situagCao, as pesquisas do Instituto Agro- nomico do Norte. No m: os estudos sobre a Amaz6nia eram monopolizados por alguns poucos especialistas nesta ou naquela area. Havi. Paul Le Cointe, corn su: autoridade de 'fibio. Conheci ainda o suplemento literario da Folba do Norte, corpo e alma de Haroldo Maranh;' assim como o movimento do Norte Teatro Escola, "apitaneado por Angelita Silva e Benedito Nunes, arco. 0 'stado atual esta profundamente modificado e isso se deve implantaga'o clas universidadcle. No que se relacion; as cie trabalho, os ; 'angos s. consideraiveis na historic como a hist6ria da escravidi presenga do negro no Parf, alguns aspects particulare, como as iddias politic; a que. tao dos quiloinbos, o Corpo de Tr; balhadore, o mutualismo. Estranhk atitudcle la Academia, po- diz respeito a literature popular, o cordel e o romanceiro amazinicos, que ampliam e enriquecem o que j" apurou sore lends, superstiC6e. Socorro Simnes quebrou as Ix -as que clio acesso a este vasto campo de estudos. Ha o projeto do mapa linguiistico, como o die causos, bastante de- senvolvido. Apesar de tudo, a Universidade 6 a usina de estudos -admnicos. Conta, prin- cipalnente, corn : io-de-obra jovem e entu- siast -"apaz dos mI :acrificios. Qual ou quais as contribuic6es que voce acha ter dado para o conhecimento da Amaz6nia? 0 estudo da cultural popular voltou-se para o estudo do negro, corn a verificacaio empirica: base cda ludica azonica 6 essencialmente ne- gn Eu me intere. 'a pela ludica, pelos folgue- dos tradicionais, por tudo aquilo que se relacio- nava coinm music. Por isso, acompanh: 'a iru- no die Menezes n: as andancas suburban; pelos currais de bois e pelos terreiros. Edison Carneiro deu-me a tarefa de inventariar os terrei- ros cie Belem. Como, na 6poca, os terreiros funci- on: 'am coin '; o da policia, Jacques Flo- res levou-mne "chefatura" -sponsavel pelo cadas- tramento dos terreiros. Fiz o levantamento para Edison Carneiro. Ape.ar da grande evidncia em contririo, Edison resistiu em aceitar a forte contribuigiao do negro na Amaz6nia. No estudo do samba de umbigada, excluiu o Par' On nos temos, como no Maranhafo, a punga, a nossa umbigada, como temros farta docu- mentafao da capoeira, reminiscencia bi ante viva na luta man joara, na pernada e nr 'abeada, tamb6m presents no m; *abai- xo do Amap;" Relativamente ao negro, creio que abri caminho para as atuais pesquisas do nucleo cie hist6ria da UFPA: na integraitao do ne- gro na Cabanagemn, na expansafo dos quilombos (divulgando pela primeira vez um mapa), e na criagiao do odioso Corpo de Trab: lhadores, mat6rias lamentavelmnente -squecidas" em trabalhos recentes publicados pelo NAEA.MNiicleo de Altos Esitudos Amazd- nicos da Universidade Federal do Parad Nato abro maio do meu trabalho, mas 0 negro no Parci sequer esta citado na bibliografi; referencial do Projeto Integrado ali' prenhe Ce titulos estran- geiros, as vezes gratuitamente tampouco por muitos dos atuI pesquisadores destas quest6es. 0 I encontro Trabalho & Socie- dade, Amaz6nia, Sdculos XVIII e XIX, realizado em outubro de 1998, sob o patrocinio do NAEA foi um festival de omissoe. A 6tica 6 fundamental para a credibilidade do trabalho cientifico. Outra questato levantada e que conta corn algum apoio institu- NOVEMBRO/1999 AGENDA AMAZONICA 5 cional diz respeito as pandas de musica, a escola dce democratic que e. verdadeiro conservat6rio do povo, c, paz de despertar vocao6e. 'as c de criar na sociedade va- lores da auto-estim; 0 Conservat6rio Carlos Gomes o esti le- 'ando a s6erio. Mas o projeto elaborado para a Universidade, quando director do Museu, em combine 'io corn o Ncicleo de Artes, ai engavetado. Hi o desperdicio da gravagao do reper- t6rio p. -aense clas bandas de misica da capital e do interior. 0 projeto abrange a edi'aio de CDs, o primeiro concluidlo e aban- donado, as era inm amplo. Visa a documentary todas as ban- das de muisica do Par" Considero ainda contribuicio important a pesquisa da litera- tura popular, o cordel e o papel da editor Guajarin da qual reuni bastante material, hoje sob a guard do Museu da UFPA, assim como outros trabalhos sobre muisica, moclinhas e cani6e. (inclusive a restitui'cio da autoria de A Casinba Pequenina ao modesto carteiro paraense Bernardino Bel6m de Sousa), cantos de trabalho, carimbo, romanceiro, te: sociedclades de mulhe- ,s negri cabanagem, marxismo e socialismo no Par(' No ano passado foram divulgados os pri- meiros dos documents do arquivo da ma- rinha inglesa relacionados a Cabanagem. Voce acha que essa correspondencia ofici- al, que atW entho era in6dita, modifica o que ate entao (ou at6 hoje?) se sabia sobre esse movimento? De que maneira? Ainda nito tomei conhecimento direto, ' possivel. 0 que vazou 6 muito pouco e parece recolocar os ingleses como principals interessa- dos no desdobramento dos acontecimentos. Os inglese. aquela altunr, tinham s61idos interes- ses mercantis implantados na Amaz6nii [Anti- nio Soares Monleirol Baena [aulor do Compencio /) I, das Eras na Provfncia do Pard, escrilo umn pouco ' antes da Cabanagenm], na sua pitore. 'a lingua- gem, apontou como uma das consequencias da -( transfer&ncia da corte de L.isboa para o Rio de Janeiro o favorecimento dos inglese, que logo chegi -am em grande numero para mercadejar. Sabe-se que os cabanos "poupi os estrangeiros ai compreendidos siditos cde outras nacoes que nao Portugal -, mais uma cdemonstragao) de que o movimento teve maior consistincia political e ideol6gi- Os possiveis "neg6cios" da monarquia brasileira corn a mo- narquia ingles; aprofundam quest6es da subalternidade em e. 'ala jai dimensionada, as que contem, como no caso, peculi; ridade, a serem examinadas. Os Anaisdo Arquivo Piblico, j"' 'ados, prometem trazer novos documents reveladores de antas quest6e. Se voce tivesse que indicar uma bibliografia bisica para ter uma primeira e boa aproximaqio da Amaz6- nia, que livros selecionaria? Acho que selecionaria uma biblioteca! Mas como velho tra- balhador em bibliografias, tendo participado da elaboracao da mais extensa bibliografi, amaz6nica, publicada pelo extinto IBBD (Instituto Brasilciro de Bibliografia e Documentagio) gos- taria de ver desenvolvido o trabalho dos bibliotectrios empe- nhados em construir biblliografi: principalmente analitic: Vivemos num pais onde nao se produz bibliografia corrente e nao se d' 'alor -stc tipo de publican; Urn pi portanto, que -sconde e, a media em que o tempo p 'a, se torn: cada vez mais desconhecido. Penso, por outro lado, nas biblioteca particulares e nas suas 6 NOVEMBRO/1999 AGENDA AMAZONICA incriveis estorii a cde Eidorfe Moreira, talvez a mais selecionada que sc construiu no Parl, foi destruida de maneira dr: aos poucos, por intermedio do Dudu [Ecudardo Failacbe, propri- etdrio da Livraria EconOmica, o mais important sebo de Belem ate encerrarsuas alividades, alguns anos atrCis], creio que em consig- napifo. Cervantes comps o auto da destruica'io da biblioteca de D. Quixote: 6 divertido. 0 auto da destruiiao de biblioteca de Eidorfe Moreira 6 dn atico. Mas o que selecionaria? Eu preferia, grosso modo, pens, 6pocas e nao numa classificalao temnitic: Epocas como c: das sucessivas, a partir dos cronistas coloniais, destacando nos dois primeiros seculos as cr6nicas de Bettendorff, Berredo, d. Joaio de Slo Jos6 Queiroz, Joaio Daniel. No seculo XIX, principal- mente as cr6nicas dos viajantes, a partir de Martius & Spix, pas- ando por Bates, Wallace, Agassiz, Biard etc. Alguma ficcao e os 'stucdos amaz6nicos de Jos6 Verissimo. 0 s6culo XX... bem, volto ao tema da bibliografia analitica. S6 ela 6 capaz de orientar o interessado nos temas especificos, ten- do a ficailo como suporte de todo trabalho cientifico. Histori. dores e cientistas sociais t&m muito o que aprender corn a liter: tura de ficc' de Ingls de Sousa a DalcidioJu- randir pelo menos. Ainda que sumariamente, voce poderia estabelecer uma correlaVio entire a pro- du co cultural que havia na regido no "boom" da borracha e o que hi agora, quando a Amaz6nia 6 um dos temas de, maior apelo em todo o mundo? Podemos fixar o ano de 1840 como o detona- clor do "boom" da borracha, que se estendeu at6 1912, a quebradein A produ.liao cultural tern aspects particulares, por vezes, muito suf- gestivos. Exemplo m: 'ante 6 o teatro, de que restam dois monuments, o teatro de Bel6m e o de Manaus. 0 teatro 6 apenas umn dos segmen- pois tivemos outros da maior importfincia, que coincide corn o que acontecia na Europa e nos Estados Unidos em mat6ria de desenvolvi- mento industrial. Nio s6 a dramaturgia, como a hist6ria do te: - principalmente o teatro mambembe trn enorme importinci; neste period e chegam a ultrap: 'aI-lo. Mas o "boom" da borracha coincide corn alguns moments importantes da hist6ria political e economic do s6culo XIX. Te- mos, corn destaque, a navegagalo a vapor. At6 aqui chegaram os interesses de Mau", n: abertura do Amazonas e exploragfo da navegagio a vapor, que logo passou aos inglese. A Caban: gem, vencida, incorporou a Amaz6ni: ao Imp6rio Brasileiro. A navegajito a vapor promoveu a primeira revoluIao economic: de sentido mundial e dela podemos tirar muitos ensinamentos. Duas cidades brasileiras, por exemplo, se desenvolveram no- tavelmente, e simultaneamente, a navegag'io a vapor: Bel6m e Porto Alegre. Bel6m se benefici: 'a corn a entrada ao Brasil dos navios oriundos da Am6rica do Norte, que se destinav: a Bue- nos Aire., pontos extremes de lucrative neg6cio. A torna-viagem fazia o contr' Porto Alegre e Bel6m. A partir da entrada em cena da navegagiao a vapor pode-se estudar as dclu 'apitais e estabelecer insuspeitadas relacoe. 0 que hai agor a enorme evasaio de c6rebros e o estreitamento das oportunidades de expansao do saber por compulsalo dai midia e dos provedores da massifica(g Exem- plo da crise (trabalho e cultural) 6 o do carnival fora de 6po- ca. Resolve o problema de alguns desempregados, que se tor- naram "empre:,arios", que se clizem animadores culturais e ats vezes chegam a enriquecer -, fazendo exigencias absurdas ao Estado (isenpao de impostos, infrL 'strutur: policiamento etc.), :abendo-se que os grupos mais organizados s6 se de, locam corn SCLIS proprios esquemas de *ansporte, hos- pedagem, services de boca e de seguranga, etc. Esta que. ;io, do ponto de vista econ6mico, leva a massa a se desfazer de parte de 'alirios na compra dos chamadcios quite., almn do pagamento dcle ingressos e o largo consume dce bebidas, fumo de vi ado sabor, Chegamos ao ponto de ver conhecida multinational de xaro- pe apossar do boi de Parintins, no Amazonas, numa guerri desigual contra o native guaranty -aclicional e cultivado ali n: vizinhanc: em Maues. A beberagem multinational instalou-se em Manaus, corn generosos incentives fiscais da Suframa [Supe- riilehicld cia dca Zona Franca delManaus] e da Sudam [Superin- lenlncia(/io Desen'olvimtento daAniaznial. E costuma rep; p, a a midic a image do folkloree autentico" Esta 6, portanto, a cultural vilipendiada e garroteada. A que cheg: a do br" leiro contabilizando lucros para os industrials de xarope., apare- lhos sonoros, cigarros e bebiclas... E verdade que hi o estimulo a ativa privada aspirante de chegar um dia ao andar de cim: que faz objeto do seu comercio o arte:.anato de tunic; abadcis, aderecos diversos, comes-e-bebe., e ate ti agens. Assim o boi de Parintins um dos muitos "investimentos" na cultural contribui para tornm a Amaz6nia um dos temas de maior apelo publicitirio no munclo. A carn 'alizaqJto do Cirio de Nazare, onde jzi entrar, "sonoros" eletronicos, calando de vez as bandcas de music; pode pegar carona n. agem. A Amaz6nia estA condenada a ter o mesmo destino das outras fronteiras que se formaram em areas colo- riiais do mundo, ou ela constitui um capitulo inteira- mente novo? A hist6ria da Amaz6nia e. t sendo feita aos tropeoos. Alguns ciclos podem ser definiclos, numna tentative de exposicio didck Inicialmente, temos o ciclo da navegagto a vela, que nos colocou em contato direto corn Portugal e os povos do Caribe. HEi today urna hist6rik, em torno. Ilustrativa, porem, 6,: "agem de La Condamine, autorizado a penetrar nos dominios portuguese. Mas, como Caindido, retornou t Europa via Caien;, montado n: grandes correntes maritimas, que abrevi; 'am as longas viagens e torn 'am o hemisferio norte mais pr6ximo da Europ: Outro, o ciclo da navegagio a vapor, que desenvolveu "civiliz: 'ao costeira" implantada pelo colonizador. Afinal, in- terrompida corn duas opgoes de transport. atualmente dispo- niveis, : alha rodoviairia e o espaco aereo. 0 Brasil seria ou- tro se tivesse sido executado o projeto da malha ferrovi; a da monarquia, que pretendia chegar a Belemn varando o vasto in- terior. Ao tempo em que a RIrssia executav: ansiberiana, os Estados Uniclos a trans 'anm engenheiros brasileiros projetaram a transbrasiliana, que 'a do Rio de Janeiro, atri vessava Minas Gerais e deveria chegz a Belmr do Pari' Mas, tentando responder objetivamente, n`ao vejo outr, da para os povos coloniais se n~io se rebelarem contra o opres- 0 capitalism ainda nm 'sgotou o seu potential dce domi- nio, a sua hegemrnonia na era cla globalizaclao e prentincio de novos tempos e novas ideias se imponr 0 eurocapitalis- mo, como o asiatico e o americano do norte, tmrn contas ajustar corn o do mundo, corn o destino hist6rico da humaniclade. Se voce pudesse interferir nas grandes decis6es da regiiao, o lque corrigiri: As relac6es do pooler. BIBLIOGRAFIA AMAZONICA 0 lobo oculto na pele alva O tenente americano Matthew Fontaine Maury eri misto de cientista, visionairio e emprestrio. Foi corn binando essas qualidades que fez uma pesquisa so- bre a bacia do rio Amazon, pensando na sua n, vegabilidade e potential commercial. Concebeu pia- nos entusiu ados p -a construir um sistema intern 'ano de bacias hidrogrific; nele incorporando o Amazon: unir: bacia do rio Amazon; al do Prata, e explorer esse imenso com- plexo fluvial em busca de atividade proldutiva e lucro. Alem de tudo isso, transferir nada menos do que 400 mil negros escrn vos dos Estaclos Unidos para a Amaz6ni; "que e habitat natu- Ial deles" Resolveri: dessa maneir:, o explosive problem: al no ensangientado territ6rio norte-americano e salvarii instituteo cda e. *avidcio" Esses pianos, elaborados na metade do seculo XIX, nunca chegaram a ser executacldos. Durante anos ficaram perdidos em arquivos dos EUA. Ao le-los e interpreti-los para um livro que j' se tornou um clfissico da historiografia az6nica (A Amazonia para os negros americanos, Editora Saga, 1968), a paulista Nici: Vilela Luz produziu um trabalho de verdadeira revelaci-o. Ela most: al rever o que o tenente cla marinha e o governor dos EUA pens: 'am na segunda metade do s6culo pas- sado pI: a estabelecer ligagao entire o Amazonas e Prata, criando um corredor aquatico que praticamente dividia o Brasil em duas ilh: Sobre uma delas a maior o control do governor nacio- nal ficaria dificil. Seria a Amazonri Estabelecer uma conexrio entire os dois pontos extremes do continent, ao norte e ao sul, sempre esteve na pauta dos coloni- zadores, tanto os ciue se estabeleceramn diretamente na terra, como os que fic: -am gravitando em torno dela. 0 naturalista alemfio Alexandre Humboldt, nos fins do s6culo XVIII, 'ai propuser: construc'ao de um canal artificial atravessando o istmo formado pela bifurcacao do rio Orenoco, capaz de provocar transforma- c6es num: firea de 190 mil 16guas quadracldas (mais de 4,7 mi- lh6es de quil6metros quadrados). Previa Humboldt: "O0 grao da Nova Granada serai levado its margens do rio Negro, hao de descer barcos das nascentes do Negro e do Ucayali, dos Andes de Quito e do Alto Peru, at6 a foz do Orenoco, cobrindo uma distmincia que eqirivale it que separa Tombucutu de Marselh: Umra 'irea de 9 a 10 vezes maior do que a Espanha, e enriquecida dos mais variados produtos, 6 em to- dos os sentidlos navegivel, gragas ao canal natural do Cassiquia- bifurcagio los rios" A suspeita de que os cientistas estivessem defendendo inte- resses econ6micos escondidos por trais de teorias e pianos seril suscitada em relagio a Castelnau. Ele esteve na Amazonia pouco depois de Humboldt, verificando as possibilidades de circula-ao NOVEMBRO/1999 AGENDA AMAZONICA 7 Sas Clu's bacias e o esco- amento dos produtos regio- nr Viu a possibiliclade de abertura de avegagfao ininterrupta descle a ilha da Trindacle, a Antilhl ais meri- dional, ate Buenos Aire, A finalidade real cla missafo Cas- telnau era induzir o governor brasileiro a abrir a navega~iao 1'. . do Amazon: trangeirn Ao lado de medidas con- "' ,a preocup; -s de abstract : E de Grotius, no seculo XVII, a Pi- Ferreir: seculo XIX, o clireito n: al evoluiu para posigoe. 'ada vez m: agre. Enquanto Grotius a o direito de posse territorial se ; ag'lo ocup: se e colonizasse a terra dce. coberta. Ferreira ia bem mais long: "no instant em que uma n: 'to n, 'stej: 'apacitada p: *a tirar partido de um pais cujo dominio se atribui, nao podera se opor a que outras venh: explora-lo" Nesse context juriclico e que situam os pianos de Maury. A novidade que introduzem consiste em lig: suas idcias ao governor dos EUA e ter procurado adeptos entire os pr6prios brasileiros (corn o pseudcnimo de Inc: publicou muitos arti- gos em jornais e revistas), Maury defendia um piano que volta- alidade na dhcada de 60 cleste seculo corn o Lago cla Paz: a Amazonia como ap&ndice cde um imperio mais setentrio- nal, que constituiri: "o ponto de convergencia do sistema ame- 'ano de b: as hidrogrlific: constitufido pelo Mississipi, o Orenoco e o Amazon; corn sua enorme variedade de produ- tos de procedcnia clim, -'ada. Mais tarde, convencendo-se da possibilidade de incorpor; em tal system; a bacia do Pr. Maury a inclui, "antevendo "aptur: \s cla Amaz6ni: de todo o com6rcio cdo Prata e atribuindo, i mais um element de grandeza do Mediterrit- neo : az6nico" como Nfcia observa. A segunda part do piano de Maury o deslocamento dos escravos negros para o habitat que ele, corn suas idkias racists, considerava ser o natural da ra'a foi obstruida pela exist&ncia de umra legisla'iio brasileira interditando a transfer&ncia de ne- gros para o Brasil leiss ide 1831, que declarou livres todos os -avos vindo de fora do imperio, e ide 1850, estabelecendo meclidas p: a repre. ao traifico de africanos). Apesar do fracasso clos pianos de Maury, o governor americt no ameaCou durante algum tempo navegar pelo Amazon: velia do governor brasileiro, alegando um direito de navegaaflo ser exercido em nome ide algumas populac6es ribeirinhas que lhe clelegaram procurL Um secretario die defesa dos EUA pro- meteu ate cobertura naval military a expedicLio que se orga- niz: as nfao chegou a efetivft-la. 0 surgimento tumultuado da Companhia de Navegagilo e Co- 8 NOVEMBRO/1999 AGENDA AMAZ(NICA mercio do Amazonas, em 1852, cda equal o Barao ide Maul 'ab: assumindo o control, pre. ado pdlos amigos e por ame-, *angeirn coloc: a em banho-mn: que ent: anifestava pela Amaz6nia. Apenas depois da guerra dIe ao nos Estados Unidos e que um grupo de sulistas der- rotados voltou a idcia Cde migrar p; a Amaz6nia. Mas, a excq'- * '*io de uma col6niL 'stabelecida em Santarem, a transferenci: coletiva nato foi em frente. A partir dai, interrompidas , vas investiclas Cie algum: *as nag6e, os EUA p: adotar medidas capazes de proteg-los ide urma political discrimi- nat6ria brasileira. Depois ide um raIpido, mas polemico renascimento na d6ca- ca ide 40, jai no seculo XX, 'ano voltari: manifestar em 1965, corn o projeto da Fundacgao ide Pesquis: Tropic: subordinada a um Instituto Interamericano ide Pe. quisas Tropicais, corn secle deliberativa em Washington, execu- tiva em Porto Rico e Cie trabalho na Amazoni; 0 entato gover- naclor amazonense Arthur Cezar Ferreira Reis gritou: aquele o primeiro pass p; aliz: a Amaz6ni: Na verda- ide, a ameaca ja estaria se consumando, por meio de pesquis: nao autorizadas, que estari: 'sultando em coleta clandestine: Cie material e informa :be. Fantasia ou realidade? 0 livro ide Nicia Vilela Luz oferece algumas conclus6es sugestiv: Enquanto permanece aparente- mente abandonada, ninguem se interessa em promover ium ver- cladeiro trabalho de revelag-io da regi deIe estudo e compre- ensao. Basta um projeto de exploracLto p: -a que 'stabeleg: a disputa. Sempre que urn projeto estrangeiro p: a regiL 6 apresentado, o que menos intere. 'a 6 examine entender e cliscutir o seu conteuclo, mas descobrir o que e. J1 implicito ou L 'sconclido. Esses pianos devem ser vistos, antes ide tudo, como um term6metro a indic; a posiaLo que a regifto e, fi ocupando no mundo e o interesse externo sobre ela. F que raramente Amaz6nia pode formula pianos para si pr6pri dependendo das decisbes vindas Ide for:. PERGUNTA/RESPOSTA Uma janela aberta para a controversial As palesiras cosiiimam chegar ao fim exatamentle quando 'sio em sui melborfase, a clos debates. E a ocasido Ide cbecar i f/orma(oes e conbecimentos, Jazendo avanugar a socializac(ao do saber Alas ai o tempo ja se esgolon e muitas peirgnt as ficam semn resposla, apesar de inteligeltes e peirinenles. Por isso, decide criar utma nova se(ido nesta Agenda, iespondendo a uma seledio de perguntas forimuladaspor escrito quie recebo nas minhas palestiras, nao lenbo tempo clde responder de imediato on pessoalmenle. Ndo haverdc a preocupado de esgolar cada nima das quesloes. Oprop6sito 6 moslrar os lemas de interesse da popiilagdo e oferecer algumas pistas para a sua andlise. Sempre que possivel, identificando o antor da pergtuina. E agrapando pesquisas afins. Energia e colonialismo "EIm 11 dicilogo, panlistas tentavam convencer-me de que as hidreletricas destrtiacom asfloresias. A rgumeniei qe pre- ciscdtamos de energia. Oblive como resposla que eramos pa- raenses e podfamos viver comn lamparinas! Comente este ri- dcicalo neocolonialismo no Brasil (Norte x Sudesle) Alu- no do Colgio Universo. f evidence que quenm se acostumou I a luz electric ao retorna- ai voluntary i* lamparin: Trata-se cle exemplo caricato de urna questao sempre formulada quando se abre uLma fronteira economic:, principalmente corn as caracteristicas geograficas que a Amaz6nia possui. Alguns tecnicos do governor, como o nor- Cdestino, Rubens Vaz, cheg; a defender que a construcao cla Trans; az6nic: a partir de 1970, fosse feita corn o uso minimo de m:i numc -sp6cie de modelo chine. Seria dada prefe- a1 forga human: Ao inv6s de tratores, achados. Nao s6 por a tecnologi: ais bern ajustada a naturez como por empregar mais mnLo-de-obn send o clesemprego o problem: structurall mais s6rio de. 'as economic; 'adas. A te. do prevalecimento de um sistema intensive em mIr de-obra sobre outro que utiliza mais intensamente o capital e 1 tecnologia avancada, deve ser examinada no c: az6nico. Um dos fatores que leva 'aracterizacao dos "grandes proje- tos" como enclaves (empreendimentos fechados, de baixo ou nulo poder germinativo) 6 o de privilegi: capitall e tecnolo- gia sobre o trabalho. F evidence, por6m, que a inversaio dos fatores de produc-; nfao deve cheg: absurd de fazer o home retorn Li er: das lamparin, Mas se oferecer energia eletrica constitui a face audcivel das hidreletric: clestruir florestas 6 um dos seus la- dos neg: Numa regiafo de rios de planicie, today decislao referente a usinas de grande capacidade de gerac'ao, como , de Tucuruf (hoje de 4,2 milh6es de quilowatts, no future de 8 milh6es), deve ser muito bern examinada e discutida. Porque so se pode gen aiores quantidades de energia na Amaz6ni: a custa de inundar grandes aire: 'i que o desnfvel dos rios 6 pequeno, obrigando os barrageiros a levantar enormes estrutu- ras cde concrete pl acumular agua para movimentar as turbi- nas. Ee figu . Cada umra clas 12 turbines em funcionamento na primer: 'a de maquinas de Tucuruf "engole" 500 mil litros (ou 500 m3) de Jigu: 'ada segundo p: -a gerar energil um volume suficiente p: -a suprir as necessidacles cde metade da populaLI' de Belem (600 mil habitantes). Isto significa que a faibrica Ide aluminio cla Albrf em Barcarena, exige 1,5 milhflo de litros de Jigua por segundo da repre.:a de Tucurui, que tern estocados 85 trilhoes de litros. Por esses nuimeros, pode-se entencler porque um reservat6rio tao grande como o de Tucurui, que forma o segundo maior lago artificial do pais, se renova por inteiro 'ada 50 cli: 0 objetivo neocolonialista do passado era nao permitir que ire- atr: :adas dispusessem de energia, de 2.850 quilimetros quadra- dos, considerada : alavanca do progress. Hoje, nenhum pais (ou empresa) dominador pensa clessa maneir: Muito pelo contrdrio: quanto mais energia a aire; atr: ada tiver, melhor, clesde que for- neg a energia barata, bruta ou ligeiramente transformada. Na trans- formailo em outros bens, o comprador -a ganhando. E por isso que o Par:' sendo o quinto maior produtor de energia do Brasil e o terceiro que mais export energia pI -a fora dos seus limits territorials (abaixo apenas do Par: aie de Minas Gerais), tern decrescido proporcionalmente as outras unidlades feden ao inv6s de diminuir a dist6ncia econ6mica que o sep: a delays. Quern recebe no Maranhfio a energia oriunda de Tucuruf naio paga ICMS. Quern estfi na ponta da linha de trans- ?ao dentro do Par" pag: Por outro lado, quern compra o lingote de aluminio pl *a processar esti ganhando mais do que quern o vende. Exatamente porque 6 a partir desse e. igio (mar- cado pelo consumo brutal de energia) que cresce a rentabilida- de, ganhando-se proporcionalmente bern mais do que antes. F, portanto, num ponto intermediario entire as posic6es con- flitantes do paulista e do caboclo (urn obcecado apenas pelo lado negative de umra hidrel6trica e o outro satisfeito apen: corn um beneficio imediato da hidreletricidacle) que deve-se procurar a verclade. Atento para o fato Cde que quanto mais rica for atriz energ6tica (diversificada em fontes e naio perigos: mente dependent de apenas urma delas, como ocorre entire n6s corn a energia hidriulica), melhor. NOVEMBRO/1999 AGENDA AMAZONICA 9 ARQUIVO VIVO Tolerancia democratic Em setembro de 1953, aidvogado Aloysio da Costa Chi Cque er "funcionirio Icle cdestaque" dci Caixa Economica ido Par;" envious um telegnr a ato goveritnador ido Estaclo, general Alexandre Zach- as de Assumpc:' protestando contra a participacflo do prefeito Cde Belim e die secret: 'stacdLuais em cormicios politicos. Temia que isso significasse :nutencaCo do "facciosismo pibli- co das autoridaclde Cue ( h;i a c: "acterizadco o governor anterior, ldo PSI) de Magalhaes Bar dlerrotaclo em 1950. Assumpg? andIou seu cheLe de gabinete, Flivio Moreir de- volver o telegrn ai de Aloysio, "por de. 'abido" Explicou ter comeo nornm l- o fazer re, *'ao ao cdireito clue possuem os function: os publicos cie se filiarem a ciLialcuer agremiacao partied( Exem- plificava com o caso cle um servicdor public: emborni exercendo cargo Cde "imecliata confia nc: do governaIdor, era candidate a pre- feito cda capital "por um Partido adcverso lda coligac; articd: cque elegeu o Governador do Estado" Lembr: ainclda ser "ptiblico e not6rio que varies function : *stadu: tend sido alguns nomeados na atual achdministracafo, *Co fervorosos secret rios cde organizacoes political que atacam o Governor, senm cue por isso sofraim qualquer sano: A anifes- 'aCo de opinialo p)oltic: de qualquer servidor, independente- Lde suL posi'iCo) hierarquic:, nlCo seria impedida, desde quei *xercida foraa do recinto da repartifcio p6blica" Negava, porem, que seu governor estive. "pressionanldo o funcionalismo p: adotar esta ou aquela opiniaCo partidi Concluia invocando a pr6pria situaqapo cde Aloysio Chl queL defend: a candidatura de Renato Franco, presiclente da Caixa Eco- nomic: onde trabalhi 'a, a prefeitura de Belem. 1)Aloysio da Costa Chavesjoi, enLseguida, prvsidenle do Tribfu- nal Regional do Pai, reitorda Univegsidade Federal do Parc, go- vcrnacordc/lo stado (1975-1978), senator (1979-1987) e dep/ltadoo federal, e// Vc/drios Mouros cagospii'1blicos. ,Iolnvtent em 1995. 2) Depois de lersido comandante military da Amazonia e da 8"- Regico Militar, o general Assnmpcio se elege governac/dor em 1950, derrolando Magalhdes Barala porpequena margem de 7ambCnm foi senador( (1959-1967). Ndo consegitin to/lar ao governor do Istac/do, /que dispulou/ em 1960 (denrotadopelo bi -atista Auirc/io do Carnmo) e cm 1966, quando /oi candidate das oposiOcS contra o ncjor e Cx-prvfeito (d Belnt, Al acid Nufncs, na primeira elei(do dircla para o carCo depois do tmov'imenlo mili- lar cte 64 A pac(ficaio polflica que pronmoi'e'i, graias ao seC disl/adicia Ittello dos gr/p/)os locals, 'e rcconliecida coono 11n11 dos mncritos dc/ sita adinfiisiraI((o ( 1951-1956) Scria Ium1 Oisis de tolerC7nicia, depois de aiios dce violento allago/nismo politico no Para eCnllv bhaalislas ( anli-baralislas. ,lonrra en 1981. no Rio de janeiro, oncde nasce/, aos 86 anios. Dupla colisao No final de 1964, o Lions Cluhe Indcependicncia hlQniou uina "ampanha p -a criar o Banco do Livro Escolar Ele a consti- tutiCo de livros usados, cedidos pela comunidade, a serem distri- buidos entire os estudantcs polbres de Belem. Urna comissaio de "leo6e foi recebida no palacio Lauro Sodre pelo enta(o governa- dorJarbas Passarinho, que aprovcitou p, -a doI a cole'ao Cle livros do seu filho, Jarbais Junior. Entre os sete membros da co- *ao estava o colmerciante Sahid Xerflan, discreto atras de Pas- arinho na foto que registrou o encontro. Vinte anos depois, em 1983, Xertfan era prefeito de Belem (ainda ao havia elie,.Io() p -*a prefeito ni 'apitais brasileiras). For: nomeacdo p -a o cargo pelo governador Jader Barbalho, do PMDB, a quem havii apoiado em em eleioes anteriores, atLiando sempre apenas coimo empre:airio. Foi quiando decidiu visitor in- formalmente Passarinho, do PDS, clerrotado na eleicao de um ano antes (quando apoiou Oziel Carneiro contra Jader). Nato informado previ sore ao politico que ern entao o seLl m aior adciver,'ario (s6 ficou sabendo por notici: exclusive que publiquei na coluna Reporter 70, Lie 0 Liberal), Jader usouL esse pretext para demitir Xerfan. Mas eram os v6os solos que o prefeito comeiCav a ens; ar, a retumrnante gestao, que incomodavam. Jat Xerfan justificou a visit, feita num lbucolico final de tarde de domingoa casa da sogra de IPassari- nho, no centro de Belem, como um ato corriqueiro de afilhado pi *a padrinho (de casamento). Mas em political o trivial pode se tornar heretico. Xerfan tentou ser governador em 1990, corn o apoio de Hclio Gueiros, titular do cargo, e perdeu, 'atamente para Jader Barbalho. Uso do solo "Como o fato cde grande parte dos solos da Amaz6niU serem pobres influence implantagaio die projetos agri- colas, Ii que a floresta e reti- rada?" (Chokito, Colkgio Nazar6) Apresenle, por fa' gesl/oes de preserva/c(o e me- lhor aproveilantento do solo amnazinico J .i., sou especialista em ,los ou mIIes11mo e1m .igricultura (ali , sou especialista em nada; menos nesse generalismo sou jornalista). MIas, como um pro- fissional clda curiosidacde, mi- nhi alndan;. studioss so- bre a Amaz6nia me proporci- on: algumas convicqoes . -speito. Por exemplo: exceto nas vfirze: como regra as flo- restas t&m preferincia sobre o solo que as sustenta. Logo, pri- meiro deve-se pensar em sil- vicultura, extraC)ao sustentada de madeir 'xploragao dos recursos geneticos, antes de agriculture, que, em relagio . maior parte da extensafo da Amaz6ni ceve vir em segui- cla ou por exclusato. Em terra- fire, evitar cultural de ciclo curto, direcionando i alimen- tares p, solos mais ricos, quando recomenclivel. Voltar a investor nas vfirze: princi- palmente da calha central do rio Amazon: como os gran- des centros agricolas da Amn zhni: combinando o conhe- cimento empirico mais antigo da regiao corn a tecnologia de ponta em material cde informa- (no (monitoramento do ciclo da figua atrav6s de satelite). Acabar corm esses mimeticos (ou macaqueaclos, pi mt claro) assentamentos agricolas da reform agrarik cque abstraem i specificida- de florestal amaz6nic; Pecu- iria? S6 em consorci '"ao de culture e em campos adequL clos. Restringi-la aos lugares em que ja estabeleceu, cldeixando atrtis de si, infelizmente, um *astro de destruiig Tudo fa- zer p, -a que e. 'a identidade amaz6nica mantenha o cicilo sol-aigua-florest; sem o que seremos mais umia savana tro- pical, privados do fantaistico; quivo genetic que essa floresta taCo heterogenea coloc: a nos- ,'a disposi.aCo. 10 NOVEMBRO/1999 -AGENDA AMAZONICA Presenqa estatal 0 governor brasileiro inseritt o espago amazonico como 'es- jorco exportador', financiando e apoiandoprojelos agromine- rais e agropecuidrios. Enido expliqtueporque, a parlir da deca- da de 90, o governo brasileiro diminitti esse apoio aospro/etos na Amazonia. Sem a forte pre, 'a do Estaclo na economic. a Amaz6- nia naio teria experimentado o forte crescimento econ6mi- a partir da segunda metade da dccada de 60, sempre em taxas superior. as nation. 'smo na epoca do lagre econ6mico" cldos militares, quando o Brasil chegou crescer 11% num unico ano. Os que hoje clefenclem a pri- 'atizaiao, no tal de "modelo neoliberal" -stabelecido a partir do "consenso de Washington" nao prote, am naquela 6poca. Sem o investimento p6blico, principalmente do go- verno federal, a Amaz6nia nC a atLual infr. 'strutura, precaria e insuficiente, e certo, mas utilissima. Sem ela, 'apitais privaclos ter-. am esvaiclo. Nem o pr6- prio Estado dispunha dc total capacidade ce investimento. Mas podia g( 'antir os abundante. exagerados e super-in- flzcionados emprestimos internacionais que fez parn bilizar obras piblicas (de grande usufruto privado), como a hidreldtrica de Tucuru i. Mas tantos e taio cars investimentos sangn -am o Estado. Ele naio p6cle manter a taxa dos anos 60-70 e part cda cdCcada de 80. Precisou pagar a conta apresentadla pelos banqueiros europeus, : 'anos e japonese. A hidrel6trica de Tucurufi foi inauguracla em 1984, at6 hoje o governor aincda paga aos financiadores franceses. Urma conta que era para ser de 2,1 bilh6es cle d61ares jf 'stai em US$ 9 milh6es e ainda ni foi fechadcla. Mas se o Estado j." ao tinha de onde tirar tantos xauridlo que estava o erario e lmassacrado que se encontn 'a o contribuinte, tudo o que foi criado em mratri; de usina cle energiL 'ada, aeroportos, cidades, etc. era suficiente para bem remunerar o poupado capital particular. Para car s6 um exemplo: o Parai passou de 150 pi "a 7" maior exportadcor no period. F o segundo que mais gert 'aldo de divisas p! 'a o p Importa pouco (US$ 200/300 milh6es) p, o tanto que export (US$ 2 a 2,3 bilh6es). Ess; strutura foi suficiente ate hi pouco. Jai naio 6 mais. As taxas tirn sido declinante. A malha de servicos entrou em de- terioraqiAo. Corn today a sua fantasia c demagogic o "Brasil em Aciio" da administracao Fernando Henrique Cardoso mostra o Estado cle volta, senmio completamente em aaio, ao menos n, intencg E jF agora voltado pi *a stores novos, "ans- porte fluvial e a energik a gais n: *al. Portanto, part o benm ou al, ainda d o model exportador (umn equivocado modelo exportador, aliis) em pleno vigor, na tentative de se remogar. .Carta 0 segundo nimero da Agenda Amazonica jci esla- va fecbado quando.finalmen- te chegou-me as maos inima car- la remetida bem antics tde Bra- silia por Vicenie Salles, min dos mais importantes intelectiuais paradeses. Porsuna imporlin- cia, reprodtizo a carta tie i7- cenle na ittegra:. "Infatigdivel Lucio Flivio Pinto Recebi a primeira Agenda Amaz6nica cheia de instigan- tes iddic apresentac(io que resume e amplia as pers- pectivas clo seu pensamento. De repente, veio-me a iddia de que voce bem poderia, semr prejuizo da Agenda e do/or- nal[Pessoal], albrir Ium espago "p, -ativar nfio s6 a memo- ria, mi a pesquis; a discus- tro do nosso 'eu' ou do nos- so 'nos' az6nico, tal como tJosd Verissimo, no passado, tentou fazer corn a sua hoje inacessivel Revista Amazdnica (que bom que poderia ser ree- ditada). Alguma coisa que, ne. te final de seculo, marc': -sist&ncia intellectual que voce propOe: 'nfio aceitar que a Amaz6nia seja imolada na pira do desenvolvimento, como um animal do sacrificio a umi deu ex-machina insondavel" Ainda de Verissimo estrela solit' aguda andlli- se, no meu parecer, de todo um seculo: '0 Sdculo XIX', Rio dejaneiro, typ. Gazeta de No- ticias, 1899, lamentavelmente clesconhecido. Percorri atentamente as p"' ginas da Agenda. Emocionei- me coin a refernricia 1to meu trabalho e ficuei ainda mais emlpolgado corn sul 'Io da obra de Ingles de Sous a fic- ;f azonica present na li- teratura brasileira do seculo XIX, embora confundida corn o Luiz Dolzani, ate por Silvio Romero. A Hisloria de m pes- cadorfoi reeditada na colegio Lendo o ParC, da rarissima pri- meira edigio dadack em Santos, em 1876, volume so encontri do, nas minhas buscas, na bi- blioteca da USP Dos Contos Amazdnicos, foi traduzido "0 Rebelde", traduzido em ingles por Bandeira dc Carvalho e publicado no Rio de Janeiro em 1942. Ele mereceu aincda edicgo de luxo, limitada, forn do comercio, corn ilustraloes de Iber& Camargo, destinaclda aos Cem Bibli6filos Brasileiros, em 1951. Concordo que os livros de Ingles de Sousa saio fontes pre- ciosas p; a mais ampla pc. quisa cientifica, da histdrii linguistic; Fico Ihe devendo mais esta contribuigio. 0 seculo XX niC 'sti totalmente perdiclo griat principalmente a voce. A His- toria implacavel tribunal - reconhecera. Eu me sent coim today a minha parcialidade ni 'adeira cle (con)jurado" Uma simple carta de Vicen- te Scdles vale por uma aula. Ai esdo ssuas sugesioes a quem in- teressarpossa (epoderpara tal tenha): umna reedigdo integral da Revista Amnaz6nica, a mais important publicafdo perido- dica da hist6ria paraense. A Iransformagao de Verissimo em herdi de concrete, corn sent busto entronizado, vai nospri- vando cada vez mais de um dos mais inteligentese cultos re- publicanos do Brasil, republi- cano (dcefensor da res publi- 'a, a coisapfiblica em seu mais puiv sentido latino) comopon- cos houve atehole. Consegui ler apenas dois mimeros da revis- ta, de acesso dijicil mesmo no Rio de Janeiro e em Sdo Paulo. MAas desconbeo 0 Seculo XIX (quent sabe, Vicente, ndoposso publicar excertos aquit Agenda, se tiver acesso a ima copia) Se nenbum orgco ofi- cial se apresental; sia jeito o convile, Vicente: voc fatzer ,specie de auntologia co- mentada da revtista aqui mes- Nada mais feliz do que a circimtstencia de num grande intelectual jazer a divulgacdo de algutm desei nfvel. Quan- to a minm, os elogios imerecidos decorrem da tnica parcialida- de que Vicente nunca conse- gtiti eliminar: superdimensio- nar os eventuais mritlos dos sei is am igos, dentre os qi ais soi um dos admiradores mais en- lusiastass do virttosismopoliva- lente desse nosso embaixador junlto ao mndo exterior NOVEMBRO/1999 AGENDA AMAZONICA 11 A propaganda (de ontem) Trinta anos atris dinheiro public montava um sistema de comunica6ies capaz de unir todos os pontos de um pais continental como o Brasil, mesmo a sua longinqua e isolada Amaz6nia. Interurbano era entato umra agradivel novidade. Assim como a possibilidade de "o interior falar corn o interior". Ate um pouco antes havia urma funygfo que seria totalmente eliminada: o continue encarregado de ficar ao telefone ate que, sabia-se la por qual forma de intervengdo sobrenatural, surgia o sinal de linha, autorizando a discagem. Mesmo corn o sistema de micro-ondas que entito se anunciava, uma prosaica conversa telef6nica podia demandar horas, enquanto o sinal cafa e era restabelecido. Testemunhos de uma 6poca alterada por pesados investimentos, financiados principalmente pelo contribuinte, compulsoriamente, atraves de taxa embutida na --1 UM telegram nao aiz. E ha coisas que no se 0 se dizportelegrama, interurbano Conversando e que a gene se entende! SS COTELPA ICO, hHA ULILEL UMLUNICAOESDOPARA Ontem o long era long mesmo, Ni onde o diabo perdeu o ca:himbo. Amanha tudo estara ali, aqii. Todos eslarao mais proxirros uns dos outros. E o sistema de nnicro-ondas da Cotelpa S ajudando a tornar menr o Biasil Grande. I o piano de ocupacaio da Aminazonia e\ em march. E o Governo trakalhando. Pelo telefone a Cotelpa vwi ligar o interior Scorn o interior, o interior a Belem e, atrav6s da capital, aos arandes centros do pais e do mundo. SE o progress quo vem vindo corn a velocidade do som. Amanhia o IA vai ser b ni aqui. E cs acolas vao ser trocados por alis. rS ICOTELPA 0 COMPANHIADF.IELECOMUNICACOES GOVERNOR ALACID NUNES COm 0 aoaio da sald: (cara) conta de telefone. Num process de racionalizai;to e concentra4;ao, que faria Cotembel e Cotelpa se fundiremr na Telepari, at6, rnais urma vez, a privatizagio do serving p6blico. E assim ate Lima nova onda exigindo mais pesados investimentos ptiblicos e, na mare langante, outra privatizagao oportunista. Ciclo de melhoria que acaba resultando na perda de poder e dinheiro pelo pais. Agenda Amazonica Travesi Beknjamin Constant 845/203-- lcmni/PA -66.053-040 c-mail: jormu@alazinconbhr Telefone,: 2237690/2417626 (fax) P'rodu;io grifica: luizantonixoefariapinto " i '!] ] .. r ][w |